POV MARIANA

Acordei, e pude ouvir o barulho do chuveiro. Esperei Annabeth sair do banho e fui me arrumar. Não demorei nada, nunca demoro. Não sou muito fã de água. Isso até faz sentido, afinal, a tal Nix disse que sou filha de Zeus. Por sorte Annie ainda não havia descido para tomar café da manhã. Guardei minhas coisas na mochila e tomei coragem para falar com ela.

-Annie, eu tive um sonho com Nix – contei todo meu sonho para ela, até aquele versinho que a mulher citou, falei sobre minha mãe também – O que você acha Annie? Quem é Nix? O que minha mãe tem a ver com ela?

-Mari, isso é muito sério. Pode ser a resposta para todas as nossas dúvidas. Nix é a deusa da noite. Mãe de Tanatos e de tantos outros seres.Não é uma deusa muito amada. Pelo menos não pela maioria das criaturas. Eu mesma sei muito pouco sobre ela. Nix é a patrona das feiticeiras e bruxas, é a deusa dos segredos e mistérios noturnos, rainha dos astros da noite. Nix era cultuada por bruxas e feiticeiras, que acreditavam que ela dava fertilidade a terra para brotar ervas encantadas, e também se acreditava que Nix tinha total controle sobre vida e morte, tanto de homens como de Deuses. Nix aparece hora como uma deusa benéfica que simboliza a beleza da noite e hora como cruel deidade Tartárea, que profere maldições e castiga com terror noturno. Talvez seja ela quem tenha raptado Reyna. O sumiço da sua mãe, já está obvio que é a causa de Nix. Agora as coisas ficaram um pouco mais claras, já sabemos com quem estamos lidando. E mais importante, sabemos que você é Filha de Zeus.

Depois de conversar com Annabeth, me senti melhor. Ela parecia ser muito sábia. Por mais que ela ainda não soubesse o que houve com minha mãe, só de ter contado pra ela o pouco que Nix me disse no sonho, eu podia perceber que ela estava pensando em uma estratégia.

Saímos do quarto e ela me pediu que batesse na porta da frente, e chamasse os meninos para tomar café da manhã. Pela sua expressão, pude perceber que ela ainda estava chateada com o Percy e estava evitando falar com ele. Fiz o que ela me pediu, mas eles não atenderam.

POV PERCY

Depois que dei boa noite para as meninas, entrei no quarto com o Sr. Babaca. Tinha um beliche, e por uma infeliz conhecidencia parece que ele também pensou em dormir na cama de cima, pois ao mesmo tempo em que eu, ele jogou sua mochila lá. Nos olhamos, mas nenhum de nós retirou a mochila da cama. Ficamos nos fitando por um tempo, até que eu decidi ir tomar um banho. Peguei meu pijama na mochila, mas a deixei onde estava. Entrei no banheiro, liguei o chuveiro e para variar, perdi a noção de tempo na água. Quando saí do banheiro, encontrei o Sr. Babaca sentado na cama de cima e a minha mochila na cama de baixo. A TV estava ligada, mas não prestei atenção no que ele estava assistindo. Fui até o beliche, guardei minhas coisas e me deitei na cama de baixo. Fiquei fitando o nada, até que Thomas se trancou no banheiro. Rapidamente, peguei minha mochila e a dele e joguei no chão do quarto, e me escapuli para a cama de cima do beliche. O que ele estava pensando? Eu iria dormir ali em cima, e não ele. Me cobri, desliguei a TV e virei para o canto. Esperei o sono chegar, mas ele não vinha. Até que escutei a porta do banheiro se abrir, e fechei os olhos com força. Eu não iria rir dele. Ouvi seus passos se aproximarem do beliche até que ele disse:

-Ei Percy! Sai daí cara. A cama de cima é minha. – ele me sacudiu, mas eu continuei fingindo que estava dormindo - É serio Percy! Anda cara. Poxa, eu cheguei primeiro.

Depois de um tempo ele desistiu de tentar me acordar. Continuei de olhos bem fechados até ouvi-lo se deitar na cama de baixo. Logo depois consegui dormir, sem sonhos de meio- sangue.

Gostaria de dizer que acordei por livre e espontânea vontade, com o raiar do sol ou coisa do tipo, mas na verdade, eu estava dormindo muito bem até ouvir uma voz cantando uma musica desconhecida juntamente com o barulho do chuveiro. Tentei dormir novamente, mas foi em vão. Quando Thomas saiu do banheiro eu fingi ainda estar dormindo. Esperei uns minutos até ele sair do quarto, me levantei, tomei um banho e quando olhei pela janela do quarto, dei de cara com a piscina do hotel. Não estava muito calor, mas a água é irresistível para mim. Desci até a área recreativa e me dei conta de que eram oito da manhã. As meninas ainda não deviam ter acordado, e o Thomas eu não fazia ideia de onde tinha ido, portanto resolvi apenas aproveitar a piscina. Algum tempo depois, saí da água, me sequei e fui em direção ao restaurante, na intenção de checar o horário do café da manhã. Assim que me informei de que o café já estava sendo servido, resolvi escolher uma mesa. Me deparei com uma loira, sentada de costas para mim, já tomando o seu café da manhã. Fui em direção a ela e fiquei parado na sua frente:

-Bom dia! Posso me sentar aqui? – perguntei a ela, que me respondeu revirando os olhos.

-Bom dia Percy. Claro que pode. A menos que tomar café da manhã com sua namorada seja uma coisa tão constrangedora que você prefira manter em sigilo – Annabeth me disse com certa ironia na voz.

-Não entendi.

Ela bufou, e tomou um pouco do seu suco, mas sem me dar uma resposta. Eu insisti:

-O que você quis dizer com ser constrangedor tomar café da manhã com você?

-Quis dizer que assim como você não contou a Mariana que éramos um casal, talvez não queira que os outros hospedes do hotel também saibam. - eu fiquei a olhando com cara de bobo e ela continuou – Ou talvez, só Mariana não posso saber dessa informação inútil, não é Perseu?

-Calma. Isso tudo é só porque não te apresentei como minha namorada para a garota?

Annabeth não me respondeu e continuou a comer, me ignorando. Pela sua expressão, ela estava com raiva. Fiquei a encarando por um tempo, até que resolvi soltar:

-É, talvez seja mesmo constrangedor namorar uma filha de Atena que se acha melhor que qualquer um e me ignora, mas quando se trata de um certo filho de Apolo tudo são flores.

Ela parou de comer e ficou me encarando. Olhou pra mim com uma cara de :”você disse isso mesmo?”, se levantou e me deixou falando sozinho. Droga, eu tinha falado do maior defeito dela. Ela odiava quando mencionavam isso. Fiquei a observando sair do restaurante, e se encontrar com Mariana, que aparentemente falou com ela, e foi ignorada. Mariana me viu, e veio até a mesa.

-Bom dia Percy! Achei que ainda estivesse dormindo. O que aconteceu com Annabeth? – disse ela se sentando.

-Bom dia! Aconteceu que eu falei uma coisa que não devia ter falado e ela ficou mais brava do que já estava.

-Ela não estava brava, Percy. Ela parecia desapontada. E bem, agora ela está mais desapontada ainda. O que você fez?

-Por que sempre eu fiz alguma coisa? – perguntei a ela indignado, e ela apenas continuou a me fitar- Ok. Talvez eu tenha feito. Ela ficou chateada por eu não ter a apresentado para você como minha namorada, e agora eu disse que ela se acha melhor que qualquer um.

-Tsc tsc tsc. Meninos, não entendem nada, né? – Mariana falou.

-O que? Ela não precisa fazer drama. Aposto que se fosse o Sr. Babaca que falasse isso, era capaz dela até dar razão pra ele.

-Sr. Babaca? – ela perguntou rindo.

-Sim, o Thomas.

-Se ele tivesse dito ela não daria importância. Ela deu importância porque foi você que disse. Percy, você não é namorado dela a toa. Alguma coisa ela sente por você, e sim, pra ela é importante o que você fala. Ainda mais quando se refere a ela.

-Talvez você tenha razão, mas isso não justifica o fato de que ela não se importa com o que eu sinto.

-E o que você sente?

-Ciúmes - eu não acreditava que tinha dito aquilo em voz alta.

-E você falou para ela que está com ciúmes? Ciúmes do Thomas, né?

-Não eu não falei. Mas é dele sim. O jeito como ele fala com ela, como dá em cima dela e ela não faz nada para cortar ele. Isso realmente me irrita.

-Se eu fosse você aproveitava que ela está sozinha no quarto e ia falar isso pra ela agora.

Mariana tinha razão, talvez se eu falasse abertamente com Annabeth, as coisas melhorassem. Me levantei e subi até o quarto das meninas. No corredor pude ouvir a voz dela, conversando com alguém:

-Me conta – disse alguém.

-Parece que ele tem vergonha de mim, e agora disse que eu me acho melhor que todo mundo- Annabeth disse.

Eu me escorei na parede perto de uma planta grande, para ficar ouvindo e percebi que ela falava com Thomas.

-Não fica assim Annie, já te falei que ele é um idiota. Mas, numa coisa ele tem razão, você é melhor que todo mundo. – ele disse se aproximando dela. E eu ali, vendo tudo de perto. Ah, não. Eu não ia deixar esse Thomas, se aproximar tanto dela. Saí de trás da planta e fui em direção a eles:

-Sim Annabeth é melhor que todo mundo e é MINHA NAMORADA, portanto nos de licença que eu quero falar com ela a sós – eu falei com a melhor cara de mal que eu consegui fazer. Tanto Annabeth como Thomas ficaram me olhando atônitos, eles não esperavam essa reação minha. – Não ouviu Thomas? Nos de licença agora, por favor? Por que você não vai até o restaurante fazer companhia a Mariana?

Ele só assentiu contrariado e saiu do corredor, me deixando sozinho com Annabeth. Ela me encarou por um tempo até que disse:

-Fala.

-Podemos entrar? – eu perguntei apontando para o quarto dela.

-Claro – ela disse destrancando a porta.