Batter Up escrita por Carol Bandeira


Capítulo 61
World Series


Notas iniciais do capítulo

Boa noite.

Primeiro de tudo, quero deixar um abraço apertado para a Molly, por sua linda recomendação. Obrigada, querida! É muito bom ter um reconhecimento destes!

Então, eu quero dizer que estamos na parte final desse conto. Espero finalizar com uns 3 capítulos, e depois devo soltar umas one-shot neste universo. Eu tenho tantas ideias que queria colocar na fic, mas acabam ficando para trás para não atrasar o desenvolvimento da história final. Então decidi escrever essas peças em separado, mas só depois de acabar com essa aqui.

Boa leitura!



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Se havia alguém mais nervoso que os próprios jogadores do Las Vegas Devils com aquela partida, era Betty. A senhora vivia momentos que há muito não passava, mas dessa vez não era só seu marido- quer dizer, ex-marido- que estava no meio da confusão. Seu filho, seu maior amor, estava prestes a jogar sua primeira final na Major League. 

Betty havia combinado com Sara de encontrá-la no estádio, mas isso era só mais tarde, pois a perita não conseguiu o dia de folga. Entretanto, estava tudo bem para Betty. Afinal, havia uma tal entrevista que passaria mais cedo e que ela não podia perder.

Assim, no horário marcado para o início, Betty ligou a televisão no momento certo.

A câmara começou com uma vista aérea do campo em formato de diamante dos Devils, e a voz do repórter soou, calma e clara. Enquanto a câmera passeava pelo gramado em direção ao túnel por onde os jogadores acessavam o gramado, o repórter conduzia os telespectadores por uma apertada síntese da história dos Devils. Ele terminou a fala no momento exato em que o vestiário dos Devils apareceu na imagem. Nele, já se encontravam os jogadores do histórico time.

Betty sentiu a emoção apertar a garganta a ver seu “menino” no meio do time. O repórter apresentou os jogadores e o técnico, em seguida explicando que fariam uma série de entrevistas com os jogadores durante a semana das finais. Os primeiros seriam Gil e Will.

“Ah, então foi por isso que você concedeu a entrevista! Foi obrigado a fazê-lo pois todo o time o fez.” Betty raciocinou.

Em seguida a tv mostrou uma série de fotos antigas, em que Will era o personagem central. Algumas delas traziam um Gil ainda criança. Betty não conteve as lágrimas ao ver um pedaço de seu passado sendo mostrado de forma tão displicente para milhares de pessoas. A última foto era a do último campeonato vencido por Will em sua carreira, quando ele jogava pelo time que enfrentariam nos próximos jogos. Então a câmera se voltou novamente para o campo, mais precisamente nas arquibancadas, onde o repórter se encontrava com Will e Gil.

—E depois de tantos anos, aqui estamos novamente. Como você se sente, William, depois de tanto tempo voltar a uma final na Major League?

—Honestamente? Sinto-me bem para cara...mba !- Will emendou antes de soltar um palavrão em rede nacional.

Os dois riram da resposta, enquanto Gil esboçou um pequeno sorriso. Era nítida a diferença de postura entre pai e filho naquele momento. Enquanto seu ex-marido estava recostado na cadeira com um ar displicente, Gil estava todo duro ao lado dele, como se estivesse na igreja na missa de domingo.

— Imagino! E você Gil, quando imaginou ganhar o campeonato, pensou em fazer isso com seu pai a seu lado?

—Posso lhe garantir que isso nunca passou pela minha cabeça.

O repórter deu um sorriso falso, mas a fala de seu filho não pareceu ter deixado Will chateado.

—Nem na minha, filho. Eu achava que veria esse momento do outro lado do campo. Mas o mundo dá voltas...

—E quantas voltas- o repórter aproveitou a fala para emendar no assunto que mais queria tocar, Betty percebeu. Até o momento, repórter nenhum havia conseguido uma reportagem de um tom mais pessoal com aqueles dois- Quem diria, chegar em um time recém-promovido para a Major League. Como foi a decisão de embarcar nessa?

— Não posso dizer que foi tão fácil como alguns podem suspeitar. Eu acompanhava os times da Major, e sabia que Vinny vinha fazendo um bom trabalho. Então qual não foi a minha surpresa ao ser convidado para assumir o time?

— Mas não me parece uma decisão difícil. Quero dizer, um técnico novato entrar assim no circuito? Essa dificuldade teve a ver com a relação atribulada de vocês?

Betty prendeu a respiração ao ver William trocar um olhar com o filho, incerto de como responder à questão. Para sua surpresa, no entanto, foi Gil quem o fez.

—Você gostaria de ter seu pai entrando no seu território assim, sem falar com você?- sua voz saiu tranquila, como se aquilo não o incomodasse.

— E foi isso que aconteceu, não? O início do ano foi complicado para vocês.

—Não exatamente. Acredito que foi o fato do time ter de se adaptar a um novo estilo de jogo. O treinador também ainda estava conhecendo cada um de nós. Mas acredito que tenhamos superado isso bem rápido.

O repórter não se deu por convencido.

— Então trabalhar juntos após anos de afastamento foi fácil de superar para vocês?

—Ora, nós somos profissionais. Deixamos o que não era sobre o jogo para fora do campo...- William queria despistar.

—Olha... eu posso dizer que não foi nada fácil ter meu pai como técnico. Nós tivemos um passado turbulento, e eu tive dificuldades em aceitá-lo. Mas eu só posso agradecer a Deus a oportunidade de estar com ele novamente. Nós formamos um bom time.

Após essa fala Betty não prestou atenção em mais nada. Ela nunca imaginou que seu filho pudesse se abrir tanto em rede nacional. E como isso a deixava feliz. Uma das coisas que preocupava seu coração de mãe era essa mágoa de seu filho em relação ao pai... e agora ver que aquilo não era mais problema, para Betty aquilo era mais valioso do que qualquer troféu de liga que Gil pudesse ganhar.

Exatamente uma hora antes do jogo começar, o carro de Sara embicou na entrada da garagem do estádio dos Devils. Com uma permissão garantindo acesso especial em mãos, a jovem adentrou o recinto com facilidade. Dentro do carro, Papa Olaf olhava para tudo com animação. Verdadeiro fã de basebal, ele comentara sobre o campeonato e as chances de cada time durante o caminho todo, enquanto Nana e Sara sorriam indulgentes. Betty estava no banco do carona e portanto não conseguia ver o que dizia o senhor. Novamente, aquilo não a incomodava. Estava perdida em seus pensamentos e em rezas. Só queria que tudo isso acabasse logo, para que pudesse dar um abraço apertado em seu filho.

Sara estacionou o carro em um local reservado e o grupo foi logo em direção à entrada do Estádio. Lá, deram seus nomes e após uma rápida verificação, ganharam pulseiras coloridas, dando acesso à área vip do estádio, no lado dos Devils no campo.

—Gregory não sabe o que está perdendo!- Papa comentou ao entrar no camarote reservado e notar um pequeno Buffet ali.

—O garoto teve de trabalhar, Papa. Do contrário estaria aqui.

Sara tinha lá suas dúvidas quanto a isso. Quando perguntara a sua família sobre o interesse deles em ver o jogo, o primo fora rápido em dizer que tinha trabalho no dia. Embora ele e Gil estivessem muito mais cordiais um com o outro, a morena tinha certeza de que, infelizmente, nunca seriam bons amigos.

Enquanto Nana e Papa discutiam sobre a quantidade de comida que poderiam pegar sem parecer deselegante, Sara voltou sua atenção para sua futura sogra. A senhora havia se dirigido para fora da cabine e se sentara nos bancos mais próximos as grades. A perita foi até ela e colocou uma mão no ombro dela. Betty se virou e deu um sorriso a Sara.

—Você não sabe quantas memórias me vieram a cabeça agora. A última vez que estive em um estádio assim foi para ver William. Gil tinha 14 anos...- as mãos da senhora tremeram ao se lembrar daquele dia- Foi horrível, ver o meu marido cair daquele jeito. Eu pude ver de longe... o quão sério fora a contusão dele... Sabe, William é um homem orgulhoso, não é de mostrar a dor... mas o grito que ele deu... eu não pude ouvir, é claro, mas o rosto dele falou mais alto que qualquer outra coisa...

—Eu sinto muito que você tenha passado por isso Betty, e tudo o que veio depois- Sara comentou. Ela nunca ouvira de Gil sobre o dia do acidente que mudou a vida deles e tinha a impressão de que era muito dolorido para eles se lembrarem. Por isso, estava curiosa para saber um pouco mais daquele dia que marcou tanto a vida de seu namorado. Então estava dividida entre perguntar mais sobre o fatídico dia ou então mudar a conversa para algo mais leve. Afinal, o dia era de comemorações. Felizmente, Sara não precisou escolher pois Júlia entrou no camarote naquele momento.

—Sara!

— Jules, oi!- as amigas trocaram um abraço apertado e em meio a risos. Estavam estupidamente felizes por seus homens.

Ainda abraçada à amiga, Sara viu sua sogra se aproximar e logo introduziu as duas.

—Jules, essa é a mãe de Gil, Betty!- a loira cumprimentou Betty com o costumeiro abraço e dois beijos na bochecha. Sara queria muito ter uma câmera para eternizar a surpresa na cara de Betty naquele momento. Ela descobrira que Gil puxara seu jeito introspectivo de sua mãe após ter começado a conviver mais com a senhora- Betty, essa é Júlia Finn. Ela é namorada do D.B. Russel, um dos melhores amigos de Gil no time.

— Vocês já foram visitar os garotos? Acabei de voltar de lá!- Julia logo perguntou.

—Não, acabamos de chegar.

—Então é melhor correm logo com isso! William praticamente me enxotou de lá, daqui a pouco eles fecham o acesso.

Novamente, a porta do camarote abriu e dessa vez foi Catherine quem entrou.

—Ah, que bom!- a loira exclamou ao avistar Sara e Betty- Vocês chegaram! Vamos lá fazer uma visita a Gil antes do jogo?

—Vão lá, eu guardo os lugares para vocês!- Julia disse.

Então Catherine conduziu o grupo por entre as pessoas que chegavam ao jogo, por entre portas pelas quais somente o crachá pendurado no pescoço de Catherine lhes davam acesso, e finalmente no nível do campo, em direção aos vestiários.

—Vamos, ele está esperando!

Catherine entrou no vestiário sem o menor pudor- Sara torcia para não dar de cara com um colega de Gil seminu! Mas na realidade, todos os jogadores já estavam em seus uniformes, alguns ainda entretendo familiares, outros sentados sozinhos, contemplativos. Gil estava nesse último grupo, o rosto tenso. Entretanto, o rapaz pareceu ter sentido a aproximação de sua família, pois virou o rosto na direção delas e abriu um largo sorriso. Foi a última coisa que Sara viu dele, pois um segundo depois Betty já havia se lançado em um abraço apertado, o rosto molhado de lágrimas. Gil riu e retribuiu o abraço da mãe.

Sara observou a interação dos dois, contente em observar mãe e filho. Seu namorado estava muito bonito naquele uniforme branco de listras vermelhas, que ostentava um tridente no peito. Ele ainda não colocara o boné, e seus cabelos despenteados anunciavam o nervosismo do rapaz. Sara sabia que o jovem passava as mãos pelos cabelos quando se sentia agitado. Ainda assim, ele estava um pecado de tão bonito. Sara teve ímpetos de puxar o namorado pela gola da blusa até um local vazio e lhe desejar uma “boa sorte” mais apropriado!

A morena teve de se contentar com um abraço e um beijo rápido, entretanto, e deu lugar para seus avós também cumprimentarem o namorado.

— Como você está se sentindo, Gil?- ela quis saber, embora já imaginasse a resposta.

—Animado! Mas bem ansioso também... alguma dica para mim, Nana?

—Você sabe que não interfiro nos acontecimentos esportivos... seria injusto com o outro time.

Gil sorriu com a resposta. Apesar de não dar muito crédito a eventos sobrenaturais, ele gostava de ouvir Nana falar sobre isso.

O grupo passou mais um minuto conversando, porém logo tiveram de sair para dar tempo para o time da casa se concentrar.

Assim, uns quinze minutos antes do jogo começar, William chamou todos os jogadores e pediu que fizessem um círculo ao redor dele. Tomou uns minutos para encarar cada um deles, cada um dos jogadores que transformaram aquele momento ali em uma realidade.

—Então, rapazes- ele começou seu discurso- eu gostaria que os senhores tomassem um tempo aqui olhando ao seu redor. Cada pessoa aqui foi responsável em partes por este momento. Cada um de vocês... nós não estaríamos aqui não fosse o empenho, a entrega de vocês... Eu sei que a maioria de vocês somente sonhava com um momento desses desde que pode segurar um taco na mão pela primeira vez- ele encarou o filho e deixou escapar um sorriso- Pensem nas batalhas que enfrentaram para chegar até aqui... pensem no suor, nas lágrimas... e no sonho... estamos a um passo de conquistar nosso sonho... nós só precisamos acreditar um no outro e no nosso time. Quando entrarmos em campo, não quero que pensem em favoritismo, azarões... eu quero que vocês finquem o olho no prêmio. Pensem naquele jovem com um sonho tão distante... se imaginem campeões, e nós o seremos.

William terminou seu discurso em meio a aplausos e gritos dos jogadores. Logo, um dos assistentes do jogo avisou que já era hora. D.B se virou para Gil e colocou uma mão no ombro do amigo.

—É agora, cara... é a nossa vez de brilhar.

Gil sorriu para o amigo e olhou para o portão por onde seus colegas iam em direção ao campo. “Chegou a hora, Gil. Mostre a todos do que você é capaz”.


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