Meu Amor Imortal escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 31
Capítulo 31 - OS GÊMEOS DA TORTURA


Notas iniciais do capítulo

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: - E daí? Eu adoro voar! Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.
Clarice Lispector



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PDV - NESSIE

Íamos partir de Volterra naquela mesma hora. Corri para o quarto, para arrumar minhas malas, com toda a minha velocidade. Já estava quase terminando, quando ouvi batidas na porta. Seu cheiro invadiu o ambiente. Um cheiro doce, de hortelã e menta. Fiquei indecisa. Não queria abrir a porta. Sabia que não devia me aproximar dele. Era como saber, que tem um precipício à frente. Mas ainda, querendo chegar na beirada, para admirar a paisagem. Não resisti mais, e abri a porta. Ele não me olhava. Parecia envergonhado e indeciso.


– O que quer Alec? Estou de partida!.


– Eu sei! Precisava falar com você, antes que parta. Preciso explicar ...Tem um motivo para fazer o que eu fiz. Sei que seu pai vai poder comprovar que tudo que eu disser a você. É a mais pura verdade! Então, por favor, me dê a chance de explicar com minhas palavras tudo a você.


– Entre e fale logo o que quer.

Ele se aproximou de mim tão rápido, que achei que ia me atacar. Só deu tempo de encostar na coluna da cama para não cair. Ele falou em um sussuro, em velocidade de vampiro no meu ouvido. Me causando tontura e um frio na espinha.


– Confie em mim! Assim é mais seguro! Eu sabia dos planos de Aro. Ele a manteria aqui, até que se casasse com Nahuel. Não tive escolha. Nunca obrigaria você a nada, Renesmee. Ele usaria a mesma chantagem de antes para obriga-la. Manteria seu pais aqui, para tortura-la. Não pretendo me casar com você. É só um plano! Seu pai vai explicar melhor depois. Agora, peço só que confie em mim. Não sou seu inimigo... Não mais.


– O que quer com tudo isso Alec? Por quê está me ajudando?

Perguntei, através do meu dom, segurando seu braço de gelo.


Ele me olhava com intensidade .Mas não tive minha resposta. A porta se abriu em um estrondo, e a figura infantil de Jane entrou pelo quarto.


– OLHA QUE LINDO! Que cena mais tocante.


Jane surgiu pela porta, com um sorriso cínico nos lábios. Mas com um olhar de morte.

– Não pode continuar com isso, Alec.

Suas palavras foram cuspidas, como ácido. Seus olhos, eram faíscas de fúria.

– Não se meta com isso Jane!

– O quê? Como assim? Sou sua irmã! Sua eterna irmã! Carne de sua carne. Sangue de seu sangue, quando humana. E depois, veneno do seu veneno. Para sempre eterno!

Suas palavras foram diminuindo. E foram ditas devagar. No fim, eram quase um sussuro chorado. A fúria em seus olhos, parecia abrandada. Mas a presença dela ali, ainda me gelava de medo.

Alec me soltou, e se aproximou da irmã, que tinha a mão em seu peito, sentindo um coração que a muitos séculos já não batia.


– Sempre estarei aqui para você, minha Lamaica.

Alec falou de forma doce, passando os dedos no rosto de pedra de sua irmã.

Jane fechou os olhos, buscando lembranças antigas, há muito esquecidas. Nunca pensei em ver aquela vampira, que sempre assombrou meus mais terríveis pesadelos, daquela forma. Agindo com desespero e paixão. Quase me comovi … Eu disse … Quase.

– Está perdido meu irmão. Esta criatura (falou apontando pra mim com cara de nojo)

te enfeitiçou. Não é nem a sombra do que já foi um dia. Está tão dependente dela, como de sangue pra viver.

Alec a olhava com ternura, e não fez menção de desmentir nenhuma palavra de Jane. Será que ela pensa que eu tenho algum poder mental sobre ele? Que garota maluca!


– Ela não te ama Alec! Nunca te amará! Arranque esta doença de dentro de você. Use seu poder sobre você. Faça alguma coisa. Se liberte disso!

– Acha que eu já não tentei? Não consigo!

Alec falou rispidamente, segurando os braços da irmã. Sua voz era autoritária e firme, o que me fez encolher covardemente para o canto. Ele percebeu que tinha me assustado, e me encarou. Seu olhar era de dor, e me vi perdida naqueles olhos de rubi de sangue novamente. Ele lançou os poderes dele sobre ele mesmo. Isso era tão insano! Baixei meus olhos, constrangida. Não consegui encara-lo. Começava a entender todas as minhas dúvidas sobre Alec. Mas ainda não queria confirmar, nem pensar nisso. Era muito complicado para minha cabeça de mestiça. Uma vampira entenderia melhor essa bagunça toda.


– Esse sentimento vai destrui-lo meu irmão. Está disposto à isso? Abandonaria sua casa, seus mestres, à mim, por ela?

Alec não respondeu de imediato. Parecia pensar nas palavras ditas por Jane. Por fim, somente a olhou com profundidade. Como se estivesse se comunicando mentalmente. Jane balançava a cabeça negativamente. A expreção deles era de dois titãs à beira da fúria.

– Espero que não se arrependa de suas escolhas Alec. Não há volta para o caminho que está trilhando.

Ela saiu como o vulto de um espectro. Todos em Volterra, eram assim rápidos e letais. Tive um entendimento imediato das coisas. Era isso! O sangue humano deixava eles muito mais fortes. Numa luta contra nós, isso sempre seria uma vantagem. Alec me encarava com curiosidade, me fazendo despertar de minha conjecturas estratégicas.

– O que pensa de tudo que ouviu, Renesmee?

Era uma pergunta muito perigosa. A qual, eu realmente não tinha uma resposta. Olhei para ele. Seu olhar intenso sobre mim, agora totalmente desarmado e exposto. Era constrangedor não ter uma resposta sincera para ele. Falei a única coisa que poderia dizer àquela hora. A verdade.

– Eu não sei o que pensar ou dizer à você Alec. Meu coração há muito não me pertence. Minha alma não é só uma. Jamais poderei dar a você, algo a mais, além de uma amizade fraternal e eterna, se realmente estiver com intenções de me ajudar. Mais que isso, é impossível pra mim. Eu sinto muito.

Ele se aproximou, tocando meu ombros suavemente e alisando meu braço, com suas mãos frias. Seu toque não me causava repulsa. Nem tentei me soltar de seu doce afago. Era estranhamente reconfortante, e até familiar seu carinho. Me olhava com profunda admiração.

– Não esperava, mem mesmo ser digno de um olhar seu sem ódio. Me oferece amizade, permite que eu a afague em um gesto de carinho, sem me repudiar. Me sinto tão vivo, como há muitos séculos não sentia. Não mereço nada de você. Fui um dos responsáveis por ter causado a maior dor que é permitido ter, em criaturas místicas como nós. A dor da perda de um companheiro. Eu fui seu algoz, mas hoje, sou seu refém Renesmee. Me dê migalhas, que eu as tomarei como sendo o presente mais precioso meu amor.

Ouvimos uma batida na porta. Minha mãe entrou, sem esperar consentimento, olhando atentamente para mim e Alec.

– Já esta na hora Renesmee. Seu pai está nos aguardando lá em baixo.

Me despedi de Alec, meio sem jeito. Ainda constrangida com sua declaração tão reveladora. Ele novamente estava com a sua expreção passiva, que escondia seus reais sentimentos. Me perguntei há quanto tempo ele usava esta máscara. Deveria ser cansativo, sempre tentar não demostrar nada.

Dormi toda a viagem. Estava me sentindo como se um rolo compressor tivesse passado no meu corpo.

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Chegamos em Torim! Já era noite! Toda a minha família já estava lá.

Estavamos reunidos novamente. Conjecturas e planos eram traçados. Me esforcei para ficar alí mesmo. Mesmo o sono querendo me vencer. Não queria ficar alheia a nada. Chega de ir pro quarto e ficar chorando, enquanto outros decidem meu destino.

– Não vou me casar!!!

Disse, convicta da minha decisão. Não teria nenhum filho, para ter que entrega-lo aos reis. Preferiria a morte, e já começava a planejar como alcansa-la.

– Por quê esta perseguisão com Renesmee? Que eu saiba, Nahuel tem irmãs. Eles poderiam casa-las e fazer o que bem entendam.

Minha mãe falava, tentando achar uma saída pra mim.

– Elas não são férteis Bella! Pude ler isso claramente na mente de Aro. Ele já tinha pensado nisso. Por isso, Renesmee é tão preciosa para eles. Na verdade, ele acredita que Renesmee se juntará à eles, não podendo ficar sem seu filho, e que viriamos em seguida por ela.

– Tenho alguns aliados. Isso não será aceito! Ninguém pode obriga-la a casar ou a ter filhos. Não vivemos mais no século passado. Mesmo para nós vampiros, congelados no corpo e de épocas antigas. Não se preocupe Nessie!

Meu avô falava tranquilamente, afagando meu cabelo, me puxando para um abraço. Seus braços frios me davam o conforto que eu precisava naquele momento. Agradeci mentalmente à ele.

– Talvez, tenhamos alguma vantagem.

Todos olhavam meu pai, esperando ele esplicar suas palavras.

– Alec, talvez ele se torne um poderoso aliado. Os sentimento dele são verdadeiros. Ele não vai fazer nada que Renesmee não queira.

– O que está dizendo Edward? Que não temos opção? Que é melhor que ela se case com Alec, para que dos males o menor?

Eu nunca vi uma briga sequer, entre meu pai e minha mãe. Nem mesmo uma pequena discórdia. Ouvir minha mãe, falando com ele desta maneira, me fez, sobressaltar-me. O que é isso? Ela olhava contrariada para ele, com olhar frio.

– O que é isso? Vocês não começar a brigar agora. Vocês não vêem que é isso que eles querem. Nos desestabilizar. Não vou me casar com ninguém. Já não me ouviram? Para mim, chega de obedecer à ordens deles. Não vou mais me sujeitar à isso.

– NÃO ESTAMOS BRIGANDO, RENESMEE!!! E não quero que ela se case com quem quer que seja contra sua vontade, Bella. É só um plano! Uma saída, caso tudo mais não funcione. Como Carlisle disse, temos aliados. Não estamos sozinhos. Mas por hora, até nos organizarmos, faremos eles acreditarem que estamos concordando com essa loucura, para nos dar tempo de nos organizar ou de uma fuga.

Edward desviou seu olhar para Carlisle, numa silenciosa conversa mental, que não queria que compartilhassemos. Suspirei pesadamente, indo para o meu quarto. Nada poderia ser resolvido àquela altura, e o sono já estava me vencendo. Dei boa noite a todos e fui dormir.

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No dia sequinte, recebemos o mais incoveniente dos presentes. Ramos e mais ramos de rosas vermelhas, chegando de hora em hora. Um absurdo sem fim, com cartões de poemas de Nahuel. Lamentava profundamente por todas aquelas rosas, que iriam para o lixo na mesma rapidez que chegavam. O idiota estava levando a sério a idéia de me cortejar. Que insanidade! Uma semana depois, as famigeradas visitas começaram, e me vi num filme antigo medieval, de gosto duvidoso, com Nahuel tentando ser amável. Sempre levando presentinhos. O menos pior, eu tinha que admitir meio a contra gosto, era Alec. Que não tentava puxar conversa. Vinha, abria um livro e ficava na sala algumas horas, sem tentar nem uma conversa.

Ás vezes, eu o observava pelo canto dos olhos. Seu semblante concentrado na leitura. Dedilhava algumas notas no piano da sala, sem prestar muito atenção no que estava tocando, tentando decifrar aquele olhar triste de Alec. Por fim, dei uma nota aguda pesada no piano, chamando atenção dele sobre mim. Ele não falou nada. Fechou o livro, se levantou e saiu me deixando com cara de (O quê?).

Dia sequinte, me vi olhando a janela, me perguntando se ele retornaria. Me revoltei comigo mesma, saindo dali. O que estava acontecendo comigo? Sentei no piano, tocando uma música.

my Love.

http://www.vagalume.com.br/crepusculo-trilha-sonora/my-love-

Me deixei levar pela suavidade da letra. Parei quando senti seu cheiro de hortelã e menta. Com as mãos em pausa nas teclas do piano, senti sua aproximação. Não falou nada. Sentando ao meu lado, continuando a música no piano do ponto que eu tinha parado, finalizando-a com perfeição.



– Pensei que não viria. Parecia aborrecido ontem.

– Não estava! Só não quero incomoda-la mais que o necessário, com minha presença.



– Você não me incomoda.


Estranhei a verdade que tinha naquelas palavras. Ele percebeu e sorriu.


– O que quer tocar agora?


Ele perguntou, deslizando suavemente seus dedos no piano.

– Que tal convesarmos? Não conheço você Alec.


Ele me olhava com estranheza e medo.

– Calma! Não vou perguntar nada confidencial sobre o seu "trabalho". É isso? Um trabalho?


Conclui que eu era realmente uma ingnorante, no que se dizia respeito aos Volturi, e qual sua real função. Eu os odiava e via-os como assassinos. Isto estava tão enraizado em mim, pela perseguição que eu e minha família sofriamos, que não entendia o real motivo daquela corte de horrores.

– O que quer saber?


Brincava distraidamente, com as teclas do piano para não encara-lo.


– Sua estória ...Quantos anos tem?


Ele sorriu constrangido.

– Muitos! Muito mais que qualquer membro de sua família.

Nossa eu sabia que ele era de outra época. Podia ver pelo jeito que se vestia e falava, mas eu não imaginava que ele podia ser mais velho até mesmo que Carlisle.

– Quanto anos tinha quando foi transformado?


– Dezoito.


– Aro transformou você e Jane, não é isso? Lembro do meu avô ter contado a história, mas gostaria e ouvi-la de você, se não se importar de me contar.


Ele parecia indeciso. Me olhando! Calculando se era isso mesmo que eu queria ou se havia uma outra verdade escondida em minha curiosidade. Me fitava com seus olhos vermelhos, e pareceu decidido em me falar, quando encontrou algo, que eu não sei o que era, no meu olhar. Ficamos alí. Eu não saberia dizer por quanto tempo ficamos conversando. Ele contava a sua história, e com consequência, a de Jane, que estava entrelaçada à dele, por laços profundos Os gêmeos da tortura , como eram conhecidos por todo o mundo vampiresco.

Entendi tanta coisa naquela estória. Seu olhar triste! Seu silêncio! Queria, em alguns momentos conforta-lo. Mas ele falava impasível. Contava sua história, como se estivesse contando a de outras pessoas, e não a dele e de Jane. Era assustador em alguns momentos. Mas nada! Em nenhum momento, ele se mostrou sofredor ou com dor, por estar revivendo lembranças tão dolorosas. Nada demostrava que aquilo o feria de alguma maneira. Uma pedra de gelo intransponível. Me perguntava, se era por ele ser um vampiro. Será que é por ser muito antigo? Não! Meu avô é antigo, e mesmo nele eu via traços de amor, dor ,felicidade e carinho. Alec usava há tanto tempo sua máscara de descaso, que não mais se dava conta. Era triste de ver como podemos estar mortos, mesmo quando estamos caminhando sobre a Terra. Toquei seu braço quando ele terminou sua história, passando através do meu dom, o quanto ele tinha sido gentil, quando me resgatou do salão do baile. De nosso encontro no jardim, mesmo tendo discutido a preocupação comigo. Ele sorriu pegando minha mão, entendendo meu gesto. Ele não a soltou. Invés disso, a abriu e depositou um beijo frio na palma da minha mão, fechando-a em seguida, num gesto tão delicado, que era quase comovente.

– Guarde sua compaixão, para quem realmente as mereça Renesmee. Estou muito longe de ser uma boa criatura. Não sou como sua família. Já tive minha cota de dor. E há muitos séculos, sou o causador da dor, e não uma vítima dela. Mas obrigado! Você sempre me dá mais do que eu realmente mereço.



Disse isso se levantando e partiu. Me deixando perdida em pensamentos, ainda com a mão fechada, segurando um beijo figurativo.




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