–Como você pode ser tão idiota? Pelo amor de Deus. – Alaric está gritando comigo a horas, eu quase não o escuto estou diante da pia do banheiro tentando desesperadamente não explodir, encharcando minha nuca. – Você é o homem mais burro do mundo inteiro. – eu o olho pelo espelho. – Nem adianta me olhar assim, seu tapado. – reviro os olhos e esbarro nele saindo do banheiro. Ele me segue insistente. – Como é que você aparece depois de três anos e diz: Ei Leninha, vamos brincar de roda? – eu o olho e seguro um riso, eu nunca o vi tão bravo.

–Tecnicamente eu ofereci minha amizade.

–Dá no mesmo. Você é muito burro Damon. – vou até as bebidas e me sirvo de uma dose.

–Quer? – ele cerra os olhos pra mim.Eu sento no sofá e ele se põe na minha frente e fica me encarando com um ódio fenomenal. – Alaric eu não posso, está bem?

–Por que não, criatura?! – é quase um grito.

–Não posso.

–Ela ainda te ama. Você ainda ama ela. A mulher que você ama se declara pra você, diz que está disposta a passar por cima de toda a desconfiança que você sentiu, de superar toda a sua frieza, grosseria, ainda te quer de volta depois de tudo e você foge dela?

–E o que você acha que eu deveria fazer?

–Falar a verdade pra ela.

–Que verdade Ric?

–Você ama aquela mulher Damon, pelo amor de Deus.

–Eu amo sim ta bom. – eu que grito agora. – Que droga! – ele suspira e relaxa e então diminui o tom.

–Certo. O que foi que aconteceu? – me pergunta.

–Eu não sei, eu... Ela estava lá, forte, decidida, vi a mulher que me cativou desde o começo, determinada, mas eu... Ric eu acho que sempre acreditei na Elena, mas o que eu posso oferecer a ela além de uma amizade?

–O seu amor.

–Não... É mais complicado que isto. Eu não quero trazer ela pra dentro da minha cabeça agora.

–E do que isso adianta se ela já está em seu maluco coração?

–Você sabe tudo o que eu descobri, sabe de tudo que eu tenho passado pra superar eu não sei se posso ser tudo o que ela merece.

–Você tem sempre esta conversa covarde e fiada. Sabe o que vai acontecer? Ela vai cansar de te esperar, ela vai conhecer outra pessoa e você vai ficar aí, sozinho e ainda mais maluco e chato do que é.

–Ela merece coisa melhor que eu.

–A vai... Bancar a vítima a essa altura? Você é um covarde isso sim. Olha eu vou dormir. Se afoga aí nessa bebida que é só o que você sabe fazer.

Eu não falei mais nada, ele bateu a porta do quarto com muita raiva. É apenas o início da semana.

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O dia amanheceu quente, tínhamos ao almoço mais tarde e hoje pela manhã eu fiquei conversando com meu chefe sobre ontem. Ele é muito compreensivo e também conhece o Damon. Eu não estava muito empolgada para fazer nada esta semana. Não depois de ontem.

–Amanhã é a noite ministrada pela Salvatore, mas eu só estou vendo o Damon e Alaric aqui.

–É o senhor Saltzman me disse estão para chegar mais pessoas da empresa, eu acho.

–Bem, nossa parte na semana já está terminada, agora só temos que encarar a última entrevista.

Como nós já esperávamos, todos estavam muito curiosos sobre a iniciativa “Iron Man”, e é claro, meu chefe estava radiante respondendo a todas as questões que lhe eram feitas, até que chegou a hora do grupo de inventores da Salvatore. Bem, eu digo grupo em teoria, por que só Damon estava representando sua empresa. E claro, ele era o melhor inventor da mesma.

–Me diga senhor Stark, - seu tom é risonho e meu chefe sorri – Você acredita que esta iniciativa possa ser considerada nociva para os demais governantes ao redor do mundo? – todos se concentram no meu chefe, essa com certeza foi a pergunta mais interessante até agora, os demais só perguntavam a respeito de produção, mas Damon já entende bem de tudo isso, então partiu para termos políticos.

–De fato senhor Salvatore esta foi uma de minhas preocupações iniciais, desde que eu coloquei os olhos neste projeto, mas eu acredito que as Stark apenas estão investindo na segurança nacional. Os armamentos que estão sendo desenvolvidos na minha empresa terão fins absolutamente diplomáticos. – Damon sorri. – Eu sei que é meio complicado, mas não é como se eu estivesse construindo uma máquina de destruição em massa, o computador Iron Man está sendo desenvolvido para suprir as necessidades de defesa de nosso país, não pretendo enviar um convite de guerra a ninguém.

Damon escuta sua resposta e sendo satisfatória e também pelo fato dele ser o último na lista de perguntas, ele se ergue e aplaude o amigo enquanto gargalha. Parece bem satisfeito com o que ouviu.

Logo todos no salão o seguem e assim terminamos as entrevistas e começam os cumprimentos. Após uma leve diminuição do tumulto Damon e Alaric se aproximam.

–Parabéns Johny. É ousado, mas incrível. – ele diz e abraça o amigo, assim como Alaric logo depois.

–Obrigado. Adorei sua pergunta, eu já estava entediado.

–É eu senti que deveria te ajudar.

–Vai ficar pro almoço oferecido pela Stark? – eu olho para Damon, estou ansiosa esperando que ele diga sim.

–Na verdade tenho que pegar minha filha no aeroporto. – ele diz resignado e eu imediatamente encaro Alaric. Se Sofia vem, então a Rose... Ele acena positivamente entendendo minha pergunta muda. Que maravilha!

–É uma pena. Então nos vemos mais tarde no jantar de sua empresa?

–Sim, estarei presente. – Damon sorri.

–Bem, então vamos Elena. – eu volto a terra e encaro meu chefe, Damon está me olhando.

–Com licença. Damon, Alaric. – falo e sigo meu chefe.

Rose e Damon, juntos em Paris? Uma viagem em família... Eu mereço.

O almoço se torna enfadonho, eu mal como. Perdi toda a fome. Ao final de tudo estou livre para voltar ao meu quarto e sair só no início da noite. Certamente terei um jantar difícil, só imaginando aquela mulher ao lado de Damon, depois de tudo o que eu falei pra ele.

“Talvez ele nunca a tenha deixado de amar.”

Não. Damon me amou sim, eu sei. Não vou desistir nunca dele.

...

Olhando o espelho eu termino minha maquiagem. Mas parece que estou pondo uma armadura. Aquela mulher vai me olhar vitoriosa e eu tenho que me segurar pra não matar ela. Sem contar que tenho que me preparar, por que certamente Elijah vai me abordar novamente.

Desço para o salão e vou em busca de meu chefe, ao flashes são sempre tão insistentes, eu nunca vou me acostumar com isso. Uma repórter me aborda.

–Senhorita Gilbert, um momento, por favor. – eu paro. Ela se aproxima entusiasmada com seu microfone em mãos e acena para o homem com uma câmera nos ombros. – É verdade os boatos de que o fim do casamento do senhor Stark foi devido ao romance entre vocês ser descoberto pela ex dele? – essa foi boa.

–Da última vez que eu vi, estava e continuo solteira. Minha relação com o senhor Stark sempre será profissional.

–Lembramos que não muito depois do término com a senhorita Mikaelson anos atrás o empresário Damon Salvatore assumiu o romance com você. Agora a história não se repete? Ou vão manter em segredo por mais tempo? – sério? Respiro fundo. Rudeza não funciona com a imprensa.

–Bem, eu não esconderia por muito tempo um relacionamento com nenhum destes partidos maravilhosos. Mas o senhor Stark é apenas meu chefe e minha relação com Damon chegou ao fim. Estou feliz solteira e acredito que o senhor Stark está disponível para qualquer jovem que o interessar. Talvez você deva tentar. – falo e sorrio esnobe me afastando. Reviro os olhos e fico de frente com Sofia.

–Você é minha melhor aprendiz Elena. Deixou ela de cara. – diz sorridente e vem me abraçar, mesmo estando mais madura, Sofia mantém suas feições infantis, uma garota muito linda e inteligente como seu pai. Ela está linda demais, num vestido rendado, tom de pele, sereia, batom quase tão vermelho quanto seus cabelos.

–Bem, como poderia ser diferente com uma professora tão boa?

–Eles estão apenas procurando outro foco. Todos os bochichos estão ao redor do seu chefe. São uns abutres. Uma frase mal interpretada e bang’ já era.

Sorrio concordando, ela está muito elegante.

–Heitor não veio?

–Há muito trabalho na empresa. Eu nem queria vir na verdade, mas a Rose ficava tagarelando sobre isso e acabei cedendo.

–Como ela está?

–Muito bem. Está seguindo bem sua vida fora da clínica. Só aquele problema de sempre. Insiste em bancar a mãe coruja. Acho que ela não tem noção de tempo. Não preciso de uma mãe que me leve leite morno no fim da noite e sim uma que me aconselhe sobre sexo seguro. – eu sorrio. Ela continua com sua língua afiada. – Mas e você? Está tão linda.

–Obrigada. Você também. – ela sorri. – Você sabe, apenas ainda curiosa sobre a namorada misteriosa do Matt.

–Nossa! Ainda isso?

–Pois é.

–E o Kol?

–Acho que vamos sair depois que eu voltar. – ela dá de ombros.

–Sinto falta de sair com vocês. Até sinto falta da Caroline acredita? Ela mudou muito, e está caidinha pelo seu amigo gostoso. –sorrimos.

–Olá! – reviro os olhos e Sofia sorri pra mim como quem diz: respire.

–Rose. – digo sorrindo. Ela se aproxima de mim e me cumprimenta com beijos distantes da face. Veste um longo prata, muito elegante.- Você está maravilhosa.

–Você não está mal. – diz presunçosa. – Turquesa lhe cai muito bem.- estamos trocando olhares num silêncio sufocante.

–Damas. – é Alaric. – Estou maravilhado.

–Ora Ric. Você não cansa de bancar o ‘Don Juan’? – Rose reclama.

–Não. – Ric sorri forçadamente. – Está linda Elena. Todas vocês.

–Concordo. – me arrepio com a voz nas minhas costas. Damon!

–Finalmente Damon. - Sofia rosna. – Vamos! – ela agarra o braço do pai e Rose se coloca do outro lado. Damon me olha, mas eu desvio. Quando levanto o olhar Alaric está me olhando e revira os olhos.

–Tenha uma boa noite querida. – Rose fala em seu melhor tom triunfal. Sofia apressa todos.

–Nos vemos Elena. Vamos? – ela diz puxando o pai.

–Boa noite Elena! – Damon fala pra mim.

–Boa noite! – respondo e olho Ric que apenas pisca para mim.

Olho os quatro se afastarem e estou em um misto de sentimentos. Odeio ela mais que tudo, e neste momento acho que odeio o Damon. Respiro fundo e continuo a encará-los.

–Te achei! – eu pulo com o susto e me viro para encarar meu chefe. -Tudo bem? – ele me pergunta me olhando engraçado, estou com a mão no peito.

–Estou sim. – sorrio.

–Então vamos? – estende o braço.

–Vamos! – e então nos encaminhamos para a mesa.

...

Durante todo o jantar eu olhava ao longe os quatro na mesa, enquanto meu chefe ainda tagarelava com seus executivos na nossa. Eu observava Rose colando o rosto nos ombros de Damon, eles sorriam juntos, ela fazia questão de sempre estar o tocando, em um momento da noite eu precisei de um ar e fui até o banheiro. Pro meu azar Rose teve a mesma ideia.

–Aproveitando a noite querida?-ela pergunta enquanto eu retoco o meu batom.

–Sim e você?

–Como nunca. – sorri esnobe. – Eu estou sentindo que minha família está sendo refeita.

–Engraçado, eu não lembro quando foi que você quis ter uma. – digo virando para a encarar. Ela está sorrindo forçadamente.

–Vamos deixar uma coisa clara garota. Você sabe o que eu fiz, mas também sabe que nunca vai convencer o Damon, por que apesar de tudo o que eu já fiz ele passar, ele ainda sente algo por mim. Tanto que nem suas calúnias contra mim o fizeram se afastar. Ele nunca vai te amar como já amou a mim. Por isso não importa o quanto você tente, ele não vai acreditar em você, não vai voltar pra você, por que ele não pode. Ele não consegue. E sabe por que? – eu apenas a encaro se aproximando de mim, estou no limite para não a esbofetear. – Por que eu fui e sempre serei a única que ele amou. E você não passou de um estepe, como as outras duas. – engulo em seco.

–Vamos ver. – digo apenas isso e dou-lhe as costas.

–Saia do meu caminho Elena. Não ouse se meter entre mim e Damon. – ela fala e me faz me voltar e encará-la.

–Se ele te ama tanto assim eu não serei nenhum problema. – digo e ela parece que vai me derreter com seu olhar.

Deixo aquele banheiro alterada, não posso deixar de dar crédito ao que ela disse, respiro fundo e tento me equilibrar, sinto uma mão em meu braço e uma eletricidade familiar me atinge.

–Você está bem? – ergo meu olhar e encontro o de Damon, sua testa franze. – Você está chorando? O que foi? – eu me livro de seu braço.

–Eu estou em Damon. – falo e fujo dali indo até meu chefe.

– Senhor Stark. – ele me olha também franze a testa.

–Tudo bem?

–Sim eu... Eu gostaria de me retirar. Ainda precisa da mim?

–Não, tudo bem, você está cansada, foi um longo dia. Pode se retirar.

–Com licença a todos, tenham uma boa noite. – falo aos demais e me afasto indo pra saída do salão, estou no meio dos corredores e paro para respirar. As lágrimas inundam minha face.

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–Você não fez muita coisa.

–Ela está com raiva. Você teve sorte com o Damon, ele te aceitou bem, terei que ir com calma com Elena.

–Pra você não dizer que eu sou ruim e injusta com você tenho um plano em mente. Hoje na festa, quando a Elena se retirar, dê um jeito e a faça ir até o salão oposto.

–Pra que?

–Apenas faça isso Elijah.

–E se me prejudicar ainda mais com ela Rose?

–Não vai, desta vez a única que corre o risco de se encrencar sou eu, mas acredito que não será assim. Faça isso. Deixe o resto comigo.

–Darei um jeito.

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Eu respiro fundo e tento me reestabelecer. Certamente não tem como esta noite ficar pior.

–Elena? – mas que droga Elena. Você sempre fala cedo demais.

–Agora não Elijah.

–O que aconteceu? Por que está chorando? – ele se aproxima e começo a me mexer contra ele.

–Não aconteceu nada.

–Como nada? – ele fica na minha frente.

–Me deixa passar.

–Espera, calma! Pelo menos deixa eu pegar uma água pra você, venha comigo.

–Não Elijah eu não quero nada de você, saia da minha frente.

–Elena me escuta, eu sei que você não tem motivos nenhum pra confiar em mim, mas eu já te disse, eu gosto de você de verdade, não quero o seu mal, não quero te ver assim. Só me diga o que aconteceu.

–Não! Sai. – eu grito e tento andar, mas ele me segura.

–Você está muito nervosa, vem comigo. – ele diz e me puxa pra direção oposta.

–Me solta Elijah, me solta. – ele ignora e praticamente me arrasta até o salão cerimonial, eu me debato até que algo me faz parar. E eu acho que estou alucinando. Damon está bem no meio do salão com ela, beijando ela.

Eu olho pra Elijah, mas ele parece estar mais perplexo que eu. Eu volto a encarar os dois e Damon a empurra.

–Rose o que... – ele me vê e para, minha face queima. – Elena... Elena eu não... – eu não o deixo terminar e corro dali em busca dos elevadores, em busca de ar. – Elena! – ouço seu grito.

Eu não estou vendo mais nada, meu peito está doendo demais. Eu não sei o que fazer.

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Eu tento ir atrás de Elena, mas Elijah está diante de mim.

–Deixa ela. Você já fez o suficiente. – o olho furioso.

–Sai da minha frente.

–Deixa ela em paz Damon. – ele desafia e eu não vejo nada. Avanço contra ele e sinto meu controle ir pelos ares.

–Ei, ei , ei. – é Ric. Ele vem e nos separa, eu quero matar esse desgraçado. – Você ficou doido?

–Esse desgraçado. Foi você. O que você estava fazendo com ela? – eu grito! Elijah tenta dar um jeito no colarinho desalinhado.

–Eu não fiz nada. Elena estava passando mal, e eu a encontrei nos corredores alterada, resolvi trazer ela aqui pra tomar um ar. Não é minha culpa ela encontrar você beijando sua ex, ou é? – ele diz cínico.

–Você o que? – Alaric grita pra mim.

–Me solta Ric. Eu quero matar esse cara.

–Não Damon, você já fez o suficiente. – diz Alaric. – Saia daqui! – ele grita pra Elijah que sai de lá quase triunfando.

–Eu vou te matar, eu te mato. – grito desesperado.

–Fica quieto. Tem um monte de repórter na sala oposta, você não quer outro escândalo.

–Eu tenho que falar com ela Ric, eu tenho que... Deus.

–Agora não é o momento. Se acalma. – ele me solta aos poucos.

–Devemos voltar para o salão, isso foi uma confusão desnecessária. – ouço a voz de Rose e me viro para ela, ela engole e arregala os olhos e Ric segura meu braço outra vez.

–Escuta bem uma coisa Rose, você frequenta a minha casa e está presente nela por causa de minha filha, por que eu quero compensar ela dos anos que você faltou, por que eu acho que ela merece isso. Mas escuta uma coisa, eu não quero mais nada com você. Elena é a mulher que eu amo. E se eu não estou com ela, é por que eu tenho certeza que ele merece coisa melhor que eu. Se você sonhar em fazer algo contra ela eu juro pelos meus pais que eu acabo com você, te jogo na sarjeta e você nunca mais vai ver a Sofia. Você está ouvindo? – ela dá de ombros.

–Eu não fiz nada, pelo menos não nada que você não quisesse também. Eu vou voltar para o salão. – ela me dá as costas vitoriosa e Alaric me solta, quando eu o encaro ele me olha sério.

–O que diabos aconteceu aqui? – eu respiro fundo. É uma história e tanto.

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Eu entro no quarto, meu coração extremamente apertado eu vago até o closet recém ocupado e então eu abro a gaveta e tudo está lá, eu encaro tudo com fúria, recriminando a minha estupidez. A jaqueta dele que ficou no meu apartamento, alguns recortes de jornal, fotos, o anel que ele me deu, encaro todas aquelas coisas e me sinto finalizada. Pra que tudo isso? Eu não me permitia ser ver livre de nada daquilo, eu andava com estas coisas pra onde quer que eu fosse. Isso ia me acalmar, me manteria mais próxima a ele. De alguma forma é como se ele nunca tivesse ido. Eu ainda conseguia sentir ele ali e quase o seu cheiro naquela peça de roupa, mas agora eu só achava aquilo tudo ridículo, desnecessário. Um peso morto, que não me deixava seguir com minha vida, mas que agora precisava sumir, ele não vai voltar.

Eu agarro todas aquelas lembranças, elas tem que sumir, caminho até a lareira no quarto, acendo as chamas e uma a uma, eu me livro de tudo, elas estavam esperando por ele, no caso de ele volta pra mim, mas ele não vai. Ele está bem, e agora, eu também tenho que ficar.

(Leiam ouvindo In Case. – Demi LoVato)- https://www.youtube.com/watch?v=2Rhdq7c5ze0

Fotos no meu bolso

Estão desbotadas da máquina de lavar

Eu mal consigo reconhecer o seu rosto

Comida que você guardou para depois

Na minha geladeira

Faz muito tempo desde que o "depois" nunca chegou

Seu olhar dentro do meu, seu sorriso em minha mente, abro meus olhos e vejo as chamas tomarem conta de cada momento que resolvemos registrar juntos... A matéria da imprensa sobre nossa relação, tudo é cinzas agora...

Eu sei

Um dia eventualmente

Sim, eu sei

Um dia eu tenho que deixar tudo ir

Mas eu guardo, apenas no caso

Sim, eu guardo, apenas no caso

Uma das rosas brancas de seu primeiro pedido de desculpas, aquele buque maravilhoso...

No caso de você não achar o que estava procurando

No caso de você estar sentindo falta do que teve antes

No caso de você mudar de ideia, eu vou estar esperando aqui

No caso de você apenas querer vir para casa

A gravata borboleta esquecida no meu apartamento depois da festa da Krhomos, quando eu fui dele pela primeira vez...

Forte o suficiente para lhe deixar

Mas fraca o suficiente precisar de você

Cuidadosa o suficiente para deixar você ir embora

Eu peguei aquele casaco sujo

Do lixo bem onde você o deixou

Porque eu não poderia suportar vê-lo ir para o lixo

Sua jaqueta, a minha favorita, ela também, tantas noites eu dormi com ela imaginando que ele passaria pela porta a qualquer momento e assumiria o seu lugar na cama ao meu lado...

Eu sei

Um dia eventualmente

Sim, eu sei

Um dia eu tenho que deixar tudo ir

Mas eu guardo, apenas no caso

Sim, eu guardo, apenas no caso

No caso de você não achar o que estava procurando

No caso de você sentir falta do que teve antes

No caso de você mudar de ideia

No caso de você apenas querer vir para casa

No caso de você olhar no espelho, um dia

E sentir falta dos meus braços, da maneira como eles se agarravam a sua cintura

Eu digo que você pode me amar novamente

Mesmo que não seja o caso

O calor do seu corpo, sua boca em minha pele, tudo estremece dentro de mim com estas lembranças...

Oh, você não ache o que estava procurando

Oh, você está sentindo falta do meu amor

Você não ache o que estava procurando

No caso de você sentir falta do que teve antes

No caso de você mudar de ideia, eu estarei esperando

No caso de você apenas querer vir para casa

No caso, sim

Era hora de deixar ele ir, era hora de ficar tudo para trás, era hora de seguir em frente.

...