Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 19
E agora?


Notas iniciais do capítulo

I Found Paradise - adoraria saber seu nome ^^ - e Delena Forever, obrigada pelas recomendações...
Demorou, mas saiu. Espero que gostem...
Boa leitura!



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Damon devagar, corresponde meu beijo. É doce e calmo. Depois nos afastamos, seu olhar fixo no meu.

-Quão loucos isso nos faz? – ele pergunta. Sua voz rouca. Apenas aceno que não sei enquanto minhas mãos rodeiam seu ombro. Ele se inclina e me dá outro beijo, na verdade, vários selinhos delicados e demorados. Então eu percebo que todas as suas expressões estão nítidas e num surto de realidade percebo que a luz está de volta.

-A luz voltou. – falo e ele olha em volta, solta um riso fraco e me encara.

-Ótimo. Tenho pavor de escuro – hein? O olho incrédula e ele gargalha me apertando mais a cintura. Eu ainda estou perdida no momento. Não acredito que isto está acontecendo.

-Vamos descer? – pergunto. Ele franze o cenho e afirma com a cabeça. Me volto pra cama e vejo os lençois bagunçados. Acho que por que nos jogamos em cima deles. Eu os arrumo enquanto Damon pega os travesseiros largados no chão. Depois ele sinaliza pra que eu vá na frente, sorrindo. Não creio que este homem estava me beijando segundos atrás.

Quando voltamos para sala, Damon começa a apagar as velas, enquanto eu levo a bandeja, juntamente com as taças e o vinho de volta pra cozinha. Estou dando um jeito em tudo, ficou meio desorganizado. Eu escuto seus passos me seguindo e depois eu salto, pois seus braços estão ao meu redor.

-Não quero ser chato, mas ainda estou com fome. – ele sussurra em meu ouvido me fazendo vibrar. Ele é tão sexy.

-Eu realmente sou péssima na cozinha. – ele me vira, me deixando de frente pra ele. Suas mãos vão para minha nuca e ele me beija. Começa com calma, mas não dura muito e logo todo o chão se vai, me sinto pressionada contra uma parede. Ouço algo cair, minha mente está inebriada, tudo o que consigo gravar é este cheiro, o cheiro dele em mim, sobre minha pele. Ele afasta.

-Eu posso cozinhar...  - ele diz divertido. Pode? – mas quero sua ajuda. – está risonho.

-Sabe cozinhar e nos deixou com fome até agora? – ele dá de ombros. – Que covardia... – eu provoco. Ele me aperta contra ele e me faz arfar.

-Covarde humm? – ele está me encarando, fingindo fúria. Eu posso dizer que é fingimento, porque já o vi furioso. Eu apenas aceno risonha e ele me beija de novo e de novo. Eu o empurro.

-O que você sabe fazer na cozinha senhor? – estou me afastando dele enquanto ele me encara com uma mão na cintura e outra bagunçando os cabelos.

-Qualquer coisa. – ele diz esnobe e eu cerro os olhos.

-Hummm. Interessante. – provoco e vou até a geladeira. – Vamos ver o que temos aqui. Lhe dou as costas.

-Nem pense nisso. Eu apenas quero fazer uma salada leve. Já é tarde, não quero comer nada pesado. – sua voz está se aproximando.

-Claro, - eu viro pra ele fechando a geladeira – o senhor alimentação regrada.

-É a melhor de todas. – ele fala sorrindo, já perto de mim. – Agora se me der licença, estou com fome. – ele pisca e passa por mim indo até a geladeira. Eu me afasto e vou até a mesa e fico o observando. Ele encara a geladeira e devagar tira tudo o que quer e coloca sobre o balcão da cozinha, depois fuça os armários e pega mais alguns temperos e tudo o que vai precisar. Parece se dar muito bem dentro de uma cozinha.

-Como você sabe cozinhar? – pergunto enquanto ele pega algumas panelas e a tábua de madeira. Joga tudo em cima do balcão.

-Eu morei sozinho por um tempo. – diz sério.

O quanto eu conheço Damon?

Ele começa a lavar as mãos e algumas verduras e depois começa a preparar a salada. Ele me encara vez ou outra e sorri. Estou sentada e apoio meu queixo em minhas mãos. Cotovelos na mesa.

-O que foi? – ele me pergunta do nada, porque estou o encarando em silêncio.

-Apenas pensando... – minha voz sai preguiçosa. Ele leva um pedaço de tomate até sua boca e começa a mastigar devagar. Pode haver coisa mais sexy que este homem numa cozinha, comendo tomate? Eu acho que não. Está me olhando especulativo enquanto engole.

-No que exatamente? – pergunta outra vez.

-No que está acontecendo agora. Aqui. – eu falo e ele ergue as sobrancelhas. Depois morde o lábio e me olha desconfiado.

-Explique! – ele pede.

Isso é sério? Oh, eu não sei,o fato de nós dois termos nos agarrado no meu quarto poucos minutos atrás?

-Você sabe o que é... – ele franze o cenho.

-Está arrependida? – hein?

-Não! – eu estou perplexa. Que tipo de pergunta é essa? – Apenas não sei o que pensar, ou que o fazer agora. – ele para o que faz e enxuga as mãos em uma flanela, em seguida está vindo pra cima de mim. Senta diante de mim na mesa.

-Qual a dúvida? – eu bufo. Todas as possíveis. Ele é maluco?

-Você está brincando? – ele nega com a cabeça um tanto perdido. – A poucas horas atrás nosso relacionamento era limitado ao profissional. – eu estou quase aos berros.

-Amigos. – ele corrige. Reviro os olhos.

-Que seja Damon. De qualquer forma acho que precisamos conversar. – ele dá de ombros e levanta, volta pra sua posição diante do balcão, bem friamente.

-Bem, posso fazer isto depois que comer. E fazer você comer também. Gosta de maionese? – me pergunta distraído.

-Sim. – falo em suspiro. Tudo ao seu tempo.

Eu fico olhando ele terminar nosso jantar e depois comemos tudo. Estava delicioso. Mais uma qualidade descoberta. O que este homem não se propõe a fazer e não dá certo? Nada!

-Vou limpar tudo isso, já que você cozinhou. – ele sorri e se espreguiça na cadeira. E agora está na minha antiga posição na mesa, me encarando limpar a cozinha.

-Também estou pensando sobre isso... – ele fala do nada e eu estou de costas pra ele, lavando a louça, fico paralisada, mas eu quero que ele fale.

-Está? – eu incentivo pra que continue.

-Quero saber exatamente o que tudo significa. Cada sentimento. Mas não quero atropelar nada, nem te encrencar. Estou numa fase emocional ruim. – sua voz está no seu tom natural de seriedade. Eu continuo de costas apenas o ouvindo.

-Entendo. – falo simplesmente.

-Elena, o que eu sinto por você é confuso e intenso demais, - eu escuto a cadeira se mover – eu não quero colocar isto num nível de importância máxima e depois perceber que não passou de uma breve atração. Não estou seguro do que sinto e não quero te ferir. – quando termina sua voz está perto de mim novamente, sinto seu sopro em minha nuca.

-Eu sei o que significa. Acho que me sinto assim também. Posso estar confundindo as coisas. Eu te admiro tanto, e se for só isso? – ele toca meu ombro e me faz tremer, devagar ele me gira, minhas mãos estão molhadas, eu encosto na pia e ele me olha.

-Pela forma que você reage quando está perto de mim, - ele fala colocando suas mãos em minha nuca – certamente é mais que admiração. Você também se sente atraída e me deseja. – Também? – Eu sei disso porque me sinto igual. Chamo isso de paixão. E você? – ele encara meus olhos, eu engulo.

-Eu não sei. – falo e desvio de seu toque, voltando para terminar a louça, suas mãos estão longe de mim, mas ele está perto.

-Eu quero ir com calma Elena. Estou no meio de um divórcio. Um casamento de três anos. Minha filha está me odiando por descobrir sobre sua mãe. Eu não quero te magoar. – eu estou com um nó na garganta. – Não quero que se sinta um step, porque você não é um. Você mexe comigo, eu só preciso descobrir o quanto. O que tudo isto significa. – eu agito as minhas mãos na água. O que isso quer dizer? Eu me viro bruscamente e estou diante dele outra vez.

-O que quer dizer? – pergunto com voz aborrecida.

-Quero que vamos com calma. É tudo muito confuso ainda, você sabe. E eu me importo demais com você pra te machucar. – se importa mesmo?

-E se eu disser que a forma como você está falando já está me machucando? – ele me olha com expressão assustada.

-Porque? – sua voz é tensa.

-Por que sei exatamente o que você vai propor e isso soa muito indecente pra mim.  – ele franze o cenho e ainda está perdido.

-O que quer dizer? – eu reviro os olhos. Ele deveria ser brilhante sobre muitas coisas não? Me afasto dele, eu estou quase chorando. Que droga! Vou em direção a sala e ele está atrás de mim. – Elena. – me alcança, estou de costas pra ele, de braços cruzados encarando a lareira apagada. – O que foi? – ele pergunta tocando meu braço, me sacudo pra fugir do seu toque.

-Toda essa história de ir com calma, descobrir o que sentimos, - eu começo e estou virada pra ele agora, o encarando, mas meus olhos estão ardendo e minha garganta está seca. – sei o que você vai dizer. – ele está de braços largados, esperando que eu termine.

-O que é? – suplica.

-Vai pedir pra que seja o que for que tudo isto signifique, que nós fiquemos em segredo, que comecemos a descobrir sobre o que sentimos, sem que ninguém saiba. – ele bufa e leva as mãos a cabeça.

-Você sempre vai esperar o pior de mim? – eu quase grita. – Eu não quero te magoar. A simples menção da ideia me deixa doente. – ele avança pra cima de mim. – Eu não posso te ferir. Eu só te peço um tempo. Deixa eu resolver a zona que está a minha vida. Você é minha amiga agora, eu quero que seja mais, mas não posso me afastar de você. Não quero.

-O que você quer?

-Quero que volte comigo pra Nova Iorque e continue a fazer o que você faz.

-Não posso, não depois de tudo o que houve... – ele arregala os olhos e dá mais um passo, eu recuo.

-Não Elena, por favor. Deus! Eu não queria que fosse assim, não queria te assustar, mas você me tira todo o controle.

-Eu não sei se tenho mais o meu. – falo sem pensar e ele me encara atordoado. Ele se joga no sofá e põe as mãos na cabeça.

-O que eu quero propor sobre nós agora é conhecimento. – hein? Ele me olha, estou diante dele com os braços cruzados, um escudo de defesa. – Vamos voltar pra Nova Iorque, vamos voltar ao trabalho, mas também você vai sair comigo. Vamos conversar, nos conhecer, entender tudo o que sentimos. E sim, é melhor que tudo o que se passou lá em cima fique entre nós. – ele para – Bem, certamente eu vou contar pro Alaric. – eu arregalo os olhos. – Ele é meu amigo. – dá de ombros. Se põe de pé e vem pra cima de mim, eu recuo novamente e ele pisca. –Pare com isso. Não me afaste.

-Eu não quero. – ele desespera.

-Elena, por favor. Me dê uma chance. – o que?

-Damon... – ele vem novamente, rápido demais pra me deixar recuar, segura minha cintura, meus braços ainda cruzados.

-Vamos tentar isto. Vamos nos conhecer. Se você ou eu descobrirmos que tudo não passa de atração ou confusão de sentimentos, então...

-Então o que?

-Então você está livre pra fazer o que quiser. Pode deixar a Salvatore a hora que quiser. Mas antes não. Vamos tentar, nos dê este tempo. Vamos nos conhecer, vamos explorar tudo isso. Eu não estou te usando, só quero ser sincero com você. Você deveria querer o mesmo, pois você também está confusa. Eu corro os mesmos riscos que você. De neste meio tempo me apegar e depois você decidir que era... Depois você me deixar, deixar a empresa e me... Por favor Elena... – ele cola nossas testas – Por favor... – eu estou tremendo, meus olhos estão fechados, sua respiração suplicante está em mim, ele fala e ouço os gemidos no fundo de sua garganta.

-O que você quer? – eu pergunto quase sem voz.

-Quero você. Quero muito. Mas não quero te ferir.

-Eu não quero me ferir.

-Volta comigo pra Nova Iorque, pra Salvatore. Vamos sair. Vamos nos conhecer. E depois se você decidir que não gosta de mim, está livre.

-E se você descobrir que não gosta de mim e eu já estiver envolvida?

-Você já está, assim como eu. É um risco alto, mas eu estou disposto a pagar. – sua mão sobre pra minha nuca, ele está esfregando o nariz no meu, estou perdendo as forças. – Elena...

-Rebekah. – eu falo.

-Estou me divorciando. – Ele beija minha testa e eu desarmo, descruzando os braços, ele aproveita e me puxa mais pra perto. Seu corpo está quente.

-Não quero me tornar um caso. – ele bufa.

-Nunca senti por ninguém o que sinto por você. Com certeza não é um caso. – eu me permito abrir os olhos finalmente e seu olhar está no meu, tão perto.  – Uma chance. Um tempo. Eu vou resolver todos estes problemas, vou limpar minha cabeça. Mas eu preciso de você. Preciso que esteja perto de mim. Me espere!

-Eu vou. – falo. É isso. Eu quero descobrir, quero entender. Eu o quero. Vou esperar. Vou ficar.

-Vai? – sua voz é um lampejo se animação. Seus olhos acendem. Eu afirmo com a cabeça, engolindo em seco, estou em seus braços, que me apertam a nuca e cintura, ele encara meus lábios. – Eu não vou te machucar. – ele ofega e está descendo, vindo contra meus lábios. Eu acordo! Não sei se posso fazer isso e não me machucar, talvez por agora seja melhor a distância. Desvio.

-Não Damon... – ele me olha aturdido. Quer protestar eu sei, mas estou o olhando com determinação e ele baixa a cabeça e me solta.

-Devagar – ele fala e se senta no sofá. Eu respiro e fecho rapidamente meus olhos.

-Vou terminar a louça. – ele assenti e me arrasto até a cozinha, coração palpitando.

Jesus Cristo! Eu vou poder fazer isto? Vou poder voltar praquela empresa e olhar pra ele como antes? Com o mesmo controle? Eu não sei, mas eu também não sei se consigo me afastar dele. Eu vou me machucar, eu sei que vou. Mesmo que ele não queira, mesmo que eu não queira. Pelo simples fato de que estamos nos arriscando aqui. Um risco alto. Como ele disse.

Termino de limpar tudo vagando em pensamentos. Damon fica na sala, ainda chove muito lá fora. Quando eu passo pela sala Ele está deitado no sofá. Joelhos dobrados, encarando o teto, eu me aproximo dele. Não sei bem o que estou fazendo, mas é como um imã.

-Já sabe que horas vamos amanhã? – ele salta ficando sentado e me olha meio perdido. – Desculpe! – o assustei. Ele acena em negativa e dá de ombros.

-Sete da manhã. Chegaremos por volta das quatro da manhã de terça e podemos ir a Salvatore depois do almoço. – eu aceno positiva.

-Você tem tudo que precisa? – pergunto apontando pros lençois diante dele no sofá.

-Sim, obrigada! – ele me encara e estou paralisada o encarando, seu olhar é confuso e ao mesmo tempo tentador, me atrai me puxa pra ele.

Eu não sei o quanto as coisas vão mudar quando voltarmos. Eu nunca vi o Damon desta forma. Tão aberto, tão entregue. Um medo passa por meu corpo. Quanto eu ainda poderei ver deste Damon quando estiver de volta pra sua rotina? Pros seus problemas? Quando poderemos explorar todos os sentimentos com as reservas que ele tem que enfrentar? Eu não sei. Pode ser algo impossível novamente e a ideia me faz vibrar. Seu toque cuidadoso, seus beijos, seu cheiro. São vícios e eu preciso de mais uma dosagem destas drogas antes de voltar a realidade, antes de voltar a ser sua assistente. Ele não para de me olhar e estou inquieta. Eu tenho que encarar, eu tenho medo de que isso não volte, de que tudo fique perdido nesta casa, nesta noite e se for pra ser assim eu quero mais disto antes que aconteça.

Eu reviro os olhos e bufo, volto o meu olhar pra ele, que está confuso e me encara com curiosidade.

 – Que se dane! – eu bufo e estou avançando pra ele, sentando em seu colo, ele agarra minha cintura e eu prendo sua nuca. – Eu não sei quando poderei fazer isto outra vez... – antes que ele possa reagir estou o beijando, reclamando sua boca pra mim.

Damon esfrega minhas costas e ofega, sobe suas mãos até minha nuca e agora estamos tentando arrancar a face um do outro, o que eu adoro! Ele se inclina e me deita no sofá, suas mãos começam a percorrer meu corpo enquanto ele beija meu pescoço. Eu quero senti-lo. Sua pele e respiração contra mim, é algo alucinante, quente e entorpecedor. Minhas mãos estão vagando pelo corpo dele, apertando seu braço extremamente forte e possessivo, deslizando por suas costas, sentindo seu abdômen. Ele geme e meu corpo sofre espasmos enquanto ele explora meu decote, mordiscando-o, lambendo, suas mãos com fúria apertam minhas pernas, depois seguem até meus quadris e ele se aperta contra mim, sinto o quanto me deseja e isto me faz sorrir, ao mesmo tempo que me acorda, pois está chegando longe demais. Não é hora pra isto.

Começo a colocar meu corpo contra o dele e o forço a me deixar sair de seu abraço, ele rosna.

-Você não vai fazer isso. - sua voz é um apelo abafado pelo meu queixo, que ele está mordiscando.

-Já estou fazendo... – não podendo tirá-lo de cima de mim, o obrigo a girar fazendo-o cair do sofá. Ele me olha do chão, totalmente alterado, camisa amassada, ofegante, olhar no meu, sua expressão é bem séria, um tanto furiosa até. Eu me endireito, recompondo minha roupa e cabelo, enquanto ele me encara ainda do chão.

-Quem é covarde agora? – ele provoca e eu o olho e muito devagar me ergo do sofá, num movimento que faço questão que seja o mais sexy que consiga. Passo por ele e desvio para as escadas.

-Boa noite Damon. – eu provoco sorrindo faceira e subindo cada degrau bem devagar. Ouço sua risada, alta e libertadora.

-Você é enlouquecedora Elena. – ele grita e eu estou com um sorriso triunfal. Enlouquecedora... Eu gosto!

Chego ao meu quarto com o coração a mil. Eu estou completamente louca por este homem. Seus beijos, seu cheiro. Eles são tão perfeitos, me causam reações tão indescritíveis que duvido até estar acordada. Com um riso bobo vou até o banheiro tomar banho. Preciso disso. Dormir. Amanhã é um novo dia e não faço ideia se vou poder continuar vivendo esta nova realidade surreal que Damon me expos hoje. Apaixonado por mim? Ainda estou sem chão. Completamente nas nuvens. Quem em sã consciência poderia se sentir menos que isto?

...

Elena subiu até seu quarto me deixando totalmente baqueado, desejoso, necessitado. Que mulher é essa? Deixei minha mente vagar nas lembranças de cada toque discreto, de cada beijo assustado, me vi tocando minha boca umas mil vezes, tentando sorver tudo o que houve. Ela é linda e está envolvida, assim como eu. Elena é uma mulher incrível, eu pude ver desde o começo. Uma mulher que serve pra ser mãe, amiga, companheira, leal. Uma mulher que jamais me abandonaria. Eu não sei quando dormi.

Ouço batidas na porta e acordo atordoado. Olho meu relógio, cinco da manhã. Me levanto devagar, está frio. Quando chego na porta dois pares de olhos estão me olhando atordoados. Miranda e Grayson.

-Vocês morreram aí? – Gray resmunga passando pela porta, Miranda o segue. – Quase derrubamos a porta.

-Desculpe. Tenho sono pesado. – falei meio zonzo ainda.

-Tudo bem por aqui? Miranda disse que ficaram sem luz. – ele me pergunta e eu estou esfregando os cabelos. Odeio acordar cedo.

-A luz não demorou a voltar, só algumas horas. Tinha bastante vela. – escuto Miranda sorrir.

-Bem, eu vou pra cozinha, vocês saem em algumas horas e quero preparar umas coisas pra vocês levarem. Não quero que saiam comendo por ai em qualquer lugar. – ela diz em tom de autoridade e sai. Grayson senta na poltrona diante do sofá e fica me olhando, eu me arrasto de volta pro sofá. É cedo demais.

-Noite agitada? – seu tom é sugestivo.

-Odeio acordar cedo. – falo me cobrindo outra vez com os lençois.

-Eu realmente queria passar esta última noite com vocês. – ele suspira.

-Bem, eu posso me convidar pra voltar. – ele sorri amargo.

-Bem, se for depender da Elena, pode levar mais três anos. – eu sorrio.

-Eu sou o chefe dela, posso fazer exigências. – ele sorri.

-Eu realmente quero que me desculpe pelo nosso começo. Eu não tinha o direito de lhe tratar daquela forma. – eu bufo.

-Esqueci isso no momento que vi o que tinha ali. – apontei pros troféus que agora estavam cobertos apenas pela vidraça. – Na verdade, do que falava? – ele baixa a cabeça rindo fraco.

-Minha filha é uma moça muito ambiciosa e ela não desiste do que quer. Ela sempre dá um jeito e ganha a todos. Mas quando ela é ganhada ela se desarma e as vezes sofre demais. – eu o olho – Você é um bom homem Damon. Não a machuque. – o olho confuso. Porque faria isso?

-Eu realmente não o faria. – digo atordoado. Ele se ergue.

-Não faça. – ele diz e solta um meio riso, pisca e se vai, subindo as escadas. O que foi isso?

...

Eu acredito que ainda esteja sonhando, acordo tão leve, olho no relógio e são quase seis e meia.

–Droga! Já está tarde. – pulo da cama e desço correndo pra sala, minha mãe está na cozinha e meu pai também.

-Bom dia pai, mãe.

-Bom dia querida. – minha mãe responde enquanto beijo meu pai, depois vou até ela.

-Damon já acordou? – pergunto e meu pai responde.

-Ele acordou, mas voltou a dormir. – ele aponta pra sala.

-Vamos nos atrasar. – falo e saio correndo pra sala. Me aproximo de Damon e ele dorme angelicalmente, me inclino e fico de joelhos o olhando, sorrio, ele está tão leve. – Damon... – chamo com calma, ele não se mexe.

-Acho que vai ter que ser mais persuasiva, eu quase derrubei a porta antes dele abrir. – meu pai fala me fazendo pular e me por de pé, o olhando assustada. Ele sorri. – Quando você volta?

-Eu não sei pai. Vou começar o novo cargo em breve, não entendo bem todas as implicações, pode levar um tempo. – ele sorri.

-Bem, eu tenho a palavra dele de que não vai demorar mais três anos. Ele meio que se convidou. – estou de boca aberta. Ele o que?

-Bem, então não vai demorar não... – ele sorri.

-Tenho uma ideia. – diz divertido e acena pra eu esperar, sobe as escadas e eu fico admirando Damon, meu pai volta com o despertador escandaloso dele.

-Não pai... – ele ergue as mãos e pede silêncio. Damon continua dormindo feito um anjo.

Meu pai maleficamente se inclina e ajusta o alarme, segundos depois o som estridente toma a sala fazendo Damon saltar do sofá, totalmente desnorteado.

-É infalível. – meu pai fala triunfante e começa a gargalhar. Damon parece se encontrar e se joga no sofá outra vez afundando a cabeça nas almofadas.

Meu pai sai sorrindo e eu fico com Damon, solidária.

-Temos que sair em meia hora... – falo rindo fraco. Ele ergue a cabeça e me encara preguiçoso.

-Você dirige. – ele diz e salta do sofá. – Vou tomar banho pra acordar.

Eu vou em direção a cozinha e minha mãe está acabando de empacotar uma cesta, cheia de comida.

-Pra que tudo isso mãe? – ela revira os olhos...

-Vocês precisam comer, é uma viagem longa e não quero você comendo bobagem. – só minha mãe mesmo.

Eu fico com ela, aproveitando esses últimos minutos. Papai perto de nós, nos observando da mesa. Estou neste momento, curtindo e me lembro de algo.

-Nossa! A vitamina do Damon. – eu quase grito.

Meu pai me olha assustado e minha mãe revira os olhos.

-Já preparei...

-Sem leite, pouco açúcar?

-Elena, ele gosta da minha vitamina. – diz convencida.

Papai está gargalhando. Eu tomo um suco e como alguma fruta, minutos depois Damon desce com nossas malas, mexendo no celular.

-Está pronta? – ele pergunta entrando na cozinha.

-Sim. – eu respondo entregando a ele sua vitamina. Minha mãe dá uma risadinha.

-O que eu perdi? – Damon pergunta meio perdido.

-Elena é obcecada por esta vitamina. Não pode faltar. – meu pai explica e Damon sorri e me encara. Começa a tomar a vitamina.

-Depois que termina ele começa a levar as malas pro carro com a ajuda de meu pai. Estou me despedindo da minha mãe enquanto os seguimos.

-Cuidado na estrada. É perigoso. – toda cuidadosa.

-Tomaremos mãe. – eu falo e estamos na varanda eu a abraço e descemos as escadas. Damon fecha a mala do carro e abraça meu pai.

-Você tem que ir a Nova Iorque. – ele diz risonho. – Quero que conheça a empresa e quero te apresentar meu irmão e meu advogado. Eles também são muito fãs seus, Gray Dogs. – diz rindo torto.

-Eu posso fazer um esforço. Você me deixou bem animado falando sobre seus projetos para tecnologia de plantação. – Damon sorri.

-Então vá e leve Miranda. Quero que conheçam minha filha. Sofia vai adorar você. – ele diz pra minha mãe que sorri e o abraça.

-Vá com cuidado querido. – ela diz doce.

-Obrigada por me receberem tão bem. Eu sei que foi um esforço grande, eu sou muito chato, com comida e tudo mais.

-Fica mais fácil depois. – meu pai diz risonho.

Damon o olha sorrindo e depois fica sério e lhe dá outro abraço bem apertado, meu pai se assusta um pouco e depois corresponde.

-Minhas noites eram mais fáceis por sua causa. – ele diz e faz meu pai sorrir sem jeito. Coisa nova. – Obrigado por tudo.

-Vai logo. Você é muito sentimental. – meu pai fala e faz Damon sorrir, ele me encara.

-Vamos Elena! – eu assinto.

-Eu ia esquecendo... - minha mãe grita. – O lanche de vocês. Grayson... – ela fala e meu pai revira os olhos e entra e depois volta com a cesta. Damon me olha.

-Lanche? – dou de ombros.

-Obrigada mãe.

-Bem, nos vemos. – Damon diz.

-Não demore a voltar querida. – minha mãe pede.

-Ela não vai. – Damon responde por mim e fico vermelha.

Dou mais um abraço em meus pais e estamos entrando no carro, meu pai se apressa pra abrir o portão, eu aceno pra minha mãe e depois pra ele, quando vejo a casa ficar pra trás estou chorando.

-Você não precisa demorar tanto pra voltar aqui. Há muitos feriados durante o ano sabia. – Damon fala com seu sorriso genuíno do banco do carona.

-Acho que você sabe que não é tão fácil assim. Sofia não tem um feriado com você a um tempo. – ele me olha sério e se vira pra estrada, fica perdido em pensamentos. Que droga! – Desculpa! – ele acena dizendo que tudo bem.

A viagem foi bem tranquila, paramos pra comer, no carro mesmo, tinha tanta comida que nos poupou muito tempo e dinheiro. – não que isto fosse problema – No início da tarde Damon assumiu o volante e nós só paramos outra vez pra abastecer, mas já era bem tarde. Damon saltou do carro e sinalizou para que o seguisse, eu estava quase dormindo.

-Quero ficar no carro.

-Não! – ele diz com voz dura. – Não quero que aconteça aquilo outra vez. Vem comigo! – reviro os olhos e saio preguiçosa. Ele vai até a bomba e coloca a quantidade que deseja.

-Estou com sede, vou entrar e comprar água ou um suco.

-Eu quero café. – diz risonho.

Eu entro na loja e vou pro setor de bebidas, há um homem lá, está vendo whiskys. Eu pego a água e ele me olha, percebo de canto e começo a ir até a máquina de café, ele me segue e se aproxima de mim.

-Precisa de ajuda? – ele diz se insinuando...

-Não. Ela não precisa. – é Damon. Como ele chegou aqui?

O cara sorri cínico e se afasta.

-Não posso descuidar por um segundo... – Damon diz com voz sombria.

Eu estou sorrindo, ele é ciumento. Ele me encara.

-Qual a graça Elena? – dou de ombros.

-Você na verdade. – digo sem jeito e num gesto natural eu me inclino e beijo seu rosto, ele arregala os olhos e quando me afasto ele me puxa bruscamente pela cintura, eu quase derrubo a água no chão. Ele me beija de forma possessiva e depois se afasta.

-Meu café. – ele diz autoritário, me fazendo sorrir. Depois me solta para que eu possa pegar seu café e logo pagamos por tudo e saímos, ele assume o volante e dirige até eu apagar.

Quando acordo, é com Damon me chamando. Estamos na rua do meu apartamento. Nossa! Foi bem depressa, como todas as viagens de volta. Ele tira as minhas malas do carro. São pouco mais de quatro da manhã. Subimos juntos e ele entra com as malas no meu apartamento e depois volta pra porta.

-Mais tarde, as duas da tarde, na Salvatore. – diz e eu assinto.

Ele está me olhando. Porque não se vai?

-Eu vou almoçar com o Matt antes dele ir viajar, combinei de deixar ele no aeroporto. – Damon franze o cenho e fica sério demais.

-Hum... Portanto que esteja as duas no trabalho. – ele fala num tom seco e se vira em direção ao elevador.

-Ei! – eu chamo e ele não se volta, então eu corro até ele e faço me encarar. – Ele é meu amigo. – eu sinto ele ficar tenso, eu não sei porque estou me justificando, mas eu quero.

-Tudo bem. - ele diz e se solta, volta a encarar o elevador e aperta o botão.

-Damon... – peço manhosa e ele se vira pra mim meio irritado.

-O que? – está impaciente, reviro meus olhos e o beijo. Um beijo ousado e cheio de desejo. Ele tem que saber que agora não quero outra pessoa. Quando nos afasto ele está atordoado.

-Mais tarde, as duas da tarde. Estarei lá. – falo sorrindo e ele ainda me encara perdido, dou outro beijo em eu rosto e vou na direção do meu apartamento. Ouço o elevador chegar e me viro. Damon ainda está parado de costas pro elevador me olhando. Ele sacode a cabeça e suspira.

-Até mais tarde. – fala e se vai.

-Até. – eu falo pra mim mesma e entro no apartamento me jogando no sofá. Parece tudo um sonho.

...

Ela vai almoçar com ele amanhã. Certamente ainda gosta dele. No que estou pensando? Damon você precisa se tratar! Agora mesmo só o que quero é chegar em minha casa. Minha filha estará de volta na sexta. Tenho que pensar na nossa conversa. Tenho que ir a primeira audiência com a Rebekah. Tenho que focar.

Eu tento, mas a única coisa em minha mente é ela, seu cheiro, sua boca, sua pele... E agora este maldito almoço com Matt. Matt! Ainda bem que ele vai embora. Menos um. É um começo.

Que é isso Damon? Volte! Controle...

Está difícil... Oh Elena, Elena... Você é minha! Só minha.


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Notas finais do capítulo

Beijos!