A amizade perfeita apenas pode existir entre os bons.

Aristóteles

– Capítulo Cinquenta e Sete –

Mágoas do Coração

Melanie acordou enrolada nos lençóis. Depois de todo o trabalho que teve para se livrar deles, reparou que não estava em seu quarto e a noite anterior não fora um sonho. Um dos lençóis enrolados a sua perna estavam manchados com um pouco de sangue. O jogou pra fora da cama, olhando para o outro lado. Blake já estava completamente vestido sentado na beira da cama, se divertindo com o embaraço de Melanie nos lençóis.

– Bom dia. – ele disse sorridente

Melanie sorriu e se arrastou na cama até Blake, depositando um beijo em seus lábios.

– Bom dia. – ela respondeu sorrindo – Por que já está todo vestido?

– São dez e meia. Fui buscar café pra você. – ele respondeu apontando para uma bandeja em cima de uma pequena mesa aos pés da cama. – Tem suco, torrada, geleia e essas coisas light que você gosta.

– Obrigada. – ela sorriu dando mais um beijo no namorado e saindo a caça de suas roupas. Quando colocou sua calcinha e já ia na direção de Blake para ajuda-la com o sutiã, perguntou – E alguém deu por nossa falta?

– Só Allan e o Hammes. – Blake respondeu – E ele veio me perguntar de você.

– Allan?

– Não! Hammes. – Melanie arregalou os olhos se virando para Blake e ajeitando sua roupa intima. – Você fica tão melhor sem isso... – ele murmurou, mas ela não deu atenção.

– E o que você disse pra ele? – ela perguntou num quase desespero.

– Disse quando? – ele se fez.

– Quando ele foi falar com você! Disse o que fizemos?

– Claro, disse a ele que eu dormi com você na sala precisa e nós nos amamos divinamente na última noite... – ele sorriu sarcástico. Melanie permanecia quieta e com os olhos arregalados. Blake girou os olhos desfazendo o sorriso – Eu disse que você estava bem e falaria com ele mais tarde.

– Por Merlin, você quer me matar? – ela respirou aliviada.

Blake girou os olhos mais uma vez e pegou sua gaita e um caderno.

Enquanto Mel comia, observava Blake escrever em seu caderno. Caderno esse que ele nunca a deixara pegar. Percebeu que o caderno havia uma tira de couro que trazia uma fechadura na ponta e esta se encaixava perfeitamente com a capa. Imediatamente ela tocou a chave do colar em seu pescoço. Talvez Blake apenas fosse demorar a deixar com que ela lesse.

Quando terminou o café da manhã, Melanie foi até o lado de Blake e se jogou na cama apenas com suas roupas intimas. Ele sorriu deixando a gaita e o caderno de lado e se aconchegando ao lado dela.

– Obrigado por essa noite. – ele disse puxando a mão dela e a beijando.

Ela sorriu, respirando fundo e o abraçando.

– Eu estava com medo.

– Medo de que?

– De acordar e você não estar ao meu lado, como nas histórias...

– Seria bem a minha cara se eu não te amasse.

– Blake! – ela estapeou o ombro dele

– Calma, eu não sou tudo isso pra você me bater não. – disse ele sarcástico – Tá achando que eu sou o que? Blake Zergers, o desvirginador de mocinhas inocentes?

– Deixa de ser bobo... – ela riu

– Desvirginador. – ele repete com ar sonhador. – Não é um titulo tão ruim. “Desvirginador de mocinhas inocentes.”

– Desculpa, querido. – Mel diz, o cortando, e passando uma de suas pernas por ele, ficando de quatro em cima de Blake. – Mas eu sou a última mulher que você desvirginou. – ela falou com um ar ameaçador e brincalhão.

– Tudo bem, há um monte de mulheres não virgens por aí... – ele respondeu sorrindo sarcástico. Mel abriu sua boca em um perfeito “O”, estreitou os olhos e começou a estapear os ombros e braços de Blake. – Calma, é brincadeira! Para, loirinha... para! Ai!

***

– Te procurei por todas parte. – disse Josh preocupado quando viu Melanie entrar no salão comunal da Sonserina – Onde esteve?

– Ah!... eu... só acordei cedo. – disse Melanie sem graça – Mas o que você queria?

– Ok. Depois você me explica esse negócio de acordar cedo, porque eu não engoli. – ele disse levantando uma sobrancelha – Mas eu queria saber o que achou do castigo da Rose.

– Eu achei que foi o melhor castigo que alguém como ela poderia receber. – disse Melanie jogando as mãos para o alto demonstrando satisfação. – Nem acreditei quando me contaram.

– Sabia que ela deu em cima de mim? – Josh perguntou tentando tirar alguma reação de Melanie. – Queria que eu aliviasse a punição.

– Eu aceito qualquer garota dando em cima de você, menos Rose Weasley – disse Melanie de repente muito séria.

– Sei lá. – disse Josh se fazendo de interessado – Ela é bem bonita e inteligente...

– Não se atreva Joshua! – disse Melanie irritadiça enquanto Josh gargalhava – Ou vamos ter uma crise na nossa amizade.

– É uma das coisas que eu mais gosto em você. – disse ele – Fica brava à toa.

– Não teve graça. – disse ela fazendo bico.

– Relaxa, você sabe que eu só tenho olhos pra uma pessoa. – ele disse um pouco mais sério e Melanie abaixou a cabeça envergonhada. – Esquece isso. Seu pai me mandou uma carta.

– Papai?

– É. – disse Josh se jogando em uma poltrona – Disse que pretende me apresentar para sociedade no começo de julho. Nossa isso é tão estranho, ele falou que está com a minha herança... é estranho demais.

– Só é estranho porque tudo aconteceu muito rápido. – disse Melanie se sentando em um sofá próximo – Vai dar tudo certo... ao menos a sua apresentação será boa pra você, já pra mim...

– Ainda acho que você deveria falar com o seu pai. – disse Josh convicto – Ninguém pode te obrigar a assumir um cargo que você não quer. Afinal o que você quer fazer da vida?

– Eu não sei. – disse Melanie chateada, pois, todos já sabiam o que queriam fazer depois da escola e ela nunca demonstrou interesse por nada.

– No próximo ano teremos palestras de alguns bruxos, talvez isso te ajude a decidir. – disse Josh se levantando – Tenho que ir ver como a Weasley está se saindo com as roupas, isso se ela já terminou de limpar a sala de troféus.

Melanie sorriu, Josh sempre encontrou resposta para tudo, em todos os momentos que Melanie precisava delas. Melanie sempre viu Josh como um irmão mais velho que cuidava, alegrava e consolava quando ela mais precisava, ela nunca viu ninguém que a conhecesse tão bem quanto Josh. Será que era certo esconder do seu melhor amigo, a sua primeira vez?

***

Josh seguiu em direção a lavanderia para avaliar a punição de Rose, enquanto passava em frente a cozinha viu que a porta de acesso ao salão comunal da Lufa-Lufa se abrira e Sarah saiu de lá com o seu malão flutuando ao seu lado.

– Sarah?

– Ah! Oi Josh. – disse ela surpresa – O que faz por aqui?

– Vou ver como Rose está se saindo com a punição. – disse ele a avaliando com o olhar – E você? Por que essa mala?

– Minha mãe vai dar a luz e como já fiz as provas, o Profº Longbottom me liberou antes. – disse Sarah animada.

– Que maravilha! – disse Josh sincero – Sei que o seu pai deve estar muito feliz.

– Com certeza. – disse ela – Minha mãe disse que depois da morte de Monstro ele andava bem deprimido.

– Monstro morreu?

– Sinto muito, ele era pra ser seu. – disse Sarah.

– Acho que quem irá sentir falta dele seja a minha avó Rosely. – disse Josh dando de ombros – Eu não tive muito contato com ele.

– Verdade. – disse Sarah – Bom, eu vou indo, o Profº Longbottom está me esperando na sala dele.

– Mande lembranças pra sua família. – disse Josh sem se decidir se daria um abraço em Sarah – Diga que vou visita-los quando eu sair.

– Pode deixar. – disse ela corando – Mamãe é apaixonada por você e papai te adora, eles vão gostar da visita.

– Bom... então boa viagem. – disse ele estendendo uma das mãos a Sarah.

– Obrigada. – disse ela apertando sua mão.

Josh seguiu seu caminho até a lavanderia. Logo que entrou visualizou os elfos trabalhando e no meio deles a garota de cabelos vermelhos, Josh se direcionou até ela.

– Como vai indo? – ele perguntou.

– O que você acha? – ela ironizou.

– Pense que podia ser pior. – disse Josh inocentemente – Ao menos você não tem uniformes de quadribol para lavar.

– Você está tão engraçadinho ultimamente, Hammes. – disse ela irritada jogando umas das roupas que esfregava em um balde ao lado.

– Rose se você não fosse tão intrometida não estaria aqui. – disse Josh.

– Pois a minha intromissão às vezes pode trazer benefícios. – disse Rose parando de lavar para encarar Josh.

– Do que você está falando? – ele perguntou.

– Ontem foi a minha ronda. – disse Rose com um sorrisinho maldoso – E eu vi o Zegers e a Melanie.

– Sério? – Josh perguntou desinteressado – Acredito que não perdeu a chance de puni-los por estarem fora da cama.

– Acredite, o que eu soube é bem melhor do que qualquer punição. – disse Rose – Não quer saber o que estavam fazendo?

– Provavelmente estavam na sala precisa. – disse Josh bocejando – Melanie tem aulas de piano com o Zegers.

– Mas quando eu os vi, pelo jeito a aula já havia acabado. – disse Rose.

– Você está louquinha pra me contar, então fala logo. – disse Josh irritadiço.

– Ok. – disse Rose com um sorriso cínico – Quando eles estavam saindo da sala precisa eu me escondi nas sombras e ouvi a Melanie dizendo que começou a tomar uma poção anticoncepcional. Depois disso, ela puxou o Zegers de volta... pra dentro da sala. – Rose parou para ver a reação de Josh, este estava quase que paralisado – Eu até esperei, mas... eu acho que eles passaram a noite lá.

Josh sentiu sua respiração ficar fraca e um incômodo no estômago, de repente suas pernas pareciam que não o sustentariam, por muito tempo.

– Não fica assim não Josh. – disse Rose com uma voz melosa – Mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer não é? Mas como a minha priminha é péssima em poções, espero sinceramente que não fique grávida. – disse Rose fingindo preocupação – Que desonra pra família, ficar grávida de um rebelde sem causa, mas isso é a cara dela...

– Cala a boca Weasley! – Josh quase berrou, os elfos o olharam assustados e Rose sorriu – Você fala demais.

Ao dizer isso Josh seguiu em direção à saída.

– Vai Black neto, vai chorar as mágoas do coração. – disse Rose pra ela mesma com a satisfação estampada em seu rosto.