Foram segundos que mais pareceram horas, da troca de olhares em que nenhum dos dois conseguia adivinhar o que o outro pensava somente o coração sabia o que se passava, afinal, pensavam um no outro, e isso era algo que não adivinhariam tão facilmente.

Lucy não sabia o que fazer, Natsu a tinha beijado, mesmo que o beijo tivesse sido leve não mudava o fato do que aquilo tinha mesmo acontecido. Por um momento pensou nele não somente como seu melhor amigo ou como um irmão adotado pelo seu coração, mas sim como um homem.

Só naquele momento percebeu o quanto Natsu tinha mudado, havia se tornado um homem lindo e musculoso, não era mais a criança magrela e fraca que Lucy conhecia.

Os novos pensamentos de Lucy sobre Natsu foram expelidos assim que todas as suas lembranças junto dele na infância vieram. A loira começou a formular uma nova teoria sobre o beijo, mais aceita pela sua mente, mas não pelo seu coração, a teoria de que ele havia feito aquilo apenas para deixar a farsa mais convincente, para ajuda-la, afinal sempre fora um ótimo amigo, do tipo que faria qualquer coisa para ajuda-la.

Permaneceu apenas um minuto parada, esse um minuto foi suficiente para que todos e aqueles pensamentos dominassem sua mente, tão fácil quanto foi para eles se firmarem não seria para serem retirados, por mais que desejasse o contrário. Era isso, tinha certeza, ele havia feito aquilo apenas para ajuda-la, convencida disso voltou a andar.

Durante o tempo em que Lucy permaneceu parada, Natsu ficou olhando-a, também com o coração disparado, por não saber como a loira reagiria. Esperava tudo, menos uma reação normal. À medida que ela se aproximava, mais o coração do rosado disparava, até o ponto em que ela estava a centímetros de distancia dele, seu coração quase parou quando ela deu-lhe um beijo na bochecha, surpreendo-o por completo.

- Demorei muito? – Disse normalmente, fazendo com que Natsu ficasse ainda mais confuso.

- N-Não – Natsu disse, não fazia ideia do que se passava na mente de Lucy, achou melhor deixar sua curiosidade de lado, mais tarde tentaria descobrir porque ela estava agindo tão normalmente.

- Natsu-san, ela é sua namorada não é? Por que está gaguejando? – Disse uma das amigas de Lisanna, Natsu não fazia ideia do que responder, no fim não precisou dizer nada, pois Lucy respondeu por ele.

- O Natsu fica assim às vezes quando me vê, uma vez ele me disse que fica hipnotizado pela minha beleza e por isso seu cérebro não funciona direito, fazendo com que as palavras não saiam da sua boca corretamente.

- Awn, que fofo! Espero um dia encontrar um namorado assim – A segunda garota disse, com os olhos brilhando.

- Sim, ele é mesmo muito fofo. Essa é uma das muitas coisas que eu amo no meu namorado lindo. – Lucy disse dando outro beijo na bochecha de Natsu.

Natsu corou violentamente com o comentário de Lucy, e também com o beijo, mesmo sabendo (ou com um pensamento muito convicto disso) que ela estava fingindo.

- Lucy, onde está a Lisanna? – Erza perguntou

- Ela estava no banheiro a ultima vez que a vi.

- Olhem, a Lisanna-sama já está voltando – Disse a amiga de Lisanna apontando para o corredor que levava ao banheiro, parecia mais que a albina era sua mestra pelo modo a como se referia a ela.

Lisanna caminhava em direção ao grupo, de primeiro com raiva estampada no rosto, mas ao se aproximar mais voltou a utilizar seu sorriso falso, que só enganava as suas discípulas.

- Voltei pessoal

- Lisanna-sama, você demorou – Uma das meninas falou.

- E o que você tem haver com isso? Se eu demorei o problema é meu. – Lisanna disse da maneira mais grossa possível, combinando com a personalidade dela.

- Tem razão Lisanna-sama, me perdoe, não deveria ter me intrometido.

 A cada segundo Lucy, Natsu, Erza e Gray ficavam mais impressionados com aquelas meninas, elas pareciam idolatrar Lisanna, tudo que a albina falasse era uma ordem. Ao mesmo tempo Lisanna as humilhava, andava com aquelas meninas somente para ter pessoas que a elogiassem o tempo todo e seguissem tudo que por ela era dito.

- Tanto faz. Eu estou com fome, vamos comer alguma coisa.

Lisanna e suas seguidoras foram na frente, Erza e Lucy estavam logo atrás, um pouco mais distantes estavam Gray e Natsu.

- Lucy, você já pensou em ser atriz? – Erza disse

- Não, por quê?

- Você mente muito bem, ou o que você disse sobre o Natsu não era mentira? – Erza disse com um olhar malicioso para a amiga.

- Erza! É claro que eu estava mentindo. Para que a Lisanna acredite nessa farsa é necessário ser convincente.

- Sei.

Continuaram andando calmamente, sem que Erza fizesse mais alguma piada sobre Natsu e Lucy, até Natsu perceber a marca no pulso de Lucy. Ele a segurou e deixou Gray e Erza seguirem a frente.

- Lucy, o que aconteceu? – Ele disse em um tom preocupado.

- Como assim?

- Essa marca no seu pulso, foi a Lisanna não foi?

- Isso não tem importância Natsu.

- É claro que tem, ela te machucou, eu sabia que essa sua ideia de engana-la não era uma boa ideia.

- Você está exagerando, não foi nada.

- Eu vou acabar com a Lisanna – Natsu não ouvia quase nada do que Lucy dizia, estava com raiva por Lisanna ter machucado sua Lucy.

- Ficou maluco?! Não pode bater em uma mulher!

- Eu sei, mas não acho que a Lisanna pode ser considerada uma mulher, ela está mais para um ser não identificado que veio para a Terra com o objetivo de perturbar, irritar e menosprezar as outras pessoas.

Lucy não conseguiu segurar o riso provocado pela comparação que Natsu fez de Lisanna com um E.T.

- É, acho que você tem razão. Mas mesmo assim não faça nada, só esqueça isso.

- Tudo bem, só porque você está pedindo, mas eu não vou esquecer.

O jeito protetor de Natsu, Lucy acreditava que fosse por ele ser seu amigo, desde quando eram pequenos ele sempre a protegia, por ser a mais fraca do grupo. Erza sempre conseguiu se proteger sozinha, Gray e Natsu também, mas Lucy não, ela sempre acabava se machucando e Natsu sempre estava lá para ajuda-la.

O grupo se dirigiu a lanchonete, na parte central do shopping. Sentaram-se com Lisanna e suas amigas de um lado e Natsu, Lucy, Erza e Gray do outro. Natsu não parava de encarar Lisanna, pensando nela machucando Lucy sua raiva só aumentava.

- Nat-kun, você não para de olhar para mim, assim eu fico com vergonha, e sua namorada está aqui, ela vai ficar com ciúmes.

Natsu não respondeu, apenas desviou o olhar, Lucy ignorou o comentário da albina. Terminaram de comer sem dar nem mais uma palavra, já estavam saindo do shopping, o que era um verdadeiro alivio para Erza, Gray, Natsu e Lucy.

- Lisanna, não precisa nos levar de volta. – Lucy disse

- Eu não me ofereci para fazer isso. Mas claro que se você, e só você, Nat-kun quiser voltar comigo não tem nenhum problema.

- Vou recusar seu convite, prefiro ficar com a Lucy.

- Que pena, um homem feito você deveria escolher uma mulher de verdade.

- Sim, eu sei, por isso escolhi a Lucy.

As palavras de Natsu fizeram Lucy corar, seu rosto estava tão vermelho quanto o cabelo de Erza. Lisanna, sem conseguir encontrar mais nenhuma resposta descente entrou no carro com suas amigas e partiu.

- Acho que ela ainda não descobriu nada – Erza disse

- É, acho que não, vamos ver quanto tempo ela ainda vai demorar a descobrir. – Gray disse

- Mas até que enfim ela foi embora, não aguentava mais – Lucy disse.

- Por que Lucy? É tão ruim assim fingir ser namorada do Natsu? – Gray perguntou, deixando Lucy constrangida e Natsu irritado.

- Com certeza eu sou um namorado falso bem melhor que você seu pervertido!

- Como você pode ter certeza se eu nem tenho uma namorada falsa?!

- Viu? Não consegue nem uma namorada falsa e ainda acha que é melhor namorado falso que eu.

- Além do mais minha pergunta era para a Lucy, você não tinha que se meter. Então Lucy, responda agora sem que esse esquentadinho se intrometa: É tão ruim fingir ser namorada do Natsu?

- Não......quero dizer....não é por isso que eu fiquei feliz pela Lisanna ter ido embora, é porque eu não aguentava mais ela.

- Sim, isso eu concordo, mas o que eu perguntei foi se é ruim ou não fingir ser namorada do Natsu.

Gray havia colocado Lucy em uma situação sem saída, ela não sabia o que fazer, se dissesse não estaria dizendo que foi bom fingir ser namorada de Natsu, o que não era mentira, mas ela tinha vergonha de admitir. Se dissesse sim iria provavelmente magoar Natsu.

- Já está ficando tarde, é melhor irmos – Foi o melhor que pôde fazer para escapar da situação.

- É, a Lucy tem razão – Natsu disse, também um pouco constrangido

- Você está tentando escapar da minha pergunta.

- Não estou! É que está tarde mesmo.

- Certo, vamos então. Nossas casas não ficam muito longe, então podemos ir a pé, nos encontramos na casa do olhos puxados daqui uma hora.

- Eu pego os filmes – Erza disse.

Erza e Gray foram para suas respectivas casas, Lucy precisava pegar algumas roupas na casa de sua avó, e como Natsu havia dito, ele iria acompanha-la. Os dois ficaram observando Erza e Gray se afastarem em silencio até que os dois não estivessem mais em seus campos de visão.

- Vamos? – Lucy disse, Natsu concordou.

Começaram a caminhar calmamente, o Sol estava se pondo, a medida que ele desaparecia as ruas ficavam mais escuras, iluminadas somente pela pouca luz que ele ainda emanava e pelos postes de iluminação. O silencio foi quebrado pelo celular de Lucy.

- Quem é? – Natsu perguntou

- Minha avó, provavelmente querendo saber onde eu estou a essa hora.

- Você não deveria falar que vai passar a noite fora? Mesmo ela sendo desse jeito deve ficar preocupada

- Para ela me impedir de ir? Você não a conhece Natsu, eu nem sei se ela realmente gosta de mim.

- Tudo bem.

Com a chegada da noite o clima ficou frio, sem o calor do Sol para aquecer e os ventos ficando ainda mais fortes a temperatura abaixou consideravelmente.

- Está frio – Lucy disse tremendo, tinha esquecido de pegar uma blusa, geralmente não sentia muito frio por isso desconsiderou que talvez fosse precisar

- Pegue – Natsu tirou a blusa e o cachecol que estava usando e colocou em Lucy, eles possuíam o mesmo cheiro embriagante do rosado, um cheiro que enlouquecia Lucy.

- Obrigado, mas não precisa – Lucy disse tentando devolver os itens, se permanecesse com eles aquele cheiro a deixaria fora de si

- É claro que precisa, você está tremendo de frio.

Natsu tinha razão, ela estava com muito frio, resolveu aceitar, tentaria não deixar o cheiro que emanava das vestes domina-la.

- Mas e você?

- Eu não sinto muito frio.

- Esse não é o cachecol que você ganhou do seu pai? Aquele que você nunca tirava?

- É, mas pode usa-lo, não tem problema.

- Certo, obrigado de novo. Natsu, quando chegarmos a casa tente não fazer barulho.

Natsu concordou, em cinco minutos já estavam na casa da avó de Lucy. Natsu foi até a janela do quarto de Lucy e começou a tentar abri-la, com um pouco de esforço conseguiu, sorriu para Lucy e entrou, ela o seguiu.

- Vamos pegar minhas coisas e sair o mais rápido possível

- Certo

 Ele começou a caminhar e sem perceber esbarrou na estante, derrubando um porta retratos. O objeto ao cair no chão produziu um som alto, Lucy olhou para Natsu assustada e torcendo para que sua avó não tivesse ouvido, o que achava muito improvável, mas ela não ter ouvido era única maneira de poder passar a noite com seus amigos.