“O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.”

Carlos Drummond de Andrade

Os braços de Damon estavam sobre mim, ele ainda dormia estava apenas de jeans e seu abdômen bem definido estava de fora o que me fez suspirar, eu por minha vez estava apenas de lingerie e com o edredom por cima de mim.

Eu tinha que admitir esse vampiro tinha mudado minha vida, no fundo eu agradecia profundamente seu jeito irritante e irônico, porque se não fosse por isso eu ainda estaria na mesma vida miserável que havia vivido minha vida inteira, ele estaria morto, minha irmã de baixo de um túmulo, Elena uma caveira de baixo da terra, jamais teria descoberto a verdade sobre Lucian, Jeremy teria raiva de mim e nunca saberia sobre meus verdadeiros pais.

Damon havia mudado minha vida inteira, ou melhor, havia mudado meu futuro e eu nunca conseguiria ser grata o suficiente por isso.

Meu celular vibrou, Damon estava em um sono tão pesado que não acordou quando eu levantei para atender o mesmo, coloquei meu roupão e fui até a janela para atender.

-Charlotte? – perguntou alguém do outro lado da linha – Sou eu Tatia.

-Oi Tatia – disse animada – Desculpa por não aparecer ontem é que alguma coisa aconteceu.

-Céus como eu fiquei preocupada, o que houve?

-Uma história gigante, tem um tempo hoje?

-Claro querida – disse ela maternal.

-Tatia, acha que é possível uma humana virar vampira sem morde lá?

-É melhor nos vermos Charlie – disse ela.

-No mesmo lugar?

-Pode ser, diga ao seu namorado que pode vir também se quiser.

-Como sabe que ele está aqui?

-Eu sei de muitas coisas querida, nos vemos.

-Até mais tarde – disse desligando.

Damon ainda dormia, andei sinuosamente até a cama engatinhei até onde ele estava, comecei a dar pequenos beijos em seu pescoço, mas, ele ainda fingir dormir beijei sua boca gélida e morta.

Antes que eu pudesse sair ele levou a mão no meio das minhas costas, quase na minha bunda, me pegou em seus braços delicadamente e me beijou docemente.

-Bom dia pequena – sussurrou ele.

-Pensei que estivesse morto – disse irônica – Não acordava.

-É porque pessoas devem dormir – disse irônico.

-Mesmo?

-Mesmo – sorriu ele – Com quem estava no telefone?

-Tatia – disse – Em falar nisso tenho que ir encontrar com ela.

-Ah fica comigo – disse ele me abraçando mais.

-Eu preciso saber o que está havendo comigo, venha junto depois podemos dar uma volta.

[…]

Damon concordara em vir comigo, havíamos nos tocado e já estávamos no lugar em que eu combinara de encontrar Tatia, que não demorou muito a chegar e como sempre estava elegante em seus trajes.

-Oi – disse abraçando ela.

-Oi Charlotte – sorriu – Esse deve ser o Damon.

-Em pessoa – sorriu ele.

-Bem, estamos com tempo que tal me contar a história inteira?

-Claro – sorri.

Sentamos-nos em uma das mesas mais afastadas, comecei contando com a ajuda de Damon dos momentos que eu não me recordava, lhe contei tudo sobre a bruxa e sobre as opções de como eu voltaria, Tatia apenas escutava tudo com atenção.

-O que pode ser? – perguntou Damon curioso como se estivéssemos em uma consulta médica.

-Como você disse Damon, ela está em fase de transição – disse ela calma.

-Transição, só se for para o inferno – disse mal humorada.

-Melhor dizendo, já foi completa cinco pessoas? É mais que o suficiente certo – disse Tatia.

-Como isso é possível?

-Você sendo filha da Katherine, tem assim como a Caroline, algo que sempre vão levar vocês para o vampirismo, não podem ser hibridas ou humanas, o feitiço apenas foi o necessário para você ficar bem, você viraria vampira com o tempo Charlotte – disse ela.

-Ótimo – resmunguei – Agora sou tão estranha quanto um protótipo escondido do governo.

-Como você clama – disse Damon revirando os olhos.

-Não há nada a fazer a não ser aprender a viver assim – disse Tatia.

-Oh, céus – reclamei novamente – Eu preciso de um sorvete.

-Sorvete? – Damon e Tatia perguntaram juntos.

-É qual o problema?

-Nenhum – responderam.

Damon pediu uma taça de sorvete de baunilha e enquanto eu o tomava Tatia me olhava com curiosidade como se observasse e visse alguma coisa.

-O que foi? – questionei.

-Nada não – disse ela mas, Damon pareceu não concordar.

-Tatia você tem certeza? – questionou ele – Ah, quer saber eu não quero saber.

-Eu tenho que ir querida, eu pensei sobre o que me perguntou eu volto com você eu tenho erros a desfazer e pessoas a recuperar – sorriu ela.

-Ah Tatia – disse abraçando ela – Vai ser tão bom ter você por perto.

[…]

Damon e eu passeamos o restante do dia, agora estávamos deitados de baixo dos cobertores vendo um filme na televisão, ele acariciava minha cabeça e a minha barriga com suas mãos geladas.

Eu sorria involuntariamente estar com o Damon me fazia bem, era algo que eu desejaria pelo resto da minha vida inútil.

-Eu gosto tanto de ficar com você – sussurrei.

-Eu sei pequena – disse convencido – Porque eu também adoro ficar com você.

-Obrigado – disse.

-Pelo que?

-Por mudar meu final

-Como se eu não devesse isso a você também.

 -Posso perguntar uma coisa? Promete responder com sinceridade?

-Claro – sorriu.

-Porque eu?

-Como assim? – fez-se de desentendido.

-Porque eu Damon, com tantas garotas por aí bonitas, mulheres que dariam tudo para ter você, porque desistiu da Elena por mim?

-Exatamente por isso, você não me queria, é fácil de mais alguém me querer e isso sinceramente não me chama atenção, você e até mesmo a Elena me atraem porque no fundo vocês tem aquela raiva súbita de mim, aquele ódio escondido, aquele medo e isso me deixa extremamente motivado a ter você.

-Você é motivado de uma forma diferente – sorri – Porque eu e não a Elena?

-Embora não goste do que eu vou dizer você precisa de alguém cuidando de você, é tão pequena e indefesa é gostoso olhar nos seus olhos e ter você em meus braços, a Elena não precisa disso e isso às vezes me irrita garotas tem que ser amáveis às vezes.

-Eu te amo, Damon Salvatore – disse beijando sua bochecha.

-E você pequena? Embora eu seja a pessoa mais esperta que eu conheça, não entendo, você odeia vampiros.

-Eu sei, mas, você mexia comigo me deixava tão irritada e quando eu pensava direito as coisas que você fazia, entendia que não era de maldade, ficava com raiva quando julgavam você, porque eles não entendiam os seus motivos, aos poucos você ia conquistando e mostrando para mim que vampiros não são todos iguais – sorri.

-Ah pequena você é tudo o que eu precisava – disse me apertando.

-Eu preciso de você como um vampiro precisa de sangue – sussurrei me agarrando ao colarinho da sua camisa – Só eu conheço você Damon.

-Só eu conheço você também, ninguém conhece essa Charlotte que está aqui comigo.

[…]

Estávamos no meio da tarde havia acabado de acordar, no meu coração um aperto começou estava com uma saudade imensa de ver minha família, meus pais verdadeiros e meu pai adotivo, minha irmã e meus amigos.

-O que foi? – perguntou Damon passando as mãos nos meus cabelos.

-Estou pensando no pessoal em casa – murmurei baixo.

-Está com saudades?

-Muita – sorri.

-Porque nós não vamos embora? – questionou ele sorrindo, embora Damon jamais fosse admitir também tinha saudades de casa.

-Porque eu não sei como explicar que eu virei uma vampira… de novo – disse.

-E daí? Eu é quem tenho que amar você, e eu já amo exatamente como você é – sorriu beijando o topo da minha testa.

-Ah Sr. Salvatore você foi o melhor erro que eu cometi – sorri.

-Eu sei pequena eu sei – disse ele alegre.

-Acho que devemos voltar para casa

-Ainda bem que eu sempre desobedeço você

-No que você aprontou agora?

-Temos três passagens para amanha cedo e é para Mystic Falls.

-Duas perguntas, primeiro como sabia que Tatia viria com a gente? Segundo, para Mystic Falls?

-Estamos em perigo em qualquer lugar, com a sua vó maluca atrás de você e dos seus tios e pais sei lá porque, mas, a Bonnie disse que pode fazer o mesmo na minha casa que é grande o suficiente para nós ficarmos todos lá, bem sobre a Tatia…

-Ah isso é verdade – disse – Vocês dois estão aprontando, o que estão fazendo?

-Nada de mais meu amor – disse ele beijando minha testa.

-Sei, sei – disse me aninhando em seus braços – Na verdade não me interessa porque eu não quero saber mesmo.

[…]

Damon havia arrumado minhas coisas, eram dez da manhã havia tomado um banho e colocado um vestido simples azul marinho, olhava-me no espelho notando algo diferente em meu corpo, mas, nada que eu levei em consideração já que ele não era mais o mesmo desde que eu virara vampira umas 500 vezes no último mês.

Tatia nos esperava no saguão do hotel e em poucas horas estávamos no aeroporto Damon despachará as malas e seu carro, estávamos no voo que estava previsto as 10:30.

Damon e eu estávamos sentados lado a lado, enquanto Tatia se encontrava na frente, apenas de olhar para ela e sentir suas vibrações eu sorria imaginava que ela estava incrivelmente ansiosa para rever a quase filha Katherine que criou a vida inteira e o meu pai o Klaus.

Ao nosso lado na fileira, havia um bebezinho com a mãe, era uma linda garotinha dos cabelos loiros e olhos tão escuros que se destacava na sua pele branca, ela esticava as mãozinhas para mim e sorria e eu por minha vez sorria e acenava.

Sua mãe sorriu para mim e disse:

-Acho que ela gostou de você.

-Como se chama? – perguntei meio boba com a beleza da garotinha.

-Camila – disse ela enquanto a menina mexia os bracinhos.

-Ela é linda – disse e notei que Damon ria ao meu lado – Tem quantos anos?

-Um aninho apenas – disse a mulher.

Depois de brincar mais algumas vezes com a garotinha ela sossegou deitou no colo da mãe e dormiu, eu deitei em Damon e ele pegou minhas mãos juntando as com as suas.

-Quem diria que uma caçadora tem jeito com crianças – sussurrou Damon.

-Ninguém resiste a uma boa criança Damon – sorri – Elas são extremamente lindas e fofinhas.

-Apenas não imagino você cuidando de uma criança – disse por fim.

-Acho que eu daria conta, contando que a criança não fosse minha filha eu me daria bem com ela – sorri.

-Porque não suporta a idéia de a filha ser sua?

-Porque eu não tenho paciência nem com você direito quanto mais com uma criança – disse – Mais quem sabe se o filho for da Caroline ou da Elena eu amaria ser a tia coruja, mas, mãe? Acho que não seria uma boa idéia.

-Às vezes você pode ter mais jeito como mãe do que você imagina pequena.

-Ah qual é, eu não levo jeito para isso.

[…]

Nós já estávamos em Mystic Falls, a dez minutos da mansão então logo chegamos a casa estava vazia certamente eles ainda estavam arrumando os seus lugares em Mystic Falls novamente ou ainda não haviam chegado.

Entramos e eu me joguei no sofá e me maravilhei com a casa, nunca havia vindo aqui na mansão Salvatore, ela tudo maravilhosamente lindo uma construção antiga em madeira de verniz um lugar que me fazia voltar no tempo embora eu nem fosse tão velha assim.

-Como esse lugar é lindo – murmurei para mim mesma – Onde está todo mundo?

-Estamos aqui, anda cega agora? – disse a Kayla.

-Quando vocês entram na sala?

-Faz uns cinco minutos, mas, você estava dormindo.

Eles estavam na sala disseram que estavam nos fundos onde havia um jardim já que fazia um pouco de calor, levantei e abracei todos estava com saudades daqueles olhares curiosos e preocupados.

-Hey Jer – disse abraçando ele e o mesmo me girou no ar.

-Pensei que não fosse mais voltar – disse ele.

-E eu não ganho abraço? – perguntou meu pai.

Sai correndo dos braços do Jeremy para pular nos dele e lhe dar um beijo no rosto, depois corri para o tio Elijah e o abracei forte e ele apenas retribuiu.

Nós nos sentamos no sofá e então Tatia entrou elegante como sempre, nesse instante Katherine e Klaus olharam para ela de certo modo maravilhados pelo fato de ela estar viva.

-Tatia – sussurrou Klaus.

-Oi Niklaus – disse ela sorrindo.

-Meu Deus – disse Katherine e sem pensar duas vezes ela correu para onde Tatia estava e a abraçou como se Tatia realmente fosse sua mãe.

-Pensei que estivesse com raia de mim – disse Tatia.

-Como eu poderia?Tudo que você me disse, eu devia ter te escutado isso apenas me trousse para um buraco sem fim – disse Katherine.

-Oh querida – disse ela abraçando ainda mais a filha.

-Me desculpa – disse Katherine com lágrimas nos olhos.

Depois que Katherine saiu de perto dela, Klaus apareceu ambos trocaram algumas palavras que eu não havia entendido sorriram e saíram de casa, não sabiam o que iriam conversar, mas, trataria de me inteirar do assunto depois.

-Posso falar com você? – perguntei para Katherine ela sorriu e assentiu com a cabeça.

Nós subimos as escadas e entramos em uma biblioteca ela devia conhecer bem a casa, já que fora apaixonada pelos dois Salvatore, chegava a ser repulsivo quando eu pensava em Damon tocando e transando com a minha mãe, por isso vampiros são estranhos não importa a idade que tenham sempre vão parecer jovens.

-Eu queria pedir desculpas – disse assim que sentamos.

-Tatia falou com você? – perguntou sorrindo.

-Sim, mas, eu fui uma criança estúpida, e eu só quero que você me desculpe – sorri.

-Você é a minha filha querida, eu te desculparia mesmo que tivesse enfiado uma estaca em meu coração.

-Obrigada – disse abraçando ela e por algum motivo eu fiquei emocionada de depois de 18 anos estar abraçando minha mãe.

-O que foi querida?

-Eu só nunca imaginei que eu estaria aqui com a minha mãe – sorri.

-E eu nunca imaginei que estaria com a minha outra filha

Nós conversamos sobre o resto da tarde até que descemos as escadas, mas, antes de chegar ao chão me senti incrivelmente tonta e aquela sede me invadiu novamente minha garganta começou a arder, levei a mão a cabeça e a tontura não passou Katherine segurou em minha mão mas, a tontura continuava insistente até que tudo escureceu e meu corpo rolou escada abaixo.