Eu estava no meu quarto lendo um livro deitada na minha cama. Logo escuto umas conversas lá embaixo. Acho que o Stiven chamou alguns amigos. Não quero nem ver, continuo lendo. Eles estavam praticamente gritando lá embaixo, e assim do nada, eles param.

Eu tento achar normal, mas foi estranho. Me levanto da minha cama, deixando o meu livro aberto sobre a mesma.

Abro devagar a porta do meu quarto. E ando escondida até a escada.

Agaichada, perto da escada, vejo os meninos lá embaixo, eram os amigos de sempre de Stiven, estavam além dele, o Reita, o Derick e o Mike.

Eles estavam conversando algo baixinho, paro de olhar e fico apenas ouvindo. Sou mesmo curiosa.

- Meu, você não vai poder sair sozinho, você tem que ficar ligeiro! – diz o Reita, sério, seu conhecido tom de brincadeira na voz, não estava.

- Ah, que nada eu não to nem ai pra eles! – responde o meu irmão.

- É sério cara, eles estão atrás de você! – diz o Mike.

- A gente tem que andar sempre junto, meu a gente sempre se mete em furada, então um vai ter que ajudar o outro, sempre. – diz o Derick.

- Gente, vocês acham que estou preocupado comigo? – diz o Stiven, seu tom de voz era o de menos preocupado do grupo.

- Mas a gente ta, seu idiota! Você quer morrer? – diz Reita, elevando um pouco a voz. Nessa hora, Stiven repreende ele, dizendo:

- Fala baixo porra, você quer que a minha irmã escute?

Meu Deus, agora sim sinto medo. Do que eles estão falandoo? Acho que vou descer e vou dizer que escutei tudo! Mas... não sei!

- Eu to preocupado é com a minha irmã! Sabem sobre aquele assunto, de uns caras que abordaram ela na rua. E se tiver alguma coisa haver com esse assunto?

- Será, meu? Se tiver você ta fudido, Tiv! – diz Mike.

- Ta gente, mas chega! Falem pra Megan que eu não quero mais ver ela, e que eu vou ficar um tempo sem sair!

- Ta bom, a gente fala! – diz o Derick.

- Demorou, vamo vaza então. Você não sair amanhã então né? – pergunta Reita.

- Não.

Nessa hora, eu me levanto zonza, e vou até meu quarto.

Entro, me deito de barriga para baixo na cama, depois de jogar meu livro no canto, deixando a porta aberta. Estou com medo. Do que será que eles estavam falando? O que esta acontecendo?

Eu fiquei um tempo assim. Minha vida de uns tempos pra cá tem estado meio estranha.

Seria normal se eu tivesse pegado no sono agora. Mas não consegui.

O Stiven tava entrando e saindo toda hora do quarto dele. Eu percebi pelo barulho que ele fazia no corredor. Pouco depois ele aparece na porta do meu quarto dizendo:

- Você não comeu nada?

Eu me viro na cama pra olhar pra ele, e digo:

- To sem fome.

- Mamãe disse pra você não ficar sem comer. – Ele ia saindo do meu quarto, mas sentando na minha cama eu digo:

- Ei. – ele olha. – O ... o que ta pegando?

- Que? – ele parecia desentendido.

- Não mente pra mim. Eu sei que ta acontecendo alguma coisa aqui.

- Do que você ta falando? – ele se encostou no batente da porta.

- Eu... acabei ouvindo a conversa de vocês.

- Como é Geovanna? – ele ficou perplexo.

- É isso, Stiven. – eu desviei o olhar dele e estou agora olhando para baixo, sentada na minha cama, com as minhas duas mãos sobre a mesma.

- Ma... mas você é mesmo intrometida!

- Stiven! – me levanto, indo até ele. – Você ta correndo perigo? Quem esta atrás de você?

- Não! Não é isso, você entendeu errado!

- Eu entendi muito bem! Me desculpe, eu não queria ficar ouvindo sua conversa, mas aconteceu!

- Você não sabia que isso, quem faz é só gente intrometida?

- Me desculpe.

- Olha... fica fria, tudo vai se resolver. – ele ia saindo, mas eu o seguro pelo braço.

- Irmão! – ele me olha. – Me fala. Eu não vou conseguir ficar com essa agonia.

Ele suspira, impaciente, e diz:

- Eu já disse, que não é nada de mais!

- Stiven! – meus olhos já se enchem d’agua.

- Aaah, não Geovanna, para. Eu falo então.

Eu olho pra ele.

- É... é que eu tava ficando com uma garota. E o ex namorado dela é de uma gangue.

Arregalo os olhos, só de ouvir isso, tenho uma idéia do que é por fim.

- E ele acabou sabendo que eu estava com ela. E agora ta atrás de mim.

- Meu Deus! E o que você vai fazer?

- Eu não sei. Mas não estou com medo. Não por mim.

Depois de um breve tempo calada, eu digo:

- De que tipo de gangue ele é? São punks também?

- Claro que não, não me compara com eles. São uns marginais, só andam armados. Eu e meus amigos não somos assim.

- Armados?

- São uns doidos.

- Stiven! – fico perto dele, segurando sua camisa. – Não quero que nada de mal te aconteça! Não quero! – digo, deixando lágrimas correrem por meus olhos, inconscientemente encostando minha cabeça do toráx dele.

- Não vai acontecer nada, Geovanna, para com isso! Nem comigo e muito menos com você.

- Mas como você sabe?

- Sabendo. – estamos nos olhando.

- Promete, promete pra mim. – eu digo o abraçando forte, já estou me banhando em lágrimas.

- Não posso prometer. Apenas, acredite.

- Porque você não pode?

- Porque não posso, pow, não posso prever futuro.

Ele me olhava agora. Eu também, levantando a cabeça para olhar bem nos seus olhos.

Eu piscava rápido meus olhos.