A Vida de Elizabeth Ashfield escrita por Anonymous
Charles Ashfield estava sem saída, não havia nenhuma outra opção – por mais que pensasse no assunto – para salvar a vida da esposa e do seu filho a não ser a que lhe fora oferecida a principio, decidira por fim não telefonar para a polícia conforme o irmão havia lhe guiado durante a ligação, mas isso não impedia que o desespero tomasse conta de sua alma e pensamentos, porém ele tentava não demonstrar ao máximo, afinal deveria se manter calmo. O gêmeo mais velho chegou o mais rápido que pôde ao banco central de Summerlight, retirando em seguida a quantia em dinheiro que fora exigida por Paul o depositando em uma grande mala preta.
- Agora só preciso chegar ao lugar combinado com cautela e cuidado... Não posso deixar essa raiva que estou sentindo pelo meu irmão tomar conta de mim e fazer igual a ele... Não posso. – Repetia como um mantra em seus pensamentos que o envolviam de forma possessiva, o retirando da noção do tempo. Corria como um louco, e mal percebeu quando finalmente chegou ao local combinado.
O local em que se encontrava era uma praça totalmente em ruínas e abandonada, e havia chegado a um ponto critico onde os matos começavam a encobrir todo o concreto que forrava o chão, era um lugar distante da cidade onde residiam. Aquele provavelmente era um bairro suburbano pela quantidade de pessoas mal vestidas que transitavam e pelas casas ao redor, por fim sentou-se sobre um dos poucos bancos que ainda não haviam cedido e desabado, aguardando a chegada de Paul ou de um de seus capangas, porém fora surpreendido. Fora atacado por trás, raptado pelo próprio irmão, cedendo para a inconsciência.
No momento em que despertou, as lembranças voltaram quase imediatamente a sua mente, e quase automaticamente percebeu que estava amarrado ao lado da esposa.
- V-você está vivo! Meu querido, estava com muito medo de perder você... – Elizabeth realizava um imenso esforço para pronunciar as palavras. Lágrimas escorreram de seus olhos quando a milionária teve a certeza de que o amor de sua vida não tinha falecido.
- O- O que está acontecendo? Eu estava numa praça... O lugar combinado para encontrar o meu irmão e...
- E você foi atacado por ele e veio parar aqui! Foi exatamente o que ele fez comigo... – deduziu Elizabeth, descobrindo qual era a real intenção de Paul com tudo aquilo. Arregalou os olhos, amedrontada. – Meu Deus, Charles, ele vai nos matar!
...
Margareth se distraía varrendo um pátio quando foi surpreendida por uma carcereira que dissera que tinha um telefonema surpresa de James.
- Olá, querido, aconteceu alguma coisa?
- Sim, aconteceu... Andei fazendo umas pesquisinhas básicas, e descobri que um antigo inimigo da família Ashfield retornou e sequestrou a sua amiguinha...
- Poupe-me de suas ironias e vá direto ao ponto. – ordenou Margareth, friamente. Desejava mais do que nunca saber que desgraça teria ocorrido com a assassina de sua irmã. – Diga-me tudo que está acontecendo, sem deixar de fora nenhum fato.
- Então... Pelo que parece o cara é uma cópia idêntica do marido da Elizabeth. São irmãos gêmeos, no entanto, ele sempre odiou o médico, aqueles ódios possessivos de irmãos invejosos e loucos, entende? – James fez uma pausa, recuperando o fôlego, orgulhoso da descoberta que fizera. – Sempre quis o mal do irmão e sequestrou os dois. Você deve saber o que provavelmente deve estar para acontecer.
- Se Deus quiser, a Elizabeth vai pagar por tudo o que fez, sem nem ter dedo meu nisso tudo! Nem que esse castigo seja a morte.
- Você me assusta.
...
Victoria Wilkinson, após sair do hospital são e salva, retornou para sua residência, de onde não deveria ter saído naquele terrível dia. Sentou-se em uma poltrona, ofegante. O marido sentou-se ao seu lado, suspirando. Aliviava-se por nada de ruim ter acontecido à Victoria. Ele não suportaria nem pensar na hipótese de perdê-la.
- Onde será que está a Elizabeth nesse momento? Tô preocupada demais, Teddy. Alguma coisa de ruim deve ter acontecido com ela... Eu queria ajudar, mas não posso...
- E não pode mesmo! Temos que nos preocupar com você agora, nesse momento. O Charles vai cuidar disso e eu vou ficar aqui, junto a você e à nossa filhinha. – Teddy abraçou Victoria, que finalmente se sentiu um pouco à vontade e tranquilizada depois daquele tenso dia.
...
Paul Ashfield chegara ao quarto acompanhado de um capanga. Ambos se encontravam com revólveres nas mãos apontados para o casal. Paul se aproximou dos dois, ordenando.
- Você fica com essa arma apontada direitinho pros dois... Se eles revidarem, você atira, mete bala! – e virou para Elizabeth e Charles. – Vai ser bem mais divertido com você solto, irmãozinho.
Paul desamarrava lentamente Charles e Elizabeth, que não reagiram, pois sabiam o que estava prestes a acontecer caso tivessem reagido. No entanto, iriam morrer de qualquer forma, o que não facilitava as escolhas.
- E aí, qual dos dois vai morrer primeiro?
Charles e Elizabeth se entreolharam, aflitos. Elizabeth, sem dúvida, teria se jogado na frente do marido para salvar a vida deste, porém, também estava pensando em Thomas, o bebezinho que nasceria dali a alguns dias.
- Eu vou. – decidia Charles, desesperando a esposa, que não sabia o que poderia fazer para salvar a vida das duas pessoas que mais amava daquele homem, a única pessoa de quem sentira medo e repulsa, além daquele que a abusara sexualmente na infância, seu próprio pai.
- Charles... – fora tudo que ela fora capaz de dizer diante daquele assombrado momento. Pediu a Deus que todos conseguissem sair com vida dali, e que aquele psicopata fosse punido por tudo que cometera.
- Mas quero dar cabo naquela ali primeiro! – Paul girou o braço e Elizabeth ficou na mira do revólver, que atirou. No entanto, não fora a milionária que levara o tiro.
- CHARLES, NÃO! – Elizabeth, ao ver o marido se jogar à sua frente para receber o tiro que ela deveria ter levado, não se importou com nada mais e se ajoelhou ao lado do homem, que cerrara os olhos, falecendo imediatamente. E este fora o fim de Charles Ashfield, o grande amor da vida de Elizabeth Ashfield.
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