O clima estava tenso. Eu não tinha coragem de olhar para ele, e ele mesmo assim não tirava os olhos de mim. Vigiava cada movimento meu, dentro da biblioteca de Dr. Carlisle. Eu observava os quadros na parede, me detendo ao quadro dos Volturi, que tinha o rosto do doutor. Eu conhecia aquele quadro apenas dos livros, a descrição que Bella fizera. Vê-lo era milhões de vezes mais assustador, os rostos dos três vampiros italianos que me aterrorizaram em Volterra estavam praticamente vivificados na pintura.

Dei as costas num movimento abrupto. Eu ainda não sabia controlar minha velocidade completamente. Olhei para Jasper. Ele, claro, estava olhando firmemente para mim.

Me sentei numa cadeira. Uma onda de tranqüilidade me atingiu. Jasper percebeu que eu estava tensa e tentou me ajudar. Me senti mais calma. Olhei para ele, ele ainda estava me encarando.

"Jasper", eu comecei, e baixei os olhos com medo do olhar dele. Não continuei.

"Sim" ele me incentivou.

"A sua história... com os recém-nascidos... você os conhece bem, não é?"

Ele não respondeu. Na verdade, eu não tinha feito exatamente uma pergunta, e sim uma introdução a real pergunta que eu queria fazer. Ele soube disso e ficou em silêncio, esperando. Um homem (ou um vampiro) de poucas palavras.

"Rilley, o que me transformou. Ele parecia controlado mas, em certos momentos, parecia um recém-nascido também."

"Bem," Jasper iniciou, com sua voz profunda. Era linda. "Rilley deve ter sido transformado há um ano, mais ou menos, por Victoria, como você disse. Ele deve ser o responsável pelas gerações dos recém-nascidos. Victoria não parece se envolver. Então, ele deve ter mais ou menos essa idade, como vampiro." E deu de ombros.

Eu não sabia mais como continuar um diálogo com ele. Ele era tão quieto, tão calado! E eu sentia necessidade de conversar. Eu olhava para os pés dele, sem coragem de levantar os olhos, e senti uma necessidade enorme de caminhar até ele. Refreei essa necessidade.

Ele é tão lindo assim pessoalmente!

Repreendi meus pensamentos. Ainda bem que era ele ali, não Edward. Era quase impossível não notar sua altura, seus músculos, seu porte físico, seus olhos, seu queixo bem desenhado, sua boca...

"Creio que não estejas realmente pensando no que está para acontecer, está, Lisa?"

A voz dele me perturbou, me pegando de surpresa. Meus sentimentos devem ter mudado a atmosfera, claro, e ele percebeu. Ainda bem que eu não podia ruborizar. Era muito vergonhoso para mim.

"Desculpe, Jasper." minha voz quase sumindo. Mas, claro, ele podia ouvir. E não disse nada. Ficou lá, imóvel como uma estátua de mármore. Da mesma forma que eu fiquei. Não movi um milímetro, nem respirei. Até que Carlisle viesse nos chamar.

Novamente, uma onda de tranqüilidade veio até mim, mandando embora minha tensão. Jasper de novo.