Só Mais Uma Vez escrita por Anna Liberatori


Capítulo 3
Capítulo 3- Sala da diretoria.




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Cheguei na escola, a aula já havia começado. Sentei no único lugar vago. Durante a aula recebi vários bilhetinhos com ameaças e zuações, vi que Alessandra também recebeu. No último tempo antes do recreio, fomos chamadas na direção:

–Ontem depois da aula, sua colega de classe, Bárbara, e uns amigos vieram aqui e me falaram que você havia dado um soco nela. Ela estava com o nariz sangrando.

–É, eu dei um soco nela.- A mulher pareceu surpresa com a sinceridade de Alessandra.

–Posso saber os motivos?

–Ela estava zuando da gente. Fomos humilhadas em publico por ela. E posso dizer, nós não fomos as únicas que ela já humilhou.

–E isso é motivo para dar um soco nela?

–É, é sim.- Eu disse.

–E porque?

–Porque ela é uma ignorante, todos morrem de medo dela, mas todos querem fazer isso com ela. Não adianta retrucar ou pedir para parar, ela não se abala e não escuta, a única solução foi faze-la sentir dor física.

–Aham, ela está certa.

–Ok, já basta. Isso não explica o fato de Alessandra ter dado um soco nela. Vai ganhar um advertência.

–Não vou não.- A diretora se surpreendeu.

–Ah não? E quem vai me impedir?

–Eu estava fora da escola e fora do horario de aula. Você não tem o direito para isso.- Minuto de silêncio.- E então, vai fazer o que?

–Certo, então chamarei seus pais para uma conversa. Seu comportamento está passando dos limites.

–Pode chamar, mas chame os dela também. Tenho certeza que o comportamento dela foi muito por.

–Você a agrediu fisicamente.

–E ela também me agrediu fisicamente. Fisicamente, verbalmente e mentalmente.- Levantei as mangas de minha blusa.- Ou você acha que não?- Aquela mulher ficou de queixo caído, estava horrorizada, Alessandra olhava pra mim como se estivesse pensando “você enlouqueceu?”.

–Eu já ia conversar mesmo com você sobre isso. Alessandra, seus pais e os dela serão chamados, agora eu vou lhe pedir para sair da minha sala.- Ela saiu. Ficamos eu e a diretora, ela não sabia o que falar.

–Porque fez isso consigo mesma? Você tem alguma doença?

–Viu. Exatamente por isso. Esse ar de repugnação, esse espanto, esses comentários.

–Mas e antes, no início de tudo?

–Sinceramente, não quero falar sobre isso.

–Fale, você vai se sentir melhor.

–Não vou não, mas tudo bem. A sociedade não tem noção do poder que as palavras tem. Julgamentos. Me julgavam por tudo, me humilhavam, me chamavam de coisas que nunca vou esquecer, apressão da sociedade foi tão grande que eu não consegui aguentar. A lâmina foi minha única válvula de escape. Eu me afoguei nas minhas própias lágrimas e me sufoquei nas palavras não ditas. Ninguém nunca via o que se escondia atrás do meu sorriso. Olha, os motivos são muitos, não vou ficar falando.

–Ok, já deu para compreender. Seus pais sabem disso?

–Eles acham que eu parei. Foi no início.

–E você faz isso a quanto tempo?

–Um ano, mais ou menos.

–Porque não vai ao psicólogo.

–Bem que eu queria. Mas eu não tenho dinheiro, não tenho coragem de pedir e é foda pagar alguém pra te ouvir.

–Hum. Bom, eu vou falar com seus pais.

–O que?!

–Isso não pode ficar assim. Você tem um problema e precisa ser tratado.

–Não! Isso ão afeta ninguém a não ser eu. Você não vai fazer isso!

–Então pare com isso.

–Ok, eu paro!

–Eu vou querer ver seus braços e parte de suas pernas daqui a 15 dias.

–Tá.- Eu disse com lágrima nos olhos.- Posso ir? Estou perdendo aula.

–Pode.


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Notas finais do capítulo

Ok, esse capitulo ficou ruim, eu sei... :/