“Mas no final o amor sempre vence”

Quantas vezes já me isto disseram? Uma frase tão doce, tão inocente... Entretanto a inocência sempre acompanha a ingenuidade, e eu não sou ingênuo, ou ao menos não mais - esta me foi arrancada aos berros, destituindo-me momentaneamente de forças para continuar. Por quê? O que eu fiz para merecer a desgraça? Cometi o pecado infame de amar? Pois agora pagava por meu crime, o fogo da ira cremando-me como às bruxas medievais. Queimasse! Mas poupasse a ela. Matasse! Mas salvasse ao menos a lembrança de seu sorriso, agora envolto em sombras, furtado pela invejosa Morte (pois ela sim daria vidas para ter um sequer similar), restando apenas um esgar de dor para sempre congelado em suas feições.

 “Mas no final o amor sempre vence”

Então por que seu corpo jazia no chão? Por que as lágrimas tentavam inutilmente apagar as chamas que me consumiam? Por que com uma adaga de dor transpassaram meu coração? Por que, por que, por quê... Pois ela morreu, e levou-me junto. Pois tudo o que é doce não passa de uma ilusão. Pois a vida, em si, é o castigo: Penitência por um pecado que desde nascidos estamos condenados a cometer. Por isso definhamos, por isso somos obrigados a ver quem mais amamos nos acompanhar - pois nesta vida não há piedade, apenas justiça num mundo de injustos.