Po\/ Natsu

Então fomos caminhando, a Lucy foi na frente e eu o segui, ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu falei:

–A gente tá indo pro caminho errado Lucy, o caminho certo é pra lá. – ela parou e se virou pra mim com raiva.

–E quem é você pra falar qual é a direção certa em? Você nem sabe onde estamos.

–Só sei que o pessoal não esta pra lá, ali só tem árvores, a gente devia ir por ali - disse apontando pra uma direção atrás de mim.

–Não é não, eu sei qual a direção certa, ok?

–rrrrrrr, isso é tudo culpa sua! – gritei.

–Culpa minha? Foi você quem se perdeu! - ela gritou furiosa.

–Não é por nada não, mas se fosse ‘EU’ quem tivesse me perdido, você não estaria aqui neste exato momento tentando achar o caminho.

–Tá, você entendeu o que eu quis dizer, eu também me perdi, mas foi você quem nos colocou nessa roubada.

–Eu? Estava tudo bem até você chegar, eu só tava procurando um sinal pro meu celular só que você chegou e me distraiu, além disso, não fui eu quem correu fazendo a gente se perder mais ainda.

–Ah então agora a culpa é minha?

–A culpa sempre foi sua! – disse.

–Acontece que você saiu da vista dos professores só pra mexer numa droga de celular, e acabou se perdendo e fazendo eu me perder também! - ela falou ainda gritando.

–Não jogue a culpa toda em mim, você também foi avisado pelo professor Freed pra não sair de perto deles porque se não se perderia, mas você foi atrás de mim mesmo assim sabendo que poderia se perder então a culpa também é sua.

–Tá, eu não quero ficar discutindo com você... A culpa é de nós dois. Tá legal?!

–Que seja! – Disse bravo. Sentia raiva dela, não queria admitir que a culpa também fosse minha de nós estarmos ali, mas sabia que era.

–Tudo bem, vamos continuar caminhando, se lembra de alguma coisa do caminho onde nós passamos? – ela perguntou.

–É claro que não.

–É, por que estava ocupada gritando comigo né?!

–Mesmo que eu me lembrasse, não adiantaria muito, afinal aqui só tem árvores. – Eu falei e ela revirou os olhos, se virou e continuou andando, de repente ela parou.

–O que foi? – perguntei.

–Parece que aqui não tem só árvores – ele disse ainda olhando pra frente, passei na frente dele pra ver o que ele estava olhando, pra tentar entender o que ele quis dizer. Então eu vi, fiquei chocada, a partir dali não tinha mais árvores só terra e um pouquinho mais em frente, tinha um... Como eu poço dizer? UM PENHASCO! Um penhasco de terra.Eu vi que nós estávamos na parte de cima daquela floresta e que tinha mais coisa lá em baixo, coisas que eu queria ver,mas muito arriscado.

–Eu acho que esse não é o caminho certo – disse.

–Não me diga? – ela caçoou. – o que será que tem lá em baixo?

–Idaí o que tem lá em baixo??Já pensou se alguém cai daqui de cima? Até chegar lá em baixo já vai estar morto.

–Tá, tá... Mesmo assim eu quero ver o que tem lá em baixo. – ela falou se aproximando mais daquele enorme buraco.

–Lucy tenha cuidado! – eu disse falando pra ela enquanto ela se aproximava ainda mais.

–Por que?Está preocupado é? – ela perguntou com um sorriso malicioso.

–Na verdade sim... Estou preocupado, se você morrer, eu vou ter que pagar o seu caixão.

–Nossa!Que graça – ele disse sarcasticamente.

–Aliás, você me faria um favor se caísse, afinal, pra que raios eu ia querer uma idiota no meu pé o tempo inteiro,não é mesmo? – ela me olhou com uma expressão diferente, parecia que ela achava que o que eu estava falando era sério, eu não estava falando sério, não queria que ela caísse, mas também não queria demonstrar que estava preocupado e com medo dela se machucar. Ela foi se aproximando, e se aproximando, cada vez mais perto e mais perto...

–AHH! – ela deu um grito, eu me assustei. Ele tinha escorregado naquelas pedrinhas minúsculas de terra que havia ali perto, tinha caído do penhasco.

–LUCY! – gritei, fui correndo pra olhar lá em baixo e ver se ele tinha caído. Olhei pra baixo e o vi agarrado em um galho que saia da terra da parede do penhasco. Fiquei aliviado, porque ela tinha se segurado, tinha se salvado. – Ai meu Kami-sama, Lucy você está bem?

–Estou bem, por sorte tinha esse galho aqui, senão fosse por isso eu estaria morta. Me dê a sua mão, me ajude a sair daqui – Ela dizia me estendendo a mão para eu pegar. Eu olhei pra mão dele e sorri, é claro que eu não ia deixar ela ali em baixo pra sempre, mas resolvi me aproveitar da oportunidade.

–Então quer dizer que você está aí embaixo...e se eu não te puxar pra cima você pode ficar aí... Pra sempre? – disse levantando uma das minhas sobrancelhas.

– Natsu.. eu sei o que você está pensando, isso não é justo, me ajuda logo a sair daqui! – dizia ela já brava e desesperada.

–Calminha ai, eu só perguntei. Vamos ver – eu disse me agachando na ponta do penhasco e olhando direto nos olhos dela – Por que você tem que ir na frente?Eu sou o mais esperto de nós dois, eu deveria guiar.

–Você? O mais esperto? – Eu balancei a cabeça afirmativamente – há há, não me faça rir.

–Eu sou sim. Por que você tem que guiar? Dizer pra onde devemos ou não devemos ir? Eu já estou cansado disso,Lucy. Você disse que sabia pra onde estávamos indo, mas não sabia, e nos trousse até aqui, onde, a propósito, você está quase à beira da morte minha querida.

–Tá pode até ser, mas, olha só pra você,isso é jeito de se vestir para ir para a mata? - ela me perguntou.

–E o que isso tem a ver? – perguntei irritado.

–Tem a ver que você não sabe nada e se você nos guiasse provavelmente a gente acabaria num rio cheio de crocodilos.

–Não tem crocodilos aqui.

–Você me entendeu... Agora por favor, me tira daqui.

–Ah, me deixa ver... NÃO!

–Por que não? – ela perguntou já impaciente.

–Porque eu não estou com vontade, dá muito trabalho pegar sua mão e te puxar pra cima.

–Olha eu não estou brincando, não falta muito pra esse galho quebrar, você vai mesmo me deixar cair?

–Nãoooooo imagina, eu só vou te pegar se você falar que eu sou lindo,maravilhoso e... - eu não sabia a outra...tinha que pensar..

- E o quê? - ela disse.

- Se você me deixar fazer um desejo. - falei.

- Depende do desejo..se for um que eu não queira...eu não aceito! - ela disse irritada.

- Pois bem...eu só ia contar o desejo a noite...mas se você quiser morrer... - eu disse. Seu tonto!Eu não quero que ela pense que eu quero deixá-la morrer!Eu,no fundo,amo ela mais que a Lisanna...não sei por que....Eu não quero que ela morra,o que você está dizendo Natsu??

–Tá bom...Você é lindo e maravilhoso!Pronto esta feliz?

- E o desejo? - eu perguntei.

- Você me fala a noite.. - disse ela meio tristonha não sei por que..será que mandei pesado com ela?

–Estou muito feliz!Tá, fazer o que... Me dê sua mão.

–Até que enfim hem, já tava na hora, você é tão mal que demorou um século para me ajudar, achei que ia mesmo me deixar cair. – disse ela estendendo a mão pra eu puxar. Mas eu não peguei a mão dela, levantei uma das sobrancelhas.

–O que? Você disse que eu sou mal?

–É obvio, porque você é! Anda logo Natsu,minha mão está doendo já.

–Hunf!...Você ainda não me viu inspirado pra maldade... Mas agora vai ver! – eu disse me virando e indo um pouco pra trás, aponto de que ela não pudesse me ver e achasse que eu tinha ido embora. Eu não ia deixar ela lá, mas eu queria dar um susto nela.

–Natsu espera! – gritou ela.

Eu andei mais um pouco...

–AHHHHH! –Gritei... Eu tinha escorregado naquelas mini pedrinhas, assim como Lucy.Me agarrei no chão, bem na pontinha do chão, estava na mesma posição que Cebola, só que um pouco a cima de onde ele estava.

–Ha ha... – Ela riu da minha situação – Bem feito, quem mandou ser mal. Agora a gente tá preso aqui, tenta subir pra cima. – eu tentei fazer o que ela disse, e coloquei os meus cotovelos no chão e com toda a minha força, mas eu vi que a parte onde eu estava segurada, estava desmoronando, afinal, era de terra, com certeza desmoronaria. – Lucy não dá, se eu por força, essa parte de terra vai se despedaçar.

–O que? Rrrrrr, eu tenho sempre que resolver tudo! – ela disse, tentando ir pra cima, ela ficou ali, tentando e ainda agarrado no galho que estava quase quebrando e não aguentaria muito tempo. Enquanto ela tentava subir, eu ficava preocupado, es se ela não conseguisse e acabasse caindo? Ele ia se machucar e eu também ia cair de lá de cima senão agíssemos rápido!Eu fiquei ali pensando até que eu voltei pra realidade, a Lucy tinha conseguido, ela tinha alcançado a parte de cima. Ela se levantou e veio até a minha direção, estendeu sua mão para mim, eu pensei naquele momento o quanto eu fui estúpido por não ter a ajudado.. se eu tivesse ajudado ela quando ela precisou, nada disso teria acontecido e ainda apesar de tudo ela estava tentando me ajudar a sair dali, eu não queria parecer que estava me sentindo culpado, então peguei logo a mão dela que me puxou depressa pra cima. Eu me levantei e ficamos nos olhando, eu não parecia bravo, mas logo a expressão dela mudou, suas sobrancelhas se curvaram e seus olhos se fecharam pela metade, dando uma impressão de brava.. ela estava muito brava.

–Qual é o seu problema,Natsu?! – gritou ela empurrando o meu ombro com força.

– Eu não tenho nenhum problema sua idiota! – gritei também, empurrando o ombro dela duas vezes mais forte.Eu a empurrei com tanta força que ela foi para trás e acabou indo parar na parte onde eu estava antes, aquela parte que se desmoronaria a qualquer segundo..O impulso em que eu o empurrei foi tão forte que aquele pedacinho de terra começou rapidamente a se desmanchar, ela fez uma cara de desespero.

–CUIDADO! – eu gritei. Rapidamente eu a puxei pela camisa, o tirando daquela parte de terra que então, caiu no chão se desmanchando em pedacinhos lá em baixo. Eu o puxei com tanta força que nós ficamos bem próximos, nossos corpos estavam grudados e minhas mãos ainda seguravam na camisa dela, eu vi a situação e depressa, soltei ela. Ele que ainda me olhava com um sorriso bobo (e fofo) falou:

–Você salvou minha vida! – ela disse ainda sorrindo e me olhando, eu fiquei meio sem graça, mas quis disfarçar pra não perder a pose.

–Acha que eu te salvaria?

–Salvou sim, parece que você não é tão malvado e de coração ruim que eu pensei que fosse!

–Ai nada ver, eu não salvei coisa nenhuma sua idiota, eu não fiz nada ouviu?

–Fez sim!

–Fiz nada.

–Fez sim.

–Eu não fiz nada!

–Poderia ter me deixado cair.

–Ah qual é?! Ninguém é tão cruel assim – tapei minha boca depressa com as duas mãos no mesmo instante me arrependendo do que tinha acabado de dizer, não acredito que tinha dito mesmo aquilo. Lucy deu um sorriso doce e falou:

–Eu sabia, eu sabia... No fundo você é uma pessoa legal, por baixo dessa pessoa horrível e maldosa que tem dentro de você, existe um coração! – Se fosse com outra pessoa, eu jogaria uma tabua na cabeça dela por me chamar de horrível e maldoso, mas eu não consegui sentir raiva, tentei, mas não consegui. Dei um sorriso, foi a única coisa que consegui fazer.

–Acho melhor a gente seguir em frente se quisermos sair daqui. – falei.

–é tem razão, você vai na frente, eu te sigo. – hesitei e depois falei:

–Não, eu não sei nada sobre a mata, se eu  guiar, provavelmente a gente acabaria em um rio cheio de crocodilos – ela riu e falou.

–Não tem crocodilos aqui.

–Você me entendeu.

Rimos juntos e depois continuamos andando e Lucy indo pra certa direção. Parecia que dava para ver a imagem de nós dois vista de lá das nuvens, lá de cima eu via nós dois conversando, uma imagem minha e da Lucy.

Conversávamos enquanto íamos andando e parecia que estávamos nos entendendo melhor do que antes.

Po\/ Autora

Enquanto isso, no acampamento:

–Gente, alguém viu o Natsu? – perguntou Lisanna.

–Não, por que? – disse Loki.

–Não encontro ele em lugar nenhum.

–Bem vindo ao clube porque a Lucy também ,simplismente,desapareceu. – Falou Erza.

–O QUE?! – gritou Lisanna – como assim ela também desapareceu?

–Calma Lisanna, o Natsu foi procurar sinal pro celular.

–E isso foi a quanto tempo?

–A quase meia hora! É tem razão, a gente devia procurar por eles.

–Vamos falar com o professor.

Eles foram em direção ao professor que estava falando com o professor Saggitarius de matemática.

–Professor, nós temos dois alunos desaparecidos. – disse Erza.

–Como assim?

–Natsu e Lucy sumiram de vista, devem ter se perdido na mata, procuramos em todos os lugares e nada.

–Tudo bem, eu conheço cada área dessa floresta,todos nós sairemos á procura dos dois tudo bem?

–Tudo bem.

–Ok.

Todos concordaram, pegaram as lanternas, porque já estava escuro, eram 19h30min e saíram em busca dos dois no meio da floresta, apesar de alguns alunos (Evergreen) não gostarem tanto da ideia da procura. Passaram-se alguns minutos e então:

–Ali! – gritou o professor Freed. – Pegadas na terra, só podem ser deles, e esse pedaço de terra despedaçado, eles com certeza passaram por aqui... E... Eu acho que sei para onde eles foram. – disse o professor fazendo todos os outros alunos o seguirem.

Po\/ Lucy

Andamos um pouco e conversamos também, o Natsu não estava mais tão mal, cruel ou grosseiro, ele parecia legal, diferente, interessante e amigável, eu nunca pensei que diria isso do Natsu, mas ele estava diferente, pensar nisso me fazia sentir bem, um sentimento estranho, mas de certa forma eu gostava de sentir esse sentimento.

–Aff... Cansei! Podemos parar? – eu perguntei.

–Tudo bem, também estou cansado, andamos muito, olha, se ninguém nos encontrar até hoje, teremos que passar a noite aqui! - ele falou.

–O QUE?! - eu gritei.

–Desculpe, mas não posso fazer nada.

–T-tá tudo bem.

–Então não se importa de dormir aqui? - ele perguntou bastante interessado.

–Bom... Me importo, mas nem tanto.

–tá, então vamos parar, a única coisa que nos resta agora é esperar aqui até nos encontrarem.

–Tudo bem.

–Que horas são? Veja no seu celular.

–20h35min... Droga acabou a bateria.

–Não tem problema, não ia adiantar mesmo já que esta sem sinal.

–Verdade.

Po\/ Natsu

Nós dois sentamos na grama estava escuro e estava começando a esfriar. Vi que ela estava tremendo.

–Você esta com frio? – perguntei.

–N-não. – Cheguei perto dela e toquei seu braço, estava gelado e tremia muito.

–Você esta congelando – falei. Tirei meu casaco que estava usando e dei pra ela.

–Obrigada – ela disse.

–De nada.

Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu disse:

–Lucy, porque esta sendo tão legal comigo? Eu fui tão ruim com você.

–Talvez, porque você não é tão ruim quanto parecia ser. – sorri.

Um silêncio tomou conta do ambiente, até que ela disse:

–Quando... - ela começou a falar, eu olhei para ela e prosseguiu: - Quando você olha pra mim, vê um garota idiota e chata? – pensei naquela pergunta e depois respondi, olhando nos olhos dela pra ela saber que eu estava falando a verdade:

– Não... Vejo uma garota... Linda, meiga e que sabe o que quer... – ela ficou vermelha porque eu a elogiei.

- O-Obrigada... - ela ficava tão linda quando cora...eu já disse isso!

- Mas e você? - ela me olhou e eu continuei - e você me vê como um garoto ignorante e mal? - ela deu um sorriso e falou:

- É claro que não!Eu vejo um garoto bonito,amigável e também sabe o que quer...Mas não tem coragem de admitir. - quando eu ouvi aquilo,fiquei corado.Mas depois confuso!

–Como assim?

–Você parece não se sentir confiante em fazer alguma coisa que gosta, parece que tem medo do que as pessoas vão pensar.

–Como sabe disso?

–Eu não sei. Só me pareceu assim.

–É exatamente isso. - a Lucy é vidente ou coisa parecida?

–Por que?

–Eu não sei, acho que não tenho ninguém para me apoiar quando quero fazer alguma coisa nova..

–E seus amigos?

–Amigos?...Ah, você quis dizer aqueles projetos de gente?

–Há ha. Por quê? Não são amigos?

–Somos... Quer dizer não... Quer dizer sim... Não, nós não somos amigos, eu acho que chamaria aquele grupo de pessoas chatas que sou obrigada a suportar.

–Então por que anda com eles?

–Ah eu sei lá, tudo aconteceu tão rápido, eu comecei a namorar a Lisanna e daí eu acho que fiquei mais popular, ou eu sempre fui popular, eu não sei, eu só sei que nunca gostei de andar com aquelas pessoas, todas as pessoas da escola saberem tudo sobre a minha vida e me julgarem sem conhecer.

–Então, você acha que o que eles falam de você não é verdade? Que você não é mal e nem arrogante ou grosseiro?

–Acho... P-p-porque eu não sou assim. – ela sorriu e perguntou:

–Então porque se faz de grosseiro, mal e etc...?

–Porque é assim que querem que eu seja... É assim que esperam que eu seja.

–Mas você não tem que ser assim.

–E de que outro jeito seria?

–Seria você mesmo, ora!

–Nunca me aceitariam como eu sou!

–Aceitariam sim, e mesmo que não aceitassem, não importa porque ainda assim seria você mesma, seria o que você gostaria de ser, não é isso que importa? – ela disse e eu mudei de expressão.

–Eu não sei, não consigo ser eu mesma.

–Então... Tente tomar suas próprias decisões.

–O que quer dizer com isso? – eu me interessei.

- Quero dizer que se pelo menos uma vez tentar fazer o que você quer e não o que os outros querem ou esperam que você faça, vai ver como vai se sentir diferente, vai se sentir livre. – Eu fiquei em silêncio, eu estava mesmo pensando no que ela tinha dito, realmente eu levava a sério.

–Como pode saber de tudo isso? Como sabe como é se sentir desse jeito? – ela pensou naquela pergunta,respirou fundo e falou olhando para o chão:

–Talvez porque eu já tenha me sentido assim... Eu também nunca tive amigos de verdade... E tenho deixado de ser eu mesmo, tenho deixado de fazer por medo, as coisas que eu gosto desde... – Ela não queria terminar. Eu olhei para ela e eu mesmo continuei:

–Desde que sua mãe morreu.. – eu disse quase sussurrando. Ela se surpreendeu.

–Como sabe?

–B-bem... Eu não sabia... Até meu p-pai me dizer.- falei.

–Então você não sabia? – ela perguntou.

–Não... Tudo bem se não quiser tocar no assunto.

–Não tem problema.

–Vocês eram próximas? – eu perguntei. Ela sorriu.

–Ah sim, muito... Nos tempos de chuva,ela sempre me levava para tomar um chocolate quente  no sofá e botava um cobertor...eu amava isso...Ela fazia com que eu me sentisse feliz..

–Olha outro dia no shopping eu toquei no assunto da sua mãe, debochando, eu não sabia... M-me desculpe, foi mau. – Eu disse rapidamente.Ela deu um sorriso bem largo.

–Você não precisa se desculpar... – ela se aproximou de mim, nos deixando exatamente um do lado do outro.

–Pegue seu casaco. – ela disse tirando o casaco dos ombros, mas antes que ela pudesse fazer alguma outra coisa eu a interrompi:

–Fique,não estou com frio. – ela sorriu.

–Obrigada! – exclamou ela.

Depois de alguns segundos, vi que ela estava com sono, não falei nada. Ela apoiou bem devagar sua cabeça em meu ombro direito. Eu me surpreendi e a fitei, ela levantou a cabeça olhando pra mim, ainda apoiada no meu ombro.

–Posso? – ela perguntou, se referindo se podia se apoiar em meu ombro.

–Claro – respondi com um sorriso torto.

Passamos cerca de uma hora mais ou menos, ali em silencio, e parecia que ela tinha acabado de adormecer. Eu me levantei sem acorda-la e a coloquei deitada na grama, me deitei ao seu lado.

- Lucy...por que você me deixa assim?Por que você sempre quer me ajudar?Por que não me deixa de lado? Eu sempre fiz coisas ruins para você...não sei como ainda retribui... - eu falei meio desapontado de como eu reagi com ela..todo esse tempo eu sempre ficava falando mal dela,nunca ajudei ela e parece que ela não liga.Ela sempre me ajuda!Eu não sabia que existia uma pessoa assim...tão gentil...e essa pessoa é a Lucy...

- Natsu... - percebi que ela não estava dormindo...se ela não estava dormindo...ELA OUVIU TUDO!MEU KAMI-SAMA!AJUDE-ME MAGO ZEREF!COMPRE UMA PASSAGEM PARA O TITANIC QUE EU PRECISO IMEDIATAMENTE!AAAAAH! EU ESTOU NERVOSO,EU NÃO ACREDITO QUE ELA OUVIU! - Natsu,você é o meu parceiro,não tem como eu não te ajudar... - quando eu ouvi aquilo eu fiquei paralisado...parceiro???Epa!É melhor eu não contar nada ainda...

- Lucy...e-eu achei que você já estivesse dormindo!Eu não s-sabia que você estava acordada. - falei meio envergonhado.Ela olhou para mim e disse:

- Jura que não conta para ninguém? - ela perguntou.Ela ia contar um segredo..eu não sou tão bom em guardar segredos....na verdade..eu não consigo!Ai...o que eu digo???

-E-Eu juro q-que esse segredo morre comigo! - Falei.Natsu,é a Lucy.Se você não guardar esse segredo a Lucy nunca vai te perdoar e mesmo se perdoe,eu nunca vou me perdoar.Mas..e se eu contar para ele?? Acho que não tem problema!

- Eu sempre durmo com uma coelhinha de pelúcia Lili - ela disse envergonhada..aah!Não precisa ficar envergonhada! - Sem ela eu não me sinto protegida... - Epa,que história é essa?Não se sente protegida...Hum..

- Lucy,me conte mais essa história. - eu disse.

- P-Por que?Tem alguma coisa errada? - ela perguntou mais envergonhada ainda.

- Não! Eu só me interessei...me diga...quando isso começou?Quando começou essa história de se você não estiver com uma pelúcia você não se sente protegida?

- Bem.. Isso é pessoal,mas eu vou te contar.Só prometa de dedinho que não vai espalhar para ninguém! - ela estendeu o dedo mindinho dela para mim.

- É claro! - eu estendi o dedinho mindinho também e eu prometi.

- Ótimo,eu confio em você.Bom,isso começou quando eu era pequena.Eu estava em Califórnia e lá tinha uma mata e eu encontrei um ovo.Eu achei estranho ter um ovo tão grande na mata... - ela falava mais e eu ficava bastante interessado. - E então levei o ovo para casa.Minha mãe ainda estava viva nessa época.Eu mostrei o ovo para os meus pais e eles acharam que era de algum animal,mas eu resolvi ficar com ele.Passou 1 dia e ele já tinha chocado.E de dentro saiu um gato!Imagina só? - Lucy falava e eu ficava surpreso,entendendo cada passo do que ela falava. - Mas não foi um gato normal,ele voava!Bom, vi que era menina e ela ficava fazendo "Nya!Nya!".. dei o nome dela de Kitty.E a cor dela..era roxo escuro e nas patinhas umas bolinhas pretas!E as asas dela também tem bolinhas pretas...- EPA EPA!Patas com bolinhas pretas e asas com bolinhas pretas??Isso não tá certo..que estranho...

- Continue Lucy! - falei.

- *Uaah* ok Natsu..mas eu estou morrendo de sono...Fiquei com a Kitty todos os dias!Meus pais nem ligavam que ela tinha asas e saído daquele ovo! - Humm.. - Mas,um dia,eu não sei exatamente o que aconteceu...quando minha mãe morreu,eu e a Kitty ficamos estranhas..ela ficava toda quieta enquanto eu ficava chorando..mas depois que a dor passou,meu pai falou para mim sobre guildas.Que eu nunca entraria por causa da morte da minha mãe.Eu nem sei por que ele tocou no assunto.Mas depois desse assunto,a Kitty nunca mais falou comigo e fugiu de casa.E isso foi mais uma dor no meu coração.Meu pai ficou preocupado comigo,pois todas as noites,quando eu ia dormir,eu chorava..... eu sentia falta da Kitty dormindo ao meu lado..Com ela eu me sentia protegida..até que meu pai deu a Lili,a minha coelhinha de pelúcia!E foi isso,Natsu...por favor não conte a ninguém! - A Lucy disse corada.Mas dava para ver que ela estava muito triste.Eu entendia perfeitamente o assunto,mas não quis comentar nada.Qualquer dia ou outro,ela vai descobrir...

- Eu juro mesmo que não contarei para ninguém Lucy!Você é minha parceira,não é? Por que eu contaria? - falei e parece que ela ficou feliz.

- Obrigada Natsu... - E a Lucy me abraçou,mas eu não fiquei satisfeito com o abraço..queria algo a mais...então eu a empurrei e ela caiu na grama.

- Natsu? O que foi isso?? - Lucy me perguntou. - Por que me empurrou?

- Abraço???Isso é muito pouco para mim,Luce...

Po\/ Lucy

O Natsu estava estranho...o pior é que ele me chamou de Luce....e depois me empurrou para o chão e achou "pouco" o abraço que eu dei nele.Como assim??!!!

- C-Como assim Natsu??Como assim muito pouco para você???

- Eu não quero apenas um abraço...eu quero isso! - Ele chegou perto de mim.. não acredito que ele iria fazer isso comigo!

Po\/ Natsu

Eu estava me aproximando e quanto mais fazia isto, percebia que os olhos da Lucy ficavam cada vez mas brilhantes, eles eram lindos! Até que finalmente meus lábios se encostaram nos dela, aquilo ficava cada vez melhor, até que ela recuou, e olhou novamente em meus olhos e voltamos a nos beijar, queria que aquilo durasse para sempre, mas logo paramos.Bendita falta de ar!

- N-Natsu...

- L-Lucy.. e-eu..

Eu não acredito que eu fiz isso!E u tenho namorada...mas ela é chata...AI EU NÃO SEI!Eu não devia ter feito isso antes de terminar com a Lisanna...e agora?!O que eu faço? Eu não sei se estou totalmente pronto...

- Natsu,eu estou morrendo de sono..vou dormir,ok?Boa noite... - A Lucy se virou e dormiu.Nós dois já estávamos deitados no chão..Depois que eu lembrei que a Lucy não estava se sentindo protegida,cheguei mais perto dela, a abraçei e dormimos assim.Agarrados...oeoe..

Po\/ Lucy

Acordei com uma dor na cabeça, não gostei de dormir ali..a grama não estava nada macia!Nem sei como eu dormi direito..não dormi com a Lili..
Eu tinha acabado de sentir as mãos de Natsu no meu corpo,me abraçando..Quer dizer que ele dormiu abraçado comigo,só para eu me sentir protegida? Que fofo!
Natsu ainda dormia do meu lado, ele estava agarrado em mim.Tirei os braços dele da minha cintura,cuidadosamente para ele não acordar, e levantei. De repente ouvi um barulho se aproximar, chegando mais perto. Resolvi acordar o Natsu:

–Natsu, ei Natsu acorda! – disse cutucando o ombro dele.

–O que foi? – Ele perguntou com uma voz sonolenta.

–Eu estou ouvindo um barulho, parece que está se aproximando.

–Seja homem e vai lá ver sozinha. – Ele não era a pessoa mais legal do mundo de manhã.

- Eu não sou homem! - gritei.

 Então escutamos aquele barulho de novo só que dessa vez mais alto e mais próximo, Natsu rapidamente se virou e ficou com a mesma cara de assustado que eu, nos levantamos, e demos alguns passinhos pra ver o que se aproximava.

–ahhh Natsu! – gritou a pessoa que se aproximava.

–Você? – ele indagou surpreso.