Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 32
Tudo se resolve com diálogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!!!
Mais de um mês sem atualização e eu sei que vocês querem me matar. Perdão mesmo. Teve de tudo no meio da postagem, congresso, doença, falta de internet, prova,falecimento de parentes queridos. Mas eu voltei!!! Estou aqui com este cap complexo e cheio de coisas interessantes pras vocês.
Estou feliz pelos meus 132 leitores - até o momento...
80 favoritações e gi castro, obrigada pela recomendação e tenho mais uma primeira vez aqui. Obrigada a todos. Desculpem mesmo a demora. Espero que não tenham desistido de ELE porque eu não desisti. ^^
Boa leitura!



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Como Damon me pediu fui acordar a Sofia. A ligação do Elijah não saia da minha cabeça. Eu realmente me odeio por ainda estar considerando todas as mentiras que ele falou, mas ele realmente está na vida de Damon a mais tempo e sabia como ele se comporta comigo quando nervoso e isso é o que me intriga.

-Você acordou bem estranha hoje hein?! – a voz de Sofia me traz de volta. – Brigou com o Damon? – ela pergunta intrigada, começando a se preparar para o banho, eu estou em sua cama e apenas nego com a cabeça. Remexo-me ao pensar sobre uma coisa. Sofia conhece muito sobre o pai...

-Sofia... – começo chamando sua atenção, ela me olha enquanto se envolve no roupão. – Como era o casamento do seu pai com a Andie? – ela me encara estranha e eu me sinto estranha, porque não sei de onde surgiu esta pergunta.  Eu sei, mas não sei o que espero ouvir.

-Como assim? – ela fala prestando mais atenção na conversa.

-Eles brigavam muito? – pergunto dando de ombros e encarando minhas mãos.

-Não, eles quase nunca brigavam. Andie era muito paciente, lembro-me bem, ela sempre ficava defendendo ele. – ela responde de forma natural e empolgada, sentando ao meu lado na cama. Continua. – Com Rebekah ele brigava mais, porque ao contrário da Andie ela cobrava muito dele. Eu gosto muito das duas. Uma coisa que Damon sabe fazer bem, além de aparatos tecnológicos, é escolher mulher, - ela fala risonha, me encarando – mas ele realmente não lida bem com cobranças. Talvez ele tenha errado com a Rosalie no quesito mulher, mas cá entre nós Elena, com você é que ele menos briga. – fico surpresa com a sua fala, porque sinceramente Damon e eu brigamos muito, por tudo e nada.

-Entendi. – suspiro, ela me olha curiosa.

-Por que isso agora? Brigaram por ciúmes? Porque sei que ele é bem chato neste assunto. Você também já sabe.

-Não, apenas... Eu acho bonito o fato deles ainda manterem uma amizade, Andie, Rebekah, ele, até mesmo com sua mãe, mas... – hesito, porque estou perdida e não sei onde isso me incomoda exatamente.

-Você acha que elas deveriam estar tipo em outras vidas, outros caminhos e bem longe dele. – ela completa e me olha, estou de boca aberta certamente, ela é uma espécie de piguimeu?– Olha Elena, Andie é a mãe que eu não tive e é meio difícil eu me afastar dela e ela de mim, ainda mais porque ela não pode ter filhos. – hein? – E Rebekah era uma moça boba e totalmente dependente de Damon, foi algo muito rápido e intenso e ele a tem principalmente como uma mulher que ele precisa cuidar, assim como ainda cuida da minha mãe, eu acho. A verdade é que ele não costuma se afastar de quem gosta, pelo contrário, ele quer ter sempre perto e sob controle.

-Isso eu já percebi. – volto a suspirar. – Melhor você se apressar, vou voltar pro quarto e tomar meu banho, nos vemos em meia hora. – dou um beijo em seu rosto e vou me dirigindo pra porta, quando toco a maçaneta ela me chama.

-Elena... Damon é estranho, calado, frio, mas também é atencioso, possessivo, falastrão. Ele é confuso, mas ele é muito transparente quando ama. E ele te ama. – sorrio e agradeço surdamente pra ela que sorri e eu saio do quarto e no caminho de volta pro meu eu perco o sorriso. Confuso... Sim! Ele é confuso e me confunde.

Estou de volta no quarto e não o vejo, ele já saiu do banheiro e quando estou me despindo para entrar no banheiro ouço sua voz vinda da varanda do quarto.

-Certo... Você tem carta branca, estou de férias disto... Entendo... Não se preocupe, vai dar certo, Alaric estará pronto pra te gerenciar nestas questões... Pode me ligar sim... Abraço. – ele se volta pra mim com um riso bobo no rosto e eu estou curiosa. Ele acena o iphone para mim. – Stefan está um pouco tenso com a empresa. – não consegue esconder o riso orgulhoso de que o irmão e a Salvatore não funcionam sem ele.

-Ele vai se adaptar, não teria confiado a empresa a ele se não estivesse seguro disto. – falo e ele sorri, se aproximando de mim e envolve suas mãos em minha cintura, seu cheiro está embriagador, ainda de roupão e cabelos molhados.

-Está se sentindo melhor? – me pergunta enquanto se inclina e deposita em minha testa um beijo casto. Isso foi a coisa mais gostosa de toda esta manhã horrenda e me faz relaxar um pouco, me entrego ao abraço e afundo meu rosto em seu peito exposto respirando fundo. – Elena?! – sua voz fica tensa porque não respondo. Tudo bem Elena, pare com isto! Você está ficando tensa, deixando Damon tenso e estragando o início da viagem de vocês e tudo pelo o que? Pelo idiota e sem caráter do Elijah? Acorde!

-Estou bem, eu realmente me aborreci, mas foi só isso. Odeio que me acordem e ainda mais pra nada. – falo e depois o encaro e ele está com a testa franzida, eu repito o gesto que ele adora fazer comigo e guio meu dedo indicador direito até a ruga de seu cenho e ele sorri.

-Você é muito mal humorada. – ele ironiza e aperta a minha cintura, eu sorrio.

-Eu acho que venho aprendendo com alguém em especial. – ele brinca com uma expressão pensativa.

-Fico imaginando quem é... – fala e sorri.

-O que tem em mente pra hoje? – pergunto curiosa porque não faço ideia do roteiro que ele preparou.

-Vou deixar você e Sofia se divertirem com seus cartões de crédito pela manhã, depois vamos almoçar, a tarde eu e você vamos visitar alguns vinhedos e minha filha certamente irá preferir ficar na piscina do hotel, eu já contratei uma equipe de segurança pra ela, de um amigo meu daqui, eles irão ficar de olho nela e a noite eu pensei em um jantar, nós três e depois cama.

-Tentador. Acho que sua filha vai gostar e muito.

-Eu também. – ele me dá um selinho estalado e se afasta. – Agora vai pro banho, temos vinte minutos pro café da manhã. – fala mandão.

-Certo... – ergo as mãos em derrota e vou à direção do banheiro.

...

Passamos a manhã nas compras, depois fomos almoçar e tudo estava do jeito que Damon me descreveu. Os seguranças que ele contratou eram profissionais bastante discretos que agradaram até a Sofia, que inicialmente detestou a ideia, mas era realmente necessário e ela sabia, tanto para a sua segurança como para a sanidade mental do pai.

No final da tarde estávamos terminando a visita ao vinhedo, foi muito interessante conhecer intimamente a produção de vinhos maravilhosos, e era um clima e lugar bastante inspiradores, Damon insistiu para que percorrêssemos o local à cavalo, o que eu protestei, é claro, ele acabou desistindo.

 Indo na direção do carro que Damon alugou para esta viagem, eu estava em paz, era como se nada tivesse acontecido, eu quase não lembrava mais do nome Elijah e nem de suas intrigas.  Damon assume o volante, eu coloco o cinto de segurança e ele encara a tela do iphone dele que estava em um suporte no carro e o retira, checa alguma coisa e empalidece imediatamente.

-O que foi? – pergunto um tanto tensa e ele engole e não me responde, nem me encara. – Damon?! – ele me olha, confusão e fúria mesclados em seu olhar, estou assustada eu acho, ele pisca.

-Stefan está se enrolando um pouco. – ele fala guardando o iphone e ligando o carro, passa o cinto e solta a respiração.

-Algum problema?

-Não sei ainda. – ele fala com olhar distante e sombrio enquanto o carro começa a se mover.

-Você ficou pálido e...

-Elena eu estou bem, apenas estou chateado, achei que não teria nenhum aborrecimento quanto a isto. –ele me corta em tom hostil.

-Não vejo motivo pra ficar sem cor e rude. Eu apenas quero entender, você mudou do nada. – retruco.

-Bem, pelo menos agora você entende a minha posição esta manhã. Eu estava na mesma situação que você se encontra agora e mesmo assim... – ele rebate e eu em calo. O clima ficou pesado e sufocante do nada e voltamos todo o resto do caminho em silêncio. Droga! Com ele será sempre tudo assim? De um dia maravilhoso e romântico a um fim de tarde tenso e cheio de farpas? Suspiro.

De volta ao hotel Damon vai até a varanda e se joga na frente do seu notebook. Reviro os olhos e sigo pra o banheiro. Eu achei que ele ficaria longe destes aborrecimentos da empresa, mas tão difícil quanto tentar entendê-lo é fazer ele se separar da Salvatore. Preciso de um banho.

...

Salvatore D. : Como você acha que eu deveria reagir?

Saltzman A. : Você não tem certeza Damon.

Salvatore D. : Não é o que a mensagem diz Ric. Elena mentiu pra mim. E você ainda duvida que é o Mikaelson?!

Saltzman A. : O que exatamente diz a mensagem?

Salvatoe D. : ‘Elena ficou muito abalada com o que eu falei esta manhã. Ela te contou? O que você não conta pra ela Damon?!’

Saltzman A. : É, isso parece o Elijah pra mim.

Salvatore D. : Obrigado por me dar razão! Elena me escondeu a ligação. O que me faz pensar a quanto tempo eles estão nesta de ligar um pro outro e fazer confissões.

SaltzmanA. : É exatamente o que ele quer que você pense. Não cai na dele.

SaltzmanA. : Se preocupe com o que ele pode ter dito a Elena, Elijah sabe jogar Damon, você o conhece, ele quer Elena e não vai parar.

Salvatore D. : O que quer que eu faça?

Saltzman A. : Mostre a mensagem a ela e peça pra conversarem, pra ela te dizer o que exatamente ele disse, esclareça as coisas com ela.

Salvatore D. : Não. Deixa,eu quero dar corda a ela. Vou voltar a perguntar sobre a ligação, se ela não me falar então saberei que realmente mente pra mim.

Saltzman A.: Não, fala pra ela. Mostra!

Salvatore D. : Não!

Saltzman A. : Damon...!

Salvatore D. : Fim de papo Ric.

Eu fecho a conversa antes que ele possa responder, meu iphone vibra e eu ignoro a sua insistência. Vai ser do meu jeito. Vamos ver o quanto Elena pode mentir pra mim.

...

Depois do meu banho eu não encontro Damon no quarto, o procuro e só encontro um bilhete na mesa de canto da sala.

“Estarei esperando no bar. Não atrasem!”

Termino de me arrumar e fico pensando no seu humor nada legal, que transparece até pelo bilhete que me deixou. Damon é um verdadeiro mutante no quesito senso de humor. Vou me arrumar e ao terminar passo no quarto de Sofia. Ela abre a porta pra mim e sinaliza que está ao celular, bem empolgada por sinal, quando termina e volta sua atenção pra mim, sei exatamente qual é o tema.

-Heitor vai estar com uns amigos numa boate bem próxima daqui. – seus olhos faíscam. – Será que não poderíamos passar por lá um pouquinho?

-O garoto do avião? – ela afirma - Tem que falar com seu pai. – simplifico.

-Eu vou, quer dizer... Vou mencionar algo, mas... – morde o lábio - Uma ajudinha seria legal. – reviro os olhos.

-Não prometo nada, por alguma razão o humor dele está péssimo. – falo e suspiro, enquanto ela guarda o celular na bolsa e me segue até a saída do quarto.

-Brigaram?

-Não. E isso é o mais estranho, ele mudou do nada. Estava bem, e então... – ela revira os olhos, e acho que faço o mesmo. Seguimos pro elevador e ela estranha.

-Onde ele está?

-Esperando no bar. – a expressão de Sofia diz: ‘a coisa está feia.’ E eu nem sei por que.

Encontramos Damon no bar e ele rapidamente lança um olhar mortal pra filha.

-O que você está vestindo? A roupa da pequena polergarzinha?! – engulo o riso. – Sabe que não vai sair assim.

-Bem, é uma estratégia. Você é uma pessoa que segue uma certa ordem interna e não vai querer corromper isto, atrasando nosso jantar. Além do mais este é um Chanel, perfeito pra balada.

-Que balada? – Damon pergunta quase exasperado.

-A que você vai me levar depois do jantar. Certo, Elena? – nossa como ela é sutil. Damon me encara automaticamente, fúria nos olhos.

-O que mais você planeja ou faz nas minhas costas? – eu estou confusa e não gostei da insinuação.

-É apenas uma boate, onde sua filha quer encontrar uns amigos.

-Como pode ter amigos em Roma? – ele encara a filha que dá de ombros e Damon arregala os olhos, parecendo acabar de ter uma revelação. – Nem pensar. – ele fala.

-Qual é Damon...

-Não me chame assim. E nem pense que eu irei deixar você numa balada com um garoto que você conversou por apenas horas num voo até Roma, sem chances. – Sofia faz bico e me olha.

-Damon...

-Não! – ele me para – Já falei com você sobre isso, da minha filha cuido eu. Agora vamos, temos reservas.

Ele sinaliza para a saída do bar e Sofia bate o pé e sai, eu bem atrás dela e Damon nos seguindo. Pergunto-me onde estão os seguranças agora, e noto dois homens perto do carro que vamos sair.

Damon assume o volante e quando chegamos ao restaurante, ele fica tagarelando sobre a história do local e tudo mais. É incrível o envolvimento dele nestes assuntos. Sofia está chateada e ele percebe, claro, eu ainda estou perdida com seu humor e sua insinuação.

-Não seja infantil Sofia. Não vou mudar de opinião por esta sua cara.

-Quero conhecer pessoas novas, fora aqueles mauricinhos do meu colégio. Pai, por favor, vai ser legal. Você vai estar lá e aqueles Cara pálida da segurança também, nem vamos precisar ficar muito tempo. Só me deixe mostrar que sou mais que uma filhinha de papai.

-É o que você é. – ele fala numa tentativa de piada. – Certo, foi horrível. Apenas uma hora. – ele cede. - E depois voltamos pro hotel. Fica longe?

-Está falando sério? – Sofia ofega incrédula. Damon apenas assenti. – A duas quadras do hotel. – diz sorrindo.

-Bom, termine de comer e saímos. Já é bem tarde. – ele fala olhando seu relógio e Sofia pisca pra mim. Eu realmente estou surpresa. Encaro Damon que está centrado em sua comida. Então eu percebo. Durante toda a noite, todos os seus comentários competentes sobre a comida e o local eram dirigidos à filha. Ele mal me olhou. O que eu fiz?

...

Estou cansada, e meio magoada. Foi um dia ruim pra mim. E certamente o que Damon ficou sabendo sobre a Salvatore estragou o dia pra ele. Adoraria saber o que aconteceu, o que dizia a mensagem em seu iphone.

Chegamos na boate, procuramos uma mesa e sentamos. Sofia se comunica com o amigo que logo aparece onde estamos, ele cumprimenta a mim e Damon. Eles ficam conversando um pouco, perto de nós, mas logo saem para uma dança. Sofia conhece o pai e não se distancia tanto de nós. Dá pra ver bem ela na pista. Eu encaro Damon, ele está tomando um gim. Sério e distante.

-Vai me contar o que aconteceu? – eu grito por cima da música estridente ao nosso redor e ele me encara sério. Toma um gole decidido e ao descansar o copo no balcão me encara.

-Quem te ligou hoje pela manhã Elena? – oh, isso outra vez não? – Última chance! – ele enfatiza, e por sua insistência e ameaça, concluo que sabe de algo. Certamente. Elijah!

-Não teve importância.

-Quem foi?

-Eu sei que você já sabe. Eu não quero falar disto.

-Bom, eu quero que você fale. Quero que pare de mentir pra mim. De me esconder coisas.

-Bem, este era o tema abordado pela pessoa. Você mente pra mim, me esconde coisas.

-Ah, e você acreditou?

-Não. Foi exatamente por isto que eu me exaltei. Não acredito em nada do que ele falou, mas...

-Ora, um ‘mas...’

-Para Damon! Ele sabe que você me machucou.

-Ele é um idiota. Que acha que sabe tudo.

-Você me machucou e foi algo íntimo. Como ele pode saber que você age assim e não saber mais que eu? Ele... me deixou intrigada.

-Não é lugar pra gente conversar. Vem! – ele fala se erguendo e me puxando bruscamente da cadeira, acena ao longe para os seguranças. Um segue-nos, o outro, fica por Sofia, estamos indo na direção do carro. Damon abre a porta de trás e acena pra que eu entre, em seguida me segue. Bate a porta com força e me faz pular de susto. – O que ele te disse?

-Que você é perigoso, que eu não te conheço, que você não é honesto e que eu deveria dar ouvidos a ele, pelo menos prestar atenção no que ele me diz, porque eu sei que tem algo estranho com você, pois você me machuca. – ele leva as mãos ao cabelo e fecha os olhos, como se buscando equilíbrio.

-Elijah quer você. Ele realmente gosta de você, ou não estaria jogando conosco. Ele me fez saber da ligação. Ele sabia que você ia esconder de mim. É por isso que tem que me contar tudo. – ele suspira e me olha, deste o momento da vinícola até agora é quando o sinto mais calmo, contido e não a ponto de explodir como antes. – Eu sei que o que ele disse mexeu com você. Eu realmente quero falar sobre isso com você. Mas eu peço que confie em mim. Ele está trabalhando pesado com isso, muito engenhoso. Ele não vai parar.

-Eu peço o mesmo, - me inclino pra perto dele e procuro seu rosto. – A mensagem que ele te mandou fez você ficar mal humorado comigo o resto do dia, e até me tratar mal, me ignorar. – ele segura minha mão e rola os olhos. Está desconfortável.

-Estava com raiva, porque você mentiu pra mim. Estava esperando você falar comigo. Cada segundo que você continuava mantendo a mentira eu... Foi uma forma de me conter, não quero discutir com você. Não quero deixar o Elijah se meter na nossa viagem, estragar minhas férias ou nosso relacionamento. Elena, eu amo você.

-Eu também te amo. – falo com sinceridade, mas ele não suaviza, está tenso, inquieto; - Amor, eu não vou permitir isto também.

-Tem alguma coisa errada. – ele fala do nada e me deixa perdida.

-O que foi?

- Estou sem ar. – ele fala saindo do carro de supetão e me deixando paralisada, movo-me assim que posso.

-Damon? – pergunto indo pra cima dele.

-Meu coração está disparado... – ele ofega. Não!

-Calma! Vamos voltar. Você tomou seu remédio?

-É o problema, não está surtindo efeito algum.

-Os remédios? – ele afirma afrouxando o nó da gravata. -Trocamos então.

-Sabe que são manipulados Elena. – ele se inquieta ainda mais, andando em círculos.

-Achamos uma farmácia que manipule então.

-Não fazem sem o receituário, não tenho o receituário.

-Peça para a Katherine mandar por sedex. Quer que eu ligue. – ele afirma. – Vem! – puxo ele de volta pro carro, está pálido e puxando o ar, meu peito está agitado, sinto seu coração quase saltar, está pulando. – Não enfarte, pelo amor de Deus!

-Não vou – solta abafado e se joga no banco. – Vá atrás da minha filha. – fala e seu tom é incrivelmente mandão.

Faço isso, apresso Sofia, que reluta, mas quando falo sobre o pai ela empalidece e se despede doas amigos. Quando estamos de volta no hotel seguimos para os nossos quartos, Damon se recusou a ir ao hospital. Aos poucos pareceu mais calmo. Ele se dirige pro banho e depois eu também, quando o encontro na cama ele está com Sofia no iphone, a acalmando e desejando boa noite. Me junto a ele, deitando ao seu lado.

-Você checou a validade dos remédios? – ele me olha, uma expressão obvia.

-Está tudo certo. Eu devo ter adquirido uma resistência a toxina. Vou falar com meu médico assim que voltarmos. – eu suspiro, certamente todo o aborrecimento ‘Elijah’ influenciou nisso. Procuro seu abraço e ele me recebe em seu peito, eu me aninho a ele, me sentindo uma tola.

-Me desculpe. – suspiro.

-Pelo que? – ele bufa.

-Eu deveria ter te falado a verdade. – ele respira fundo e beija o topo da minha cabeça.

-Esqueça isso Elena, eu esquecerei. Vamos desfrutar desta viagem. – eu o encaro. Ele é tão lindo, e tem se mostrado tão paciente, compreensivo, apesar de tudo, ele está se esforçando muito por nós. Devagar eu me debruço chegando mais perto de sua face e o beijo. Damon responde agarrando minha nuca e me fazendo parar embaixo dele.

Damon me encara, e ficamos assim por alguns segundos, em silêncio, ele afaga meu rosto.

-Eu amo você. – ele fala outra vez e me faz sorrir. Beija minha testa. – Vamos dormir, foi um dia longo.

-Sim, vamos. – falo e ele me dá um selinho e nos acomodamos para dormir.

Não demorou muito pra inconsciência nos atingir, meu corpo pedia descanso, mas eu ainda o vi adormecer. Eu sempre adorarei isto.

...

-Elena se nega a atender números desconhecidos.

-Pelo menos estão conversando agora. Você se sente bem melhor não?

-Sim, ontem foi um dia perfeito. Sofia resolveu ficar a manhã e tarde no hotel e Elena e eu pudemos desfrutar e a noite foi da Sofia que se divertiu com os novos amigos. Ela está sempre marcando algo com o menino.

-Ela parece animada com o rapaz.

-Nem começa Alaric.

-Me desculpe te deixar a par do obvio amigo, mas sua filha vai namorar, um dia.

-Que ainda está bem longe.

-Só porque você quer.

Elena surge na minha frente e sinaliza que está pronta e faz cara feia pra mim.

-É o Alaric. – eu me defendo, ela está bem severa em me afastar da Salvatore. – Tenho que desligar.

-Entendo, sua mãe está chamando. Está ficando mole amigo.

-Só porque você quer. – ele gargalha e eu sorrio desligando.

-Vocês parecem irmãos. – Elena comenta. Eu vou até ela, está linda e usa um perfume divino, não resisto e ao abraçá-la inalo seu cheiro e deposito um beijo em seu pescoço. Sinto como reage e me faz sorrir.

-Ele é um irmão. Mais velho, metido e controlador. – falo enquanto a beijo na face, orelha, canto dos lábios. Estamos prontos para um passeio na cidade do Vaticano.

-Você parece tão animado... O que está aprontando?

-Vou fazer o mesmo roteiro que segue o filme Anjos e Demônios, muito embora eu tenha a certeza de que não serei autorizado a entrar nos arquivos subterrâneos do Vaticano. – ela sorri com minha piada. – Quero visitar cada igreja, os templos da terra, água, fogo e ar.

-Parece instrutivo. – ela franze os lábios e a beijo.

-Sim, Sofia irá adorar.

-Eu adorei.

-Vamos?

-Sim!

...

O dia de ontem foi perfeito, e hoje essa visita ao Vaticano parecia ser o ponto alto da viagem pra Damon, ele estava bem empolgado. Estávamos visitando a segunda igreja quando meu celular volta a tocar. Novamente sem identificação. Bufo. Não quero te ouvir senhor intriga. Desligo.

- Ele é insistente. – Damon fala me olhando.

-Quem é insistente? -Sofia pergunta meio perdida. Outra coisa legal é que ela trouxe seu novo amigo. Damon não esconde que não gosta de Heitor Martin, mas ele o tolera pelo fato de ser tão interessado em tecnologia. Damon chegou a admitir que ele é inteligente pra idade. O que me faz sorrir ainda mais.

-Um idiota que está cercando Elena. Não que ela ligue pra ele.

-E este tom foi muito ciumento Damon. – Sofia pisca pra mim.

-Não gosto de dividir o que é meu, não é nenhuma novidade. – ele encara o rapaz ao lado de Sofia que engole seco e eu o cotovelo. Ele adora amedrontar o rapaz. E de certa forma, isso me lembra o feriado de ação de graças. Ele é um aprendiz do meu pai.

Seguimos com o passeio e estou feliz vendo que Damon está bem melhor depois que trocamos seus remédios. Pelo menos ele não queixou-se mais de falta de ar ou coração descompassado e agora sim, começamos a desfrutar desta viagem como deveríamos.

...

-Você serve pra alguma coisa Elijah?

-Não seja petulante Rosalie. Eu liguei, falei o suficiente pra deixar ela cheia de conflitos, mandei uma mensagem pra ele. Mas não recebi nenhuma resposta e agora ela não me atende.

-Temos que pensar em algo mais eficaz. Você precisa continuar insistindo com a Elena, precisamos que ela saia pra uma conversa com você. Mande sms já que ela não te responde. Continue com o plano e quando eles voltarem eu darei um jeito. Se pelo menos soubéssemos como estão as coisas com os remédios.

-Caroline me falou sobre isto. Não deu certo. Ele percebeu e trocou os medicamentos, quando voltar irá passar no médico.

-Bom, eu sabia que isto poderia acontecer, por isso estou agindo para a volta deles. Acredito que depois do que tenho em mente, Damon não queira saber nada da sua querida por um tempo e eu ainda vou ter ele fora de circulação.

-Eu espero que você tenha desistido de matá-lo.

-Não. E você não deveria se importar.

-Eu me importo. Um tempo atrás fomos muito bons amigos.

-Isso faz muito tempo mesmo Elijah. Quando você ainda conseguia ser mais atraente que Damon.

-Não deveríamos chegar a extremos.

-Você quer a garota, e eu, o dinheiro. Minhas medidas estão corretas.

-Não conte comigo para isto, apenas vou ajudá-la a separá-los.

-Que mais eu deveria esperar de você? Eu cuido do resto.

...

-Pai, vamos observar a vista dali. – Sofia aponta pra uma ponte diante de nós. Paramos para almoçar, um lugar lindo.

-Juízo. – é só o que ele diz, ela rola os olhos.

-Estarei diante de você. – fala e puxa o garoto ao seu lado que sai da mesa com um sorriso amarelo.

-Estou impressionada. – chamo a atenção de Damon que observa a filha se afastar.

-O que? – me olha confuso.

-Você está cedendo... – ele revira os olhos.

-Sempre cedo com a Sofia e você sabe disso. Ela tem tudo o que quer de mim. Ou quase isso, mas ela mereceu isso. As vezes ela é mais racional que eu. – termina sem disfarçar o tom de orgulho e é verdade.

-Ela é uma jovem muito inteligente e sensata.

-Devo isto a mãe dela. – ele fala olhando o nada. – A de verdade. – ele completa me olhando e sei que está falando de Andie.

-Sofia me falou que Andie não podia ter filhos. – ele me olha, minha voz saiu baixa.

-É verdade. Estivemos tentando no segundo ano do casamento. Quando descobrimos o problema dela eu tentei a convencer de adotar, mas... Bem, ela sabia do meu desejo em ter outro filho e não queria me tirar isto. Discutimos muito sobre por um tempo. No final ela acabou separando-se de mim.

-Sofia também me contou que é comigo que você briga menos, dentre ela e Rebekah. – ele me olha curioso, não entendendo onde quero chegar com a conversa.

-Esteve perguntando sobre minhas antigas relações senhorita Gilbert?

-Bem, é um assunto que me interessa, não acha?

-Certamente, mas seria melhor ouvir de uma fonte mais segura.

-Essa suposta fonte não é muito conversadora. – ele sorri torto.

-Pode me perguntar o que quiser.

Aí esta a minha chance...

-Por que você fica nervoso e me machuca? – ele empalidece.

-Achei que tinha deixado de lado o que aquele bastardo te disse.

-E deixei, mas é uma... Curiosidade. É bastante compreensível, você não acha? – ele se remexe desconfortável.

-Não gosto que me escondam coisas, ou que não sejam sinceros comigo. Todas as vezes que aconteceu você fez algo assim.

-Está justificando? – pergunto incrédula.

-Não, - ele me olha impaciente – estou tentando responder sua pergunta.

-Não justifica Damon, você está me dizendo que é natural ficar agressivo quando fica contrariado? Isso visivelmente não é normal.

-Não, não é. Eu... Estou para voltar à terapia. Apenas não lido bem com perdas.

-Fazia terapia?

-Antes de me casar com Andie. Eu nunca agi assim com ela, já com Rebekah... Piorou com você, eu realmente não sei ao certo o por que, mas eu...  – ele não termina - Faço terapia pra tentar entender, descobrir. – estou de boca aberta. Nem ele mesmo sabe o que tem, deve se sentir tão confuso quanto eu, e isso é triste. Ele está triste. Não quero estragar este dia perfeito com minhas perguntas.

-Teremos tempo para conversar sobre isto Damon. – ele me olha.

-Teremos? – me pergunta, engolindo seco. Seu tom me deixa inquieta.

-Claro que teremos. Não irei a lugar algum, a menos que você queira que eu vá.

-Não quero.

-Nem eu. – me aproximo e lhe dou um beijo. Quando nos afastamos prestamos atenção em Sofia e Damon se alarma ao perceber que não éramos apenas nós aproveitando o clima a nossa volta. Sofia está abraçada a Heitor, que lhe prende forte pelas costas enquanto beija o topo de sua cabeça. É tão lindo e fofo. Vejo Damon se mover e o seguro, ele encara minha mão com a testa enrugada. – Deixa eles. – peço.

-Elena... – eu o impeço de falar o puxando de volta pra cadeira, me inclino contra ele e de novo o beijo.

– Deixa. – sussurro após o beijo.

-Golpe baixo. – ele fala sorrindo.

-Eu sei. Como também sei que você não queria ir até lá. É apenas sua necessidade descartável de macho alfa. – ele gargalha.

-Não sei se posso me acostumar com isso. – ele suspira. – Como ela cresceu tão rápido?

-Não sei senhor Dogs. – falo o olhando de canto.

-Senhor Dogs? – seu tom está divertido.

-Você está parecendo o meu pai. Sua tática é ser um terror a ponto dela ter medo de levar algum garoto até sua casa?

-Acho que ela pulou esta fase. – sorrimos. – Mas eu não culpo seu pai. Assim como eu com Sofia, ele não queria sua filha metida com um qualquer.

-Não mesmo.

Ficamos abraçados por um tempo. Depois fomos até Sofia.

-Vamos. – Damon falou fazendo a filha se sobressaltar e o garoto a soltar de imediato.

-Vamos pai. – ela fala meio sem jeito.

Eu pisco para ela e vamos o quatro no carro, os seguranças estão em outro. Quando chegamos no veículo Damon se vira pra mim.

-Vá atrás com ela. – fala e Sofia me olha apreensiva, eu apenas dou de ombros. E entramos no banco de trás. – Venha comigo na frente rapaz. – ele diz pra Heitor que entra sem hesitar. Vejo Sofia tensa e eu estou também. O que ele tem em mente?

Damon liga o carro e estamos voltando para o hotel. Saindo da cidade do vaticano depois de uma visita memorável.

-E então Heitor... – Damon começa. Ah! O famoso interrogatório. – Você estuda?

-Segundo ano de universidade senhor. – o rapaz responde normalmente.

-Damon. Eu prefiro assim. – Damon testa seu melhor tom.

-Certo, Damon.

-Universidade? Quantos anos tem? – rolo os olhos. Sei onde quer chegar.

-Vou fazer vinte próximo mês.

-Sofia acabou de fazer quinze. Achei que você fosse mais novo.

Eu também...

-Bem, eu sou baixinho. – o garoto tem senso de humor. Pelo menos.

-Sofia aparenta ter mais idade por ser muito inteligente, mas aposto que você já percebeu isso. Ela não cai em qualquer conversa, nem eu.

-Pai... – Sofia sente a zona proibida. Damon a olha pelo retrovisor e depois encontra meu olhar também.

-O que estuda?

-Eletrônica. – isso explica muito.

-Hum... Tem em mente trabalhar na área ou é só um hobe?

-Pretendo trabalhar.

-Ótimo. Você é jovem. Estagia?

-Ainda não.

-Gostaria?

-Muito, mas depois de procurar algumas empresas da área eu resolvi adiar, eles acharam que ainda não estou pronto.

-Entendo... – Damon hesita e estou lhe olhando curiosa. Sofia atenta. – Bem, eu estarei de volta a Nova Yorque na próxima segunda. – Damon hesita e olha por rapaz que tem toda a atenção nele. – Se quiser aparecer. Temos um ótimo programa lá e acho que você pode se encaixar muito bem. – dá de ombros e faz a minha boca se abrir, encaro Sofia que está paralisada, olhos arregalados. – O que acha? – Damon pergunta. O rapaz gagueja algo incoerente antes de responder.

-Seria... Uau, isso seria realmente maravilhoso, quer dizer, eu adoro o trabalho que a sua empresa desenvolve, principalmente na área de eletrônica.

-Bem, então apareça. – Damon termina a conversa e volta toda a atenção da estrada. Heitor olha pra traz e sorri de orelha a orelha.

-Obrigado senh... Damon. – ele fala afobado. É impossível não sorrir.

-Não agradeça ainda. Você não sabe onde vai se meter e além do mais, quero você embaixo do meu nariz. – ele termina fazendo uma vos severa e Heitor engole. Rolo os olhos. Não tem jeito.

O restante do caminho foi descontraído. Deixamos Heitor em seu hotel e seguimos pro nosso. Quando chegamos perto de nossos quartos foi a vez de Sofia.

-Pai. – ele chamou, fazendo Damon e eu nos voltarmos. – Foi muito legal o que fez pelo Heitor.

-Bem, ele é um rapaz inteligente, eu sempre quero o melhor time comigo e aparentemente você... – ele revira os olhos como se fosse óbvio, sorrimos e ele fica sério – Bom, eu quero ele por perto, bem perto. E ainda não esqueci o fato dele ser mais velho que você.

– Você é mais velho que a Elena. – ela rebate – A mesma diferença de idade.

-Estou de olho em você.

Ela corre até o pai e o abraça.

-Obrigada mesmo. Não sei o que faria se não tivesse você comigo. Quero morrer antes de você.

-Você tinha que estragar o momento falando besteira garota. – Damon repreende.

-Desculpa. – sorri tímida. – Vou tomar banho. Vejo você no restaurante do hotel.

Ela se vai, sorrindo pra mim. Damon me segue até o quarto.

-Você ou eu primeiro. – ele pergunta se livrando do casaco. – Embora eu queira os dois. – fala se referindo ao banho.

-Você. Preciso ligar pra minha mãe e pra Bonnie.

-Tudo bem. – fala e vem me dar um beijo. Depois se afasta.

Corro até o sofá e me jogo. Vasculho minha bolsa e pego o celular. Há algumas mensagens de voz e sms. Escuto a da minha mãe, tem uma de Jeremy, outra de Katherine. Abrindo as mensagens vejo uma de Elijah.  Estou curiosa para saber qual seu próximo passo. Deve estar estranhando a viagem não ter acabado, ou Damon não ter lhe respondido.

“Eu realmente preciso que você me dê uma chance de te contar um pouco do que sei. Você pode achar que é tudo sobre minha competição com Damon, mas é mais sobre você Elena. Não é novidade que eu gosto de você. Acima da minha rixa com ele há o que sinto por você, você precisa saber mais.”

Reviro os olhos, deleto a mensagem e ligo pra minha mãe.

-Olá mamãe.

-Que bom que me ligou querida. Estava preocupada.

-Desculpa. Tenho deixado o celular desligado. Estamos tentando nos distanciar do trabalho e fica mais fácil assim. Como está o papai?

-Bem, o mesmo reclamão de sempre. Daqui a duas semanas é o aniversário dele e dois dias depois o seu, e bem, eu adoraria que você e Damon viessem.

-Eu vou falar com ele mãe, embora eu não ache que ele vá poder ir. Quando voltarmos estaremos muito atarefados, mas eu irei com toda certeza e levarei a Bonnie e talvez a Sofia.

-Isso! Você sabe como ele está mais exigente sobre isso e ele agora sabe que não tem o problema de você não vir por trabalho.

-Sim mãe eu sei. Eu irei.

-Como estão as coisas aí?

-Estão divertidas. Sofia está com um namorado e Damon está ficando careca. – sorrimos.

-Do jeito que ele é ciumento, sinto pena do rapaz.

-Ele está até controlado. Chamou o rapaz para trabalhar com ele na empresa.

-Pura tática. Ele é como seu pai.

-Sei disso, mas pelo menos ele não o colocou para cortar lenha ou o acordou com despertadores escandalosos.

-Ele apenas não teve a chance querida.

-Tenho que desligar.

-Certo. Se cuide. E Elena...

-Sim mãe...

- Te amo. – sorrio.

-Também te amo.

Desligo e já começo a discar o número de Bonnie.

-Recebi o recado do Jeremy. Quando o Tyler vai?

-Acho que no final desta semana.

-O que houve Bonnie?

-Bem, pelo que o Ty contou, foi um acidente de cozinha, como ele está sozinho ele está indo ficar com ele no hospital, mas ele está bem, foram apenas algumas queimaduras. – Matt está hospitalizado, sofreu algumas queimaduras e agora Tyler vai fazer campainha a ele.

-E a irmã dele?

-Então. Ele vai ficar lá até a Victória poder ir até lá, ela está chegando de viagem e a mãe dele você já sabe né? Só preocupada com os seus dramas.

-Tadinho... – Vejo Damon surgir na sala, me olhando confuso. – Temos que ir visitá-lo. Assim que eu voltar de viagem, pegamos um voo até lá, o que acha?

-Perfeito Elena! Quando está de volta?

-Segunda ou terça. – Damon senta ao meu lado.

-Bem, qualquer novidade você me liga, preciso desligar.

-Claro. Mande lembranças ao Damon.

-Certo. Se cuida. Beijo.

-Beijo. – e desliga.

-O que houve? – Damon me encara exigente.

- Bonnie andou lembranças. – ele sorri forçado - Matt sofreu um acidente na cozinha e agora está hospitalizado. Tyler vai ficar com ele enquanto a irmã dele não volta de viagem.

-Que coisa chata. – faz um biquinho frustrado.

-Bonnie e eu vamos visitá-lo assim que voltarmos. – ele franze o cenho.

-Você vai pra Salvatore comigo quando voltarmos, teremos muito trabalho por lá. – ah não!

-Damon, ele é meu amigo. Eu quero saber notícias dele, visitar.

-Ele é seu ex-namorado. – e?...

-E o que tem isso? Se acontecesse algo com a Rebekah ou com a Andie, você faria o mesmo. – ele cerra os olhos pra mim e se acomoda no sofá ficando de frente e deixando de me encarar. Cotovelos nos joelhos.

-É diferente. – fiz friamente.

-Por que? – minha voz sai alta demais.

-Por que elas não sentem nada mais que amizade por mim. Tudo foi devidamente bem acabado, já você com este Matt... – ele deixa solto o que está querendo insinuar?

-Não fala besteira. Acabamos o nosso relacionamento de forma mutua e foi como chegar a uma conclusão, era o melhor pros dois e apenas seguimos em frente, cada um com suas vidas e bem longe um do outro. – ataco.

-O que está insinuando? – ele me encara de forma gelada, engulo, mas tomo coragem.

-Estou dizendo que diferente de você, eu consigo me afastar de meus ex. E agora chegou uma situação que seria muito grosso e injusto de minha parte não ir até ele, acima de tudo somos amigos. Como você e suas ex esposas. – ele não fala nada, sua expressão feroz.

Damon se ergue do sofá. Levo as mãos à cabeça e suspiro. Por que tanto ciúme?

-Damon... – o sigo até o quarto e encontro com ele remexendo nas malas. – Eu aceito como posso o seu relacionamento com a Andie, Rebekah, até mesmo Rose, adoraria que você fizesse o mesmo. – ele me ignora, fingindo não me ver.

-Andie é a mãe da minha filha, é uma figura presente em nossas vidas, assim como Rose embora eu não goste. – ele fala em tom esnobe.

-E Rebekah? – ele hesita...

-Não é a mesma coisa. – abro a boca e solto uma risada sem gosto.

-Por que não? – estou bem irritada.

-Elena você é minha namorada e eu não quero você com ele. – ele fala se voltando pra mim, e está gritando.

-Não faz sentido, eu já expliquei, somos amigos. – ele bufa e me dá as costas. – Damon, você precisa confiar em mim, assim como confio em você. Pare com estas coisas, estas exigências e proibições, não sou sua propriedade.

-Não quero que veja ele. – ele fala em tom mais baixo. Dou de ombros.

-Bem, terá que aprender a lidar com isso, porque eu vou. – ele se vira bruscamente e estou saindo, indo ao banheiro tomar banho.

-Elena... – ele fala ao longe e é a última coisa que escuto antes de bater a porta fortemente.

...

-Como eu consegui me arrumar antes da Elena pai? – Sofia está me olhando, estamos a dez minutos esperando ele no restaurante. Ela não falou mais comigo, antes de sair do quarto eu gritei pra porta do banheiro que estaríamos a esperando. – Pai! – ela grita. – Acorda! O que aconteceu?

-Tivemos uma discussão. – ela revira os olhos.

-Damon, vocês não cansam? O que foi dessa vez?

-Ela ficou aborrecida por que eu não concordei com a ideia dela ir visitar o ex namorado que está em Los Angeles hospitalizado.

-O que tem demais nisso?

-Tem que esse cara é louco por ela. E não a quero perto dele.

-Você é extraordinário. – ele sorri e não vejo graça. – Lá está ela. – Sofia olha pra frente e me faz girar na cadeira. Elena está vindo até nós.

-Desculpem a demora, acho que cochilei na banheira. – fala cabisbaixa enquanto senta.

-Ainda não pedimos. – explico e ela não me olha – Quer beber alguma coisa?

-Água. – fala secamente. Chamo o garçom e faço nossos pedidos. Durante todo o jantar ficamos calados, um clima ruim entre nós. Por que é tão difícil pra ele entender que não consigo imaginá-la com mais ninguém, em qualquer situação.

-Bem, eu tive um dia maravilhoso e vou voltar pro meu quarto antes que vocês consigam estragar ele com este clima pesado. Divirtam-se. – certo, ela quer uma surra. Me olha dando de ombros e levanta. – Boa noite Elena. – fala e vai até ela, dando um beijo em seu rosto, depois vem até mim. – Ela está uma fera. – sussurra e me faz suspirar. Dá um beijo em meu rosto e se vai.

Depois que minha filha se vai fico encarando Elena, em nenhum momento ela me olha, estou mais que inquieto, odeio ficar assim com ela, quando tomo fôlego para lhe falar ela toma a frente.

-Vou ao banheiro, com licença. – antes que eu poça protestar se põe de pé fico a observando se afastar até os banheiros e tomo um gole de meu vinho.

...

Minha cabeça está explodindo. Eu nunca pensei que já tivéssemos superado esta parte chata de nosso relacionamento, mas ele ainda continua ridiculamente ciumento e controlador. Me proibir de ver o Matt? É demais.

Lavo meu rosto e tento me acalmar. Eu o amo este homem, mas tenho que encontrar uma maneira de conviver com suas atitudes, é cada dia mais complicado. Ele sempre foi muito complicado. Saio do banheiro afogada em pensamentos e encarando o chão mal me dou conta do que me atinge. Só sinto o chão gelado em minhas costas.

-Minha nossa, me perdoe. – é uma voz grave.

-Está tudo bem, - ele está estendendo a mão para mim, eu seguro e ele me puxa – eu estava distraída. – falo limpando minha calça e ergo meu olhar.

-Não acredito nisto. – ele fala e eu o reconheço, que coincidência. – Vamos nos encontrar sempre em situações assim?

É o rapaz que me ajudou na noite em que quase fui atropelada. É realmente muito irônico.

-Bem, parece que sim. – falo sem jeito. – Sou Elena.

-Robert. – apertamos as mãos. – Você está bem?

-Sim, foi apenas um tombo. Eu não estava olhando... – estou me sentindo uma idiota.

-Bem, eu estava voltando pra minha mesa. – ele aponta pro restaurante.

-Eu também. – estou nervosa e desajustada. Robert é um homem atraente.

Seguimos juntos.

-De Nova Yorque à Roma, não é um roteiro comum para um reencontro. – sorrio.

-Realmente não. Estou de férias. – explico.

- E eu a trabalho. – fala sorrindo. Avisto Damon que nos olha com certa inquietude, isso renderá mais alguma conversa com o senhor ciúme. Robert acompanha meu olhar, quando volto a encará-lo ele acena com a cabeça. – Lembro dele também. – fala sorrindo.

-Bem, tenho que voltar a mesa. – ele sorri.

-Claro, talvez voltemos a nos esbarrar por aí. Moro em Nova Yorque e não em Roma.

-Sim , claro. Seria um prazer reencontrar você sem estar debruçada ao chão. – sorrimos. Ele se afasta.

-Até breve Elena. – apenas sorrio e volto pra mesa. Ao sentar ao lado de Damon ele me encara.

-Não vai me dizer quem é? – pergunta grosso.

-Não reconheceu?

-Deveria?

-Foi o rapaz que me ajudou na noite que tentei falar com você e quase fui atropelada.

-O que ele faz em Roma? – e eu lá vou saber? Que pergunta...

-Eu não sei.

Damon olha na direção onde o rapaz está. Seu olhar é furioso.

-Ele está te seguindo ou algo assim? – me olha com ironia.

-Se está tão interessado em saber, porque não vai até ele e pergunta? Eu vou subir e dormir, por que estou exausta. – sem hesitar me ergo da mesa e ele fica estático.

Volto pro quarto, estou aborrecida com ele, muito. Já sei de todo o seu temperamento, mas sobre o Matt, me proibir de vê-lo, é um exagero. E agora este surto. Ele pensa que eu tenho um caso com o cara? Que o chamei até aqui? Ele não pensa?

 Entro no banheiro, quero me vestir e me jogar na cama, quanto termino de me livrar de minha calça e camisa, ouço a porta sendo batida, a da entrada, foi um belo ruído. Devagar vou até a porta do banheiro e a fecho. Não quero vê-lo agora.

-Elena! – ouço sua voz quase que de imediato e ignoro. – Não seja infantil. – ele força a maçaneta – Elena, abre a droga desta porta! – ora, pode gritar, eu quero gritar.

-Me deixe em paz Damon, quero terminar de me vestir.

-Elena... Abre! – ele insiste e força mais uma vez a maçaneta.

-Vá embora Damon. Já falei.

Ouço uma pancada contra porta. Isso me faz saltar.

-Nossa! Quanta maturidade. – eu grito pra ele.

Nada ouço em resposta. Escovo meus dentes, ponho uma camisola e volto por quarto, ele não está a vista, não consigo ouvi-lo. Ótimo, menos mal, acho que se estivéssemos um diante do outro não seria muito bom. Me jogo na cama e tento absorver este dia. Eu acho que nunca vou me acostumar com o ritmo de vida perto de Damon, é tudo intenso, frágil, conturbado.

Abro meus olhos lentamente, eu devo ter cochilado, olho o relógio na cabeceira três da manhã. Nossa! É tarde, mas Damon não está na cama. Onde está? Me ergo devagar, ponho o robe e o procuro pelo quarto. Definitivamente ele não está aqui. Pego meu celular e ligo pra ele, não me atende. Certo, não sei o que fazer. Eu tento de novo e de novo, deixo mensagem pra pelo menos me dizer onde está. Depois de quase uma hora tentando e com o desespero começando a me tomar a porta da frente é aberta. Damon.

-Meu Deus! Onde você estava? – pergunto indo até ele. Damon me encara, frio, um olhar de desprezo, sem me responder segue para o quarto, em direção ao banheiro. – Damon, estou falando com você.

-Vou tomar banho e dormir. Com licença. – fala sarcástico e sorri torto. Argh! Que ódio disso. Ele bate a porta. Eu fico na cama sentada o esperando sair. Depois de alguns segundos ele sai.

-Você não estava exausta ou algo assim? – pergunta esnobe vindo pra cama e sentando do seu lado com um creme em mãos.  Ele o abre e começa a espalhar pelas mãos, fazendo uma massagem.

-Onde estava? – ele ignora – Eu acordei, não o vi, já é bem tarde... – ele me olha.

-Você queria espaço, eu te dei. – diz dando de ombros, se livra do creme e se deita. Fico o observando, parada na cama. Demoro um pouco a absorver sua frieza. Ele está fazendo mesmo isso? – Desliga a luz do seu lado da cama, por favor.

Solto um meio sorriso, amargo e de pura incredulidade. Me livro do robe e me deito devagar, desligando a luz no final. Não sei quanto tempo demoro a dormir novamente.

...

Na manhã seguinte, ao me acordar não vejo Damon ao meu lado. Escuto sua voz exaltada na sala. Vou na direção e o vejo em fúria.

-Não Stefan, eu já disse que não. Não é nosso estilo de trabalho. Você sabe... Não!... Stefan, você está tentando me irritar?... Te dei carta branca sim... Mas não para um contrato com a Stark. Faça apenas o que foi incumbido. Isso não é sua decisão. Resolva isso. – desliga – Droga! – está em chamas.

-O que aconteceu? – ele me olha. Olhos vermelhos.

-O Stefan resolveu entrar em um novo contrato com as Indústrias Stark.

-Quando?

-Acabou de ligar pra me avisar. – ele sorri sem graça – Me avisar! Algum dia poderei confiar nele?

-Bem, fique calmo, não pode se exaltar.

-Não me diga o que fazer Elena, sabe que odeio isso.

-A questão não é essa. Sabe que não pode ficar assim, se acalme!

Ele se joga no sofá, devagar eu sento ao seu lado.

-Vamos descer e tomar café. Ele saberá resolver isto.

-Ele deveria ter me consultado.

-Ele sabe Damon.

-Mesmo assim...

-Vamos tomar um banho, então descemos com sua filha e tomamos um belo e reforçado café da manhã.

-Vamos? – ele pergunta erguendo a sobrancelha.

-Sim. Por que? Pode tomar sozinho se preferir eu...

Ele não me deixa terminar, avança contra mim, deitando-me no sofá em um beijo possessivo. Me deixa ofegante, coração acelerado.

-Eu fui totalmente estúpido com você ontem. – ele fala acariciando minha face. – Mas eu realmente não...

-Podemos conversar disso depois? – peço colocando meu dedo em sua boca. – Agora quero cuidar de você e quero uma explicação também, você não me contou por onde esteve mocinho. – ele gargalha enquanto me levanto e estendo-lhe a mão.

-Estou encrencado? – ele pergunta e ao levantar me abraça por trás e beija meu ombro.

-Muito...

...

-Eu adoro tomar banho com você. – Damon está sussurrando em meu ouvido, enquanto deposita beijos leves nele, e morde seu lóbulo.

-Quero conversar com você sobre uma coisa... – ele para o que faz – Mas não agora, mas tarde. – ele suspira.

-Teremos que voltar antes do previsto, eu realmente quero matar meu irmão por isto.

-Quando vamos? Amanhã no final da tarde. É o máximo que posso adiar. Alaric está tentando revogar o contrato pra mim. Não quero nada com as Industrias Stark.

-Por que esta cisma? Você parece ser bem amigo do Jonny...

-Não tenho nada contra ele, apenas a política de trabalho dele não me agrada, as pessoas para quem ele fornece. Não quero minha empresa neste meio.

-Em que exatamente ele trabalha?

-Meu pai matinha um contrato de fornecimento em manutenção para a industria dele, mas assim que assumi a Salvatore eu retirei. Jonny fornece armas para as pessoas erradas, embora ele esconda bem isso, o defeito dele é gostar do dinheiro e fama que tem, para isso ele põe a ética na frente as vezes. Tirando isso...

-Isso é o bastante pra mim.

-Pra mim também. Mas não fique pensando besteira, ele é uma pessoa legal apesar de tudo.

-Bem, você tem sua opinião, me deixe ter a minha.

-Certo. – sussurra em meu ouvido e estou amolecendo contra seu peito, imersos nesta banheira, água quente, seu corpo quente, contra o meu...Damon começa percorrer minhas pernas com suas mãos, beija meu ombro, me fazendo jogar a cabeça para trás, repousar junto ao seu pescoço

Depois de um banho relaxante, fomos nos trocar.

-Nossa! – resmunga Damon.

-O que?

-Sofia está meio nervozinha. Acho que nos atrasamos com o banho. – fala olhando pro celular. – Há umas três mensagens ofensivas sobre atraso e acho que ela está prestes a bater na porta do quarto.

-Você sabe, sua filha é a sua cópia. – ele sorri.

-Você está me acostumando mal. – dou de ombros.

-Pelo menos você está relaxado. Mas agora enquanto nos vestimos... – ele me olha confuso, estou passando creme em meu corpo. – Onde esteve? – ele sorri torto.

-Fui dar uma volta, espairecer. Você me tira do sério.

-O que devo dizer de você então? Com suas proibições, insinuações, desconfiança...

-Elena...

-Olha não é uma discussão. Onde esteve?

-Eu já disse. Fui dar uma volta. Era isso ou derrubar a porta e te fazer me ouvir.

-Ah... E como exatamente você pretendia fazer isso?

-Eu pensaria em algo com certeza. – paro de o encarar ele senta-se ao meu lado na cama. – Apenas eu precisava me acalmar.

-Entendi. Vou me vestir. – ele fica parado me olhando se afastar e ouço seu suspiro.

Damon já está pronto e estou escovando meus cabelos quando ouvimos a porta.

-Sofia. – diz Damon e sai indo atender a filha.

-Nossa! – ouço ela do quarto adentrando o cômodo. – Eu estou com fome sabia?

-Bom dia pra você também minha filha.

-Quando você for ficar até tarde com a Elena no quarto me avisa pra eu descer e comer sem vocês. – sorrio ouvindo a conversa e terminando o que estou fazendo vou ao encontro dos dois. Sofia sentada no sofá emburrada e Damon perto da varanda risonho.

-Bom dia! – falo sorrindo.

-Seria melhor se já tivemos comido, mas vamos agora, certo? – ela levanta

-Primeiro me deixa te dizer uma coisa meio chata. – Damon começa.

Se aproxima do sofá e a filha revira os olhos impaciente.

-Vamos ter que voltar amanhã a tarde.

-O que? Por que?

-Problemas na empresa.

-Pai o tio Stefan ficou lá pra resolver tudo. Será que você não pode desfrutar de pelo menos uma semana longe daquilo. Sabe quanto tempo você não tirava férias?

-Eu sei. Pare com isto. Sabemos que seu piti é mais por estar se afastando mais cedo do que pensava do seu amigo.

-O que... Você é mesmo idiota.

-Sofia!

-Eu apenas quero passar mais tempo com você, com a Elena, estes dias tem sido tão legais. Porque você sempre estraga tudo?

-Eu não estou estragando nada. Simplesmente houve um problema e eu tenho que resolver. Alaric está agilizando as coisas pra mim. Eu não queria que isto acontecesse, estou tão chateado quanto você, mas ainda sim estou adiando a volta ao máximo, era pra eu estar em um voo agora mesmo, mas não seria justo com você, sei que não iria gostar de ir sem se despedir do menino e tem a Elena, ela sempre quis conhecer Roma e eu não vou poder completar o roteiro que idealizei. Não é só você que está frustrada não me deixe pior do que estou.

Eles pareciam duas crianças ou algo pior, gritando um com o outro.

-Por favor...

-Calada Elena! – eles gritam juntos, me fazendo arregalar os olhos. Ah não...

– Nada disso! – eu grito de volta e eles me encaram perplexos e com olhares furiosos.

-Você Damon, muito criança dizer pra sua filha que ela só está chateada por deixar o Heitor mais cedo e você mocinha, muito egoísmo achar que só você está chateada com isso. Então os dois se desculpem e por favor, vamos descer porque estou morta de fome. - Estão parados me olhando incrédulos. – E então...? – se encaram e desviam o olhar um do outro. Sério?! – Damon... – Falo e ele me encara feio e coloca a mão no peito em um surdo “eu?”  Eu o fuzilo com um olhar que diz: “Sim, você.” Ele suspira.

-Me desculpa. – fala revirando os olhos e Sofia cruza os braços. – Desculpa minha filha, eu não quis dizer aquilo, eu... Só me desculpe. – Sofia não se mexe e Damon me encara raivoso e impaciente como quem fala: “está vendo?”

-Sofia... – eu cobro. – ela se vira pro pai e depois me encara, revira os olhos e fala.

-Me desculpa pai. Eu sei que você está chateado com isso também.

-Ótimo. Maravilhoso. Agora um abraço apertado e vamos comer. – eles me olham. – Ora por favor, não sejam infantis. A parte pior já foi.

Eles se encaram e relutantes se abraçam. Damon aperta a filha e lhe dá um beijo no topo da cabeça. Sofia inala o perfume do pai apoiando a cabeça em seu peito. Eles sorriem e me olham.

-Sanduíche pai? – Sofia pergunta pra Damon que a olha feio. – Ora vamos lá. Ela merece. – Damon sorri insinuativo. Os dois avançam contra mim e apertam entre eles, sinto o cheiro dos dois e me sinto bem ali, sinto que é o meu lugar, é uma sensação familiar, acolhedora, quente... Eu os amo.

-Café da manhã. – Sofia fala nos soltando e indo pra porta. Damon fica me encarando e quando vou atrás dela ele me puxa de volta.

-Ei! O que foi? – me pergunta e eu fico confusa até o momento que seu dedo indicador toca minha face e limpa uma lágrima de lá. Não sabia que estava chorando.

-Nada é só... – ele me encara perdido e Sofia nos olha atenta. – Eu adoro estar aqui, com vocês. – Damon sorri e Sofia também, ele inclina-se e me beija ternamente os lábios. Em seguida deixamos o quarto e fomos tomar nosso café.

...

No fim do dia estávamos deitados na cama, Damon acariciava minhas costas e eu o seu peito.

-Você me lembrou a  Andie hoje de manhã. – ele fala em tom baixo. – Está ficando bem mandona. – sorri e beija minha testa me fazendo o encarar.

-Ela parece amar muito sua filha e de certa forma ela gosta muito de você ainda. Bem a Rosalie foi complicada, não queria nada com vocês, mas Andie e Rebekah? O que houve de errado? – ele suspira.

-Eu. – diz simplesmente me fazendo enrugar a testa. Damon se mexe, fazendo eu me mexer e agora estamos sentados um ao lado do outro. Ele está olhando pras suas mãos. – Elijah não fala tanta besteira assim. – ele diz e me faz abrir a boca.

-O que está tentando me dizer?

-Olha você sabe que ele tem razão, eu sei. Eu... – ele engole. – Eu sou meio instável. – eu pisco.

-Isso me lembra o ponto da conversa que eu queria ter com você. Por que Elijah sabe tanto sobre você? Ou acha que sabe?

-Por que ele sabe. – diz encolhendo os ombros. – Não sabe tudo, mas ele me conhece bem.

-Sei que se conhecem desde a adolescência, mas...

-Eu vou te contar. Acho que preciso começar a falar com você. Elijah tentando ser esperto acaba sendo burro, pois de algum modo a mensagem que ele me mandou me fez ver que eu realmente tenho que começar a falar mais com você – estou o escutando com atenção. – Eu amo você e quero sempre te dar o melhor, ser honesto, compreensivo. Eu tento Elena, mas as vezes... Eu sei que você não vai entender isto fácil, eu mesmo não entendo, mas acho que é hora de esclarecer umas coisas. – ele me encara, respiração um pouco alterada. Não sei porque meu coração dispara e minha garganta fecha.

-Esclareça! – é quase um sussurro e Damon engole, voltando a encarar as mãos.

-Foi no colégio, talvez quinta série, eu não lembro bem...

17 anos antes...

-Você tem que parar de pensar naquela garota. Tenho que tirar um dez. – Elijah reclama folheando o caderno.

-Eu concordo com Elijah. – defende Alaric.

-Vocês dizem isto porque ela não está nem um pouco afim de vocês. – rebate Damon olhando janela afora.

-Damon, olha cara eu sou seu amigo e realmente não quero que você fique mal, você não lida bem com frustrações, mas a gata tá na minha. – Elijah fala esnobe.

-Me poupa Elijah. – Damon ignora.

-Sou um ano mais velho. – argumente Elijah.

-E daí eu sou dois anos mais velho que ele. – se intromete Ric.

-Não torra Ric. A questão aqui é que o Damon não tem chance nenhuma com a Rose, por que eu pedi ela em namoro ontem e bem, ela aceitou.

-Você não fez isso cara. – Ric fala quase jogando-se da cadeira.

-E por que não Ric? – Damon olha pro amigo incrédulo, seus olhos em chamas.

-Como por que não traíra? – ele grita - Sabe que sou afim dela desde a terceira série!

-E daí Damon? Você nunca tentou nada. E agora ela está mais gostosinha e bem... Perdeu.

-Você só pode estar de brincadeira?

-Não estou não e se ela era a sua opção pro baile de formatura desiste. Ela vai comigo. – Damon encarou o amigo em silêncio. Elijah o encarava de volta. Alaric observava os dois estático e então Damon apenas se virou pra janela. – Não vai berrar? Chorar pra mamãe? – Elijah provocou. Nada foi ouvido em resposta.

-Meninos. – é a senhora Salvatore, batendo na porta, ela adentra o quarto com uma bela bandeja com lanche. – Vocês têm que por um pouco de energia no cérebro. – fala sorridente e posiciona a badeja no centro da cama. Fica encarando os três garotos que estão parados e calados. – Não estão com fome?

-Sim senhora Salvatore, obrigada. – Diz Ric e se aproxima do lanche.

-Damon? – a mulher chama o filho que apenas se volta pra ela com um olhar novo.

-Eu estou bem, obrigado. – ele diz em um tom tão adulto que faz a mãe o encarar confusa, a passos largos o menino atravessa o quarto encarando Elijah sem esconder seu ódio, o garoto apenas fica olhando Damon deixar o quarto e depois ignorando a cena ataca o lanche assim como Alaric e a senhora Salvatore deixa o quarto atrás do filho.

...

-A coisa mais assustadora pra mim e pra Elijah até hoje é que eu fiquei agindo assim por muito tempo. Calado, retraído. Ele não sabia, mas logo descobriu o porque de tudo aquilo. Eu tinha planos e eles não eram nada legais. Na noite do baile eu fiquei esperando ele, na caca dele, no quarto. A mãe dele me deixou entrar sem problemas por que sempre estávamos fazendo trabalhos juntos e eu dormia lá sempre. – Damon me fala sorrindo amargo.

...

Elijah voltou do baile e foi direto pro seu quarto, não encontrando ninguém na casa. Quando entrou no quarto quase teve um ataque. Damon estava ao lado da cama dele com um taco de beisebol nas mãos, ele percorria o objeto de maneira cala com as mãos, mas seu olhar era assustador.

-O que você está fazendo aqui Damon?

-Esperando você chegar do baile.

-Pra que? – Damon não respondeu nada só avançou contra o garoto. Elijah não se moveu. Ficaram cara a cara, Damon inclinou a cabeça por lado e sorriu torto.

-Pra isso! – e numa mudada brusca de feição, Damon ataca Elijah na cabeça o derrubando com um só golpe.

...

-Você o que? – eu quase grito.

-Eu derrubei ele, depois o amarrei na cama e amordacei e esperei ele acordar. – Damon me falou com uma calma e naturalidade que me fizeram gelar. Lembro do que Elijah disse: Ele é perigoso.

-Por que fez isso? – ofego.

-Por que eu quis, ele tomou o que era meu. – engulo seco, meu Deus!

-Mas Damon, ela não era nada sua. – ele me encara, olhar frio.

-Mas era pra ser, ela sabia, sabia que eu a queria, ele fez pra me desafiar, pra me tirar ela.- estava começando a gritar.

-Ela estava com ele por que queria Damon. – ele abre a boca pra falar algo, mas para. Suspira e depois volta a falar.

-Como eu disse. Você vai demorar a entender. – eu franzo o cenho.

-O que fez depois?

-Eu esperei ele acordar e falei com ele.

-O que disse?

-Que eu ia conquistar a Rose, que ia passar a agir dali pra frente e que ia fazer ela ver que eu era melhor que ele.  Declarei guerra ao namorico dos dois.

-Quantos anos você tinha?

-Doze.

-Vocês eram apenas crianças. Você fez isso tudo por conta de um namoro infantil.

-Era importante pra mim na época. Eu amava ela.

-Como poderia saber o que é amor naquela idade?

-Eu sabia o que não era amor. E Elijah me traiu. – ele fala sério e eu paro de falar, baixo a cabeça. – No meio do colegial eu e Rose acabamos nos envolvendo. Ela não estava mais com ele. Como você disse, era coisa de criança, mas ele também nunca a esquecia, não queria abrir mão dela, perseguia, sufocava. Até que ela olhou pra mim. Começamos a namorar e foi maravilhoso, mas volta e meia ela estava conversando com ele, que não parava de a cercar. Um cara chato, grudento.

...

-Rose. – Elijah se aproxima do casal sorrindo. – Temos que começar a pensar nos tópicos do trabalho. – ele fala ignorando Damon ao lado da garota.

-Podemos marcar algo pra mais tarde. Lá em casa. Leva seu notebook. – a garota fala sorrindo de orelha a orelha.

-Claro. – Elijah sorri e encara Damon vitorioso.

-Que trabalho é esse?

-Biologia.

-E quando exatamente você iria me contar?

-Olha Mond, eu sei que você ficou chateado por ter ficado em outra sala este ano, mas você realmente tem que parar de ser controlador. Elijah e eu somos colegas de classe e nada mais. – Menina começa a se mexer e o rapaz a segura pelo braço. – Ai Damon!

-Eu vou estar lá, quando ele chegar.

-Não, não vai. – ela esbraveja e se solta do braço dele. – Deixa de ser criança. É apenas um trabalho do colégio.

-Pra você talvez. Ele não esconde que quer tirar você de mim.

-Deixa ele tentar. Tem que confiar em mim.

-Você tem que conseguir minha confiança e pra isso tem que me contar coisas assim, pra não dá a ele o prazer que vir me provocar.

-Mond, cresce, por favor. – a garota se vira pra seguir seu caminho e novamente tem os braços presos com força. – Isso machuca sabia?

...

-O que você fez? – pergunto engolindo seco e interrompendo sua história.

-Na hora nada, mas eu resolvi que iria ver este tal trabalho e quando cheguei lá os dois estavam no quarto dela, ouvindo uma musica e bem... Se beijando.

-E você?

-Avancei pra cima dele e bati cegamente a babá da Rose entrou no quarto e tentou me tirar de cima dele, não conseguindo chamou o motorista e o Elijah estava desacordado. – ele engole.

-Deus Damon. Você agia por pura fúria.

-Sim. Eu ainda ajo... – hesita e aperta os olhos pra mim – Bem, não parei aí. Levaram ele pro hospital e meu pai me proibiu de ver a Rose por um tempo, mas eu voltei a encontrá-la e quando a vi só senti vontade de fazer uma coisa e eu fiz... – ele para.

-O que fez?

-Prensei ela na parede, minhas mãos estavam em sua garganta apertando. Ela batia em minhas mãos, mas eu não estava vendo nada. Alaric veio pra cima de nós e nos separou, ela ficou tossindo, quase sem ar.

...

-Você enlouqueceu? – Alaric gritou empurrando Damon pra longe da garota, ele não tirava os olhos dela. Furioso.

-Ela me traiu!

-Cara você está maluco. Não pode sair por aí batendo em todo mundo.

-Ela é minha namorada. – seu tom era assustador.

-E você acabou de sufocá-la! – Alaric rebate gritando e Damon volta o olhar pra Rose, ainda alterada, tentando encontrar o ar.

...

-Eu não estava vendo o que eu fiz, até o Alaric gritar pra mim. – Damon fala angustiado. – Rose estava no chão e eu quis ir até ela, mas obviamente ela se reteve. Ficou sem falar comigo por dias. Nós fizemos as pazes, mas eu não parei por aí.  Cada dia ficava pior, era com a roupa dela, o cabelo, as ligações, as amigas e amigos, tudo me deixava com o pé atrás, era paranoico e eu voltei a bater nela, dessa vez foi mais grave, ela desmaiou e ... – Jesus! – Eu não sei o que dá em mim, é algo fora de controle, eu não vejo mais ninguém. Eu... Por anos eu não sentia isso. Quando ficou muito sério com a Rose Alaric me aconselhou a procurar ajuda. Elijah e eu não nos falamos mais como antes e apenas Ric permaneceu tentando me ajudar com isso. Ele dizia que havia algo errado. Eu procurei um psiquiatra, fiz algumas sessões e foi diminuindo e ficou quase adormecido, mas eu ainda sinto. A diferença é que conseguia parar, mas...

-Você disse que não sentia e agora que conseguia. Está usando os verbos no passado por que?

-Por que ontem eu senti isso com você. – ele fala em tom sombrio, me encarando, olhos marejados. – Senti vontade de avançar contra você. Não consegui te enxergar quando deixou a mesa e de certa forma eu agradeci por você estar trancada no banheiro.

-Ia me bater?

-Eu não sei... Eu... Provavelmente.

-Damon...

-Eu sei, eu sei... Olha eu quero voltar a visitar o Lionel e talvez eu leve você comigo a uma das sessões. Eu realmente não quero te machucar Elena.

-Este Lionel é o psiquiatra?

-Sim.

- A quanto tempo deixou de vê-lo?

-Pouco tempo antes do casamento com Andie. Tive alguns problemas com a Rebekah, mas eu não cheguei a bater nela, mas eu a machuquei, como fiz com você.

-Não conseguiu descobrir ainda porque faz isso?

Ele apenas nega. Estou tentando absorver tudo. Damon fica me olhando, apreensivo.

-Bem, quando voltarmos eu vou marcar uma consulta pra você. – Damon me olha confuso.

-É o que tem a me dizer?

-Sim, por que?

-Não sei, achei que você fosse ficar assustada, ou temerosa, se afastar.

-Acredite, estou com medo. Mas eu amo você e não quero te perder. Muito menos pra você mesmo.

Avanço contra ele e seguro seu rosto.

-Quando voltarmos para Nova York vamos começar a resolver isto.

-Tem certeza que você...

-Shh, eu já disse. – segura sua nuca e lhe dou um beijo. – Não vou te perder, pra nada nem pra ninguém.

Damon se joga contra mim e avidamente começa a me beijar, ofegante me encara.

-Nunca amei tanto uma mulher como você, mas para alguém como eu isso pode ser uma coisa ruim... Te amar tanto... Também não quero te perder. Farei qualquer coisa. Não vou deixar nada nem ninguém envenenar o que sinto por você. Você é diferente de todas elas Elena. Eu te amo.

Damon volta a me beijar e enquanto eu respondo a sua declaração ele segue retirando minha roupa, enquanto faz amor comigo só consigo pensar que quero estar o mais rápido possível de volta a América. Sinto que este é apenas o começo dos meus esclarecimentos sobre este homem. Sua falta de controle, fúria, posse. Isso veio de algum lugar e agora, mais do que nunca, eu preciso saber de onde foi.

...

-Eles chegaram ontem a tarde.

-Hum. Excelente!

-O que você vai fazer?

-Trazer o velho Damon de volta. E você vai me ajudar. Quero forjar uma coisa. Vamos precisar de uma boa desculpa, um motel vagabundo e um pouco de BNC*.

-O que pretende com isso Rosalie?

-Em breve você vai saber.

-Caroline me informou sobre o presente surpresa.

-Será mesmo um carro?

-Sim, para o aniversário dela.

-Perfeito. Se Damon continua o mesmo controlador de sempre não teremos problemas. Mande a loira ficar de olho nela, vamos observar os horários. Falou com a irmã?

-Sim. Ela já sabe o que fazer.

-Não vai amarelar?

-Não. Ela sabe que se o fizer contamos o segredinho dela. Ela é bem inteligente.

-Claro que é. Bem agora é só esperar Elijah. Só esperar...


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Notas finais do capítulo

BNC* ou como todos conhecem: boa noite cinderela.
Pode ter ficado erros brutos na digitação, pq estou sem tempo de revisar. Desculpem! Qualquer dúvida já sabem...
Proximo cap está uma bomba. Muita coisa sobre delena e vocês não vão gostar do desfecho, mas meninas a segunda temporada vai começar de uma forma inesperada, - eu acho - e a relação delena estará mais forte do que aparenta e mais gostosa de se ler. Adoro Damon ciumento, adoro Elena forte, adoro eles teimando. Se amando... Até breve! E vai ser breve mesmo desta vez. ^^ beijos!