Lia levantou ao mesmo tempo que Fatinha, Ju estava chorando.

— Ju, eu posso te explicar! - Lia tentou argumentar mas Ju não deixou.

— Sua falsa, eu fui tão verdadeira com você! Eu não acredito que você pode fazer mais uma dessas comigo! - Ela esbravejou, Lia já estava chorando também. Sem poder pronunciar nada Lia viu Ju saindo entre lágrimas do quarto e correndo pra fora. Fatinha ficou olhando sem reação para Lia.

—Eu.. eu.. preciso falar com ele. - Lia disse entre lágrimas.

— Ué, vai lá então! - Incentivou Fatinha, Lia assentiu e limpou as lágrimas logo saindo rápidamente dando uma desculpa qualquer para Lorenzo. Lia voltou a chorar quando estava no meio da caminho e quando finalmente chegou na porta do apartamento de Dinho ela bateu e foi recebida por Alice.

— Lia? O que aconteceu? - Ela perguntou preocupada.

— Alice, eu posso falar com o Dinho? 

— Claro que sim, ele tá lá no quarto. Mas aconteceu alguma coisa? - Ela deu passagem para Lia entrar, a roqueira murmurou um "Nada demais" e seguiu até o quarto do garoto, quando ela chegou na porta bateu quase sem forças. Dinho levantou da cama de má vontade e abriu.

— Lia?! - Ele perguntou preocupado, Lia não falou nada, apenas o abraçou. Assim que estava aconchegada nos braços de Dinho ela se sentiu protegida de tudo e todos, as dores no coração e na alma diminuiam. O garoto não queria quebrar o silêncio, ele apenas acariciava os cabelos dela. De repente Alice apareceu na porta que estava aberta, ela viu a cena e estranhou, se comoveu. A mãe do garoto puxou a porta com cuidado lançando um olhar sincero para Dinho que suspirou e segurou delicadamente o rosto de Dinho para olha-la fixamente. - Me conta o que aconteceu?

— A Ju.. Ela descobriu tudo. - Falou Lia enxugando as lágrimas que insistiam em cair molhando suas bochechas. Dinho suspirou e apertou o abraço, fazendo o corpo dos dois ficar mais próximo um do outro. 

— Vai ficar tudo bem... - Dinho disse, indo pra cama sem se soltar do abraço da menina. Ele ficou acariando os cabelos dela até ela se acalmar um pouco, depois de esvaziar metade da angústia que sentia a menina suspirou pesadamente.

— Desculpa.. eu não sei nem porque eu vim pra cá. - Ela confessou limpando as lágrimas.

— Não tem problema algum, sabe que pode contar comigo sempre né? - Ele sorriu e ela assentiu. - A Fatinha tá dando muito trabalho? - Dinho perguntou tentando mudar o assunto.

— Ela lotou meu quarto de coisas e envocou nas minhas roupas. - Lia revirou os olhos, Dinho riu.

— Quer dormir aqui hoje?

— Não! - A menina respondeu imediatamente.

— Eu não mordo não, ô Lia! quer dizer... só se você quiser. - Ele mordiscou o lábio, Lia gargalhou. A porta do quarto abriu e Alice adentrou o local com uma bandeja com sanduiche e suco.

— Trouxe um lanchinho pra vocês! - A mãe do menino disse, soltando a bandeja em cima da cama. - Você tá bem, Lia?

— Ahn.. Sim, eu tô.. Desculpa por ter vindo aqui essa hora.. - Lia disse se soltando dos braços de Dinho meio sem jeito.

— Que isso, você é sempre bem-vinda.. Hum, vou deixar vocês dois sozinhos.. Juízo. - Ela disse e se retirou, Lia olhou pra Dinho que sorriu sem graça.Depois de tentar animar a menina Dinho consultou o relógio, ele notou que já era um pouco tarde e a conversa com Lia tinha tomado um pouco de tempo.

— Acho melhor eu ir pra casa. - Lia disse levantando-se de repente.

— Eu te levo em casa. - Dinho levantou também, ela assentiu e deu ombros, os dois sairam logo depois de avisar Alice e em meio a conversas sem importância eles chegaram no edifício. Quando eles estavam se despedindo na frente do prédio Ju saiu distraída, mas parou perto dos dois.

— Quer dizer que os traíras ainda resolvem vir se pegar na frente do meu edifício? - Ela disse, com uma expressão enojada.

— Eu moro aqui, e que eu saiba você não é dona do mundo. - Lia respondeu deixando Dinho surpreso. Ju bufou e não se contou em acertar um tapa no rosto de Lia, que não acreditou na atitude de Juliana. 

— Quem você pensa que é?! - Ju gritou, Lia ergueu a cabeça firme e pensou "Se ela acha que o mundo gira em torno dele, agiremos da mesma forma".

— Eu sou a garota que conseguiu conquistar o seu ficante sem ser oferecida ou algo do tipo, que consegue conversar civilizadamente sem tapas ou gritos e que não acha que o mundo gira em torno de um cara. - Ela respondeu cara-a-cara com Ju, Dinho tentou se meter no meio mas Lia não deixou. Ju ficou pasma e lutou contra as lágrimas. Bruno chegou alguns segundos depois junto de seus amigos e notou que algo acontecia.

— Ju, tá tudo bem?- Ele perguntou, chegando perto da irmã que encarava Lia fixamente.

— Tá, tá sim. Às vezes é bom saber com quem você conviveu por tantos anos né? - Juliana respondeu sem tirar o olhar de Lia.

— Às vezes é bom saber que a pessoa que você chamou de amiga por tanto tempo pode simplesmente achar um menino mais importante do que sua amizade, né? - Lia disse. Ela estava mal por ter que agir assim, mas não ia abaixar a cabeça pra Juliana, se ela queria agir como uma mimada que acabou de criar uma inimiga ia ser assim.

— Você não tem moral pra falar de mim, você sabia que eu era afim dele e continuou se encontrando com ele, você foi uma vadia! - Berrou Juliana, Dinho não sabia o que fazer e quase todos já olhavam a cena.

— Ju, vamos sair daqui? - Bruno sugeriu, a irmã negou.

— A verdade dói, né Lia? - Ela abordou novamente, Lia bufou e resolveu falar o que sentia de uma vez.

— Você que o diga! Não aceitou o fato de que ele não é o cara que você fantasiou, não aceitou o fato de que você não é a rainha do mundo, não é mesmo? A verdade foi um choque de realidade, deve ter doído mais do que quando seu esmalte rosa acaba, né? Mimada! - Ela disse, todos ficaram chocados. Lia puxou Dinho pelo braço e entrou o edifício praticamente correndo puxando o garoto. Ju ficou chorando e Bruno a abraçou. Assim que Lia e Dinho chegaram no apartamento da garota ela já chorava.

— Lia?! - Lorenzo levantou do sofá praticamente em um só pulo. - Tá tudo bem? O que aconteceu? 

— Nada, pai! - Respondeu. Dinho foi para o quarto com ela e encontraram Fatinha fazendo um desfile de roupas. 

— Lia!!? Dinho!!!!? - Ela disse assustada.

— E aí.. - Dinho coçou a cabeça totalmente sem jeito, Lia franziu o cenho.

—Não me diz que essas são minhas roupas?! - A menina perguntou, Fatinha assentiu animada.

— Dinho, olha só esse short, não é sexy? - Ela fez uma pose engraçada, Dinho riu.

— Fatinha! - Repreendeu Lia.

— Ahhh, é! Desculpa... É que eu não tô acostumada com vocês dois de casalzinho.. 

— Casalzinho? - Lorenzo adentrou o quarto, Lia suspirou.

— Pai?

— Não me contou que estava namorando porque, Lia? - Ele cruzou os braços.

— Na verdade Dr. Lorenzo, ela não contou porque a gente ainda não tá namorando... Bom, antes eu ia pedir ela em namoro... Pro meu futuro-sogro. - Dinho explicou, firme. Lia ficou chocada.

— Isso é sério? Awn, que fofo! - Fatinha encostou a cabeça no ombro e Lia riu da atitude.

— Bom, Lia é minha princesinha e..

— Pai.... - A roqueira cortou meio envergonhada.

— Desde que você cuide bem dela e nunca faça-a ficar mal, eu apoio. - Respondeu Lorenzo, Dinho ficou animado e abraçou o médico que riu.

— Ninguém aqui perguntou se EU quero namorar, nem parece que eu sou a estrela principal. - Lia revirou os olhos numa atitude brincalhona.

— Lia Martins, você aceita namorar comigo? - Dinho segurou as mãos dela e olhou fixamente em seus olhos, Lia ficou totalmente sem reação, era muita coisa pra uma pessoa só aguentar em um dia.