Deep in the Meadow escrita por Pennyweather


Capítulo 15
Blame it (on the alcohol)


Notas iniciais do capítulo

Oi...
Estou com vergonha :c
Me desculpem a demora, tributos! O problema é que eu estava sem inspiração. É uma espécie de doença que ocorre em escritores amadores, chamada "Bloqueio de Criatividade"
MAS ESTOU DE VOLTA UHUL
Agora que me toquei que nunca dediquei um capítulo aos leitores maravihosos que tenho. Então esse capítulo é dedicado à você, que está lendo esse capítulo!
Sem mais delongas, VAMOS VOLTAR AO DISTRITO 12!



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POV. Madge

Estou apoiada por sobre o parapeito de minha janela. Observo os pássaros cantando, como costumo fazer todos os dias após levantar-me. Observo o céu azul, desprovido de nuvens. Hoje é domingo novamente, então Katniss não virá me visitar, já que deve estar caçando com Gale.

Gale.

Balanço a cabeça tentando afastá-lo de minha mente.

O que me incomoda é o fato de estar chateada não pela briga, e sim pelo no que ela resultou. Se fosse por mim, eu já teria pedido desculpas por ter, talvez, cobrado muito dele. E ele pediria desculpas também, por ter me deixado de lado. E estaria tudo bem. Combinaríamos de esquecer tudo que há entre nós. Voltaríamos a nosso antigo relacionamento, ele me venderia morangos, eu os compraria e ele implicaria comigo.

O problema é que isso não é possível, já que parece que nada na minha vida é fácil. Uma coisa pequena se tornou muito grande. Maior, talvez, do que sejamos capazes de suportar. Deve ser por isso que simplesmente continuamos com essa birra estúpida e agora só nos falamos quando ele vem me vender morangos.

Eu sinto muita falta dele.

Saio do parapeito e sento-me na cama. Espreito o espelho de minha penteadeira: nele, há uma pequena foto de minha falecida tia, Maysilee Donner. Gosto de observar a foto todas as vezes que me sinto fraca, porque me lembro de como minha tia foi forte, o que me motiva a encontrar forças para enfrentar quaisquer problemas.

E então, ouço uma voz conhecida chamar por meu nome:

–Madge Undersee, nos dê o ar de sua graça!

Rio e apóio-me novamente sobre o parapeito da janela. Olho para baixo e me surpreendo ao localizar quatro figuras familiares.

–Hey Maddie!- Rosa exclama, olhando para cima, em minha direção- Não vai descer?

Concordo com a cabeça e desço as escadas, ajeitando o laço que prende uma mecha de meu cabelo. Sorrio; é estranha essa sensação de ter amigos. Antes, era a Katniss e apenas. Chego ao jardim e meu olhar foca em um garoto loiro, com as mãos no bolso. Blake.

–Ok, sei que te devo explicações!- Julieta exclama, sorrindo. –Quis te visitar, e encontrei minhas amigas no caminho- ela indica Rosa e Liss. Blake, mais atrás, levanta o braço direito como se estivesse pedindo permissão para falar.

–Eu meio que fui arrastado. –ele esboça um sorrisinho de lado.

–Ah, me poupe- Julieta faz um movimento com as mãos- Você anda muito sozinho, Stanford. Estamos te fazendo um favor. – ela diz, e solto uma risada com a careta que Blake faz.

–Julieta tem razão, Blake- Liss, mais ao lado, comenta, jogando os cabelos castanhos para trás- Você anda muito sozinho.

Blake dá de ombros e Liss caminha pelo jardim, observando tudo com certo cuidado e ostentando um sorrisinho. Ela para perto de uma árvore e passa as mãos pelo cascalho, maravilhada.

–Aqui é muito bonito, Mad- ela comenta e Blake observa a garota de lado, com um pequeno sorriso. Depois desvia o olhar- Bom, o que vamos fazer hoje?

–Sei lá, conversar?- Rosa se senta na grama verde e passa as mãos pelas folhas caídas. Blake, Julieta e Liss se juntam a ela, me deixando sem escolha a não ser sentar-me à eles. Rosa me encara com seus olhos profundamente negros e me lança um sorriso.

–Já contamos a história de como conhecemos a Liss?- ela ri e Liss força uma careta brava, mas depois solta uma risada, e Blake sorri, passando as mãos pelo cabelo loiro.

–Não- respondo- Como?- sorrio e observo o rosto delicado de Liss. Pela cara dela, a história foi um tanto quanto vergonhosa.

–Precisamos mesmo tocar nesse assunto?- ela ri.

–Sim- Julieta responde.

–Assim- Rosa começa, já rindo- Estávamos Julieta, Blake e eu andando pela Costura. Isso foi há, o que? Uns três anos atrás?- ela pergunta, aguardando o consentimento de Julieta, que confirma com a cabeça- É, mais ou menos isso. E Blake viu, ao longe, uma garota que ele conhecia de não sei onde. Mas à frente dela, estava essa retardada. - ela indica Liss com a mão, e as bochechas desta ganham certo rubor- Quando Blake acenou, a idiota achou que era para ela. Só que ela estava segurando um balde de água, e quando levantou uma das mãos para acenar de volta, o balde virou em cima dela. –ela ri- Ela ficou toda vermelha e saiu correndo.

–Valeu Rosa- Liss comenta, suas bochechas em um tom avermelhado- Agora até a Mad vai rir de mim.

–Não vou rir- digo, tentando parecer convicta.

–Relaxa, Liss- Blake a observa com os olhos azuis de vidro-Não há motivos para rir de você. – ele diz. Ela abaixa a cabeça e sorri delado. Uma borboleta vermelha passa voando e pousa ao lado de Rosa, que sorri.Ela estende o dedo indicador e o aproxima da borboleta, que sobe lentamente até ficar pousada no dedo da garota.

–É bonita- Rosa comenta e uma rajada de vento bate em seu rosto, jogando seus cabelos encaracolados para trás.

O assunto vai fluindo até que as horas passam e o céu começa a escurecer. O canto dos pássaros já não é mais tão audível e algumas estrelas começam a surgir no céu. Estamos nós cinco deitados na grama verde de meu jardim, observando o céu mudar de cor e falando a primeira coisa que nos vêm à cabeça.

–Acho que já está na hora de ir- Rosa comenta, se levantando.

–Também acho- Blake complementa.

–A gente acompanha vocês até suas casas- comento e Liss assente com a cabeça. Saímos do jardim e chagamos à calçada, onde andamos por um bom tempo até chegarmos à simples casa da família Preasllow. Rosa se vira para nós e sorri.

–Bom, acho que é isso. A gente se vê, sei lá, logo?- ela pergunta.

–Pode ser- respondo e o restante concorda com a cabeça. Ela se despede de nós com um abraço e caminha até à porta, os cabelos balançando soltos movidos pelo vento conforme ela anda. Ela se vira uma última vez para nós, sorri e fecha a porta atrás de si.

Seguimos caminho eu, Ju, Blake e Liss. Agora o céu já está completamente escuro. As estrelas enfeitam o céu, proporcionando uma bela visão aos meus olhos. O distrito 12 parece um lugar completamente diferente à noite. Passamos pelo beco estreito que me é familiar da primeira vez em que realmente falei com Blake. A primeira vez em que realmente o conheci. Ainda está escuro como naquela noite.

Então uma coisa estranha acontece.

Uma garrafa passa zunindo perto de meu rosto. Posso ouvi-la se quebrando, mas meu corpo insiste em permanecer imóvel, de modo que eu não consiga ver o que a garrafa atingiu. Olho para o lado. Blake está ereto, com um semblante sério. Suas sobrancelhas formam uma linha reta, contraídas em uma expressão nervosa.

–SEU NOJENTO! FIQUEI TE ESPERANDO POR HORAS!–mais uma garrafa passa em alta velocidade por nós, por pouco não acertando o rosto delicado de Julieta, que está agarrada ao braço de Liss, que é a única entre nós que sustenta uma expressão diferente. Não sei exatamente o que é.

Um vulto se aproxima de uma luz fraca proveniente do poste de iluminação a alguns metros de nós. Um cabelo loiro e olhos azuis perturbados. Uma pele pálida e lábios comprimidos em uma expressão que só posso identificar como raiva.

A mãe de Blake.

–Mãe, que merda é essa...?

–NÃO FALE ASSIM COMIGO!-ela grita, para e inspira trêmula- Não fale assim comigo- ela repete, sua voz desregulada como a de qualquer bêbado- Então além de ser um idiota completo, anda com essas vadias filhinhas de papai?- ela pergunta, olhando acusadoramente para mim. Em uma de suas mãos ela segura uma garrafa de vidro, que se não fizermos algo rápido será jogada em nossa direção.

–Mãe, o que você...?- Blake pergunta, seus olhos denunciando a agonia em que ele se encontra.

–VOCÊ É UM DESGRAÇADO, É ISSO QUE É!-ela grita- EXATAMENTE COMO SEU PAI!

Isso foi o suficiente para que Blake tentasse pular para cima dela. Mas o que acontece depois é ainda mais surpreendente.

–VOCÊ VAI LARGAR ESSA GARRAFA AGORA MESMO!- Liss se coloca em nossa frente- ELE É SEU FILHO!- ela grita, e a única pessoa que está mais assustada do que eu é Blake. Liss inspira fundo e depois continua, tentando ficar calma- Como pode fazer isso? Ele é seu filho. Você deveria amá-lo. Mais que a própria vida.

Silêncio. A única coisa audível é o som de nossas respirações desreguladas. Não sei o que Liss pensa que está fazendo, mas parece que ela está muito nervosa com tudo o que a mãe de Blake disse ao loiro.

–Não- a mulher diz- Não pense que pode me ensinar essas coisas, sua pirralha- ela se aproxima um passo- Por que está tomando as dores do meu querido filho?- ela pergunta, um sorriso maníaco estampado em sua face. Liss franze as sobrancelhas.

–Não te interessa- Liss conclui- Mas quero que largue essa garrafa. Agora–ela responde. A loira à nossa frente faz uma careta que lentamente se transforma em uma cara ameaçadora.

–Não pense que pode mandar em mim, querida- ela se aproxima um passo, e incrivelmente Liss continua impassível. Julieta está tremendo e realmente não sei o que virá a seguir.

–Largue essa garrafa.

–NÃO!- a loira explode-EU ODEIO MEU FILHO. EU ODEIO TODAS VOCÊS, SUAS IDIOTINHAS DE MERDA!

E então, ela atira a garrafa.

POV. Gale

Jogo-me na cama no momento em que chego em meu quarto. Essa tem sido a minha rotina: trabalhar, comer, caçar com Katniss, dormir. Trabalhar, comer, caçar com Katniss, dormir.

É um saco.

Tudo isso, culpa da Undersee. Não sei como essa garota tem tanto efeito sobre mim. Aqueles cabelos loiros, aqueles olhos que eu poderia observar o dia inteiro, o corpo perfeito e o sorriso deslumbrante sempre invadem minha mente.

Por isso minha vida está tão monótona. Estou pensando nela todo o tempo e por isso não tenho feito basicamente nada.

Hoje fui caçar com Katniss. Imagino que ela tenha feito um discurso para me dizer que não quer nada comigo, mas facilitei para ela. Não toquei no assunto.

Isso porque não paro de pensar em Madge e em como me senti incomodado em vê-la com o padeiro.

Eu não quero continuar com essa briga, mas por que ela não vem falar comigo? Será que sou tão inútil a ponto de ser descartado com tamanha facilidade? Ou será que sou eu o errado? Afinal, eu não fui perguntar para ela porque ela estava com o padeiro. Mas ela podia ter ido falar comigo também. Por outro lado, eu corri muito rápido. E por outro, ela não veio mais falar comigo.

Odeio não saber como agir. Sentir-me impotente. Sem saber que palavras dizer.

Odeio não ter a Madge do meu lado.

POV. Madge

Sangue.

É só o que consigo pensar.

–AI MEU DEUS, LISS!- Julieta exclama e Blake está socando a porta de sua casa, tentando entrar. Gritando os xingamentos mais variados, tentando fazer com que sua mãe saia de casa. E do outro lado, Julieta tenta ajudar Liss.

Foi tudo tão rápido que ainda estou processando.

Quando a mãe de Blake atirou a garrafa, Liss tentou desviar, porém o objeto acertou em cheio seu ombro. Foi o suficiente para que Blake tivesse um ataque e partisse para cima da mãe, só que ela foi mais rápida e se trancou dentro da casa.

–Liss- Blake se vira para nós e se dirige a onde Liss está sentada, pressionando o corte tentando evitar que mais sangue escorra- Por que fez isso?- ele pergunta e tira a camisa. Ajoelha-se ao seu lado e amarra a camiseta em cima do corte. Ela não responde e Blake suspira.

–Obrigado.

Um pequeno sorriso se forma nos lábios dela. Sento-me ao seu lado.

–Liss, está doendo muito?- me viro para Julieta sem esperar por sua resposta- O que acha que devemos fazer? Levamos ela pra minha casa?

–Não- Julieta responde- Vou levá-la para a minha casa, a gente vê o que pode fazer lá. Eu cuido dela.

–E nós simplesmente ficamos aqui?- Blake reclama- Não vou deixá-la assim!

–Você não tem escolha- Liss se manifesta- Deixa pra lá, estou bem.

–Está o caramba! Olha o seu estado- Blake responde.

–Já disse que está tudo bem- ela insiste, porém sua cara de dor a denuncia completamente.

– Por que fez isso? Machucou-se por mim?- ele pergunta, encarando-a com curiosidade enquanto Julieta tenta limpar o sangue do braço de Liss.

A garota simplesmente abaixa a cabeça e não responde.

–Não temos tempo para discutir- comento- Ela está sangrando. Levamos Liss até a casa de Julieta e vemos o que podemos fazer.

–Não- Liss rebate- Eu vou com Julieta, ok? Já está tarde, Mad. Seu pai vai enlouquecer se você se atrasar para chegar em casa.

Mal ela sabe que já passei a noite na campina.

–Mas... -tento argumentar.

–Nada de “mas”- Liss fala- Não quero te ver encrencada. E você também não, Blake- ela se vira para ele- Você procura um lugar para passar a noite, certo? Eu vou ficar bem.

–Liss, não vou te deixar- ele insiste.

–Você não vai- ela diz, depois para e pensa um pouco- Quero dizer, vai, mas não se preocupe. Estou com a Julieta agora- ela diz, pousando a mão no braço ferido.

–Eu a levo até minha casa- Julieta intervém- Não se preocupem.

Blake suspira e acabamos cedendo. As duas se despedem de nós com um aceno de cabeça e se distanciam aos poucos, Julieta auxiliando Liss enquanto esta insiste em dizer que não precisa de ajuda.

Blake se vira para mim.

–Vou procurar um amigo, ver se posso passar a noite na casa dele. Você se cuida, ok? Evite passar por esses becos novamente.

–Pode deixar.

Ele segue caminho e passo pelo beco. Agora estou sozinha e, devo dizer, amedrontada. O acontecimento recente com toda a certeza me traumatizou.

Caminho pelas ruas, observando o céu estrelado. Gosto de observar estrelas. É fascinante ver como algo pode ser tão pequeno e ao mesmo tempo tão brilhante. Tão bonito, pontilhando o céu, como um belo manto que cobre o Distrito 12 toda vez que a noite cai.

Finalmente chego em casa. Fecho a porta com cuidado, tentando não fazer ruído algum. A sala se encontra completamente escura, é difícil enxergar desse jeito. Continuo andando, mas tropeço em algo e caio bruscamente contra o chão. Barulho, como se várias coisas estivessem caindo.

Droga– sussurro. Tateio o chão e sinto algo duro. Passo as mãos pelo objeto e constato que é um livro. Devo ter esbarrado na estante enquanto andava. Tropecei e acabei derrubando alguns livros. É, com certeza foi isso.

Levanto-me e acendo a luz. Observo o chão. Cheio de livros caídos. Vou recolhendo-os e deixando-os nos devidos lugares. Seguro um estranho livro de capa preta e, quando estou quase devolvendo-o na estante, paro e fico estática.

Duas iniciais costuradas na capa dura me chamam a atenção.

M. D

M. D? O que seria um M.D?

Olho para os lados, me certificando de que meus pais não estão por perto. Termino de guardar o restante dos livros na estante. Mas o estranho livro de capa preta eu guardo comigo, escondendo-o dentro de meu casaco. Apago a luz e subo as escadas de minha casa, chegando ao meu quarto. Entro e abro o livro.

Não. Não é um livro.

É um diário.


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Notas finais do capítulo

Ok. A participação do Gale foi pequena, mas é que hoje o foco foi na vida da Madge mesmo.
Gostaria agradecer à todos que mesmo com meus atrasos nunca deixaram de comentar em DITM
Então, a demora não foi só bloqueio de criatividade não...
ESTOU FAZENDO UMA SURPRESA PRA VCS SHIPPERS DE GADGE!
Mas nem te conto o que é... KKKK
É surpresa.
Essa semana estarei viajando, mas na volta prometo que posto um novo capítulo. Ok? Palavra de tributo.
Estou muito feliz que novos leitores surgiram, sejam bem-vindos!
Por hoje, é só isso. Espero que não tenham abandonado a fic!
AH MEU DEUS A ÚLTIMA VEZ QUE FALEI COM VOCÊS FOI EM 2012, QUE SAUDADES, UM ANO QUE A GENTE NÃO SE VÊ -qq
KKKK espero que esse ano seja muito bom para todos nós!
Beijos!