Alone In The Dark E A Ilha Das Sombras escrita por Cris Varella


Capítulo 18
Capítulo 17 - A Batalha Épica em Elendor




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Plano etéreo de Elendor, 100.000 atrás

O plano de Elendor é o reino das criaturas etéreas, divinas, que está muito acima da imaginação humana. O lugar é tão esplendoroso, que o homem, em sua plena intelectualidade, jamais entenderia a sua grandeza.

A hierarquia de Elendor era simples: havia anjos que residiam no bastião do império, a grande cidade divina que, aos olhos humanos, era infinita. Os anjos de Elendor não possuíam asas, sendo assim não podiam voar. Acima desta cidade havia um palácio, o Palácio Sublime, onde viviam oito príncipes e um rei.

Os oito príncipes eram: Zetalon, o Mestre dos Raios; Kalin, o Invocador; Hiranos, o Mestre da Mente; Zion, o Mestre do Fogo; Feny, o Mestre dos Ventos; Acariel, o Mestre das Águas; Lothiel, o Mestre das Sombras; e Zarel, o Mestre das Armas.

Quem se assentava no trono era Hecatonchires, o rei dos deuses. Seus poderes eram prodigiosos. Conhecedor da sabedoria e de todos os elementos.

Dos oito príncipes, havia um, Zarel, que não se contentava com sua natureza, e, conforme se passavam os tempos, ia se tornando mais ambicioso. Planejou, então, destronar Hecatonchires e assumir o reino de Elendor, embora seu poder fosse inferior ao do rei.

Em segredo, começou a se aprimorar nas artes da magia oculta e aos poucos incitava os anjos a se juntarem na causa que, segundo ele, mudaria a ordem universal e melhoraria todas as coisas. Prometeu também não se abster do conhecimento da magia oculta que era proibida por Hecatonchires. E assim todos os anjos aderiram ao seu plano, inclusive outro príncipe, Lothiel, que queria ser mais poderoso.

Os anjos não eram dotados na arte da guerra, mas tinham excelente força e resistência, o que já ajudaria muito no intento de Zarel.

O rebelde Zarel se fortaleceu na magia oculta e ficou muito poderoso. Treinou anjos a batalhar e traçou seus planos para invadir o Palácio Sublime e guerrear pelo o que ele chamava de revolução. Seus planos seriam perfeitos, não fosse a vigília apurada de Hiranos, o príncipe sentinela, que descobriu seu intento insano.

Então, Elendor foi palco de um terrível levante. Armados com espadas místicas e coragem divina, Zarel e seus seguidores travaram uma sangrenta batalha contra os seis príncipes.

Hecatonchires, o rei dos deuses, continuava imerso no profundo sono que caíra após ter vencido uma austera e derradeira batalha contra os Três Magos de Kain Effus – o reino obscuro do universo. Enquanto o rei permanecia ausente, os seis príncipes mediaram a defesa do ultraje de Zarel.

O rebelde invadiu o pátio do palácio com suas legiões, e deu-se início a derradeira batalha. Os seis príncipes, com seus incríveis poderes, destruíam inúmeros guerreiros sem esforço. Zarel, com sua arrogância, observava a batalha de cima do muro, degustando um sentimento de poder e soberania, já tendo como certa a vitória.

Lothiel estava ao seu lado e disse:

– Hoje os seis príncipes perecerão, e uma nova ordem emergirá.

– Sim... Eu ascenderei ao topo do poder e me assentarei no trono da onipotência.

O rebelde Zarel teve seu êxtase interrompido por um brado vindo de baixo. Era Zetalon, o Mestre dos Raios.

– ZAREL! O QUE SIGNIFICA ESSA INSANIDADE? ESSA É UMA OFENSA IMPERDOÁVEL AO NOSSO REI. ACABE COM ESA LOUCURA AGORA!

Lothiel esboçou o movimento para ir enfrentá-lo, mas Zarel o impediu.

– Não, ele é meu.

Zarel sempre teve vontade de duelar contra Zetalon. Tinha ciúmes do tratamento recebido pelo rei, que confiava a ele muito segredos e missões.

O Rebelde alçou vôo e pousou à frente do príncipe.

– Eu serei o novo rei de Elendor de agora em diante. Una-se a mim, juntos poderemos estabelecer um novo reino. Seremos mais poderosos explorando o lado oculto do universo, o reino de Kain Effus, onde a magia é poderosíssima.

– Então foi lá que você foi instruído na magia? Você compactuou com os inimigos de Elendor!

– Olhe a sua volta – disse Zarel, abrindo os braços e apontando para os anjos que guerreavam contra os príncipes. – Todos os anjos aderiram a minha causa, eles agora me obedecem. Eles estão cansados de se limitarem ao que são.

– Então você e seus anjos irão compartilhar o mesmo destino.

Zetalon não compreendia, em absoluto, o curioso fatalismo do rebelde. Ima­ginou o que impulsionava sua fé no absurdo. Zarel olhava o príncipe, vendo a fúria e a incredulidade do motim, mas interrompeu o raciocínio quan­do percebeu a ação da espada oponente. Era a espada de Zetalon, que descia pa­ra esmagar-lhe a fronte!

Em súbita agressão, o príncipe atacou com toda a energia e perícia, e por um momento o rebelde Zarel achou-se desesperado. Mas uma força superior animou seus movimentos, e a sua maça subiu para bloquear a poderosa lâmina do adversário. Ao choque das armas, um fogaréu emanou, aclarando todo o recinto.

– Então ousa persistir no desafio, em vez de entregar-se à morte? – rosnou o príncipe de Elendor.

– Vou além com minha ousadia – rebateu Zarel. Em suprema veloci­dade, rolou para o lado e avançou como uma fera voraz.

Mas Zetalon era astuto e se defendeu. Começava assim o combate, com uma incrível sucessão de golpes que, a cada batida, estremecia o Palácio Sublime.

O duelo persistia. As lâ­minas se encontravam, e o o rebelde resistia, mas era clara a superioridade de Zetalon, que frustrava todos os golpes do inimigo, respon­dendo às agressões com habilidade admirável.

Zarel tentou avançar com um assalto na vertical, mirando-lhe a cabeça, depois na horizontal, à direita e à esquerda. Zetalon defendia com tanta força que o bloqueio era quase um ataque e obrigava o rebelde a usar toda a potência que tinha para não se partir ao meio.

Zetalon lutava com maestria ímpar. Lançou uma sequência de ataques ligei­ros, sem muita penetração, só para cansar o inimigo. Depois de dez ou quinze movimentos, alçou vôo para pular sobre Zarel, rodopiando, e descer às cos­tas dele. Com esforço, o rebelde conseguiu se virar, mas a guarda ain­da não estava firme. Por pura sorte, a espada do príncipe encontrou a sua maça – se encostasse na armadura, o rebelde estaria morto! A pancada foi im­pressionante, e Zarel foi duramente jogado contra a parede. Se levantou prontamente, para segurar o próximo baque.

No decurso de suas aventuras, jamais enfrentara tão formidável oponente. Nem mesmo em suas legendárias batalhas confrontara um adversário com tal capacidade.

– Desista, rebelde! – exclamou o príncipe de Elendor. – Sua insistência só adiará sua morte.

– Desistir? – disse Zarel, recobrando suas forças. – Mesmo que eu não consiga te vencer por ora, não há esperança para vocês. Minhas legiões são muitas, e logo subjugarão o palácio. É só questão de tempo, príncipe. Enquanto batalhamos aqui, meus anjos batalharão até verem os príncipes e o rei mortos.

E ele tinha razão. Zetalon olhou novamente ao seu redor. As legiões de anjos pareciam não acabar. Os príncipes eram poderosos, mas não o suficiente para sustentar tamanha invasão, não sem Hecatonchires. Então, não restava alternativa. Zetalon decidiu usar uma alternativa até então desconhecida por todos os príncipes, inclusive pelo próprio Zion, irmão do rei.

Hecatonchires confiava muito em Zetalon, que era mais ligado ao rei. Certa vez, o rei lhe mostrou uma câmara secreta no palácio que levava a uma trombeta de trinta metros de altura, que culminava no topo do palácio. Essa trombeta deveria ser usada em casos extremos, onde seria ouvida até nos confins do universo. Seria um sinal de alerta caso houvesse algo que necessitasse a presença do rei nos dias de sua ausência.

Zetalon ergueu sua espada aos céus e se concentrou, com sua aura ardendo no corpo. Uma coluna de raios desceu e tocou na espada. Em seguida, o príncipe apontou a espada para Zarel, que olhava espantado para o ataque. Houve uma estrondosa e potente explosão contra o corpo de Zarel, e o rebelde foi arremessado para além dos muros do palácio. Esse era o tempo necessário para que Zetalon subisse à câmara secreta e alcançasse a trombeta.

Diante daquele espetacular ataque, os anjos pararam por um momento, deslumbrando o poder do príncipe. Mas logo Lothiel, vendo a hesitação dos guerreiros, encorajou-os gritando:

– Não parem de lutar, a vitória é nossa! – disse e também desceu para guerrear contra os príncipes remanescentes, que já estavam enfraquecidos pela fadiga da batalha interminável.

No alto da torre, Zetalon recostou a palma da mão em uma parede especialmente selecionada e sussurrou:

– Zaak’ei Falin – significava: a luz sempre triunfa sobre a escuridão.

A parede começou a se deslocar como peças de dominó, e logo mostrou uma passagem. No centro da pequena câmara, estava a trombeta. Zetalon não perdeu tempo: foi até ela e soprou com todo o seu vigor.

A trombeta explodiu em um ensurdecedor e impetuoso som. O soar foi tão potente que os anjos e os príncipes foram lançados longe com a vibração. O Palácio Sublime tremeu, o solo de todo o plano de Elendor rachou e o universo se abalou. O impacto chegou à Terra, separando os continentes.

No pátio todos olhavam aturdidos e desorientados. Até mesmo os príncipes se entreolhavam confusos. Mas logo depois de um tempo, Zarel, recuperado, invadiu novamente o pátio, furioso. E ordenou o reinício da batalha. E então todos voltaram aos contundentes embates.

De repente, um ser esplendoroso precipitou-se do alto do palácio e caiu abaixado com um dos joelhos no chão do pátio. Estava com uma armadura de ouro reluzente. Com a mão direita, segurava um cetro, também de ouro, cuja ponta havia uma safira brilhante. Na cabeça usava uma coroa belíssima. Era Hecatonchires, o rei dos deuses, que despertara ao som da trombeta.

O rei se ergueu e nada disse, apenas encarou Zarel que tremeu na presença magnífica e esplendorosa do deus.

Os anjos largaram suas armas e se ajoelharam perante o rei, na tentativa de se redimirem de suas transgressões.

– Me resumo a dizer que todos os anjos que o seguiram Zarel nesse ultraje estão sentenciados à morte. Zarel e Lothiel, como são príncipes, serão banidos definitivamente de Elendor. Viverão no lugar mais desprezível para se viver: o submundo. Lá serão aprisionados e poderão ponderá sobre essa traição.

O rei bateu com o cetro no chão e uma onda de energia varreu os anjos que não resistiram e morreram. Zarel e Lothiel foram lançados pelos ares até atingirem o universo. Depois foram vagando até o abismo da Terra.

Assim foram banidos Zarel e Lothiel para o mundo das trevas.


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