Simplesmente Elementar escrita por Rakeel


Capítulo 5
O guarda chuva vermelho.




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Acordei antes de o despertador tocar, chovia forte, e o vento chicoteava lançando a chuva com força contra a janela. Me arrumei animada, pois os vizinhos aos quais não queria ver com sorte não iriam para o colégio com aquele tempo, desci para cozinha onde meus tios estavam sentados na mesa conversando. Entrei cumprimentando os

___Bom dia. Disse dando um beijo em cada um.

___Bom dia acordou cedo hoje. Afirmou minha tia olhando para o relógio.

Assenti com a cabeça me sentando e pegando um pedaço de bolo, meu tio levantou se indo em direção á janela olhando a chuva que caia e deu um suspiro.

___Acho que vou ligar e pedir para que o pessoal não venha trabalhar, com essa chuva não da pra se fazer muita coisa na fazenda por hoje. Conclui o um tanto desconsolado pelo dia perdido. ___Você vai mesmo pra escola com esse tempo? Perguntou olhando novamente para janela e eu assenti com a cabeça enquanto mordia um pedaço do bolo. _____Se quiser posso te levar de carro. Ofereceu

___Não precisa, eu gosto de chuva não me importo de pegar o ônibus. Respondi me esquecendo de quem poderia encontrar no ponto.

 Levantei- me já me preparando para sair quando minha tia se levantou indo em direção á lavanderia e voltando com um guarda chuva vermelho e enorme nas mãos.

____Pelo menos leve esse assim não vai se molhar. Disse me entregando. Despedi-me e sai, com meu enorme guarda chuva vermelho, seguia pela rua e fiquei feliz quando vi de longe que no ponto não havia ninguém. Ainda estava com raiva de Hugo por fugir e me deixar sozinha com Victor na noite do jantar, e ainda sentia receio a respeito de Victor pelo susto que me dera. Mas quando estava quase no ponto ouvi a voz de Hugo atrás de mim, não me virei e continuei indo em direção ao ponto, mas não demorou muito e ele estava ao meu lado.

___Bom dia Rachel. Disse com um sorriso, vendo que não respondi continuou ___Foi bom seu feriado? Agora escondendo o sorriso e dando um grande suspiro perante minha falta de respostas

___Você esta com raiva de mim? Perguntou um tanto envergonhado.

___Porque deveria afinal você só fugiu me deixando com seu irmão psicopata... Esbravejei irônica ______... e a proposito onde ele esta? Perguntei só agora notando que Victor não estava lá.

____Victor não gosta muito de chuva por isso foi para o colégio de carro com nosso pai. Respondeu

___E porque você não foi junto. Retruquei querendo ser grossa e sem esconder a irritação em minha voz

Ele ficou em silencio por um segundo e começou

____Porque eu queria falar com você e me desculpar por ser um covarde. Disse com voz triste olhando para o chão.

Olhar pra ele daquele jeito me dava certa pena, pois parecia realmente arrependido, mas antes que eu disse se algo ele ergueu os olhos e perguntou com uma expressão preocupada.

___Não aconteceu nada de estranho depois que eu sai do quarto, Victor não fez nada estranho fez?

Não entendi muito bem oque ele quis dizer com estranho, e porque sua voz parecia tão preocupada.

___Se aproximar de uma pessoa até ficar cara a cara com ela a encarrando como uma expressão assustadora e quase mata- lá de susto é estranho o suficiente pra você. Respondi com ironia e pude ver que após pensar por um segundo seu rosto se tornou mais sereno.

O ônibus apareceu subindo a rua, e entramos em silêncio Hugo se sentou ao meu lado quieto e pensativo quando finalmente disse.

___Então você me perdoa ou não. Perguntou sorrindo enquanto me olhava de forma suplicante.

Suspirei assentindo com a cabeça um pouco triste comigo mesma por sempre ceder tão fácil a todos. Seguimos o restante do caminho em silencio ate chegar ao colégio que estava praticamente deserto.

No momento em que nos separamos para que cada um fosse para sua sala, Hugo me chamou se aproximando de mim.

____Victor é uma pessoa meio difícil, mas vou pedir que ele fale com você e se desculpe por ter ti assustado. Disse com uma expressão seria que era estranha para seu rosto quase sempre sorridente, antes que eu pudesse dizer algo ele se virou indo pra sua classe. A ideia de conversar com Victor não me parecia muito atraente, e duvidava que Hugo conseguisse convence-lo a se desculpar, mas ainda assim queria entender oque havia acontecido àquela noite no meu quarto.  

Entrei em minha sala que estava quase vazia, e fiquei aliviada ao ver Sara sentada no canto da sala, sentei-me ao seu lado cumprimentado na.

___Será que o restante do pessoal vira para o colégio? Perguntou Sara desanimada.

___Acho pouco provável. Constatei olhando para o relógio e para a chuva persistente lá fora, e estava certa, pois o sinal tocou sem mais nenhum único aluno cruzar a porta. Olhei em volta e só estavam Tamires, Wiliam, Victor, Sara e eu na sala, esperamos um pouco, mas não chegou nenhum professor, mas sim a expectora nos dizendo que ficaríamos duas aulas vagas e depois seriamos liberados. Eu e Sara saímos para o pátio e parecia que grande parte das salas estava em aula vaga, mas mesmo assim o pátio estava quase vazio.

Sara ligou para que sua mãe viesse busca-la quando saísse; passamos o tempo quase dormindo sentadas no refeitório quando o segundo sinal anunciou nossa liberação, quando saímos à mãe de Sara já esperava na frente do colégio, ela me ofereceu uma carona, mas nossas casas ficavam em sentidos totalmente opostos então recusei despedindo-me. Estava a caminho do ponto de ônibus quando notei ter esquecido meu celular em cima da mesa do refeitório e voltei correndo para pega-lo enquanto o vento que aumentava quase arrancava o guarda chuva enorme das minhas mãos,por sorte quando cheguei meu celular ainda estava sobre a mesa e fique realmente feliz por ninguém telo pego, estava prestes a sair e encarrar a chuva novamente quando alguém chamou meu nome , olhei institivamente para traz e vi Victor vindo em minha direção, não consegui esboçar reação apenas fique parada, quando ele se aproximou me olhando por alguns segundos antes de começar.

___Hugo me contou que lhe assustei com minha atitude em seu quarto na noite do jantar, peço desculpas não sou tão bom quanto Hugo em interagir com as pessoas e sinceramente espero que possa me perdoar. Desculpou se, notavelmente incomodado ao fazer isso seu modo de olhar ainda era um tanto assustador pra mim, mas sua voz e modo de falar eram calmos e reconfortantes e de uma maneira estranha anulavam o medo que seu olhar me causava. Pisquei três vezes processando oque ele acabara de me dizer, antes de responder.

___ Você se desculpou então eu acho que está tudo bem, e a culpa foi minha por ser enxerida, e acho que me assustei demais atoa afinal oque você poderia fazer comigo. Brinquei. Ele deu um leve sorriso, mas que pendia mais para o sarcástico, como quem ri de uma piada particular não de quem ri de uma brincadeira.

Um silencio vergonhoso se formou, por um minuto quando finalmente decidi me despedir.

___Então eu acho que já vou. Disse dando lhe um sorriso amigável, antes de me virar e sair andando, a chuva e o vento estavam cada vez mais fortes, abri meu guarda chuva e o segurei com toda força saindo do pátio coberto para a chuva, olhei para traz e acenei para Victor que permanecia parado no mesmo lugar então notei que ele não tinha guarda chuva.

___Quer vir comigo, eu acho que o guarda chuva e grande o suficiente para nós dois. Convidei timidamente, afinal caberiam muito mais que só duas pessoas debaixo do meu enorme guarda chuva vermelho. Ele olhou para mim por um segundo aparentemente um tanto surpreso e tornou a abaixar os olhos dizendo:

___Não obrigado, não gosto muito de chuva vou ligar e ver se meu pai pode vir me buscar.

___Ok, então. Assenti com um sorriso, me virei e comecei a andar quando uma onda de vento forte soprou, quando o guarda chuva estava sendo quase arrancado das minhas mãos, alguém esticou o braço segurando o, olhei era Victor debaixo do guarda chuva ao meu lado.

___Obrigada. Disse um tanto surpresa olhando para ele.

___Eu sou mais alto então eu seguro isso. Disse sem olhar para mim apenas soltando de vez o guarda chuvas das minhas mãos e começando a andar. Andamos lado a lado em silencio quando ele meio tropeçando nas palavras começou.

___Você vai para casa ou vai para cidade, ajudar sua tia na loja? Perguntou ainda sem olhar para mim.

___Vou para casa, a loja só abre mais tarde e com essa chuva acho provável que minha tia nem vá abri-la hoje. Respondi indicando o lado do ponto de ônibus para qual iriamos e continuei. ___Mas e você faz algo depois da aula? Perguntei feliz por ele estar tentando ser amigável.

___Não, pois sou novo na cidade e como já deve ter notado não sou de muitos amigos. Respondeu enquanto preparávamo-nos para atravessar a rua para chegar ao ponto de ônibus.

___Não sou a senhora popularidade, mas se quiser posso-te apresen... Antes que pudesse terminar um carro veio em nossa direção, não conseguindo frear devido o asfalto molhado. Victor passou o braço por de traz das minhas costas me puxando com força contra seu peito enquanto girava o corpo desviando do carro, pude sentir meus pés saírem do chão por um segundo quando ele girou com o carro passando a centímetros das suas costas, o motorista não parou, e acabou atropelando meu guarda chuva que foi jogado longe completamente destruído. Ficamos parados por cerca de um segundo quando ele olhou para meu rosto, mas ainda me segurando e perguntou se eu estava bem, apesar da chuva fria e intensa estar nos encharcando seu corpo era extremamente quente e eu podia sentir seu coração batendo rápido e forte creio eu devido ao susto.

Ele me soltou e corremos para o ponto que tinha uma cobertura mesmo já estando completamente ensopados, olhei para ele que balançava a mão sobre o cabelo tentando dispersar a agua.

___Obrigada. Disse tremendo ao imaginar oque teria acontecido se ele não tivesse agido rápido, mas ele não respondeu apenas me lançou um olhar que eu interpretei com um “Não precisa agradecer.”.

Por sorte o ônibus não demorou, embarcamos e ficamos o caminho todo em silencio, cada um absorto em seus próprios pensamentos. Desembarcamos ao chegar ao nosso ponto agora com a chuva um pouco mais fraca , ele desceu a rua ao meu lado quando cheguei à porteira, ele ergueu uma das mãos meio sem jeito na tentativa de dar um aceno, acenei de volta com um sorriso quando começou a andar, mas antes dele chegar a seu portão o chamei.

___Victor!...Ele olhou para trás então continuei___... para alguém que diz  não ser bom em interagir com as pessoas eu acho que se saio muito bem. Disse sorrindo lhe.

E pela primeira vez vi surgir em seu rosto um sorriso, não sarcástico, não falso não forçado, mas um que denotava verdadeira felicidade.


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Notas finais do capítulo

Sei que tem alguns clichês mas tinha que tirar essa ideia da cabeça.
Comentem :D



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