Estava frio, e para afastá-lo eu corria com os braços cruzados. Parei em frente a um banco, onde tinha um rapaz e sentei-me lá, apoiando a cabeça nas mãos, fazendo com que as lágrimas caíssem em minha calça.

O rapaz que estava a minha frente me chamou a atenção, não parecia ser tão velho, devia ter pouco mais que a minha idade. Ele era bonito, cabelos castanho escuros, olhos de mesma cor. Seu olhar era frio e um tanto quanto distante. Percebi que ele olhava para mim e, em certo momento, tentou se aproximar:

-Olá, - ele disse, sentando-se ao meu lado. Sua voz era um pouco misteriosa, um pouco sedutora. Aquilo me assustou. - Me desculpe a intromissão, mas eu reparei que você não parece muito bem. Não gostaria de algo, ou alguém para fazer compania?

 -O-oi, - gaguejei pelo fato dele ser completamente estranho e bonito. - eu estou apenas passando por uma fase ruim. E... A compania de estranhos não é muito recomendável. Ainda mais a essa hora.

Ele colocou seus braços em volta de meu corpo. Não posso negar, aquela sensação foi reconfortante. Aquele abraço fez com que eu me sentisse segura, como nunca antes:

-Posso não ser mais um estranho se você deixar eu me apresentar.

O que eu faria? Bom, eu já não tinha mais o que perder. O máximo que poderia acontecer era eu me juntar a minha mãe. Suspirei e disse:

-Bom, não tenho muito que perder agora.

-Sou Nicholas Andrews. Diga-me seu nome então, bela senhorita. - Uau, que nome lindo. E intrigante. Se ele fosse um cafajeste, era um de primeira.

-Sophie Myers. - respondi após parar de chorar e soluçar, como um bebê.

 -Certo Sophie, por que estava chorando?

-Bom, minha mãe sofreu um acidente de carro voltando para casa hoje, foi para o hospital e... - eu não queria dizer que ela havia morrido, eu não aguentaria pronunciar aquelas palavras. - não está nada bem.

Não consegui evitar pensar em minha mãe, não contendo, assim, as lágrimas:

-Sinto muito por sua mãe. - ele parecia sincero e chocado.

-Tudo bem. - eu havia prometido a mim mesma que não iria chorar que iria sorrir. Então limpei as lágrimas. - Agora, tenho que voltar para casa. Já é quase uma da manhã e meu irmão deve estar preocupado.

-Eu lhe acompanho até sua casa.

-Obrigada. - Nicholas era gentil e atencioso.

Andamos em silêncio, por algum tempo. Eu não suportaria mais aquilo, era constrangedor. Aquele silêncio pairando sobre nós. Decidi arrumar algum assunto:

-Você tem 16 ou 17 anos, certo? - foi o que perguntei.

-Tenho 16. E creio que tenha essa idade também.

Balancei a cabeça, confirmando:

-Então você está no St. Peter High? Penúltimo ano? - resolvi perguntar para saber se estávamos na mesma turma.

-Exatamente. Cheguei ontem na cidade.

-Então nos veremos na segunda-feira. - sorri ao parar em frente ao portão da minha casa.

-Essa é sua casa? - ele perguntou, talvez não fosse tão óbvio quanto eu imaginei.

-O que você acha? - disse, abrindo o portão e olhando aqueles olhos castanhos. Tão comuns, mas que em Nicholas realçavam sua beleza. - Muito obrigada Nicholas, me fez esquecer tudo que está acontecendo, por pelo menos alguns minutos.

-Disponha.

Entrei, e ele saiu no frio e na chuva que começara a cair, pensei em oferecer-lhe um guarda-chuva, mas... Quando percebi, ele já havia sumido de vista.