The 29th Hunger Games! escrita por Lançassolar


Capítulo 17
Parte 3 (Kayleigh) - O Presente


Notas iniciais do capítulo

Acho que ninguém está lendo, mas vou postar assim mesmo.



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O presente veio de Jacko. Provavelmente a pomada era para o corte feito por Marriote em mim. E devido ao estado avançado dos Jogos, onde as bênçãos de patrocinadores são extremamente caras, veio uma quantidade relativamente pequena. Passei toda a pomada em Kayleigh. O sangramento cessou quase instantaneamente.

            - Precisamos dessas coisas no 7. – Ela diz.

            - Não. Precisamos delas aqui. – Eu respondo.

            Examino o ferimento de Kayleigh. Agora que conseguimos deter o sangramento ela não corre mais risco de morte, mas está muito fraca. Ao mesmo tempo, eu também estou acabado, e só percebo isso agora. O golpe de Marriote não atingiu nenhum órgão, mas foi relativamente profundo.

            - Temos que procurar abrigo. – Eu digo.

            - É verdade.

            Andamos a passo tartaruga.

- Não consigo. – Ela disse depois de mais meio quilometro. Paramos de novo. Aqui deveria servir por enquanto.

Kayleigh acaba sendo vencida pelo sono. Retiro os últimos resíduos da milagrosa pomada da capital e passo em meu corte. A melhora é pouca devido à quantidade, mas é visível.

            Kayleigh acorda após algumas horas. Comemos biscoitos que roubei da Cornucópia e a faço beber bastante água. O resto de dia se arrasta. Eu adormeço rapidamente, mas estou relativamente tranquilo. Depois da matança de ontem, devemos ter um ou dois dias de descanso. Os Idealizadores vão reprisar as mortes diversas vezes, e durante esse tempo, vão evitar o encontro entre os tributos. Pelo menos assim espero.

            À noite, a música é tocada. Nenhuma morte. Hoje não ouve guarda. Ambos dormimos. Estávamos cansados de mais, exaustos de mais para permanecermos acordados. Alguns pesadelos voltaram a aparecer mais dormi relativamente bem. Na alvorada, suficientemente forte, prosseguimos nossa marcha. Kayleigh abre mais um pacote de biscoitos.

            - Quer alguns? – Ela pergunta.

            - Sim, estou faminto.

            Comemos os biscoitos e continuamos andando lentamente.

            - É estranho não é? – Eu digo. – Morgan e Ayla não retornaram a Cornucópia, e Dokk morreu. Algo aconteceu com eles. Eles não deixariam a Cornucópia desprotegida a menos que algo tenha acontecido.

            - Eu não sei. – Kayleigh diz pensativa. – Talvez eles tenham rompido com o grupo. Já que só um pode ganhar. – E ela me lança um olhar triste.

            Essa realidade vale para agente também. Implacável ela não dá trégua.

            - Por que você usou sua pomada em mim, sabendo que eu poderia morrer? Somos apenas aliados momentâneos...

            - Não Kayleigh. Você é minha aliada e minha amiga. Eu não deixaria você morrer em minha frente, a menos que não tivesse outra opção. Além disso, eu estava te devendo, e quero que você vença, se for para eu perder.       

            - E se você puder escolher?

            - Eu quero vencer, é claro. Mas até lá, quero-a bem viva.

            Paramos para descansar. Uma sensação de morbidez me assalta. Eu não seria capaz de me suicidar por ela, minha vida e minha família eram importantes para mim, não as jogaria fora. Eu nunca tive muitos amigos no 11, talvez por isso eu a esteja valorizando tanto. Relembro minhas palavras na entrevista.

            Cada um tem o direito de pensar o que quiser, mas sempre chega a hora que você tem que decidir se vai fazer o que é certo...

            - Waters. – Kayleigh me chama. – Esquece o que eu falei agora a pouco. Muito obrigada por salvar a minha vida. Mas a propósito. Eu não te devo nada, eu nunca te devi.

            Posso morrer na arena, mas morrerei como um ser humano...

            A cada fala, Kayleigh me deixa mais confuso. Nesse momento acredito realmente que posso vencer, mas é difícil imaginar aquela garota bonita e gentil fria e morta, para que eu alcançasse meu propósito. Como tomar as decisões corretas quando ambas as opções são erradas?

            Não sou uma maquina de matar, e não viverei como uma...

            - Chegue perto. – Ela me diz. – Vou reforçar nossos curativos.

            Isso ultrapassa todos os limites do sadismo e da violência. Aqui estamos nós, fazendo o possível para nos manter vivos, com a única finalidade de divertir canalhas hipócritas que assistem a tudo com suas TVs de 60 polegadas. Se o objetivo fosse apenas intimidar os Distritos, era mais rápido selecionar os jovens e matá-los na hora. Mas não, eles têm que mostrar como estão no controle de tudo, e nos fazer sofrer o máximo que puderem.

            - Já estou bem. – Kayleigh diz. – Vamos prosseguir?

            Andamos a manhã toda. No meio do caminho, ela recebe um presente de patrocinador. Pílulas, que, segundo as instruções, vão repor os nutrientes que ela perdeu no sangramento, se engolidos com boa quantidade de água. Retornamos ao nosso esconderijo, felizes e em segurança. Estamos feridos, mas agora possuímos armas, suprimentos e remédios. Aproveitamos para restaurar nosso estoque de água.

            - Vou examinar as armadilhas. – Digo.

            Três coelhos e um esquilo. Tratamos as presas enquanto conversamos. Sobre o que? Jogos Vorazes é claro.

            - Tirando os Carreiristas quem ainda está vivo? – Pergunto.

            - Fred, do distrito 9, e a garota do 10, que esqueci o nome.

            Lembro-me dela. A garota que ficou comigo na plataforma de lançamento. Ela parecia frágil. Não sei como sobreviveu até agora.

            - Então somos seis. Precisamos calcular direito o que faremos agora. Não podemos mais errar.

            - Não erramos da ultima vez. – Kayleigh diz.

            - Erramos sim. Você quase morreu.

            - É, mas agora nossa situação está melhor. Temos medicamentos e armas. E no final, teremos que nos matar de qualquer jeito, esqueceu?

            - ...Não.

            Kayleigh termina de retirar as entranhas do esquilo. Começa a fatiá-lo. Tomo coragem e digo:

            - Tentaremos sobreviveremos juntos. Vamos esquecer que não podemos vencer ambos. Vamos enfrentar o quem ou o que que apareça em nossa frente, unidos, como uma verdadeira dupla. Eu vou te proteger, até quando não der mais. Não precisamos ser apenas peões do jogo.

            - Robb...

            Kayleigh parece não estar realmente acreditando no escuta. Começo a raciocinar a respeito. Talvez ela planejasse me matar depois, talvez não estivesse levando a sério o papo da amizade. Talvez estivesse planejado inclusive seus movimentos após o fim de nossa aliança. Talvez achasse que nosso relacionamento era puramente profissional e temporário.

            Mas não era para mim. Kayleigh havia conquistado meu respeito e a minha confiança. Além disso, por algum motivo salvou minha vida. Sim, eu não teria a menor condição de vencer Elizy, depois de Daeron, e me tornou seu aliado. Eu não podia simplesmente mata-la, ou deixa-la morrer. Mas ao mesmo tempo, eu tinha uma necessidade infinita de vencer e voltar para casa. Jamais tomaria uma decisão. Sabia disso agora. Ela começa a entender. Vira-se para mim com um novo olhar. Talvez respeito, talvez admiração, eu não faço ideia. Ela diz:

            - Mas Robb. Está disposto mesmo, a se arriscar assim? A colocar sua vida em risco por mim?

            Sorrio amarelo. Uma hora, vai ser eu ou ela, e eu terei que escolher a mim mesmo. Mas até lá, somos nós dois.

            - É. Eu já fiz isso antes, e você também.

            Seu semblante é indescritível.

            - Por quê? – Ela pergunta verdadeiramente curiosa. – Você mal me conhece. Não há nenhuma vantagem pessoal nisso.

            - Porque você me ajudou também. Porque eu gosto de você.

            Kayleigh se afasta, com a desculpa de que precisa preparar a sopa. Ela estava perturbada. Provavelmente vai dissecar toda essa nossa conversa e procurar o motivo real de minha determinação. E vai falhar em sua busca.

            Vivendo no 11, eu conheci muito cedo a brutalidade que cerca o ser humano. Diversas pessoas são espancadas em praças por aqueles que se alto denominam, pacificadores. Sempre desprezei a todos eles. Uma vez, o alvo foi um amigo meu. Ele foi espancado, até morrer. Desse dia em diante, jurei a mim mesmo que protegeria as pessoas que gosto, mesmo que tivesse que colocar minha própria vida em risco. E eu gostava de Kayleigh. Do meu jeito, e na medida que os Jogos permitiam, eu gostava muito.

            E há Morgan. O Carreirista que está curioso a respeito do que eu posso fazer na arena. Imagino que Morgan não pretende me deixar sair com vida da Arena. Mas talvez, lutando em conjunto, eu e Kayleigh possamos matá-lo. “Talvez um de nós tenha que perder Kayleigh, para dar a vitória ao outro”. Gostaria que fosse simples assim, mas infelizmente não é. Espero que minha morte seja pacífica.

            A noite cai, a música é tocada, e novamente nenhum morto aparece. Comemos e nos preparamos para dormir. Nenhuma nova palavra foi trocada desde a conversa da tarde. Ninguém vai ficar de guarda (novamente). Estamos doentes e cansados.

            Rapidamente me ajeito na gruta, com um dos sacos de dormir, e fecho os olhos cheios de questionamentos.

            Dormi quase instantaneamente, em um sono profundo e restaurador. A garota ruiva não saiu por um segundo sequer da minha cabeça nem dos meus sonhos. Por toda noite.


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Notas finais do capítulo

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