Po\/ Natsu

A noite passou rápido. Já é sábado? Engraçado, achei que a Lisanna ia ficar me ligando a noite toda ou até mesmo indo jogar pedrinhas na janela do meu quarto pra pedir pra eu ir ao cinema a meia noite com ela, mas não, que bom que ela não me encheu o saco, mas pra ela não vir me irritar, ela só podia estar doente ou aleijada.Nem me preocupei com a Lisanna. Disse pra minha mãe que ia dar uma volta pelo bairro, estava cansado de ficar em casa sem fazer nada. Eu estava andando, olhando pro chão, toda vez que eu caminhava e pensava ao mesmo tempo eu olhava para o chão.

–Ai! – eu resmunguei, um idiota tinha esbarrado em mim, droga, meu ombro estava doendo porque trombamos.

–Desculpa! – ele se desculpou.

–Não olha por onde anda não é? – falei irritado, quando levantei a cabeça e olhei pra pessoa, me surpreendi: -Lu-Lucy?

–O que você faz aqui? – ela me perguntou.

–Eu também moro nesse bairro.

–Há sei disso, me desculpe. – ela falou, quando notei que o rosto dela estava com alguns arranhões e machucados.

–O que aconteceu com o seu rosto? – perguntei.

–O-o que?

–O seu rosto, o que aconteceu? Seus lábios estão... – falei olhando pra sua boca, eram feridas pequenas, mas fiquei curioso.

–Não, eu não sei do que você está falando – ela se fez de desentendido, mas ela sabia muito bem do que eu estava falando.

–Os seus lábios estão machucados.

–Está muito ruim? – ela me perguntou.

–Não, só um pouco aqui! – eu falei, colocando por impulso, minhas mãos sobre o canto dos seus lábios, onde estava machucado.Não sei o que deu em mim, mas eu fiz isso, sua pele era doce e na posição que estávamos, ficamos imóveis somente olhando um para o outro e eu ainda com minhas mãos sobre o canto de seus lábios, com alguns dedos sobre sua face, podia sentir sua respiração. Falei alguma coisa, pra não ficarmos em silêncio: - Dói muito quando eu toco? – perguntei ainda olhando pra ela.

–Não, nem sinto mais a dor. – disse ela sorrindo. Notei que estávamos praticamente quase grudados um no outro, acho que fiquei vermelho. Tirei minha mão de seu rosto e me afastei dela, ela também ficou um pouco constrangida.

–Como você fez isso? – perguntei para a Lucy.

–E-e-eu caí.

–Você caiu? – perguntei desconfiado.

–Sim. –disse ela nervosa.Ela estava me escondendo algo..

–Você não caiu, jamais faria isso se tivesse caído... Você andou brigando? – perguntei preocupado, mas tentei não demonstrar.

–N-não.

–Você é uma péssima mentirosa...

–Eu estou dizendo a verdade.

–Não, não está.

–........

–Me fala. – exigi.

–Por que deveria? Você não é meu amigo, não te devo satisfações.

–Pode até ser, mas talvez me deva satisfações.

–Como assim?

–Foi a Lisanna,não foi? Eu não falo com ela desde ontem na escola... O que ela fez? Eu sei que foi ela. – Disse certa do que estava dizendo. Lucy hesitou em me responder, ela abaixou a cabeça e sussurrou:

–É, foi ela.

–Eu sabia, o que aconteceu?

–Nada de mais, pode ficar tranquilo!Mas ela se machucou um pouquinho... – ela disse achando que eu estava preocupado se ela se machucou.

–Eu não estou nem aí se ele se machucou ou não, estou falando de você! – Não acredito que disse isso, eu estava preocupado com ela e ainda demonstrei isso pra ela. Ela levantou a cabeça com um sorriso.

–O que tem eu? Está perguntando se eu me machuquei?

–S-sim, que dizer, porque a Lisanna é agressiva e violenta, pode ter te machucado – disfarcei.

–Ah tá, eu estou bem, obrigada por se preocupar.

–E-e-eu não estava preocupado. – menti.

–Sim você estava. – ela disse rindo. Eu não disse nada, apenas fiquei o vendo sorrir, ela olhou pra mim, com aqueles olhos encantadores. – Eu vou na casa da Levy agora, eu estava indo pra lá.

–Ah, está bem. – Disse.

–Se você quiser pode vir.

–Não, eu não conheço muito bem a Levy e não sou amigo dos amigos dele... E nem de você. – Disse a encarando.

–Eu sei. – ela disse meio triste. – Mas eu pensei se você poderia me acompanhar na casa da minha amiga... Como meu... Colega?

–Colega? Sério? – falei.

–Tudo bem... Eu já sabia que você não ia aceitar meu convite porque você é amargo e triste.

–Eu? Ah!Nem vem que eu não sou desse jeito. – comecei a me estressar e a não pensar direito no que eu falava.

–Então prove. – ela falou séria.

–Tá bom. – respondi rapidamente.

–Prove que você é legal.

–Tá bom. – respondi sem mesmo ouvir direito a pergunta.

–Vamos na casa da Levy comigo.

–Tá bom. – respondi também sem nem ouvir a pergunta, aí eu me toquei no que ela tinha dito e no que eu tinha respondido. – Espera, oque? – perguntei.

–Há!Nem vem que agora você já concordou, agora vai ter que vir comigo. – disse ela me puxando pelo braço.

–Não!Me solta, eu não quis dizer isso, me solta. – disse tentando soltar meu braço.

–Agora vai ir comigo de um jeito ou de outro. – ela falou, eu parei de tentar soltar meu braço e deixei Lucy me guiar, ela ficou surpresa com a minha reação e se virou pra mim, perguntou:

–O que foi? Não vai tentar se soltar?

–Eu falei que ia, então eu vou. – ela soltou meu braço contente com o que eu disse.

–Não vou te forçar a ir, era só brincadeira...Seria muito legal, mas não vou te obrigar. – ela disse e se virou e continuou caminhando, eu fiquei pensativo, comecei a andar na direção dela devagar para ela não me ouvir chegando.Quando finalmente o alcancei, comecei a andar ao seu lado, ela rapidamente me viu.Me olhou muito surpresa.

–O que foi? – falei com cara de quem não estava nem aí, como se não fosse nada demais eu estar indo pra casa de uma garota que eu nem conhecia "tecnicamente", acompanhado por uma garota que não era bem a minha amiga.

–Nada!– ela respondeu e depois riu.

Fomos andando e ficamos em silêncio até que:

–Sabe, você não tem que ser chato tempo inteiro. Tipo, eu sei que você não é aquele garoto ridículo de quem tanto falavam. Pra mim você é diferente.

–Diferente ruim ou diferente bom?

–......... – ela hesitou e depois respondeu olhando nos meus olhos: -Bom. – Eu fiquei em silêncio, ela tinha acabado de me elogiar depois deu ter sido grosso com ela. Lucy começou a rir quando viu a expressão no meu rosto e disse: - Você ficou vermelho.

–F-fiquei? – perguntei.

–Sim. – ela respondeu.

–Detesto quando isso acontece. – resmunguei. - Eu fico horrível!Diferente de você!

- .... - ela ficou em silêncio.

–Você fica bonita envergonhada. – eu disse. Ela ficou tão envergonhada...Deu para ver que ela queria mudar de assunto.

–....... Onde fica a casa do seu amigo? – perguntei.

– L-Logo ali. – disse ela apontando para uma casa que eu não entendi direito qual era, eu apenas a segui.

Chegamos em frente a casa e Lucy tocou a campainha. Logo a amiga dela atendeu.Sua cara ficou pálida ao me ver.

–Oi Levy! – Lucy falou. – Esse é o...

– Natsu - falou Levy, terminando a frase para Lucy. – O que você tá fazendo aqui na minha casa?

–O Natsu, meu ami... meu colega veio me acompanhar. – falou Lucy.

- Ah legal, entrem. – disse Levy.

Entramos e Levy fechou a porta, quando entrei vi quatro garotas e um garoto sentados no sofá, assistindo TV.

–Oi Lucy! – disse uma delas – Natsu? – ela perguntou surpresa.

–Ah, oi! – falei. Todos pararam de prestar atenção na TV e prestaram atenção em mim.Droga!

–Gente, o Natsu veio acompanhado da Lucy! – falou Levy. Todos ainda me olhavam. – Lucy, o que foi isso no seu olho? – perguntou Levy preocupada.

–Nada! – Ela respondeu tentando disfarçar.

- Hmmm... - Levy estava desconfiada.Mas deixou para lá.Ela foi até a um garoto e vi que ela pedia para ele se apresentar para mim.

- Huh!Oi Natsu,eu sou o Gajeel... - ele falava secamente.Já vi que esse cara não gosta de mim!

–Oi! – falei simplesmente.

–Que estranho você aqui... - falou uma garota de cabelos vermelhos.

–Por que? – perguntei.

–Bom, é que você não... Costuma falar com a gente. O que a Lisanna acha de você vir aqui? – ela perguntou.

–O que a Lisanna tem a ver com isso? – perguntei enfurecido.

–N-nada, só achei que ela ficaria brava de você... – eu a interrompi:

–Escuta, a Lisanna não manda em mim! Por que todo mundo acha isso?

–Não é isso, é que...

–É que eu não sei fazer as coisas por minha conta né? – falei irritado.

–Desculpe, só fiquei surpresa de alguém como você aparecer por aqui.

–Tá tudo bem.

–A Lucy te convidou pra vir aqui? – uma garotinha de cabelos azuis escuros perguntou.

–Na verdade, foi meio que uma brincadeira dela! – falei olhando pra Lucy que sorria pra mim.

–Então vocês são amigos? – ela me perguntou.

–Ham... – pensei em uma resposta quando Levy chegou na sala com uma bandeja enorme de brownies:

–Quem está com fome? – ela perguntou colocando a bandeja na mesa.

Po\/ Lucy

As garotas logo saíram da sala e foram pra mesa da cozinha morrendo de fome (é verme) atacando os doces.

–Então... Levy... Que filme vocês estávam assistindo? – perguntou Natsu.

– The vampires Life - Minha namorada é uma vampira, o filme é bem legal. – respondeu Levy.

–Jura? Eu adoro essa série de filmes...Eu até já assisti algum deles, não lembro qual, mas eu adoro filmes sobre vampiros e lobisomens. – Quando ela disse isso, Levy logo se animou:

–Sério? Eu também!Nunca pensei que um garoto como você pudesse gostar. – ela falou olhando pra ele como se fossem amigos.Eu estranhei um pouco, será que Levy sabia mais coisas sobre o Natsu que ela não tinha me contado?

–Um garoto como eu? – Natsu perguntou para ela.

–É-é, você sabe...

–O que? Metido? Grosseiro? – perguntou ele não parecendo chateado com aquilo, parecendo feliz, e sorrindo.

–Não... Divertido! – ela exclamou. Minha reação começou a mudar, o que estava acontecendo? Levy sabia bem mais sobre o Natsu do que eu imaginava!Por que eles estávam se dando tão bem um com o outro? Eu não entendia! E por que eu estava com raiva daquilo? Minha cabeça dava voltas e voltas sem eu entender nada, percebi que o Gajeel também não estava gostando nada do que estava acontecendo.Parecia com ciúmes, mas e eu? Eu estava com ciúmes?Eu não gosto de sentir isso!

–Se você quiser pode ir dar uma olhada na minha coleção na gaveta da estante, está cheio deles.

–Sério? Obrigado.Eu vou lá ver enquanto vocês devoram isso daí! – Disse ele apontando para as meninas. Ele saiu dali, eu olhei para Levy confusa e logo ela percebeu:

–O que foi? – Levy me perguntou.

–O que aconteceu entre você e o Natsu?

–Como assim?

–Vocês já se conheciam antes? Vocês pareciam... – parei de falar quando ouvi o som do estômago da Ultear roncou:

–Gente, eu acho que não estou me sentindo bem! – ela falou com as mãos na barriga.

–O que foi Ultear? – perguntou a Cana.

–Eu não sei, eu acho que vou... – Falou ela, colocando logo em seguida a mão na boca.

–O banheiro é por ali – falou Levy rapidamente, apontando pro corredor, já sabendo que a garota ia vomitar.Ultear correu para o banheiro onde de lá nós escutamos alguns barulhos de vomito (que nojo).

–Pessoal, eu acho que também... –Falou Wendy.

–O BANHEIRO É POR ALI! – falaram Levy e Gajeel juntos. Ela correu pro banheiro deixando todos confusos.

–O que será que aconteceu? – Perguntou Levy.

–Gente... – falou Erza – eu não estou me sentindo bem também. – vendo o estado dele, nós já sabíamos o que fazer:

–O BANHEIRO É POR ALI! – falaram Levy, Gajeel e eu. Imediatamente, Cana se levantou com uma cara nada boa:

–Galera, eu também  não estou legal. Ela saiu correndo antes mesmo de dizermos qualquer coisa.

–Gajeel, o que você colocou naqueles Brownies?

–Ah nada de mais, eu só coloquei um pouco mais de manteiga e... ouh ouh..

–O que? – ela perguntou.

–Acho que aquela manteiga tinha vencido...

–Tá tudo bem, bom, pelo menos com a gente, que bom que não comemos nenhum. - Levy olhou pra mim desconfiada, ela não sabia que eu tinha comido dois Brownies. –Você não comeu nenhum, né Lucy? – eu olhei pra ela com cara de desesperada.

–AI!!LUCY!! – coloquei a mão na boca e meu estômago começou a doer.

–O BANHEIRO É POR ALI! – falaram Levy e Gajeel enquanto eu corria pro banheiro.

Meu estomago doía, como um ser humano podia deixar um Brownie tão gostoso nesse estado? As meninas estávam sentadas no chão do banheiro, ainda com o estômago doendo por causa do que comeram... Depois de vomitar, me sentei ao lado delas, não conseguíamos ficar de pé e o gosto ainda permanecia (eca). Ficamos gemendo de dor no estômago, acho que ficamos lá por uns dez ou quinze minutos. Eu levantei e estendi a mão ajudando Erza a se levantar e os outros fizeram o mesmo.

–O que o Gajeel colocou naquele Brownie? – perguntou Ultear ainda com a mão na barriga e com um pouco de dificuldade em ficar em pé.

–Manteiga estragada. – eu respondi.

–O que?! Manteiga estragada é horrível! Bem que eu senti gosto de manteiga. – disse Ultear.

–O Gajeel pode ter vacilado nessa, mas ele é um cozinheiro incrível, mas eu nunca mais vou provar a comida dele sem me certificar que a Levy olhou a validade dos ingredientes. – falou Cana. Rimos e depois voltamos pra cozinha.

–Meninas, vocês estão bem? – perguntou Gajeel.

–Estamos. – falei.

–Só estamos um pouco enjoadas, mas já vai passar. – disse Wendy.

–A culpa é toda minha. – disse o Gajeel.

–Que isso, a culpa não é sua! – falei.

–Obrigado Lucy e é um prazer te conhecer apesar de eu ser desse jeito, hehe! – ele disse.

–De nada. – respondi.

Natsu chegou na cozinha de repente, bem animado.

–Levy, seus filmes são incríveis e... Que caras são essas? – ele perguntou olhando para o nosso estado  – Eu hem, gente desanimada. Bem, o que eu estava dizendo é que adorei seus filmes Levy – disse ele se aproximando da mesa e se apoiando nela – Eles são fantásticos! Uh, Brownies! – disse ele pegando um dos Brownies.

–Não!!!! – gritaram todos, já era tarde demais. Natsu colocou na boca rapidamente.

–O BANHEIRO É POR ALI! – Disseram todos. Ele ficou com uma cara de nojo e desespero, mas ele logo correu pro banheiro.

–Sabe, eu já estou cansada de dizer isso! – falou Levy.

–Eu também – disse Gajeel.

Esperamos quinze minutos mais ou menos e nada do Natsu.

- Eu vou ver se ele está bem - disse Levy se levantando.

–Por que quer ir ver se ele está bem? – perguntei desconfiada.

–Qual o problema?

–N-nenhum, só acho que... Que ele não ia querer ver ninguém, agora que está passando mal.

–Tudo bem então. – No mesmo instante, Natsu apareceu, um pouco pálido e não estava nada bem.

–Natsu,você está bem? – Levy perguntou preocupada, fiquei com raiva, mas fingi não ligar.

–Estou... O que tinha naquele Brownie?

–Culpado! – falou Gajeel apontando pra ela mesma. – Eu fiz com manteiga estragada sem querer...Todos passaram mal e vomitaram, assim como você. Você está melhor?

–Estou, mas ainda um pouco enjoado.

–Você vai ficar bem! – disse Levy sorrindo pra ele, o que me deixou irritada, será que se eu fizesse algum “vudu” ou bruxaria, eu ficaria sem esse “ciúme” para todo o sempre? O que estava acontecendo comigo?

Conversamos um pouco, Natsu não falava muito comigo, apenas me olhava.Ele direcionava alguns sorrisos para Levy, eu não entendi, eles tinham alguma coisa? Ela sabia de alguma coisa que eu não sabia, e eu ia descobrir.

–Bom, acho melhor vocês irem, já está ficando tarde – disse Levy,eu não sei porque, mas estava com um pouco de raiva dela.

–Tá, vamos Natsu! – eu disse pegando na mão dele que estranhou um pouco a atitude.

–Tchau! – falaram todos. Fechei a porta da casa da Levy e soltei a mão do Natsu. Fomos andando, ele me olhou e eu resolvi dizer:

–Sabe, mesmo que você negue, pra mim nós somos amigos!

–O-oque?

–É você sabe, amigos!

–Amigos? – ele perguntou, com um sorriso, gostei da sua reação.

–Então Natsu... Somos amigos agora?