I hear in my mind

All these voices         

I hear in my mind

All these words

I hear in my mind

All this music

And it breaks my heart

(Fidelity – Regina Spektor)

Cravei meus olhos no chão, com a certeza de que meu rosto devia estar pegando fogo. Quando finalmente consegui encarar alguma coisa que não fosse o chão, vi que Ryan, Lily e Jenni já estavam junto a Josh e Nate.

Eu ainda não me esqueci daquele ataque de ciúme que o Josh deu, aí tem!

Fui caminhando lentamente até lá, agora eu teria que aguentar as piadinhas deles em cima de mim e do Ryan, mas tudo bem, porque eu iria rir muito do Josh e da Lily.

- Hey – Cumprimento sorrindo.

- Hm... Tá toda animadinha pra levar uns pegas do Ryan – Jenni, sempre sútil – só que não – me fez ficar vermelha, mas tipo muito mesmo. – Calma amiga, não precisa fazer inveja nos tomates não – Ela diz rindo da minha cara.

- Controla essa sua namorada Nate, se não vai ficar a marca dos meus cinco dedos na bochecha dela – Eu digo estressada, fazendo os outros rirem.

- Aí, a gatinha bravinha – Josh diz debochando da minha cara.

- Cuidado, se não vai no mesmo caminho que ela – Digo rindo também.

- Ô Ryan tu ainda não disse o que tu acha cara – Nate diz, puxando Ryan pro assunto.

- É Ry – Jenni diz rindo olhando para a minha cara.

- Que belos amigos eu arrumei – murmuro para mim mesma, mas Lily dá uma risada fraca e percebo que ela escutou.

E nós duas começamos a rir feito umas retardadas, chamando a atenção dos outros, já falei que a risada da Lily é contagiante? Então sem nem saber do que se tratava os outros começaram a rir.

- Mas voltando – Josh passa um braço pelo meu ombro – mando um olhar tranquilizador para Lily – E ele faz o mesmo com Ryan – Será que tem mais um novo casalzinho? – Ele pergunta.

- Ah claro, do mesmo jeito que a Lily e o Jason – Digo sarcástica.

- Não seria nada mal hein Lily, ele é lindo – Jenni diz rindo.

- Ah é? – Nate pergunta, fechando a cara.

- É – Ela chega mais perto dele e envolve os braços na nuca dele e ele sem resistir ao impulso envolve as mãos na cintura dela – Mas, você é mais – Ela diz e eles começam a se beijar.

- Vão para um quarto – Josh murmura irritado.

- Alguém não está com bom humor – Ryan cantarola.

- Não mesmo – E ele sai irritado.

- O. Que. Deu. Nele? – Lily pergunta pausadamente, como se tentasse assimilar, tudo o que aconteceu.

- Não sei – Dou de ombros – Mas, vou falar com ele – Essa era a oportunidade perfeita, de eu ir falar com ele. E saiu sem escutar o que eles responderam.

Segui apressadamente até a grande porta de que ele tinha saído. Na verdade, ele só fez passar por um corredor enorme e entrar na primeira porta que ele encontrou.

Reconsiderei a ideia de entrar, mas afinal eu precisava falar com ele. Girei a maçaneta lentamente, segurando-a com precisão para fazer o mínimo barulho possível.

- Ei – Eu chamo a atenção dele, que está voltada na guitarra.

- O que você faz aqui? – Ele pergunta rude.

- Nossa, tudo bem comigo sim e com você? – Pergunto sarcástica, o vendo revirar os olhos.

- Desculpa Bru, é que eu to irritado, frustrado comigo mesmo – Ele diz soltando a guitarra e tombando a cabeça para trás.

- Quer falar sobre isso? – Pergunto-o.

- Não quero lhe encher com os meus problemas – Ele diz.

- Somos amigos, pelo menos eu acho, pode contar comigo – Sorrio.

- Tá – Ele suspira cansado – Promete que não vai rir da minha cara? – Ele pergunta.

- O que? Por que eu riria? – Pergunto-o confusa.

- Tudo bem, só escuta – Ele puxa o ar para seus pulmões e presumo que ele vai contar uma longa história – Você sabe a história de como eu conheço a Lily? – Ele pergunta paciente.

- Sim, Jenni fez ela me contar – Riu fraco com a lembrança.

 - Ah, assim facilita as coisas, seguinte, quando eu tinha doze/treze anos e disse pra gente ela que eu era grande o suficiente para ter uma namorada descente eu nem percebi direito o que eu falava, só sei que quando eu fui parar para pensar, já era tarde de mais, eu já havia virado um idiota, eu sempre quis chegar à adolescência e ser aquele pegador, sabe que aqueles que na escola todos querem ser amigo dele, mas tem várias coisas que você não conta no meio, falsidade, mentiras... Nem tudo era como nos filmes, eu realmente gostava da Lily, mas eu era pequeno de mais, para entender a complexidade daquele sentimento, quando eu virei pegador, eu sempre achava que na próxima eu ia sentir algo de diferente, algo mais especial, porque na minha cabeça aquilo que eu sentia por ela era amor de amigo, aí chegou o acampamento e quando a Natalie pediu de consequência aquilo, eu não podia negar. Ela passou dias sem olhar na minha cara, eu ainda tentava entender o porquê e aí teve a festa, ela ficou muito mal, tinha bebido todas, todos os garotos que chegavam perto dela na festa eu afastava, no dia seguinte um cara tentou agarrar ela e eu não entendia o porquê, mas eu não poderia deixar e aí saiu sem querer “saí que ela é minha e eu não vou deixar qualquer idiota chegar perto dela não” quando eu percebi, eu já tinha falado e ela tinha escutado. Quando ela arrumou um namorado, foi que eu fui perceber o idiota que eu era, mas já era tarde de mais. E eu era um idiota que a tinha deixado escapar – Ele suspirou cansado.

- Ou não, Josh só você não percebe que ainda tem chance, corre atrás – Dei tapinha nas suas costas incentivando.

- Vem, vou pensar sobre isso – Ele falou me arrastando para fora da sala.

Voltamos para onde os outros estavam.

- Hm... Vou nem comentar – Nate fala malicioso.

- Mas, já comentando né idiota – Ryan dá um tapa na cabeça dele, que nos faz rir.

- É sério, vocês são o casal mais malicioso que eu conheço – Aponto para Jenni e Nate juntos.

- Imagina o que eles fazem quando a gente não está por perto – Josh fala, com um sorriso maroto.

- Aght, não quero nem imaginar – Lily diz se contorcendo, nos fazendo rir.

- Até parece, que não sabe o que é e como se faz – Jenni lança um sorriso malicioso para ela e faz Josh engasgar.

- Vamos parando por aqui né – Ryan dá um tapa forte nas costas do amigo, para ele parar de se “engasgar”.

- Ele também sabe – Josh sussurrou discretamente.

- Ah, agora faz sentindo – Murmuro.

O toque soou, em sinal de que estamos dispensados, não percebi que o tempo voou enquanto nós liamos o script, conversamos um pouquinho e descobri uma revelação.

Eu e Ryan nos despedimos deles e seguimos para o carro. Durante uma boa parte do percusso o silêncio era absoluto, quando eu consegui me localizar e me situei que já estávamos perto do prédio, tomei iniciativa.