E eu estava ali em mais um dia triste olhando a patética Isabella Cullen no espelho. Meus cabelos sem brilho, minhas olheiras profundas e meu corpo magro e jovem sem nada a oferecer. Eu estava oca há muitos anos. Voltei para cama e olhei o porta-retrato digital que passava fotos de raros momentos felizes que eu tive. Meu casamento com Edward, eu com ele em Paris,a gente com July nos braços e depois as fotos ficam mais e mais sozinha. Eu com Brian nos braços e July segurando uma boneca no hospital. Eu com Brian numa festa de um ano que aconteceu por pura insistência minha a uma fachada de normalidade e por último nós três no Central Park olhando os pombos. Cada vez mais sozinha. Nunca mais Edward esteve em nossas vidas. Desliguei aquilo e voltei a deitar depois de tomar um calmante e rezar para ela fazer o efeito esperado e me deixar com ânimo de tarde.

Acordei com a cabeça pesada, o remédio me anestesiou e eu consegui tomar um banho e pensar em fazer algo. Na verdade eu não tinha nada de útil para fazer. Sorri com aquele pensamento. Eu não tinha nada mesmo para fazer. Tomei um banho longo e comecei a me arrumar, maquiagem e depois um vestido Chanel rosa chá e cabelos soltos. Saltos altos e um ar de importante. Sai do quarto coma certeza que ele não estava e se estivesse não ligaria a mínima para mim.

- Boa tarde Sra. Cullen, coloco seu almoço?

- Não, vou comer na rua. Tenho um compromisso. – mentira. – Os meninos estão aonde?

- July tem aulas de Frances hoje no centro e Brian natação e depois os dois voltam e jantam e dormem.

- Ótimo. Volto depois das onze hoje. Não faça janta se o Sr. Cullen não confirmar sua presença.

- Sim senhora.

Fui para garagem e olhei meus carros. Escolhi o Audio e dei partida para o não-compromisso. Segui pelas ruas sem rumo e parei para abastecer e continuei. Dirigir era maravilhoso e se cansasse poderia parar e descansar num motel de estrada. Meus dias eram assim.

Voltei para casa meia noite e estava tudo tranqüilo como sempre. Passei pelos corredores e lembrei que não comi. Fui para a cozinha e tirei algo da geladeira. Esquentei no microondas e comi na bancada da cozinha. Sozinha e pensativa. Vi o carro de Edward chegar e desliguei as luzes da cozinha, não daria tempo de ir para meu quarto sem nos esbarramos e não queria isso. Me fingi de morta na cozinha enquanto ouvia seus passos pela casa. Ele foi para o escritório e aproveitei para subir, ele dormiria ali ou em outro quarto. O seu quarto. A anos não dormíamos juntos.

Acordei e tomei outro calmante. Estavam acabando e precisava comprar mais. Meu compromisso mensal. Mais uma vez olhei a Isabella no espelho e diferente do outro dia eu estava animada. Seria a ideia de ter um compromisso? Me arrumei mais cedo que o comum. Calça jeans e blusa básica.Receita, cartão e um rabo de cavalo com um tênis.Parecia uma universitária. Sorri olhando o espelho.

Rodei a cidade e comprei os remédios tomando um na farmácia mesmo. Entrei no carro e olhei uma livraria do outro lado. Lembrei do tempo em que gostava de ler. Que amava e devorava livros. Só que tinha um rapaz moreno tirando a placa e fiquei dentro do carro observando, ele tinha um ar triste ao ver a placa horrenda ser retirada. Eles iriam entrar em obras? Ela tinha um ar conhecido e forcei minha mente para lembrar da onde eu tinha essa impressão e lembrei assim que a placa foi totalmente retirada.

Eu tinha acabado de descobrir que o cartão de crédito de Edward era interligado ao meu e estava grávida de Brian. Entrei e peguei o extrato on-line pelo computador. Vi jóias que não eram para mim, motéis, restaurantes finos e outras barbaridades como visitas constantes a sexshop de toda a cidade. Chorei feito louca e aquele rapaz moreno veio e me deu um copo de água, me levou em casa e me fez prometer ficar melhor. Mais calma.

Sai do carro num rompante olhando para os lados e atravessando a rua. Observei a movimentação na frente da loja. Um linda livraria eu tinha que admitir,

- Está fechando? – disse atrás dele.

Ele se virou e me encarou. Eu estava grávida de oito meses na época, ele lembraria de mim?

- Isabella? –ele disse com um sorriso triste.

- Jacob?

- Sim... sim... Está sem barriga? Deve estar com...

- Dois anos. Faz três agora esse mês.

- Parabéns.

- Obrigada por aquele dia. Nunca voltei para te agradecer. – Os calmantes me faziam parecer tranqüila. Era bom conversar com alguém.

- Que isso fico feliz que esteja bem.

- Estão fechando?

- Sim, infelizmente.

- Por que? O ponto é bom e a rua é bem localizada. Sua loja fica logo no meio e tem acesso aos principais cruzamentos...

Ele sorriu largamente para mim.

- Entende um pouco disso. – sorri tímida.

- Fiz administração em Oxford.

- Não tem sotaque. É inglesa?

-Não,só estudei lá. E detestei... ingleses são esquisitos. – Edward era inglês.

- Bom, mas esse ponto vou passar. Falta de grana para manter.

Olhei o interior.

- De quanto estamos falando?

- Uns trinta mil para os próximos meses e sem contar a reforma.

- Uns oitenta mil então?

- Por aí. É muita grana e com Nessie grávida...

- Sua esposa?

- Sim, ela descobriu semana passada. – Ele sorriu. – Preciso pensar na minha família e isso precisa ficar para depois.

- Me espera aqui tudo bem? Não faça nada.

Atravessei e entrei no carro arrancando. Isso era uma ninharia. Fui no banco e saquei isso com o gerente. Fácil. O nome Cullen abria todas as portas. Voltei e encontrei Jacob sentado dentro da loja atrás do caixa. Todo o dinheiro estava dentro de uma pequena maelta que o gerente ofereceu.

- Oitenta mil. – disse entregando a ele e seus olhos arregalaram e ele pulou da cadeira.

- Que isso... Não posso.. você nem conhece...

- Quero ser sócia, não é favor.- Olhei ao redor. – A loja precisa de uma reforma, um conceito mais moderno que combine com as outras da rua, isso parece um antiquário.Não é atrativo aos olhos. Nem luz apropriada para leitura. – Disse olhando para cima e saquei meu celular da bolsa. Disquei calmamente os números. – Pierre? Isabella Cullen, preciso que venha agora na West com a Mayson. Olha sem demora e traga sua equipe,começam hoje ainda e se mencionarem isso a Edward perde toda a lista de referencia que posso oferecer.

Ele assentiu e eu desliguei.

- Você é uma Cullen? Das Cullens Industry?

- Esquece essa merda sim? Posso ser Isabella?

- Claro. Só que.,..

- Minha vida é uma merda Jacob é isso que quer ouvir? A merda da minha vida vazia e sem amor.

Ele arregalou os olhos e suavizou a expressão.

- Vamos conversar então sobre negócios. Você parece boa nisso. – ele sorriu e passamos a tarde conversando e acertando as coisas. Sua visão era muito parecida com a minha e Pierre e sua equipe receberam instruções e eu acertei com Jacob de vistoriarmos juntos a obra que eu estipulei no máximo  dois dias para terminar e contratei uma equipe noturna. Sai da loja der noite e Jacob disse que tinha ver Nessie, já era dez horas e eu não queria ir para casa. Ele percebeu.

- Vem janta lá em casa... vai ser bom Nessie te conhecer.

- São dez horas Jacob.

- Ela é enfermeira e vai pegar plantão meia noite. Não vai atrapalhar.

Me deixei convencer disso. Afinal,o que eu tinha para fazer? Cada um foi no seu carro e ele não morava longe. Uma região residencial de casas simples e bonitas. Sua esposa estava na porta esperando ele com um sorriso lindo. Ela era linda. Ele saiu do carro e a agarrou com um beijo quente. Fiquei sem graça ao sair do carro.

- Amor,essa é  Isabella.

- Bella. – disse olhando para ela. Ela sorria lindamente.

- Um prazer conhecer o anjo que salvou o sonho de meu marido.

- Anjo? – disse olhando para ela.

- Vamos jantar senão esfria e  ninguém come lasanha fria!

Jacob deixou que entrássemos primeiro e se jogou no sofá fazendo Nessie rir. Eles  s tinham empregados então eu achei por bem ir para cozinha ajudar Nessie e me diverti com ela falando de suas aventuras e sonhos, ela era bem falante e me senti muito bem com eles. Ela vivia brigando com Jacob por algum motivo e ele parecia provocar o tempo todo. Foi um jantar leve e divertido e tivemos realmente bons momentos. Deu a hora de Nessie ir embora e eu fui para a garagem com ela.

- Amanhã vem de novo, eu não tenho plantão e depois da obra... e tudo mais vamos nos divertir.

- Divertir?

-  Noite de jogos. Um casal de amigos vem e agente sempre se diverte.

Eu olhei para as chaves do meu carro e mordi meus lábios. Isso era coisa de casal. Eu não era um casal.

- O que está pensado Bella? Noite de jogos... bebidas... e diversão.

- Hum... é coisa de casal. Eu...bom...- olhei para a aliança.

- Vou chamar uma prima e aí você faz par com ela pode ser?

- Prima?

- Angela sempre quer vir, mas é coisa de casal para ela também. Façam vocês um belo par e ficam todos felizes.

Sorri com a animação dela e ela sorriu para mim.

- É bom ter você aqui. Obrigado pelo que fez pelo Jacob, é realmente um sonho e eu... bom... não somos...

- Dinheiro não é tudo. Mas ajuda. – disse brincando.- Obrigada pela noite e voltarei sim. Chame sua prima.

Ela abriu um largo sorriso e entrou no seu carro. Voltei para casa sorrindo. Uma coisa que não fazia a um tempo. Cheguei em casa e vi meu quarto vazio e limpo. Não encontrei com Edward e não sabia nem se ele estava em casa, amanhã eu iria cedo para a loja. Os homens de Pierre já estavam lá e eu pretendia acompanhar cada passo da abra. Tomei um banho e fui dormir. Olhei para a caixa de calmantes do meu lado e vi que não queria tomar, o dia já estava cansativo e eu queria acordar cedo. Dormi pela primeira vez em anos sem nada que me fizesse esquecer minha realidade.