Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 59
Com Ele: Desculpe!


Notas iniciais do capítulo

Olá! Vindo aqui jogar mais uma maratona de Ele. Não se importam, né?
Vou adiantar umas coisas aqui bem atrasadas...
Beijos e boa leitura!



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Não é difícil de se imaginar que o clima na casa dos Salvatore não andava muito animador. Não fosse as dúvidas e questionamentos na cabeça de Damon sobre seu casamento, havia sua recuperação, a tentativa de convivência e reconquista de sua esposa, os ciúmes da mesma, os ciúmes dele, os problemas na empresa, os ensaios do casamento do Ric... Nossa! Era uma lista, porém o primeiro tópico seguia sendo o que mais incomodava a Damon.

Os dias iam passando e por mais que ele tentasse entender muitas das ações de Elena, era quase impossível. E depois de um tempo, mesmo com a insistência de Sofia, ele acabou decidindo por deixar as coisas seguirem o próprio curso. A garota notou de primeira que isso era apenas o seu pai fazendo o que faz de melhor: desistindo do que acha que não merece. Ela resolveu então, e foi quase uma surpresa pra ela constatar isso, que a tal ajuda de que ela falou pro pai e nem mesmo sabia ainda a quem recorrer, viria de uma pessoa improvável, mas que se tornou muito importante para seu pai, e o conhecia de uma maneira tão intrigante que era quase “desconfiável”.

–Seu tio falou que você queria me ver.

–Quero. – ela suspira, ainda pensando se será uma boa ideia expor a situação de seus “pais”, pois é isso que Elena é pra ela agora, assim como um dia fora Andie. – Hayley eu preciso de sua ajuda. – A mulher ergue a sobrancelha curiosa.

–Certo... – hesita e senta-se diante da garota. – Com o quê?

Sofia estava apostando todas as usas fichas nesta nova aliança.

....

–Você tem certeza que tem mesmo problemas no coração? – Alaric ofega, quase desmaiando depois de nossa corrida juntos.

–Você que é um velho. – sorrio. – Como andam os preparativos?

–Eu não faço nada cara, só pago a conta que a Meredith e a Katherine me mandam. A única coisa que estou eu mesmo monitorando são seus ensaios com a Hayley. – bufo, jogando a toalha nas costas.

–Você não desistiu desta ideia? – ele pisca pra mim. Eu me abaixo pra pegar minha mochila e voltar pra casa. Essas corridas a tarde no parque tem me ajudado bastante. Ótima terapia pra esquecer os problemas. Como eu tenho andado ansiando pelo fim dos trinta dias de recuperação pós cirurgia, não vejo a hora dessa última semana acabar.

–Aquela ali é Elena? – ele chama minha atenção e eu me volto para olhar, e lá está ela. -Quem é o cara? – Ric ergue a sobrancelha ao notar o homem ao lado de minha esposa.

–O personal. Arthur. – ele faz uma careta.

–Desde quando? – quer saber, o curioso.

–Eu te falei, já faz um tempo, vamos? – pergunto quando termino de juntar tudo.

–Você não está vendo isso? – ele fala indignado, ao notar o cara cheio de mãos em cima de Elena.

–Não Ric, eu ceguei pra estas coisas, não quero briga, não quero conflitos e não quero enlouquecer. Só vamos embora. – falo com firmeza e ele suspira.

–Quem é você e o que fez com Damon Salvatore? – olho pro casal malhando diante de nós no lado oposto do parque e dou de ombros.

–Cansei de me perguntar o porquê. – respondo- Vamos lá. – ele me segue meio incerto.

No caminho de volta ele não fala nada, nem eu. Eu acostumei-me a visão da Elena saindo pra encontros com amigos, compras e malhações, nestes últimos dias, desde o ocorrido com April. Claro que Sofia a defende, justifica sua postura nova com os ciúmes, mas eu realmente desconfio que Elena não sinta mais isto por mim. O único lugar onde ela me quer do seu lado e faz questão disso é no hospital, nas consultas com a obstetra. Eu virei o pai/marido enfeite do ano e isso me inquieta. E de novo a Salvatore é meu refúgio, como um dia foi com Andie e Rebekah. Não queria que fosse assim.

Ric me deixa em casa e volta pro seu trabalho. Eu mudei um pouco a minha rotina na Salvatore Tecnology, Stefan comanda duas ou três vezes na semana e eu mais três, nos sábados de casa mesmo.

Como estamos no meio da semana, Sofia não está em casa, e isso torna tudo mais insuportável. Elena e eu interagimos melhor quando ela está aqui, pois sem ela não temos assunto algum e mal nos falamos.

Subo pra um banho, desço e vou até a cozinha pra um lanche, é aí que encontro ela, de frente pra geladeira, Janet não está, estamos sozinhos.

–Não ouvi você chegar. – falo.

–Vim a pé. – ela responde seca, pegando uma jarra com suco e caminhando até os copos pra se servir.

–Do central parque? – ela apenas assente. – É prudente?

–Minha médica autorizou exercícios leves, é só uma caminhada.

–De sete quarteirões, depois de uma série de exercícios, Elena. – ela vira pra mim.

–Sofia não está aqui, pode parar com isso. – fico confuso.

–Como é?

–Você aí, fingindo se importar. – suspiro. Não quero brigar. De alguma forma me sinto cansado, no sentido literal e figurado.

–Está de brincadeira comigo? – é tudo o que eu falo.

–Pareço estar? – ela desafia, seria. Dou meia volta, perdendo toda a fome, se bem que eu nem estava, apenas iria seguir as malditas regras dela e as recomendações médicas e comer pelo menos seis vezes ao dia.

–Você que sabe. – digo e subo até meu quarto. Não pretendo sair o resto do dia. Estou bem melhor aqui.

....

Desperto atordoado, não sei bem o que me acordou, mas é quando me movo que eu descubro. Maldito marca-passo! Me mexo devagar na cama, a dor é insuportável, quero chegar até o telefone junto a mim.

Um toque, dois, três... Droga!

–Alô!

–Alaric... eu...

–Damon? O que foi? Esqueci de te dar um beijo? – ele sorri.

–Me ajuda! – gemo mais do que falo.

–Uou! O que foi? – ouço seu tom mudar.

–Tem alguma coisa errada com o meu marca-passo. – falo de vez, aproveitando a respiração restaurada.

–Onde está Elena? – ele quer saber e me sinto vibrar. Não importa!

–Eu não sei. – digo.

–Onde você está?

–Em casa.

–Ela não voltou ainda da malhação?

–Ric, eu não sei onde ela está e não quero chamar por ela.- falo impaciente.

–E o que você acha que eu posso fazer por você daqui? – ele briga - Ela está mais próxima de você, liga pra alguém, chame o médico, cara.

–Você é o amigo perfeito. – resmungo - Não vou chamar porcaria nenhuma.

–Droga Damon você... – desligo sem paciência, a dor é demais.

Decido ficar quieto, esperando aliviar. É em vão. Quanto mais o tempo passa, mais fortes as pontadas e mais quente me sinto. O que há comigo? O que eu fiz de errado?

Não sei quanto tempo fico me contorcendo na cama até tudo ficar escuro...

....................

–Damon? – bato na porta do quarto. – Damon, vamos jantar! – ele não responde. – Damon você passou a tarde aí dentro, deixa de ser infantil. – tento argumentar, mas eu sei que desta vez, fui eu quem pisou na bola, suspiro - Eu sinto muito, ok? Sei que se preocupa conosco e eu não quis... – hesito, eu quis sim, e nem sei o que me deu. Na verdade eu sei. Queria magoá-lo como ele me magoou, beijando ela. – Damon, sério, abre a porta. – nada, nem um pio. Resolvo fazer como ele faz, dar a volta e entrar por meu quarto.

Assim que cruzo a porta do gabinete e tenho acesso ao quarto dele eu congelo, literalmente, o ar condicionado está muito auto.

–Qual o seu plano? Virar picolé? – pergunto, caminhando até o controle na mesa diante de mim, bem junto a porta, Damon está deitado na cama e não me responde– Nossa! 16 graus... Céus! – falo enquanto ajusto a temperatura, me volto pra ele, parece dormir de costas pra mim. – Sério Damon, acorda. Vamos descer pro jantar. – falo ao longe e ele não se move. Que coisa mais cansativa, ele parece uma pedra. Quando estou disposta a ir até ele sinto meu celular vibrar no bolso de minha calça. – Oi Ric.

–Elena, Damon melhorou? – olho pro Damon e sinto meu corpo gelar.

–Como assim, ele não estava bem? – já me aproximo da cama um pouco mais.

–Faz uns minutos que ele me ligou, estava se queixando de algo com o marca-passo, eu não sei, pedi pra ele te chamar, mas ele se recusou. – droga!

Corro de imediato pra cima dele na cama e quando toco em sua pele, tenho um sobressalto.

–Ric, estou com ele, deitado em sua cama, parece dormir, mas está com uma febre horrorosa. –explico, já sentindo meu peito palpitar.

–Eu vou ligar pra Meredith. – ele diz – Já chegamos aí Elena. – fala e desliga.

–Damon? – chamo, mas ele não responde. – O que você tem? – pergunto já com um nó na garganta. Porque sempre temos que brigar com as pessoas que amamos pra depois algo ruim acontecer com elas e nós nos sentirmos um lixo? – Damon! – toco em sua testa, está suada e muito quente, puxo os cobertores pra cima dele. – Você vai ficar bem. Vai ficar bem. – Vou até os armários e pego mais um cobertor, começo a esfregar seus braços, continuo chamando por ele, mas não há resposta. Começo a ficar desesperada, se ao menos ele acordasse e dissesse o que sente.

Os minutos se tornam horas... Ele não desperta, mesmo eu tendo tentado de tudo. Estou aos prantos quando Alaric passa pela porta com a noiva.

–Elena. – ele chama e corro pros seus braços, enquanto Meredith vai até meu marido.

–A febre dele está muito alta. – ela diz e começa a examinar – É preciso diminuir esta temperatura e tentar fazê-lo reagir. A febre é por uma infecção, o ombro dele está muito avermelhado. - ela diz olhando por baixo da camisa que afastou. – Sabe dizer se ele comeu algo que não devia? – me pergunta e eu nego.

–Ele tem seguido bem às recomendações, Sofia e eu estamos sempre de olho e a Janet é ótima.

–Algum esforço? – ela pergunta.

–Ele tem malhado, mas apenas o que o médico recomendou, corridas... Não faz quase nada no braço, ainda está sob os cuidados dos trinta dias, a única coisa exagerada que faz é digitar por horas no computador, mas não sei se...

–Bem, temos que tentar acordá-lo. – ela me interrompe – Alaric, me ajude com isso. – Ric se afasta e vai até a cama de Damon. – Me ajude a sentá-lo. – ele assenti prontamente e lá está meu marido, o homem intimidador que conheci, sento manejado como um boneco. Meu coração aperta. Ele tem que ficar bem.

Meredith se afasta até o banheiro e deixa Ric com ele, ela volta com uma toalha e eu estou apenas observando. Com a toalha que, ao que parece, está molhada ela começa a fazer uma espécie de massagem nele, pelos ombros e peito, dá algumas batidas e chama seu nome e, aos poucos, ele vai abrindo os olhos devagar. Suspiro. Graças a Deus!

–Damon, consegue me ouvir? – ela fala e ele parece estar atordoado, sua respiração está agitada.

–Está queimando. – ele diz.

–Aqui? – ela aponta na direção da cicatriz e ele afirma, se contorcendo em seguida o que faz Alaric, o segurando, quase o deixar ceder de volta pro colchão.

–Está doendo. – ele geme. – Isso doi muito. – é quase um grito.

–Vou chamar a ambulância Ric. Temos que levar ele pro hospital. Fique aqui. – ela diz e passa por mim.

–Damon? – eu chamo e ele me olha agoniado. – O que posso fazer? – eu posso jurar que o vi dando aqueles risos irônicos dele, mas com a dor que parece estar, duvidava muito. Porém eu deixei de duvidar quando ele respondeu.

–Não finja que se importa, o Ric sabe de nosso acordo, lembra? – sua voz foi fria e eu senti sua vingança.

–Damon! – Alaric repreende.

–Tudo bem Ric, esta eu mereci. – falo e ele fica intrigado. – Olha eu vim aqui me desculpar, ok? Não sei o que deu em mim eu... Eu só queria que descêssemos e jantássemos juntos. – Damon sorri amargo e observamos Meredith voltar.

–Amor, preciso de você aqui embaixo. – ele assenti e sai.

–Fica de olho nele. – diz deitando Damon na cama com cuidado, este se encolhe imediatamente, sua respiração revela uma tentativa de controle enorme. Sinto-o reprimir vários gritos de dor.

–Você precisa de algo? – pergunto.

–Da minha esposa, a mulher que eu amo, é você? – diz sério me encarando.

–Damon...

–Porque apenas não podemos... Argh! Droga! – me aproximo quando o vejo praticamente convulsionar na cama.

–Espera, não se mexe tanto. – Falo tentando colocar sua cabeça em meu colo. – Estou sentindo o bebê agitado, acho que ele está aflito por você. – ele suaviza um pouco quando ouve isso. – Eu vim me desculpar, não sei o que me deu, eu ando nervosa e agitada. Talvez sejam os hormônios.

–Talvez seja você, Elena Salvatore. – ele diz e toco sua testa.

–Você está tão quente. – começo a fazer um cafuné em seus cabelos molhados de suor, a cabeça está repousando perto de meu peito e eu massageio de leve seu ombro direito. Bem onde está seu marca-passo. – Doi muito? – ele apenas assenti, enquanto sua respiração é um misto de gemidos e ofegos.

Me inclino e beijo de leve sua testa.

–Me desculpe. – falo quase chorando e ele não parece me ouvir. Está quase voltando a dormir novamente, pela febre e pela dor. - Eu amo você. – sussurro não querendo que ele ouça.

..........

Eu acordei no hospital, sem saber ao certo o que tinha acontecido. Depois de ver Alaric, meus irmãos e Elena eu tive que atender uma chamada histérica de minha filha. E um monte de sermões se formaram. Eu passei um tempo tentando lembrar o que houve, mas eu estava confuso, minha última lembrança foi ter ficado no quarto com Elena, esperando por Alaric e uma ambulância. Acho que minha febre estava de verdade muito alta, pois minha mente traidora insiste que ela disse que me amava. Eu acreditaria de primeira, se não soubesse como de verdade estamos.

Observo meu cardiologista entrar em meu quarto e me dizer que foi um susto, mas que agora eu estou bem, só vou ter que ficar de olho na infecção e depois poderei voltar aos meus hábitos normais, sem exageros no começo, mas é uma boa coisa. É legal ter algo otimista em que se pensar, depois dos últimos dias.

Quase no fim do dia, Elena volta ao meu quarto. Parece cansada e pálida e isso me inquieta. Eu a quero bem, sempre.

–Como se sente? – ela quer saber.

–Posso perguntar o mesmo de você. Sua aparência está péssima. Você comeu? – ela ergue a sobrancelha e depois sorri.

–Eu comi sim. Apenas estou um pouco cansada, foi um dia longo, afinal.

–Entendo. – eu sei que vou me arrepender, mas eu preciso tirar a cisma de minha mente. E enquanto a observo sentar na poltrona ao lado de minha cama, tomo coragem pra lhe perguntar – Quando você estava comigo esperando pelo Ric, eu ouvi suas desculpas. – ela me olha, parecendo um tanto inquieta. – Ouvi você dizer que me amava. – ela desvia o olhar do meu.

–Você estava com febre, Damon – fala fria e eu suavizo com sua resposta. Nada que eu não soubesse.

–Que pena. – suspiro e a vejo me olhar confusa. – Eu acreditava que isso ainda fosse possível. Mas depois de tudo que eu fiz com você, é esperar demais, certo? – espero sua resposta, ela respira fundo e me encara segura.

–Certo. – assinto. E o silêncio toma conta do quarto. Depois do que parece um meio século eu volto a chamar sua atenção.

–Acho que depois de um dia tão cansativo a poltrona de um hospital não é a cama mais adequada. Vá pra casa. – ela sorri

–Sua filha me fez jurar que não tiraria os olhos de você. – diz.

–Hum! Bem, acho que isso explica você aqui, até agora. – falo tentando esconder minha mágoa. Ela não me responde. Mudo de assunto, na verdade um outro que me interessa demais. – Não que seja a melhor hora, mas... Eu não beijei a April. Não faria isso com você, sabendo o que está em jogo. Muito menos por uma criança como ela.

–Eu sei. Ela não faz seu tipo. – eu a encaro, porque sei que seu tom é sincero, sem um pingo de ironia.

–Que bom. – digo somente, sentindo um leve desconforto, me aconchego um pouco mais nos lençois.

–Você está com frio? – eu nego e me encolho. Ela franze o cenho e me olha incerta. – Precisa de algo?

–Não Elena. Obrigado! Eu ainda acho que você deve ir pra casa e dormir na sua cama, confortável. Sofia entenderá.

–Você sabe que não é só por ela. – ela diz.

–Foi você quem disse.

–Sabe que me preocupo com você, Damon, nem que seja como... – ela hesita e me olha incerta.

–Como?

–Amigo. Nem que seja como amigo. – bufo.

–Claro que sim. Por favor Elena, você está esperando um filho meu. Passamos a muito tempo deste stattus.

–Não começa. – ela fecha os olhos.

–Nem vou. – digo, e me viro com cuidado pra lhe dar as costas. No momento, olhar pra ela me causa dor.

–Boa noite, Damon!

–Boa noite!

E o silêncio reinou, até minha consciência apagar e me levar pra uma noite de sonhos conturbados.

.....

O fim de semana seguinte foi bem rotineiro. Após a saída de Damon do hospital na sexta, um dia a mais do que ele julgava necessário, a chegada esperada de Sofia aliviou os ânimos da casa, como o esperado.

–Eu juro que só não estou passando esses dias te dando sermão porque sei que foi uma fatalidade, porque você estava se cuidando. – a garota afirma.

–Como se você já não tivesse me bombardeado por telefone. Não seja fingida.

–Ai! Isso doi. – ela brinca com o pai enquanto ambos curtem uma sessão na sala de vídeo. – Tio Ric disse que Hayley vem mais tarde.

–Sim, ele está com essa ideia fixa de canção do amor. – ela sorri do mal humor costumeiro de Damon.

–Eu gosto da Hayley. Tio Bob tem sorte.

–É, ele tem. – a garota observa o olhar pensativo e viajante do pai e suspira.

–Você não desistiu de novo, não é?

–Não. Mas está difícil. Eu estou tentando acompanhar, não me confundir mais. Focar na possibilidade de ela ainda me amar.

–Não é uma possibilidade pai, já te disse. É um fato. – ela relha.

–Bem, o fato é que até agora fica difícil de crer. Ou ela é uma boa atriz ou você está errada.

–Primeira opção. – Sofia diz esnobe. – Sempre estou certa.

–Quando você ficou tão convencida?

–Sei lá. Se intensifica com os anos. – Damon revira os olhos e fica tentando focar no filme a sua frente.

–Vocês mulheres adoram essas coisas. Acha que isso existe mesmo? – reclama do filme.

–É baseado em fatos reais.

–Tá me dizendo que este cara existe de verdade, e fez tudo isso pra não perder a mulher?

–Como se você não fosse fazer o mesmo, com a Elena. – ela debocha.

–Bem, isso é discutível. Eu não desistiria fácil, mas é uma situação difícil. Ela perdeu a memória. Não lembra de nada que viveram juntos. A Elena já me odeia de hoje, se algo assim acontece com ela, que Deus me livre disso, eu...

–Você a reconquistaria. E talvez tivesse mais chances, já que ela não ia lembrar das burradas que você fez.

–Aí é que está. Eu saberia o que eu fiz e teria que contar pra ela. Nunca daria certo. – suspira.

–Mas isso não vai acontecer e a única lição que você pode levar de “Pra Sempre” é não desistir da Elena.

Damon encara a filha o olhar vitoriosa e ambos se sobressaltam com um barulho vindo da sala de estar.

–Acho que a comissão casório feliz chegou. – Damon fala ranzinza.

–Pai, você pode ser um porre às vezes, mas o seu senso de humor... – a filha recruta revirando os olhos.

Eles interrompem o filme e seguem até a sala. Alaric, Hayley e Robert estão sentados falando com Elena.

–Não sabia que vinha agora. – Damon diz surpreso.

–Pedi a Bonnie e Jer pra sair mais cedo da galeria. – ela fala.

–Tudo bem? – Damon quer saber, já esperando que algo esteja errado.

–Eu senti um mal estar, mas estou melhor, eu só preciso deitar um pouco. Encontrei todos a poucos metros da casa. – Damon assenti e um silêncio reina, com trocas de olhares incômodos.

–Bem... – Sofia se adianta. – Vou subir com você Elena, podemos ficar vendo uns filmes enquanto o grupo talentoso ensaia a canção. – ela oferece e Elena não retruca, por mais que queira descansar, ficar sozinha com seus pensamentos do momento não seria boa coisa. Principalmente quando ela vê o marido sorrir sem jeito para a mulher de olhos verdes na sala, e esta lhe retribuiu de maneira tão genuína que Elena chega a achar uma afronta a ela e Robert.

–Você vai acabar explodindo. – diz Sofia assim que as duas estão na privacidade do quarto de Elena.

–O que quer dizer? – Elena quer saber.

–Ciúmes da April é doença. Mas eu alivio você com a coisa da Hayley, o papai gosta mesmo dela. – Elena sente seu corpo vibrar ao ouvir isso.

–Você acha?- sua pergunta soa quase desesperada pra Sofia.

–São amigos. – a garota dá de ombros e Elena a encara fuzilante.

–Tá. – Sofia sorri.

–Mas me fala: tudo bem?

–Sim. Eu só estou cansada. Um mal estar, meu corpo está pesado. Sono talvez. – ela dá de ombros. – Tenho tido muito sono.

Sofia engata na conversa de Elena visando alcançar seu objetivo. A garota sabe que tem que tomar cuidado. Agora ela “joga dos dois lados”, e isso requer uma maestria excepcional. Mas, aos poucos, ela consegue o que quer.

–Depois do que houve com o papai e esse seu cansaço eu estive pensando se não seria uma boa aproveitar os três dias de folga do papai na empresa e... Sei lá. Ir ver sua mãe? – Elena encara a garota. – Eu adoro a Miranda, e acho que o clima de lá faria bem, além do que acho que você sente falta de sua mãe. – claro que o real motivo de Sofia era atacar esses dois ao máximo, por todos os lados, pressão total. E ela sabia que Miranda poderia ajudar nisso, principalmente pelo lado da Elena.

–Tenho que organizar uma exposição com Bonnie, estamos atoladas.

–Então chama ela também, ora. Seria perfeito. Afinal ela também precisa de uma folga, a barriga dela já está ficando grande.

–Porque eu tenho impressão de que você está armando?- Elena indaga.

–Me poupa Elena! Sabe que eu tenho razão. – Elena suspira, e, imediatamente houve-se o som das teclas do piano vindas de baixo, ela estremece e encara Sofia.

–Não é uma má ideia. – Sofia sabe bem do porque dessa mudança de opinião ao som das teclas daquele piano, e agora, mais do que nunca, ela tem certeza de que é hora do tio Robert conhecer as terras dos Gray, e isso, é claro, inclui a Hayley. A confirmação da ideia surge quando, além das teclas, é possível ouvir o timbre suave e envolvente da jovem lá embaixo.

–Ela canta bem, não é? – Elena fala num tom tão desanimado que faz Sofia quase gargalhar diante dela.

–Sim, muito. – disfarça seu tom divertido, encarando a madrasta especulativa.

Ela mal podia esperar, pelo próximo fim de semana.

...

–Você vai me ajudar com aqueles dois ou não Hayley?

Hayley ponderou um pouco, o que ela ouviu havia deixado ela pasma demais. Não que ela nunca houvesse desconfiado que havia algo errado em Damon nos últimos tempos, mas ela jamais iria imaginar algo tão sério e surreal.

Um contrato? Casamento de fachada? E toda essa confusão de “me quer, mal me quer”. Parecia coisa de novela, de livros até.

De alguma maneira, muito intuitiva, Hayley sabia qual era a coisa certa a fazer.

–Ok. Eu vou te ajudar.


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Notas finais do capítulo

desculpem os erros, sem tempo pra editar :$
té mais!