Damon Narrando

Acordei na casa de Elena, ela havia tido um sono agitado novamente, então não quis acorda-la. Tomei um banho e vesti uma roupa social já que eu ia para o martírio que era aquela empresa sem Elena, mas eu precisava acertar alguns últimos detalhes. Segui com o meu carro e cheguei rápido, já que a empresa não é muito longe, estacionei sem pressa e peguei o elevador. Fui seguindo pelo corredor em direção a minha sala, me assustei ao me deparar com o pai de Elena na sala de um dos nossos sócios majoritários, mas não era ele quem estava lá e sim Katherine, mas o que eles estavam fazendo? Como a porta estava entre aberta deixei a curiosidade me vencer.

-Mas o que você está falando menina?

O pai de Elena falava em tom surpreso.

-É isso mesmo, Elena está namorando com Damon, ele faz parte da empresa e parece que já estão noivos e tudo!

Ela disse se sentindo orgulhosa da própria sujeira.

-Isso explica então o fato dela não querer se casar com Jared.

O pai dela disse com a voz distante. O que? A minha Elena ia se casar com esse tal de Jared? Como assim? Foi aí que decidi que ouviria aquela conversa até o final.

-Ela vai se casar? Mas por que?

Katherine perguntou, senti que ela estava comprimindo o riso.

-Bom, é que a empresa está com os dias contados, e o meu amigo Afonso está interessado em compra-la mas só se minha filha casar-se com o filho dele, o que foi ótimo pra mim por que eu manteria a empresa na família e assim poderíamos privar o emprego de um monte de gente, mas Elena se recusa! Com certeza por causa dessa noivinho, ela estará sacrificando a vida de muitas pessoas e está sendo egoísta...

O pai dela deixou as palavras no ar, um silêncio pairou na sala.

-Mas ela se casará?

A voz de Katherine demostrava curiosidade.

-Oras, não sei por que estou te contando isso! Vá trabalhar!

Ele mandou, parece que se deu conta que estava se abrindo para uma víbora, mas estava distraído ou preocupado demais pra notar. Então era isso que eu não poderia saber, o fato de Elena estar praticamente de casamento marcado com esse homem. Eu sabia que ela me amava, mas eu não poderia deixar ela cometer uma burrada dessas, por mais que eu sofresse, eu pude imaginar as pessoas sem seus empregos, estávamos em tempos de muita dificuldade, o país estava em crise e a situação era alarmante. Fui direto pra minha sala e resolvi as pendências com o máximo de agilidade possível, eu precisava voltar pra casa de Elena, eu tomei uma decisão e que ia mudar meu destino pra sempre. Eu precisaria perdê-la. Senti lágrimas querendo vir aos meus olhos, mas não pude evitar, segui para o meu carro, não queria que ninguém me olhasse daquela forma deplorável. Quando cheguei em casa, eu a encontrei no sofá vendo tv, Deus, seria a coisa mais difícil da minha vida, fingir que não a amava, ter de magoa-la parecia demais pra mim.

-Elena.

Eu disse sentindo minha voz embargar.

-Oi...

Ela respondeu suavemente.

-Temos que conversar.

Eu disse tentando manter minha voz o mais dura possível.

-Damon, o que aconteceu?

-O termo certo é o que não aconteceu.

Eu disse.

-O que? O que você quer dizer?

Ela perguntou se levantando e vindo até mim.

-Nós Elena, não aconteceu! Eu estou indo embora. Aqui não é mais o lugar certo pra mim, eu ...

-Damon! O que está acontecendo? Por que está agindo assim?

Elena me perguntou com lágrimas nos olhos.

-Eu ...

Respirei fundo, seria a pior mentira da minha vida.

-Eu não amo mais você.

Eu disse duramente. Ela começou a chorar e aquilo estava acabando comigo, me destroçando por dentro, pensei seriamente em desmentir e dizer que a amava mais que tudo, mas eu estaria cometendo um erro grande, estaria pensando só em mim.

-Mas como assim não me ama mais? Quando isso aconteceu? Você...

Ela não terminou, os soluços estavam atrapalhando.

-Eu tenho que ir agora, espero que me perdoe e seja feliz.

Eu tentei beija-la na testa, mas Elena se desviou.

-Não toque em mim! Saia daqui, eu não quero ver você nunca mais!

Ela gritou, eu apenas assenti, não quis correr o risco de lhe contar a verdade.

Elena narrando

Acordei com muito enjoo, corri para o banheiro e vomitei o jantar inteiro, logo eu teria que fazer um pré-natal, sorri com a ideia, ter um serzinho dentro de mim e saber que ele ou ela foi um fruto de muito amor. Fui interrompida pelo celular.

-Alô? oi carr.

Eu disse a Caroline.

-Lena, eu liguei pra saber como estão as coisas com você.

Ela disse.

-Bom, eu acabei de vomitar.

Eu disse.

-Logo você terá que fazer o pré-natal e ver como o  bebê está!

Ela disse quase me obrigando.

-Eu sei Carr...

Eu falei enrolando um fio de cabelo entre os dedos.

-E Damon? Já contou a ele?

-De novo Carr? Eu não sei se vou contar, você sabe como estão as coisas.

-Ah Elena! Pare de se preocupar com os outros! Vá viver sua vida, conte a ele, se mude dessa bagunça e seja feliz.

Caroline falou emotiva. Foi aí que me dei conta que ela estava coberta de razão, o meu pai que arrume uma outra pessoa pra casar com esse Jarred, eu vou criar o meu filho ao lado do pai, ao lado de Damon.

-Você tem razão Carr! Eu vou fazer isso, não vou mais ficar sofrendo.

Eu disse tomada pelo entusiasmo.

-Até que enfim você me ouviu!

Ouvi a porta da frente se abrir, era Damon.

-Carr, tenho que desligar, Damon chegou.

Desliguei o celular, eu já ia me preparando para correr para os seus braços, mas sua expressão estava dura, distante.

-Elena.

Ele disse com a voz embargada.

-Oi...

 Respondi suavemente.

-Temos que conversar.

Ele com um tom de voz duro.

-Damon, o que aconteceu?

Perguntei sentindo uma sensação estranha.

-O termo certo é o que não aconteceu.

Ele disse.

-O que? O que você quer dizer?

Eu perguntei sentindo o desespero me invadir, me levantei e fui até ele.

-Nós Elena, não aconteceu! Eu estou indo embora. Aqui não é mais o lugar certo pra mim, eu ...

-Damon! O que está acontecendo? Por que está agindo assim?

Eu não consegui segurar as lágrimas.

-Eu ...

Damon parou por um momento e me olhou incisivo.

-Eu não amo mais você.

As palavras caíram sobre mim como uma bigorna de uma tonelada, o ar fugiu dos meus pulmões, meu coração parou.

-Mas como assim não me ama mais? Quando isso aconteceu? Você...

Deixei a frase suspensa, foi ai que tomei consciência de reagir e dizer algo.

-Eu tenho que ir agora, espero que me perdoe e seja feliz.

Ele tentou beijar minha testa, mas eu me desviei.

-Não toque em mim! Saia daqui, eu não quero ver você nunca mais!

Eu gritei, senti a raiva me invadir, maior que a raiva e a mentira era só a dor que eu estava sentindo naquele momento, Damon assentiu e se foi, caí do chão sem me importar com o baque , nada iria ser pior. Não me incomodei com os vizinhos, chorei alto, muito alto, eu precisava aliviar a dor de alguma forma.