Ponto de vista Freddie

Não demorou muito para chegarmos ao restaurante. Avistei uma mesa perto da janela e chamei Sam para nos sentarmos lá. Assim que nos sentamos uma garçonete veio nos atender e Sam não hesitou em pedir. Pediu um hambúrguer triplo acompanhado de um refrigerante e eu mesmo sem estar acostumado a comer esse tipo de coisa no almoço, resolvi pedir o mesmo.

- Então – Sam começou – Onde está o iPod?

- Eu deixei em casa. – Sorri meio sem graça.

- Você fez o que? – Ela riu. – Não acredito que deixou seu iPod em casa. Pensei que vocês fossem casados.

- Vai mesmo começar com suas piadas idiotas?

- Estou falando alguma mentira? – Ela riu novamente. Ia fazer outra piada quando a garçonete chegou com nossos lanches, quer dizer, nosso almoço.

- Finalmente! – Sam exclamou. – Então, como são seus amigos de Nova York? – Falou enquanto mastigava.

- Sam, por favor, não fale enquanto mastiga.

- Eu falo do jeito que eu quiser. – Teimou comigo e eu suspirei.

- Bom, meus amigos de Nova York são... Comuns.

- Comuns como?

- Na verdade, só tenho um amigo. Gibby. Ele é realmente um irmão.

- Você só tem um amigo?

- Mais ou menos. Gibby é aquele cara que eu sei que posso confiar de verdade. Sabe como é?

- Sei. – Ela sorriu. – E os outros amigos?

- Os outros são apenas os outros. Estão comigo mas eu sei que na hora do aperto não vão estar lá.

- Ah. – Suspirou. – Sei como é.

- Então, já se decidiu? – Mudei de assunto.

- Ainda não... Vou ligar pro meu pai na próxima semana para dizer a resposta.

- Eu não vou estar aqui na próxima semana.

- Eu sei... Mas antes de você ir embora eu vou te dar a resposta. Pode ser?

- Pode. – Sorri. – Então, quer mais alguma coisa ou já posso pagar?

- Quero mais um hambúrguer.

- O que? – A olhei assustado.

- Estou brincando. – Sam riu. – Vamos pagar.

Nos levantamos e fomos em direção ao caixa pagar os lanches. Passar a tarde com Sam era bom, podia fazer isso durante todas as tardes.

Depois que saímos do restaurante, fomos à tão esperada loja de CDs. Era enorme, tinha CDs de todos os tipos de músicas.

- E aí Garrett. – Sam cumprimentou o balconista. Ele parecia ter cinquenta ou sessenta anos, tinha tatuagens por todo o corpo e era cheio de piercings pelo rosto.

- E aí Sammy. – Sorriu e saiu de trás do balcão para cumprimentá-la. – Você sumiu!

- Pois é. Não tive muito tempo para vir aqui. – Ela sorriu.

- E quem é este? – Garrett perguntou, olhando para mim.

- Ah, este é Freddie Benson, um amigo meu.

Estendi a mão para cumprimentar Garrett e ele apenas me olhou de cima á baixo. Engoli em seco. Tive a sensação de que Garrett não tinha gostado de mim.

- Você não é daqui, não é? – Ele se aproximou.

- Não, senhor. – Respondi com um pouco de medo.

- E de onde você é?

- Sou de Nova York.

- Sua mãe por acaso se chama Marisa Benson?

- Sim, senhor.

- Não acredito! – Ele gargalhou. – Garoto, eu poderia ser seu pai!

No momento em que ele falou isso, levei um susto. Como ele poderia ser meu pai? E como ele conhecia a minha mãe?

- O que? – Perguntei um pouco confuso.

- Eu já namorei a sua mãe, quando éramos jovens. E aí ela conheceu o seu pai, engravidou dele cedo e teve você. E então, resolveu se mudar para Nova York. E acredita que ela nem me avisou que tinha voltado? – Ele riu novamente.

- Ah. Eu nunca imaginei que...

- Tudo bem, eu também nunca imaginei que fosse encontrar o filho da Marisa algum dia. Enfim, só diga para sua mãe que o Garrett mandou um oi. – Ele sorriu. – Mas enfim, o que vocês dois vieram fazer aqui?

- Vim mostrar a loja para o Freddie. – Sam se pronunciou.

- Ah, claro, claro. Fiquem á vontade, qualquer coisa eu estou aqui no balcão.

- Tudo bem, Gary. – Sam sorriu e me puxou pela mão para o outro lado da loja, onde Garrett não pudesse nos ver.

- Benson, o que foi isso? – Ela perguntou, colocando as mãos na cintura e passando um olhar como quem diz ‘’você está louco?’’

- Eu não sei! Nunca pude imaginar que minha mãe já namorou com um rockeiro!

- Posso ser sincera? Garrett não gosta de você.

- O que? Mas, como? Por quê?

- É simples. Ele não gosta de ninguém que tenha ‘’Benson’’ no sobrenome. Tudo isso por culpa da sua mãe, que o deixou para namorar com seu pai.

- Ele ainda a ama?

- Não, Garrett é casado, por incrível que pareça. Mas isso não faz ele gostar de você. Ou do seu pai.

- Sam... Posso te pedir para não falar do meu pai por favor?

- Por quê?

- Você não se lembra? Ele faleceu quatorze dias depois que eu nasci. Eu não me lembro dele. Só o vejo em fotos. Sinto muito mesmo pelo Garrett, mas, por favor, não fale do meu pai.

- Ah... Eu... Tinha me esquecido. Me desculpe. – Ela me abraçou forte. – Eu sei como é triste não ter um pai por perto. Não vamos mais falar disso, ok?

- OK. – Sorri. – Bom, você não ia me mostrar uns CDs?

- Ah, sim, sim. Vem, vou te mostrar uma das melhores bandas que existe. – Ela me puxou pela mão novamente, me levando á um lado da loja que correspondia apenas á CDs de rock. Nosso gosto musical era parecido, e bem, isso era bom.

Pude perceber que Garrett nos observava o tempo todo. Ignorei isso, ou pelo menos tentei.

Depois de uns 30 minutos, levamos alguns CDs que tínhamos escolhido para o balcão. Garrett forçou um sorriso e logo nos atendeu. Ele e Sam conversaram sobre algumas bandas, eu até opinava em alguns casos, mesmo que Garrett me olhasse, digamos, com ‘’cara feia’’.

Quando finalmente pagamos e já estávamos saindo Garrett me puxou pelo braço, o que até me assustou um pouco.

- Sammy, querida, pode indo na frente, eu preciso ter uma palavrinha aqui com o tal Benson. – Garrett avisou á Sam, que saiu da loja e ficou me esperando do lado de fora. Isso me deixou com mais medo ainda.

- Ahn... Sim? – O olhei, tentando não demonstrar o quanto eu estava assustado.

- Cuide bem dela.

- O que? - Perguntei confuso.

- Cuide bem da minha Sammy. Não deixe que nada aconteça a ela. E nunca, em hipótese alguma, quebre o coração dela o a faça sofrer. Você ouviu bem?

- Ahn... Sim, senhor.

- E pare de me chamar de senhor, eu odeio isso.

- Ah, desculpe, senh... ahn, Garrett?

- Sim, Garrett é melhor. Agora vá, e não se esqueça do que eu te falei.

- Pode deixar, Garrett. – Sorri e percebi que Garrett tentou retribuir. Sam me esperava do lado de fora e assim que cheguei perto dela, a loira me perguntou o que Garrett queria tanto falar comigo. Respondi que não era nada demais e, mesmo não aceitando isso, Sam ficou quieta e nós pegamos outro ônibus para voltar para casa.

Ponto de vista Sam

Aquela tarde tinha sido realmente boa. Freddie me distraíra um pouco, mas ao chegar no condomínio novamente, tudo voltou ao normal. Podia sentir que Carly estava chorando e Spencer provavelmente também.

Freddie resolveu me levar até a porta da minha casa. Olhei no relógio e vi que já eram 17h. O tempo realmente tinha voado. Me despedi de Freddie com um abraço e ele me deu um beijo no canto da boca, o que fez minhas bochechas levemente corarem. Não pude evitar e sorri.

Quando entrei em casa, a primeira cosia que fiz foi pegar o meu celular para ver se tinha alguma mensagem ou alguma chamada perdida de Carly. Nada. Ela realmente estava muito mal. Isso apertou mais o meu coração e, sem pensar duas vezes, fui para sua casa.

Toquei a campainha e depois de uns minutos Carly apareceu. Seu cabelo estava sem pentear, seus olhos inchados e cheios de olheira. Nunca tinha visto Carly desse jeito, afinal, ela sempre anda arrumada. Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a minha melhor amiga naquele estado. Carly tentou sorrir ao me ver, mas pude perceber que nem isso ela conseguia fazer.

- Posso entrar? – Perguntei, o que era estranho, afinal eu nunca perguntava se podia entrar na casa dela.

- Você já é de casa. – Respondeu com a voz fraca.

Entrei em sua casa e sentei no sofá. Coloquei a mão na cabeça e percebi o silêncio que estava ali dentro.

- Spencer está? – Perguntei.

- Não. Ele saiu hoje cedo e não disse para onde ia. – Carly olhou para baixo.

Me levantei e rapidamente abracei minha amiga com força. Ela não segurou as lágrimas e começou a chorar. Também não pude me segurar e fiz o mesmo. Eu sentia toda a dor que ela estava sentindo, sabia que ela tinha feito errado, mas Carly era minha melhor amiga e eu não podia deixá-la naquele momento. Nos separamos do abraço depois de uns longos minutos.

- Me desculpe. – Ela finalmente conseguiu falar. – Por tudo. Eu sei que devia ter te escutado. Você estava certa. Você sempre esteve certa.

- Carly, nós sabemos que você fez errado. Você errou feio. Mas errar é humano. Tenho certeza que as coisas vão se ajeitar. E eu vou estar aqui ao seu lado, sempre. – Ela sorriu.

-  Obrigada mesmo, Sam. Não sei o que faria se você não estivesse aqui agora. Mas – Seus olhos se encheram de lágrimas novamente. – nós sabemos que as coisas não vão se ajeitar. Eu posso estar grávida, Sam.

- Eu sei, Carls. Mas não temos certeza de nada ainda. Vamos esperar pra ver. E se for necessário, eu compro um teste de gravidez para você fazer.

- Obrigada. – Sorriu novamente.

- Não quero te ver assim. Por mais que seja difícil. Você é a minha melhor amiga, Carls. Eu não suporto te ver chorando, mesmo que você faça essas burradas.

- Eu tenho sorte de ter uma amiga assim como você. – Ela riu. – Posso te pedir uma coisa?

- O que?

- Dorme aqui hoje. Por favor. Essa noite eu não dormi. Eu não comi. Eu não bebi nada. Eu estou me sentindo muito fraca. Por favor.

- Tudo bem. Vai tomar um banho gelado, esfriar essa cabeça. Eu vou preparar um sanduíche bem caprichado pra você e nós vamos ver filmes. Pode ser?

- Pode. – Ela sorriu e foi para o seu quarto.

Eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Não podia deixar Carly sozinha naquele momento. Afinal, se fosse eu quem tivesse feito o que ela fez, com certeza ela não me abandonaria. Fui para a cozinha preparar os sanduíches, enquanto ela estava no banho.