The 17th Hunger Games escrita por DowneyEvans


Capítulo 4
1º Dia de Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Oooooi pessoas :3 Então, to postando outro capítulo hoje porque eu sou uma pessoa muito legal -não, e também porque eu estou louca para saber a reação de vocês!!!! Depois quero que me contem tudo!! O que vão achar dos concorrentes da Sarah!!!



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Acordei cedo. Não sei como, uma força sobrenatural fez com que eu me levantasse por vontade própria. Geralmente, no Distrito 4, minha mãe precisava quase me espancar para me fazer sair da cama. Mas aqui não. É tudo tão bonito e bem organizado que dá prazer nas coisas mais simples, como acordar. Não tinha motivos para acordar no 4... Minha mãe me obrigava a ir treinar no... Não! Não quero pensar naquela cretina de novo! Eu preciso relaxar... Mas como eu posso querer coisa mais relaxante do que isso?! Comecei a apreciar meu quarto melhor, não tinha dado a mínima para ele ontem, pois simplesmente me deitei e dormi. Agora que eu começo a olhar os detalhes.

Possui um lustre de cristal maravilhoso. As paredes são cor-de-rosa, com uma textura áspera que arranhava o braço, mas era bom ficar passando a mão ali, sei lá, acho que sou muito do interior. Têm uma televisão daquelas fininhas – plasma – enorme na frente da cama, que era fantástica, parecia que as pessoas da tela estavam mesmo na minha frente. Quando dormi esqueci ela ligada, e nesse momento estou com muito medo desse cara acertar essa bola em mim, ele está praticamente pulando da tela. Têm vários móveis espalhados pelo quarto, como por exemplo, escrivaninha, criado mudo, gavetas, sapateiras, tudo de mogno. Existe até uma caixinha que preserva a comida para mim - no Distrito 4 usamos sal para isso. Acho que o nome é geladeira, vi uma vez na vida, havia uma na cozinha do trem, dava para ver pela porta que interligava a copa com ela, mas eu não fazia ideia de para que servia. Porém acho que é muito pequena para uma geladeira, está debaixo da mesa.

Nessa cama cabem umas 3 pessoas GORDAS. E além de ser enorme, é muito confortável. O colchão é macio e aconchegante, coberto por cobertas peludas e quentinhas. Mesmo assim resisti a essa tentação e fui ao banheiro tomar um banho. Minha pele estava um pouco grudenta do óleo de ontem, mas foi fácil de tirar. Assim que acabou o jato de fogo, e a tempestade de neve do chuveiro, e consegui uma ‘’temperatura instável’’, apreciei o banheiro também: A parede de azulejo branco, tapetes, pia de mármore, torneira entalhada, boxe de vidro... E tudo isso sem contar nas milhares de opções de xampus, condicionadores, sabonetes, cremes, etc. Me senti mais relaxada, eu não sei... Esse lugar realmente amolece a gente...

Usei um xampu de grama (sim, grama. Quis experimentar) e voltei para o meu quarto. Chegando lá, percebo que tem uma roupa separada para mim na cama – uma das avoxes deve ter colocado lá enquanto eu tomava banho – então a visto. Era uma espécie de macacão preto, que me cobria do pescoço aos tornozelos, e tinha uns detalhes vermelhos na manga. Também tinha uma espécie de bota grande, de lenhador eu acho, que eram bem confortáveis.

Depois de pronta, fui para a cozinha, e me deparei com Saffra.

– Oh! Olá querida! Não sabia que já estava de pé há essa hora! Eu já ia ir te acordar! Vejo que já está vestida para o treinamento!

– Bom dia. O café já esta pronto? Estou morrendo de fome. – ignorei-a e fui até a mesa de jantar, onde tinha uma avox pálida cortando pão.

– Olá. – disse a ela enquanto me sentava. Ela me olhou com tanto espanto, será que ela tem medo de mim?

– Ahn, ér... – aparece Saffra. – Não é permitido falar com elas Sarah.

– Por que não? Ela parece tão amigável! – falei abraçando a garota, que parecia mais assustada ainda. Eu sabia que estava irritando Saffra, isso dá uma sensação boa.

– Regras da Capital. – diz ela secamente. – Não queira desrespeita - las. - Soltei a garota e fui para meu lugar. – Vou acordar os outros, com licença. – Saffra se retira e eu não troco mais nenhuma palavra com a menina.

Uns 20 minutos depois, ela aparece com o resto da Equipe. Inclusive Baron, que já estava pronto, vestido com uma roupa igual a minha. Que rápidos!

Todos se sentam e começam a se servir. Logo Lenny, que estava com um casaco enorme e uma calça bem grossa muito estranha, - eu realmente não entendo essas manias dele, não sei por que é tão friorento. É certo que hoje está um pouquinho mais frio do que ontem, mas mesmo assim está calor. Não sei o que há com ele. – começa a falar:

– Bom eu vou dar algumas dicas a vocês, e eu preciso que me escutem. – ele nos olhava seriamente. Eu e Baron assentimos.

– É o seguinte, vocês terão 2 dias para treinar. Lá no Centro, vocês aprenderão além manusear armas, técnicas de sobrevivência. Vocês aprenderão como acender uma fogueira e não ser percebidos, encontrar um abrigo seguro, encontrar água e alimento, além de distinguir que tipos de plantas são comestíveis e venenosas. Aprenderão também as técnicas de camuflagem, a escalar árvores e dar nós – ele olha para Baron. – mas tem uma coisa muito importante que vocês precisam saber: nunca, jamais, mostrem suas habilidades para os outros tributos. Eles não podem saber em que armas são bons, e quando digo ‘’outros tributos’’ quero dizer os Carreiristas. Eles podem já ficar alertos contra vocês, ou poderão pegar as suas armas para que vocês fiquem sem nada. Eu sugiro que vocês se finjam de fracos...

– O que? Assim só iremos parecer alvos mais fáceis para eles, e eles vão nos perseguir na arena! – digo.

– Essa é a ideia. – responde ele naturalmente. – Eles vão tentar te matar, mas você consegue escapar. Uma grande surpresa para eles.

– Mas e se a gente não conseguir escapar? Com essa sua técnica, só iremos morrer mais rápido! – diz Baron.

– Bom, eu consegui escapar. Desse jeito. E ganhei... Mas façam o que quiserem então... – fiquei um pouco mal por discordar dele, mas dessa forma eu iria morrer mais rápido sim!

– Mas isso não quer dizer que vocês não possam treinar com arma! Muito pelo contrário! – ele muda totalmente de assunto – O que eu aconselho, é que em um dia vocês pratiquem com armas e no outro aprendam a sobreviver sozinhos na floresta, ou sei lá, eles mudam de arena todo ano.

– Tudo bem. Hoje vou apenas ficar com a parte da sobrevivência. Amanhã eu procuro uma arma. – diz Baron

– Eu também.

– Então está tudo certo. – Lenny pega uma torrada com geleia e começa a comer. Tiberius ao ver que nisso eu já acabei de comer, finalmente fala:

– Se já acabou queridinha, que tal darmos um jeito nisso. – ele aponta para minha cabeça. Aaaargh!

– Okay. – nos levantamos e fomos para o meu quarto, onde na penteadeira havia 10 milhões de opções de presilhas. Ele fez várias tranças no meu cabelo, aí as juntou com um rabo de cavalo. Depois ele fez uma só trança com elas e fez um coque no meio. Fiquei impressionada com a rapidez que suas mãos agiam. Minha franja, porém, ficou toda na minha cara. Ele a jogou para o lado, e eu dei uns pulos para testar. Caraca! Esse coque não solta mesmo!

Ele prendeu tudo bem forte, mas minha franja torta voltou toda no meu olho. Ele me viu tentando ajeitá-la e disse:

– Não mecha, assim está perfeito! Não queremos quebrar a imagem da selvagem descabelada, não é?

Eu queroooooo!!!!!

– Tudo bem, mas se isso me atrapalhar lá na hora, eu te mato!

– Sutil...

Voltamos e os outros já nos esperavam.

– Vamos, vamos! – Saffra batia palminhas. Quando digo que ela jogou eu e Baron no elevador, não estou brincando.

– Mas vocês não vêm com a gente? – pergunta Baron à Merope e Tiberius.

– Não, não podemos ficar lá com vocês, mas boa sorte! – disse Merope sem nem olhar para nossa cara, se retirando. – É no andar do subsolo.

Eu já ia apertar o botão quando Lenny adverte:

– Não! Esperem! Tem uma ultima coisa que eu preciso falar com vocês: tentem observar em que armas cada tributo é bom, e quem são os mais fracos. Assim vocês saberão o que vão enfrentar na arena.

– Beleza. – fechei o elevador na cara dele. Eu e Baron não trocamos nenhuma palavra até chegar. Quase todos os tributos – com a mesma roupa que a gente – já aguardavam lá. Quando finalmente chegaram os atrasados do 3, somos reunidos num círculo, em volta de uma mulher musculosa, que nos adverte:

– Não serão permitidas lutas entre os tributos, vocês terão tempo suficiente para isso na arena.

Eu e Baron nos entreolhamos e ele disse entre os dentes: - Sou só eu que não fiquei tranquilo com isso? – depois deu um sorrisinho nervoso.

– E com você somos dois. – respondi também sorrindo daquele jeito.

– Lembrando que é obrigatório que pratiquem pelo menos uma das atividades complementares, como camuflagem. Não se limitem a penas às armas, se ficarem expostos, irão morrer de causas naturais como desidratação, infecção e frio. Essas instruções são obrigatórias a menos que estejam planejando morrer mais cedo. Estamos entendidos?

Ninguém falou nada.

– Pois bem, podem começar. – todos correram para uma estação diferente. Eu e Baron ficamos lá paralisados, até que ele diz:

– E aí, o que vai tentar primeiro?

– Vou aprender a fazer uma fogueira. – disse eu já me dirigindo para lá.

– Bom, eu vou aprender a escalar uma árvore.

– Boa sorte.

– Boa sorte.

Ele vai até aonde estão algumas árvores falsas e barras de escalada, onde só se encontram a menina ruiva do 7 e o garoto do 11.

Já eu, depois de dezenas de tentativas falhadas em conseguir fogo, consigo uma fogueira perfeita, quentinha, e que não chama muita atenção. Fiquei orgulhosa do meu trabalho, mas não havia ninguém ali para vê-lo. Na verdade não tinha ninguém ali, perto de mim, a maioria estava nas armas. E que armas. Haviam vários tipos de facas, de diversos tamanhos e formatos; espadas variadas, como montantes, rapieiras, floretes, katanas, e outras de formatos estranhamente medonhos; machados assustadoramente afiados; porretes; lanças longas e curtas; arcos com aljavas cheias de flechas pontudas e outras diversas coisas que eu não sei nem o nome. Avistei até um mangual!

Aproveitei para fazer o que Lenny disse, e fui observar os outros Tributos. Os carreiristas não tinham medo de se expor e estavam todos com armas mais mortíferas: Dixie, do 1, atirava faquinhas que de longe pareciam aquelas de manteiga, mas uma delas atravessou bem aonde seria a testa do boneco. Na mira. A menina do 2 – a loira que me encarara/Pomeline – atirava flechas habilidosamente bem aonde supostamente seria o ‘’coração’’ do alvo. Não errava nenhuma. Mas não ia deixar me intimidar, então fui observar outro. Russell - o garoto do 1- decapitava cada um dos bonecos-alvos com uma espada gigante rapidamente. Ele era bom. Muito bom. Certamente eu teria concorrência na arena, mas tentei novamente não pensar no pior. O garoto grandalhão do 2 – Wade – atirava machados enormes com uma força tão sobrenatural como a que me fez acordar hoje, a uns 100 metros do alvo e acertava sempre na barriga ou no pescoço. Meu Deus esse cara pode me partir ao meio com aquilo! Sem contar que ele tem quase o dobro do meu tamanho, e eu sou magrinha...

Vamos Sarah! Tenha pensamentos positivos! Afinal... Onde está Baron? – pensei

Olhei ao redor e vi que ele se encontrava na estação de camuflagem. Fui até ele.

– Oi.

– Oi. - Ele não tirava os olhos da mistura de folhas que estava fazendo. Depois eles às colocou sobre o braço.

– Uau! Do que é feito isso? C-como você fez?

– É uma mistura de barro com algumas plantas... Olha só.

Ele enfia a mão num arbusto falso que estava do nosso lado e ela fica quase totalmente invisível!

– E aí? – Ele pergunta.

– E-eu a-acho... Simplesmente incrível! Se fizer assim na arena, pode ter certeza de que ninguém irá te perturbar, ninguém ao menos irá te ver!

Ele da um sorriso.

– Obrigado.

Depois disso, ele vai para a estação de nós, e fico na camuflagem, tentando fazer uma textura de rocha em meu braço,quando uma menina chega ao meu lado. Ela usava um rabo de cavalo apertado no topo da cabeça e tinha uns olhos grandes e uma cara carrancuda. Reconheço ela. É a menina do 5, Silver, eu acho.

– Exibidos eles, não acha? – ela apontou para os Carreiristas, que ainda massacravam os bonecos. Para minha surpresa, ela estava falando comigo.

– Muuuuuuuito! – disse revirando os olhos. Ela riu. – Aposto que eu derrubaria todos eles com um estilingue!

– Pois é! Eles se acham, mas não são de nada. Você é a garota do 4 não é? Vai se juntar a eles?

– Claro que não! Primeiro porque eles só iriam se aproveitar de mim e me matar quando não precisassem mais da minha ajuda; e segundo, porque eu não quero ganhar as custas deles, quero ganhar com dignidade, sozinha. E além do mais, eu acho que qualquer tipo de parecerias só me trariam problemas. E afinal, eu quero ganhar não é mesmo? – cortei ela antes que ela pedisse para sermos aliadas, eu não sei. Estava sentindo que ela iria pedir isso, então me adiantei.

– Mas é isso que todos nós queremos. – ela diz friamente. – 24 de nós queremos ganhar, mas só pode haver um vencedor.

Aquilo mexeu comigo. Se eu quisesse mesmo sair viva de lá, eu precisava matar outros 23 jovens, que querem o mesmo que eu. E o problema é que eu não quero matar ninguém. Não sei como matar ninguém. É uma coisa tão injusta... O único modo de eu sair dali seria matando alguém inocente... E eu... simplesmente não quero. Isso me fez reacordar e pensar o real motivo do qual eu estou aqui. Esses dias eu estou tão distraída, que nem lembrava mais do quanto eu odeio a Capital, e minha mãe e aquele troço de garota selvagem e... Tudo isso veio à tona na minha cabeça e fiquei lá, pensando.

A garota continuava lá, ambas nós não falávamos nada, até que ela quebrou o silêncio:

– Por que você... – ela veio fungando para cima de mim – está cheirando a mato?

– Aah, é porque eu usei um xampu de grama – disse rindo. Ela arregalou os olhos.

– É estranho não é? Enquanto estava tomando banho, encontrei um que cheirava a carvão!

– Eca! Quem gostaria que seu cabelo fedesse a carvão!? As pessoas do 12 já devem penar com isso! – nesse momento, procurei a menina do 12 com o olhar. Ela era ainda mais nova do que eu, tinha uns 12 anos, e era bem fraquinha. Nesse momento, estava tentando subir numa corda. Tentativa fracassada, no que resulta com ela caída no chão, chorando, enquanto o menino do seu Distrito a ajudava a levantar. Fiquei com um pouco de pena dela, mas logo me voltei novamente para Silver, que estava falando comigo.

– É verdade! Esse povo da Capital não tem nada para inventar mesmo...

– É mesmo! Você já tinha ouvido falar em um troço chamado ‘’geladeira’’?

Nesse momento nossa conversa foi interrompida por um estouro. Todos se voltaram para os Carreiristas, que tentavam separar Wade com o menino do 8.

– E você não me enche não moleque!! Eu vou te matar! Eu vou te caçar na arena! Me aguarde! – ele empurrava o garoto no chão. Os outros Carreiristas finalmente conseguiram acalma-lo e ele foi andando para a parede atrás de onde o menino estava e retira algo grudado de lá. Um machado.

Ele furou um cano!!! UM CANO!! Que estava dentro da parede, sendo que ele só tinha jogado com força para machucar o menino!!!! Eu é que não quero me encontrar com esse cara na arena!!

Ele voltou para o seu ‘’lugar’’ fuzilando o 8 com o olhar. Depois que voltou com a sua atividade de atirar machados, sussurrou: ‘’ Só não te mato agora mesmo porque é contra as regras...’’. Eu e Silver nos entreolhamos, e logo todos já estavam fazendo suas atividades normais de novo.

– Ahn... eu acho que vou mudar de estação. Não vou conseguir fazer isso aqui nunca! Só estou perdendo tempo! – largo o barro na mesa e saio de lá. Ouço Silver falando:

– Até mais...

– Até. – fiz aquele símbolo dos soldados com os dedos de novo, e prossegui.

Até que ela era bem amigável, mas não! Ter um aliado é totalmente fora de gorgetação! Não posso confiar em ninguém! Será que tenho que ficar me lembrando disso toda hora?! Pelo visto sim.

Ao longo do dia, fiz algumas outras atividades interessantes, como por exemplo, na estação de plantas, aprendi a identificar alguns tipos de amoras altamente venenosas e confundíveis com as normais. Isso é uma coisa muito importante de se saber, afinal, a menina do meu Distrito no ano passado, morreu porque ingeriu citronela achando que era capim-cidreira. Por isso é bom ficar atenta com essas coisas. Aprendi também, o efeito medicinal que algumas plantas têm no nosso corpo, e como amenizar a dor das possíveis feridas. Dessa estação não saía a menina do 7, a ruiva/Luna. Ela tinha os cabelos presos numa trança escama de peixe apertadíssima, daquelas que começam da testa, e só agora percebi que ela tem um testão e um nariz enorme e alongdo. Ela não tirava os olhos de uma frutinha estranha lá... Estava a analisando há séculos, e nem percebeu que eu estava a observando. Um tempo depois, ela espremeu todo o suco e misturou a uma substância viscosa de uma folha com um pozinho e a jogou no chão. Eu fiquei impressionada. Na folha enorme que tinha no chão, abriu-se um buraco gigante que foi corroído pela mistura! Essa menina era um gênio! Eu precisava aprender como se fazia aquilo, seria bastante útil.

Depois que ela me viu, abriu um sorriso irônico no rosto.

– Oh, olá menina selvagem!

– Mas por que todo mundo me chama assim? O que eu fiz de tão errado?

– Eu sei lá, o mesmo que eu fiz para me chamarem de cara de magricela tosca na escola... – ela se levantou e foi para a área de camuflagem. Depois que ela se foi eu fiquei pensando: Distrito 7, lenhadores. Com aquele corpo ela nunca na vida iria conseguir levantar um machado. Talvez seja por isso que ela tenha optado pelas artes da sobrevivência, já que eu duvido muito que ela vá manusear algo pesado.

Depois daquela estação, fui para muitas outras também, e aprendi como achar um lugar seguro para dormir, me disfarçando com folhas. Aprendi também a encontrar e purificar água. Tentei escalar uma árvore. Em vão. Não me dei muito melhor do que a garotinha chorona do 12. Mas em compensação, me dei muito bem com cordas e nós, o que significa que se eu conseguir subir em uma árvore na arena sem me esborrachar no chão, pelo menos vou poder me amarrar lá em cima, de forma que eu não caia.

Enfim, acho que hoje deu para aproveitar bem as coisas, amanhã vou pegar mais pesado. Vou tentar aprimorar minhas habilidades com a espada, se possível aprender a manusear outro tipo de arma, mas acho que não dará muito certo. Estou apostando com todas as minhas forças na espada, pois sem ela, estarei perdida.

O dia logo acabou e tivemos de voltar aos nossos apartamentos. Só agora me encontrei com Baron de novo, faz muito tempo que eu não o via, desde a estação de camuflagem, de manhã. No elevador, começamos a conversar.

– Você viu a briga entre o 2 e o 8? – pergunta ele.

– Eu vi! O que foi aquilo! Quase decepa o menino antes da arena!

– É... Aquele Wade parece ser muito violento. Tomara que não me depare com ele na arena, ou não sobrará nada de mim.

A arena. Os Jogos. Eu não queria pensar neles, mas era obrigado! Tudo em nossa volta se relacionava a eles! Daqui a menos de uma semana eu vou ter que lutar. Lutar pra valer, e eu não posso simplesmente ignorar isso, por mais que meu cérebro se force a pensar o contrário.

O elevador chegou no andar.

– E então, o que fez hoje?

– Nada diferente de você... Aah! Eu estive observando as lanças de lá e percebi que não são nada diferentes das que eu e meu pai costumamos usar para pescar!

– Que legal Baron, se deu bem... – disse desanimada enquanto Saffra abria a porta nos enchendo de perguntas.

– Aaah! Como foi o primeiro dia de vocês dois!?

– Fizeram o que eu mandei? – perguntou Lenny do outro lado da sala.

– O seu coque se desfez? – perguntou Tiberius de algum canto da casa.

– A pomada funcionou? Nada arde mais? – gritou Merope à Baron. Me segurei para não rir, ele parecia constrangido. Afinal, esse povo da Capital não tem consciência do que fala em público, que eles podem magoar as pessoas, e muito menos de que eles falam alto de mais!

– Calma! Calma gente! – grita Saffra – Vamos, sentem–se aqui. – todos se sentam no enorme sofá, à nossa volta. – Agora perguntem.

– É, parece que não se soltou! – diz Tiberius chegando correndo do banheiro, balançando as mãos, e com um pedaço de papel-higiênico agarrado no pé. Agora seu cabelo estava roxo. Eu sinceramente tenho dúvidas sobre a sexualidade dele, mas aqui o povo é todo estranho mesmo, e pode ser que pintar o cabelo de rosa e roxo, e usar delineador, que dizer que ele é bem macho, mas... Aah! Eu sei lá! Nem dá para distinguir o sexo das pessoas daqui! Todas usam as mesmas roupas e maquiagens ridículas!

– Tá melhorzinho? – disse Merope passando a mão no rosto de Baron. Ela estava perto de mais, me senti um pouco enciumada, mas não fazia sentido. Ele é só uma pessoa do meu Distrito, que também vai morrer em questão de dias. E além do mais, ele deve ter uns 16 anos, e é bonito... eu sou tipo que um monstro anão perto dele...

– Éer... – tentei interromper. Ela na hora se afastou. – Sim Lenny, fizemos o que você pediu.

– Ótimo! E o que vocês fizeram hoje? Por favor, digam que foi algo produtivo, e que vocês não desperdiçaram tempo jogando conversa fora com os outros Tributos.

– Mas é claro que não!... - Contei a ele tudo o que aprendi e Baron fez o mesmo.

– Maravilha. E vocês observaram os outros tributos como eu pedi? Os Carreiristas, principalmente?

– Bom, a menina do 1 arrancou a testa do boneco com uma faquinha de manteiga. O garoto, meu concorrente, decepou uns trinta bonecos com uns golpes que eu nunca vi em dois anos de aulas. A menina do 2 pode arrancar seu olho com uma flecha à 2 quilômetros de distância. O menino? Aah, o menino estourou toda a encanação do Centro de Treinamento lançando uma machado, um dos menores de lá. Quer que eu explique mais?

– Nossa. – é tudo que Lenny consegue dizer.

– Éer... – começa Baron - A menina do 5 – Silver, pensei. – também meche com arco e flechas, e tem uma mira muito boa. O menino do 9 meche com facas, e eu vi a menina do 3 tentando manusear uma espada – Ótimo! Pensei. Mais uma concorrente! Perfeito! – Mas ela é muito ruim. – Ufa!

– Legal. Mas não se deixem levar pelo medo de que os Carreiristas sejam melhores do que vocês, vocês também são espertos! E se eles só treinarem com armas, quando estiverem feridos, ou com fome na Arena, não terão chance! Mas vocês sim, não é?

– É...

– Aah! Eu esqueci de mencionar! – diz Baron alegremente. – Nenhum dos outros Tributos nem sequer tocou nas lanças ou tridentes!

– Que ótimo Baron!! – disse Lenny. Eles bateram as mãos. – vai ser moleza para você então!

É, que pena que para mim não será a mesma coisa.

– Pois é né... – disse querendo que ele também me desse atenção.

– Querida, o segredo é correr. Você é rápida, certo? É mais baixa e mais ágil do que eles, isso é uma vantagem. Se você for a mais veloz, não vai sair do Banho de Sangue de mãos abanando.

Isso me animou um pouco, saber que agora Lenny confia que eu vou conseguir sobreviver ao Banho de Sangue. Um incentivo.

– Por que vocês não vão tomar um banho? Você Sarah está cheirando a mato! – diz Saffra

– Isso é um xampu!

– Aah, é claro... Vão, vão! – ela disse abanando as mãos como se fossemos animais. – E não demorem muito, pois o jantar está quase pronto.

Fomos ambos para nossos quartos e eu tomei um banho. Relaxei e deixei que a água caísse sobre o meu corpo, e fiquei assimilando tudo o que tinha visto e aprendido hoje. Dessa vez usei um xaumpu mais cheiroso, de laranja. Me arrumei e quando saí do quarto dei de cara com Baron. Ele tinha os olhos todos inchados, e o nariz vermelho. Parecia que ele havia chorado por horas. Aah é claro. Ele havia se segurado o dia inteiro para chorar no banho, para que ninguém percebesse. Esperto. Afinal ele é mais sensível do que eu, que segundo a Capital, sou uma ‘’selvagem’’.

– Olá Baron! – fingi que não percebi seu estado, afinal, se ele chorara no banho, é porque não queria comentar seja o que for com ninguém.

– Oi... ahn, seu xampu é de laranja?

– É sim!! É porque o meu cabelo está um bagaço? Hein? Essa já é velha! – Me irritei. Todo mundo fazia essa piadinha comigo, e agora até Baron????

– Não, é que está com um cheirinho gostoso... – ele deu um sorriso.

– Oh... – me senti meio mal por ter gritado com ele - Obrigada.

– Então vamos?

– É, Saffra já deve estar doida atrás da gente.

Nós jantamos e em seguida todo mundo dormiu direto. Estávamos todos exaustos, principalmente eu, que praticamente desmaiei na cama.



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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?? Então... Como eu postei dois capítlos hoje, é provável que amanhã eu fique sem postar :[ mas não desanimem nem me abandonem! Pois fiquem sabendo que no próximo capítulo vai rolar barraco õ// com a bitch da Pomeline ¬¬ odeio ela! Mas eu amo ela ao mesmo tempo, porque pessoas más são legais, e isso é tão confusooooo!!! Okay, eu tenho tipos de relações diferentes com meus próprios personagens, mas me ignorem porque eu sou doida... Mas me digam!!! Gostaram do povo?? Acham que a Silver, ou a Luna são confiáveis?? Quem aí também tem medo do Wade levanta a mão!! õ/
Aquiiiiii!!! Outra coisa, eu tô tentando diminuir os Capítulos, de verdade, mas não tá dando muito certo :[ Nós próximos eu vou tentar melhorar :]