– Atenção, atenção – gritou Jessie no meio da passarela – Eu quero fazer um brinde em homenagem á garota mais sortuda de toda história do Santine Marie. Muitos de vocês não devem conhecê-la, mas com certeza já a viram já que ela anda, convive, sai, conversa e até come com os três garotos mais lindos da escola – as pessoas começaram a cochichar baixo coisas que eu não entendi – Eu estou falando de Thomas Bloom Lover, Andrew Foster e seu irmão, o mais gostoso, Lucca Daniel Way, pra quem ainda não se tocou eu estou falando da nova aluna, Jullie Anne - apontou para minha irmã, um holofote a iluminou. Não sei e era impressão minha por causa do holofote, mas ela estava pálida, o seu amigo a segurava - Por favor, venham aqui garotos e Jullie.

– Vai lá Lucca – Beth, uma das líderes de torcida me deu um empurrãozinho. Contra a minha vontade eu fui.

Cheguei à passarela rosa e fiquei ao lado de Jessie.

– O que você vai fazer? – perguntei como resposta ela sorriu.

Jullie chegou sendo arrastada por Andy.

– Tem algo que você queira declarar antes do brinde Jullie? – perguntou a loira sorrindo.

– Eu quero agradecer á tia da minha mãe que eu não conheço – Anneba dizia isso quando ficava com vergonha na frente de muitas pessoas ou qualquer outra besteira desse tipo.

– Então, vamos ao brinde – sorriu.

– Espera, Jess –Beth interrompeu – Como você quer brindar se sua homenageada não tem nem uma taça ou copo?

– Muito bem lembrado Beth, acho que seria assim – Jogou um líquido estranho no vestido da Ann, fiquei sem palavras.

Julie ficou olhando horrorizada para seu vestido, atrás dela Andy tinha a mesma expressão.

– O QUE VOCÊ FEZ? – gritou.

– Ops, que falha minha acho melhor você limpar isso logo, queridinha – Jessie jogou Jullie na piscina.

Por um segundo fiquei sem reação. Fiquei sem voz. Fiquei sem nada além da expressão de idiota que eu tinha estampada no rosto, a única coisa que consegui fazer foi pronunciar seu nome em um sussurro.

– Jullie... - E isso bastou para que eu acordasse do transe. Ela não sabe nadar, está se afogando!

Tirei meus sapatos e minha jaqueta, ela vai precisar disso mais tarde e pulei na piscina. Lá embaixo tudo era escuro, mas alguém apontou um holofote pro lugar onde eu estava e eu a vi, lá estava minha irmã caindo cada vez mais com os olhos semiabertos, sem esperar nadei mais rápido e a segurei com um braço enquanto com o outro tentava subir.

Quando saímos da água eu a deitei na passarela rosa de Jessie e fiz imediatamente as manobras de reanimação, apertei a barriga dela três vezes e a água saiu pela sua boca, em seguida comecei a fazer respiração boca a boca nela. Seus batimentos estavam fracos no pulso, continuei repetindo o processo até senti minha boca formigar, sem que eu percebesse estava chorando. Todos na festa estavam calados, o amigo da Jullie, Andy, estava parado na minha frente de joelhos chocado. Olhei atentamente para ele e notei lágrimas em seus olhos

– Chamou a ambulância? – disse com dificuldade.

– Já chamaram – respondeu surpreso.

Nesse momento, por alguma ironia do destino, o socorro chegou. Um grupo de médicos correu pela passarela e começaram a analisar a situação da minha irmã que ficava mais pálida a cada segundo.

– Vocês fizeram algo com ela? Tentaram reanima-la? – perguntou um médico.

– Sim – expliquei á ele rapidamente o que fiz, ele balançou a cabeça ao entender o que dizia e ajudou a coloca-la em uma maca.

Segui os médicos até uma pequena ambulância que estava do lado de fora da casa, na ambulância eles continuaram tentando reanima-la e colocaram uma máscara de oxigênio em seu rosto.

Fiquei andando em círculos. Todos da festa agora estavam do lado de fora esperando saber se ela estava bem ou não. Olhei para o céu em busca de algo que pudesse me fazer parar de pensar no pior e então ouvi.

– Ela acordou! Ela voltou! – anunciou uma médica. Ao ouvir isso senti que um mundo inteiro tinha saído das minhas costas.

Corri até a porta da ambulância, Anneba estava retirando a máscara do rosto.

– Ann – a abracei com lágrimas correndo livremente pelo meu rosto. Agora não me importava se estava parecendo fraco ou coisa do tipo. Ela estava bem, isso é o que importa – Por favor, nunca mais faça isso.

– Lucca... – ela me abraçou de volta e escondeu o rosto no meu ombro

Por quanto ficamos abraçados assim? Não sei. Soltamos-nos apenas quando um paramédico disse que queria fazer alguns testes rápidos pra ver se tudo estava bem com a Ann. Sentei-me num canto da ambulância segurando a mão dela, disseram que ela estava liberada e nós saímos da ambulância.

– T-Toma – Andy jogou meus sapatos e a minha jaqueta, entreguei para Ann que tremia de frio.

– Obrigado.

– Cuida dela cara.

– Cadê a Jessie? – perguntei depois de olhar em volta e não vê-la.

– Deu um showzinho quando você pulou pra salvar a Jullie e sumiu.

Covardes sempre somem quando veem que a coisa está ruim. Passei um braço ao redor da minha irmã e a levei para o carro. Enquanto dirigia, percebi que os dentes dela estavam batendo constantemente um no outro fazendo um barulho estranho. Eu entendo porque ela estava assim, a água da piscina estava congelando. Eu sentia frio, mas quando a onda de adrenalina passar vou estar como ela.

Chegamos em casa, eu a segurei no colo estilo noiva e levei para dentro.

– Lucca, pode me sol-soltar – disse quando terminamos de subir as escadas

– Está certo – com cuidado a soltei. Ela estava muitos mais pálida do que de costume – Vá para o seu quarto e tome um banho quente, coloque um pijama confortável e se deite, está bem? Daqui a pouco eu vou ver como você está – ela balançou a cabeça em concordância e seguiu para seu quarto.

Eu fui para o meu, tomei um banho quente, vesti um moletom e fui ver como ela estava.

– Jullie? – chamei batendo na porta – Está tudo bem?

– Está – respondeu uma voz chorosa

– Jullie - entrei no quarto e a encontrei sentada na cama no escuro chorando. Ela já havia tomado o banho e trocado de roupa, mas seu estado ainda parecia horrível – O que foi?

– Não sei, só quero chorar.

– Calma – abracei-a carinhosamente, ela que escondeu seu rosto no meu ombro – Já passou, já passou – afaguei seus cabelos.

– Foi horrível Lucca, eu pensei que ia morrer.

– Eu sei, eu também pensei que ia te perder mais isso não aconteceu então porque você não dorme? Quando acordar vai e sentir melhor.

–Estou com medo...

– Medo do que?

– Do escuro, da escuridão que queria me levar.

Beijei sua testa

– Calma eu estou aqui, pode dormir.

Ela se deitou e ficou me encarando com seus enormes olhos

– Hoje na ambulância você me chamou de Ann, só de Ann.

– E o que tem?

– Você nunca me chama assim – sorriu.

– Eu sei, agora durma.

– Fica aqui até eu dormir – pediu.

– Fico sim.

Ela lentamente fechou os olhos e logo caiu no sono, eu fiquei ao seu lado brincando com seus cabelos ainda molhados até perceber que ela estava num sono profundo. Sua respiração era normal, calma e tranquilizadora. Não queria ir para o meu quarto frio hoje. Não, eu queria ficar aqui ao lado dessa respiração e desse calor bom que vem dela. Deitei-me na cama ao seu lado e me enrolei no edredom com ela, observando cada detalhe sobre a luz fraca que entrava pela janela, sorri e de leve beijei seus lábios.

– Boa noite, Ann – sussurrei.

E dormi calmamente ao seu lado.