“Um inimigo externo não tem como destruir a nossa tranquilidade de espírito”.

Dalai Lama

– Capítulo Quatro –

Blake Zegers

Enquanto Melanie se divertia namorando vassouras variadas na loja de artigos esportivos, Josh apenas permanecia calado e pensativo. Era tão estranho imaginar que só por um segundo, ele pensara que Melanie finalmente seria sua.

- O que foi Josh? – perguntou Melanie de repente – Está tão calado.

- Nada... só pensando.

- Em que? – perguntou ela curiosa.

- Nada importante. – disse Josh forçando um sorriso.

- Josh Hammes, você realmente está escondendo alguma coisa de mim? – perguntou Melanie fazendo drama – Você que diz ser meu melhor amigo.

- Ok. – disse Josh dessa vez com um sorriso sincero – Acho que me esqueci de fazer o dever de feitiços.

- Você? – disse Melanie descrente – O CDF da turma? Desculpe, mas, é mais fácil eu aprender poções da noite para o dia do que você deixar de fazer algum dever.

- Já pensou em ser humorista Mel? – perguntou Josh cruzando os braços.

Melanie apenas gargalhou e continuou a olhar as vassouras, antes de voltar a falar.

- Obrigada por me ajudar com os estudos. – disse ela voltando a virar para encarar Josh – Eu sei que não passaria o ano passado se não fosse por você.

- Para que servem os amigos? – disse Josh com um sorrisinho.

- E você é o melhor deles. – disse Mel animada – Agora vamos ver se eu consigo aprender.

- Você é inteligente. – disse Josh – Só precisa se esforçar mais e parar de pensar em outras coisas. Sua mãe parecia bem chateada.

- Ela é uma exagerada. – disse Melanie pegando um bastão de quadribol e o avaliando.

- Mel. – disse Josh indignado – Você passa raspando quase todo ano, vive recebendo detenção e ano passado eu mesmo tive que te dar duas. Você não acha que esse é um motivo muito bom para deixá-la aborrecida?

- Ok. – disse Melanie girando os olhos – Eu sei que não posso tirar a razão dela de implicar tanto comigo, mas, ela podia relevar um pouco não é?

- Ou você podia se dedicar mais. – disse Josh com um sorriso debochado.

- Eu vou me dedicar mais esse ano. – disse Melanie decidida – Não posso sair do quadribol. Você já fez suas compras?

- Estão no carro – respondeu Josh – Você vai comprar isso? – disse apontando para o bastão na mão da garota.

- Estou sinceramente pensando, olha como é leve. – disse entregando o bastão para Josh. – Mas eu queria mesmo, ela uma vassoura mais veloz.

- Mel você tem uma coleção de vassouras. – disse Josh.

- E não pretendo parar com o meu vício tão cedo. – disse Melanie sonhadora – Mas, enfim, vou levar apenas o bastão, ou mamãe vai pirar comigo. Viu só, eu já estou cedendo.

Josh sorriu e juntos foram para o caixa efetuar o pagamento.

***

Uma atrativa melodia ao som de violão inundava uma casa no final do dia, Blake Zegers, criava uma nova canção em seu quarto. Blake era um garoto de dezesseis anos, alto, com o corpo definido, seus cabelos eram castanhos e os olhos verdes acastanhados.

O seu maior sonho era se tornar músico, ansiava por uma vaga na Academia de Música e Magia de Luxemburgo e desde já Blake possuía uma banda de punk rock, esta que se chamava “Rude”.

Sua banda possuía quatro pessoas, e eles sempre tocavam, em bares trouxas nas férias ou nas festas da escola e muitas vezes eles saiam escondidos de Hogwarts, à noite para tocar nos bares de Hogsmeade.

- Blake! – disse um homem alto, loiro de olhos castanhos, entrando sem bater – Será que dá para parar com esse barulho insuportável? Estou tentando trabalhar.

- Isso não é barulho, é música Sr. Zegers. – retrucou Blake com a voz um pouco alterada.

- Eu conheço música. – disse o Sr. Zegers sarcástico – E definitivamente o que você toca não é, simplesmente pra mim isso barulho.

- Olha só. – disse Blake se levantando para encarar o pai – Estou dentro de casa no final da tarde, e esse não é horário de trabalho, se quer paz, vá para o seu escritório... no Ministério da Magia em Londres, bem longe de mim.

- Me respeita, eu sou seu pai. – disse o Sr. Zegers alterado.

- Então se de o respeito Sr. Zegers!

- Mas que gritaria é essa? – perguntou uma mulher se aproximando assustada. Ela tinha estatura baixa, seus cabelos eram castanhos até os ombros e os olhos verdes. – Vocês estão brigando outra vez?

- Ah mãe, é esse seu marido...

- Toma cuidado como fala garoto! – disse o Sr. Zegers irritado.

- A gritaria de vocês está dando para ouvir da rua. – disse a Sra. Zegers irritada – O que os vizinhos vão pensar?

- Vão pensar que temos um filho problemático. – disse o Sr. Zegers cruzando os braços – Ah não, isso eles já sabem.

- Foi à bela criação que o senhor me deu. – rebateu Blake com um sorriso cínico.

- Blake, por favor. – pediu sua mãe – Robert, você podia muito bem ter lançado Abaffiato no seu escritório.

- Só achei que poderia ter paz na minha própria casa. – disse o Sr. Zegers lançando um olhar de censura a Blake que ignorou completamente.

- Ok. – disse Blake, pegando o seu violão em cima da cama e uma jaqueta que estava pendurada – Se quer paz, eu mesmo saio.

Blake saiu do quarto em seguida e logo se ouviu o barulho da porta batendo no andar de baixo.

- Viu o que você fez? – disse a Sra. Zegers aborrecida – Ele vai sair de novo, vai saber que horas ele volta dessa vez ou quando.

- Blake precisa de limites Aurora.

- Não. – disse ela firme – Ele precisa de um pai.

Logo após ter saído de casa, ele pegou um cigarro no bolso e acendeu, não que ele gostasse de fumar, mas, descobriu que o cigarro sempre o acalmava, principalmente depois que discutia com o seu pai.

- Sr. Zegers. – ele se virou e viu que era uma das suas vizinhas, uma senhora que aparentava ter uns sessenta anos – Deixa o seu pai saber que anda fumando.

- E desde quando isso á da sua conta? – disse Blake irritado. – Povinho fofoqueiro.

- Menino mal educado, bem faz o seu pai...

Mas Blake não esperou para saber o final da frase, ele andou mais rápido até alcançar um ponto de ônibus, ele precisava de uma garota e uma bebida, não exatamente nessa ordem.