Fiquei parada no meu lugar, uma mão agarrada ao braço de minha filha, e a outra entrelaçada com a mão de meu marido. Eu não fazia ideia de quem era aquele vampiro. Mas ele sabia quem eu era. E pior, ele me conhecia.

- Claro que não, né?! – Ele riu sarcasticamente, revirando os olhos – Porque você se lembraria de mim?

Assustada, fiz forças para remover o escudo de mim e mostrar a Edward meu pensamento.

Quem é ele?

- Eu não sei. – Edward parecia chocado. – Ele… Ele não está pensando nisso!

- Ah, vocês acham mesmo que eu viria ao encontro dos poderosos Cullen sem estar preparado? – Ele deu uma risada, batendo palmas – Vocês me subestimam, mesmo sem me conhecer.

- Quem é você? – Perguntei, receosa.

Ele começou a se aproximar, arrancando de Jacob alguns tremores, e de alguns dos vampiros rosnados.

- Acalmem-se, queridos amigos. – Ele parou de andar. – Só quero vê-la de perto. Permite-me, querida Bella? Sabe… É o mínimo que você pode fazer por mim.

Minha curiosidade era enorme, mas eu não deixaria que ele se aproximasse nem mais um centímetro da minha filha. Soltei minhas mãos no intuito de andar até ele, mas Edward segurou meu braço, assentindo negativamente com a cabeça.

Deixa, Edward. Ele não vai me machucar. Se fosse, Alice já teria visto.

Caminhei lentamente até o estranho, até que ficamos a apenas um braço de distância. Olhei em seus olhos, tentando tirar dele alguma informação, resgatar alguma memória, mas não consegui.

- Linda. – Ele sorriu, e Edward rosnou atrás de mim. – Como sempre, não é mesmo?

- De onde eu conheço você? – Choraminguei.

- Querida… Você me decepciona. Pensei que você se lembraria de mim. – Ao ver minha expressão de pura confusão, ele sorriu com uma expressão triste. – Mas claro que não. Você tem uma vida ótima agora. Mas eu nunca imaginei que você se tornaria mãe tão cedo. Quando eu soube, devo confessar, fiquei muito surpreso.

- Tudo bem, você não quer me dizer de onde te conheço. Pode pelo menos dizer seu nome?

- Claro, minha querida. Meu nome é Steve.

O nome não ajudou em nada no aspecto memória, e eu continuava sem ter ideia de onde conhecia aquele vampiro que estava parado na minha frente. Mas eu precisava continuar tentando.

- Certo, Steve… – Eu franzi os lábios – Você não vai me contar de onde nós nos conhecemos?

- Receio que isso não será possível, querida. Isso eu terei que deixar você descobrir sozinha.

- E o que te traz aqui hoje, Steve?

- Não é óbvio? – Ele riu – Eu precisava ver como você estava.

Eu quase podia ver os olhos de Edward revirando com nojo, mas eu não podia deixar nada interromper aquele momento. Com sorte, Carlisle estaria tranquilizando-o.

- Eu estou muito bem. Como vai você?

- Melhor agora. Digamos que eu estive… Perdido.

- Que bom, não é mesmo? É muito bom se encontrar depois de um tempo perdido.

- Digamos que eu não me encontrei… Eu fui encontrado.

- Melhor ainda – eu sorri.

- Com certeza. – De repente, um barulho de toque de telefone interrompeu a nossa conversa, e ele colocou a mão no bolso, pedindo desculpas. – Alô?

Enquanto ele falava ao telefone, voltei para perto de minha família, sem dar as costas para ele nem por um momento. Ele conversava com alguém sobre um pedido de pizza. Oi? Ele estava falando com um humano?! Uma humana, na verdade. Shelly. Shelly queria saber onde estava o dinheiro para a pizza. Olhei confusa para ele, e depois para Edward, que apenas deu de ombros.

- Perdão pela intromissão, amigos. – Eu pude sentir os diversos olhos revirando quando ele pronunciou a última palavra, mas ele não pareceu se intimidar com a notável hostilidade. – Mas preciso ir. Problemas de família, eu tenho certeza que vocês entendem. Nos vemos logo. – Ele riu, como se estivesse contando uma piada muito engraçada. – Bom, eu com certeza vejo vocês. Foi muito bom finalmente falar com você, Bella. Uma pena você não se lembrar de mim.

- Tchau. – Edward rosnou.

- Mais uma coisa – Steve se virou, já caminhando para longe – Se eu fosse vocês, tomava muito cuidado. É fácil encontrar vocês divididos e distraídos. Conselho de amigo.

Sibilei um ‘obrigada’, mas ele já havia ido embora. Me virei para abraçar Renesmee, e Edward veio logo depois de mim.

- Algum pensamento do qual devamos saber, Edward? – Carlisle indagou.

- Nenhum. – Edward parecia frustrado. – Os pensamentos dele eram muito controlados. Mas ele queria que Alice o tivesse visto atacando Emmett. Ele decidiu isso com esse propósito.

- Bella – Jasper me chamou, curioso. – Você não faz ideia de onde conheceu esse homem?

- Nenhuma! Eu não conheci muitos vampiros antes de vocês, sabem?

- Que você saiba. – Alice sussurrou. – Você não sabia que nós éramos vampiros antes de nos conhecer bem.

- Eu me lembraria da beleza dele.

- Ou não. – Emmett interrompeu. – Você não tem muitas memórias humanas, Bells.

- Mas ele parecia te conhecer tão bem, mãe…

- Eu também percebi isso, Bells. – Jacob olhou para mim – Como se fosse uma enorme desfeita você não se lembrar dele.

- Eu não lembro, ok? – Quase gritei. – Eu só quero ir pra casa. Esme – eu me virei para ela – Nós podemos passar um tempo na casa grande com vocês?

- Você vai mesmo levar a sério o que ele falou? – Rosalie parecia enfurecida.

- Cuidado nunca é demais. Renesmee não vai correr nenhum risco, se depender de mim.

- Nem vocês. Mamãe está certa, é muito melhor se ficarmos todos juntos.

- Vamos todos para casa. – Carlisle sorriu. – E lá nós podemos conversar sobre a festa de sexta.

- Como assim? – Renesmee arregalou os olhos. – O que tem pra conversar?

- Talvez nós possamos fazer a nossa própria festa. – Rosalie sorriu – Do lado de fora da de vocês.

- E eu aposto que a nossa vai ser muito mais divertida. – Emmett riu.

- Só cuidado pra ela não levar a palavra ‘festa’ a sério demais. – Eu sorri e apontei com a cabeça para a Alice.

Ela deu a língua para mim, e todos voltamos juntos para a casa grande. Procurando só um pouco de paz. Mas uma coisa não saía da minha cabeça. Quem era aquele estranho?