Lágrimas de Sol escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 7
Capítulo 7 - Esperanças


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Tudo bem com vcs? =)
Primeiramente obrigada pelos comentários e a participação de vcs
Sobre o capítulo, eu sei que a fic está um pouco "parada" mas ela é assim mesmo. Minha ideia original era uma longa, mas mudei as coisas tanto pelo tempo quanto pela falta de retorno da fic. Dessa forma, agora as coisas nos próximos capítulos irão correr um pouquinho e em mais alguns capítulos ela já se encerra.
Beijos a todos e FELIZ ANO NOVO



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E assim os próximos dias, se seguiram. Eu ainda não conseguia decidir, se me sentia pior por ter nitidamente feito papel de besta, ou se era por se quer me permitir, pensar que meu médico me achava de certa forma, atraente. As aulas de culinária continuaram duas vezes por semana, graças ao pedido de Dimitri a diretora da clínica. Eu, somente o via nas aulas e quando estava fora delas, tentava de toda a forma me concentrar nos quadros que estava pintando. Nesse período também, recebi algumas cartas dos advogados do meu tio, informando sobre as últimas decisões judiciais, nem imaginando, que o pior, estava por vir.

“Querida Rosemarie;

Nem sabemos por onde começar a falar, sobre a imensa falta que está fazendo em casa. Junto de nossa família.

Creio que esteja recebendo nossas cartas, mas por algum motivo, ou até mesmo impossibilidade, esta deixando de nos responder. Sabemos através de fontes confiáveis, que você está muito bem onde vive, e que tem melhorado bastante nos últimos meses. E isso, nos traz uma felicidade tremenda.

Mas somente nós que somos família, sabemos por tudo o que você passou. Não acredito que a morte dos seus pais, seja algo com que poderá lidar tão facilmente. Dessa forma, informo que junto de sua tia, renovamos seu contrato por mais seis meses, para que tenhamos a certeza, de que você está totalmente livre de qualquer problema do passado, e possa seguir em frente bem consigo mesma.

Sei que irá entender nossos motivos, pois é o melhor para você.

Com amor

Titio

-Hipócrita de merda! – Xinguei, tentando controlar minha respiração. Era óbvio que esse dia chegaria. Que ele iria me trancar infinitamente naquele lugar.

Enquanto amassava a carta, escutei uma batida firme na porta do meu quarto. Lancei um olhar ao relógio de cabeceira, e conclui que já se passavam das cinco da tarde. Em passos tímidos e incertos pelo chão frio, cheguei até a porta.

-Rose? – Prendi totalmente a respiração, quando me deparei com a figura alta e esbelta em minha porta. Dimitri. Percebendo meu espanto aparente, Dimitri tomou a iniciativa. – Se eu não apareço por aqui, tenho a certeza que passará o resto do dia, toca trancada no quarto. –Embora ele usasse um tom de advertência, percebi que sua postura estava relaxada.

-Eu já ia descer pra comer. – Tentando parecer indiferente, me distanciei da porta, e depositei o papel amassado em cima da cômoda.

-É da sua família? – Ele se atreveu a perguntar, dando um passo a frente, mas não passando do limite da porta. Ignorei isso.

-Não me atrevo a chamar de família, quem me rouba e me odeia – Comentei amargurada, sentando na cama. Dimitri ainda permanecia na porta, como se decidindo se entrava ou não, no quarto. Graças ao alto padrão do hospital, tínhamos quarto bastante grandes e relativamente confortáveis, embora o uso de eletrônicos ainda fosse restrito. Meu único contato com o mundo, era através de algumas revistas velhas, que eu encontrava na recepção, dos consultórios. O fluxo de enfermeiros com medicações, não se fazia tão constante mais, como nos primeiros meses. Dimitri havia me receitado um remédio para ajudar com a insônia e um para tratar a falta de ferro no corpo.

-E isso está perturbando – Ele constatou, sem esforço meu.

-Eu realmente quero arrancar a cabeça da mulher do meu tio. – Foi somente um sussurro, mas Dimitri escutou muito bem. Ele se aproximou de mim, ainda mexendo nos bolsos do seu jaleco. Antes que ele sentasse na cama ao meu lado, senti um cheiro muito forte de pós-barba.

-Conte-me sobre isso – Ele instigou sentado ao meu lado. Encarei a porta do quarto ainda aberto, enquanto Dimitri tirava de um de seus bolsos, uma pequena barra de chocolate. Automaticamente virei em sua direção atentada pelo cheiro. Por causa da cafeína, esse tipo de alimento, era bastante restrito em nossa alimentação. – Quer um pedaço? – Dimitri perguntou mordendo seu chocolate distraidamente. Desviei o olhar.

-Não sabe como sinto falta de um desses – Desabafei encarando a porta. A nossa proximidade não estava ajudando muito.

Dimitri então abriu o chocolate e quebrou ao meio, oferecendo uma metade para mim.

-Posso comê-lo? – Perguntei, encarando sua expressão satisfeita pelo açúcar.

-Não só pode como se demorar, vou comer sua parte – Ele então sorriu e eu aceitei a oferta. –Vai me contar o que estava escrito ai? – Dimitri se aproveitou da minha distração, para voltar ao assunto principal. Mordi o chocolate, enquanto encarava o papel amassado da cômoda.

-Nada com que me orgulhe – Respondi vagamente sem olha-lo.

-E já que não tem muita importância mesmo, pode partilha-lo comigo – Ele deu de ombros e eu mordi o lábio.

-Não disse que não era importante – retruquei sentindo minha voz um pouco áspera. Repreendi-me automaticamente. Dimitri não tinha nada haver com isso. –Er me desculpe. - Disse sem jeito. – Eu só... – pausei para suspirar. – Eu só não gostei de saber que vou ficar por aqui por pelo menos seis meses mais.

-Seus tios então renovaram – Dimitri concluiu pensativamente – Não me lembro de autorizar nenhum laudo e sou seu médico.

-O que quer dizer? – Eu tinha uma vaga ideia, mas precisava ouvir de sua boca. Percebendo que tinha minha atenção, Dimitri virou em minha direção, se mexendo um pouco do lugar.

-Quer dizer que estou na chefia médica do hospital e você é minha paciente. – Ele disse antes de terminar seu chocolate. – Sem minha assinatura não podem renovar nada Rose.

-Quer dizer que eles não podem provar que estou aqui, por que sou louca? – Senti euforia dentro de mim, pedindo para ser liberada.

-Você não é louca Rose – Dimitri disse sorrindo, como se eu tivesse citado algo bastante engraçado. – Apenas teve bastante experiências ruins e acabou parando aqui. – Uma mecha castanha que estava presa em seu curto rabo de cavalo, caiu livremente em seu rosto. Sem que eu me desse conta ou conseguisse me controlar, levei uma de minhas mãos para seu rosto e assim que meus dedos frios tocaram a pele atrás de sua orelha levando o cabelo, puxei minha mão para o meu colo.

-Ah me desculpe – Disse sem graça, encarando o chão.

-Está tudo bem Rose – Dimitri respondeu, pegando minha mão no colo e colocando entre as suas, fazendo com que milhares de sensações passassem dentro de mim, apenas com um simples toque. – Não precisa se envergonhar de nada.

Mesmo me sentindo terrível e envergonhada por dentro, me forcei virar a cabeça em sua direção. Dimitri tinha os olhos brilhantes e expressão relaxada.

-Eu apenas não sei o que fazer com o meu tio – Desviei do assunto. –Isso Rose. Fugir é melhor do que contar a ele que está absurdamente atraída por ele, pelo seu cheio. – Me repreendi mentalmente.

-Se ele realmente entrou com um pedido de prorrogação por mais seis meses, terá que passar por mim. – Dimitri também resolveu ignorar minha confusão mental. – De qualquer forma, eu penso em nega-lo. – Ainda segurando minha mão, Dimitri transmitia confiança e segurança, enquanto olhava dentro dos meus olhos.

-Quer dizer que vai me ajudar a sair? – Perguntei com voz incerta.

-Quer dizer que vou fazer o possível desde que você coopere Rose – Seu tom de voz mudou um pouco, passando para algo mais sério e preocupado. – Você não tem diagnósticos de distúrbios mentais graves para estar aqui. Tenho acompanhado sua ficha desde que nos conhecemos e em quase dez meses de residência sua fixa aqui, pude notar pouquíssimas variações insatisfatórias no quesito neurológico.

Continuei o observando com cautela, tentando absorver qualquer informação importante a meu favor.

-Em compensação você tem um quadro de anemia por que não se alimenta direito e ainda dorme muito mal Rose – Dimitri soltou um longo suspiro. Quando isso ocorreu, me lembrei de que ele ainda segurava minha mão.

-Estou dormindo bem agora – Desviei o olhar e soltei minha mão na sua. Meu corpo estava se tornando quente e formigante, com apenas aquele toque.

-Está mesmo? – Dimitri ergueu uma sobrancelha irônica pra mim.

-Me ajude a sair daqui – Com um pingo de esperança, uni minhas duas mãos nas suas, enquanto virava totalmente meu corpo pra ele. Estávamos bastante próximos agora. –Eu preciso sair daqui – Implorei, notando sua postura alterar para preocupada e zelosa.

-Já disse – Dimitri respondeu depois de me encarar por um longo momento, como se decidindo suas próximas palavras. – Seu contrato de qualquer forma só pode ser renovado quando completado doze meses. Você tem esses dois meses, para mudar essas coisas e quando conseguir, você tem minha palavra que te ajudarei a sair daqui.

Dimitri então se levantou e colocou as mãos no bolso calmamente.

-Sabe que estou disponível para te ajudar e se precisar de um advogado futuramente, conheço um muito bom e de minha total confiança.

-Obrigada – A palavra saiu com impacto, pois ela era a única capaz de transmitir fielmente o alívio que eu sentia de ouvir aquilo. Depois de tantos meses dando de cara com a parede, parecia que eu havia encontrado alguém para me ajudar. Levantei-me da cama e antes que tivesse a oportunidade de voltar a falar, o celular de Dimitri tocou.

-Só um momento Rose – Dimitri parecia tão surpreso quanto eu. –Sim? – Ele atendeu no segundo toque sem ao menos, olhar o número do display. –Ah oi amor – Dimitri ficou um pouco corado e sem jeito. – Qualquer cor está bom Natasha. Sabe que não ligo para essas coisas. – Dimitri virou os olhos, dissipando a tensão anterior. – Okay estou atendendo um paciente. Depois falo com você.

-Estou atendendo um paciente – Relembrei na memória as palavras usadas por Dimitri.

-Me desculpe Rose – Dimitri disse depois de ter desligado seu celular – Minha noiva é meio inconveniente às vezes.

-Está tudo bem – Forcei um sorriso, mesmo que meus sentimentos estivessem contrastando dentro de mim. Dimitri tinha uma noiva e eu sabia disso, como eu também sabia, que ele era minha única chance de sair dali e eu, não podia estragar as coisas. Não dessa forma. Não por um capricho e uma atração boba. – Aceito sua oferta. – Disse depois de soltar todo ar, preso nos meus pulmões. 


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