Acordei com o barulho chato de um dos despertadores que minha mãe me deu no dia em que li o diário do Andy.

– Agora você não vai mais acordar atrasada e pegar carona com seu irmão, Liz – ela disse sorrindo e me entregando o despertador rosa.

Minha mãe foi bem esperta por pensar em me dar um despertador, o problema é que toda manhã desde então eu quebro um despertador por dia. E hoje não será diferente.

– ARGH! MALDITO DESPERTADOR! – Peguei o terceiro e joguei na parede. Não sei como, mas sempre que eu quebrava um despertador um novo aparecia, acho que a Dona Mãe fez um estoque deles pensando que eu os quebraria.

Depois desse novo ritual matinal voltei para a minha fortaleza de cobertores escondendo meu rosto todo menos os olhos que viram o meu tão adorado (como eu amo sarcasmo) irmão Lucca saindo do meu banheiro com apenas uma toalha branca cobrindo suas partes e os cabelos totalmente despenteados, o que me ajuda a chegar á conclusão que...

– LUCCA SEU MULEQUE CATARRENTO! – pulo da cama abandonando meus lençóis – Você tomou banho no meu banheiro de novo, vou contar pra mamãe!

– Pode contar – passou os dedos entre os cabelos e os sacudiu pra espalhar a água – Aposto que ela vai adorar saber que você e o Foster mataram aula no inicio da semana – sorriu.

– C-Como você sabe? - Quando Lucca diz uma coisa é porque ele tem provas escritas, gravadas e fotografadas contra mim.

– Um passarinho em contou.

– Qual o preço?

– Não sei ainda, vou consultar nosso código e descubro – caminhou lentamente saindo do quarto, mas parando na porta um pouco antes – Bye bye.

O código. Como posso explicar o código que existe entre mim e meu irmão? Pra começar o código é meio que um pacto feito entre mim e ele usando o principal principio da alquimia de Fullmetal Alchemist, ‘’ pode-se conseguir qualquer coisa, desde que se pague o que se deseja tanto com um valor equivalente. ‘’

Tradução, se Lucca sai escondido e eu descubro pra que eu não abra a boca para nossos pais ele encobre uma saída minha ou, o que quase sempre acontece, me compra um novo jogo ou DVD de anime. Além disso, eu e Lucca temos a rega do não minta pra mim, sempre somos sinceros um com o outro.

Tivemos que criar nosso ‘’código de conduta do bom irmão/irmã’’ porque quando éramos pequenos ouvíamos mentiras o tempo todos dos adultos e também éramos enganados por eles que nos faziam dedurar um que o outro fez pros nossos pais. Em resumo, se um de nós não quer ser escravo do outro não deve fazer nada de errado.

Vesti o uniforme da escola e desci as escadas em direção á cozinha onde encontrei apenas Lucca sentado na bancada tomando café.

– Cadê a Dona Mãe? – perguntei enquanto procurava um bolinho no armário.

– A Dona Mãe foi ser jurada na final de um concurso de miss mirim e o Senhor Pai avisou ontem a noite no jantar que iria viajar você saberia disso se não tivesse levado o prato pro quarto pra comer enquanto via seus desenhos.

– Não são sós ‘’desenhos’’ – peguei o bolinho – São animes, é tipo uma evolução cultural no mundo dos desenhos. E é uma arte.

– Certa senhorita que aprecia arte – deu os ombros e pegou uma maçã – A senhorita deseja uma carona pra escola?

– Claro – peguei outro bolinho e guardei no bolso da jaqueta da escola depois fui atrás do meu atencioso irmão que saiu na frente e me esqueceu.

Entrei no carro e me sentei no banco do carona já estava me preparando pra colocar os fones de ouvido quando Lucca os arrancou da minha mão.

– Ei isso é meu – fiz careta pra ele.

– Decidi qual será o preço.

– Qual?

–Você foi convidada para a festa da Jessie certo? – mexi a cabeça em concordância – Você e eu vamos juntos á essa festa – sorriu.

– NEM FUDENDO !

Depois de ler o diário do Andy decidi manter distância da Jessie e do seu irmão nerd maligno, atualmente só falo com a Michelle e o Thomas.

– Você tem que ir.

– Me dê bons motivos para acreditar nisso.

– Primeiro: Você cabulou aula e eu tenho testemunhas, segundo: tá no nosso acordo, terceiro: eu tenho uma festa muito mais agitada que a da Jessie pra ir no sábado, mas como eu e ela meio que ficamos um dia desses tenho que comparecer e por último, mas nem um pouco menos importante mamãe quer te levar pro concurso com ela no sábado – cantarolou a última parte.

– Maldito – sussurrei alto o suficiente pra que ouvisse.

– Eu sei me amo por isso sabia – deu um sorriso radiante.

Apenas revirei os olhos e esperei chegar à escola para descer do carro e seguir com a minha rotina.

– Jujubaaa – cantarolou Michelle chegando por trás numa tentativa de me assustar.

–Ar! Por que ta todo mundo cantarolando hoje?

– Ei, calma senhorita Oi-eu-estou-de-TPM – riu – O que foi ?

– Lucca quer me levar com ele pra festa da Jessie – peguei meu caderno no armário.

– E isso não é bom?

– Não é óbvio?

– Jullie você é simplesmente sortuda! – deu um pulinho sem sair do lugar – Não sei se você sabe, mas pra entrar numa festa da Jessie ou você é popular, ou uma líder de torcida ou muito sortuda!

– Falando em lideres de torcida, não é hoje que sai o resultado? – tentei mudar o assunto.

– Não, foi ontem e droga Ju – pôs a mão na testa – Você não presta atenção em nada mesmo – suspirou – Eu te falei ontem que tinha passado no teste.

– Sério? – perguntei confusa- Oh, desculpe Michelle.

– Tudo beeeeeeem – falou o ‘’bem’’ como se fosse uma cantora de ópera e me puxou pelo corredor – Já me acostumei com isso mesmo.

Ultimamente não tenho prestado atenção em nada mesmo, somente tenho pensado se Andy ainda me quer como amiga. Somos umas das últimas a entrar na sala.

Logo avisto o cabelo preto bagunçado, a pele branca sem manchas de espinhas ou cravos e seus olhos azuis que parecem ser pedaços roubados do céu, ele veio hoje.

– Andy – sorri e corri para ficar frente á frente com ele- Andy não acredito que você finalmente veio! Estou tão feliz.

– Cala a boca – disse.

– O-O que? – perguntei confusa.

– Eu te mandei calar a boca Jullie ! Não me olhe com essa cara de confusa, acabou.

– O que acabou?

– Nossa amizade! – quase gritou

– Por uma coisa besta como aquela? –perguntei quase gritando também

– Besta? Ler os segredos mais íntimos de alguém não é considerado besteira no meu planeta.

– SE É ASSIM QUE VOCÊ QUER ÓTIMO CABEÇA DE PUDIM! – Gritei e me sentei no meu lugar.

Toda sala olhava para nós.

– ÓTIMO MENININHA! – gritou em resposta.

– ÓTIMO SENHOR EU ROUBO REFRIGERANTE.

– Ótimo senhorita Oi-eu-gosto-de-animes.

– Ótimo senhor Oi-eu-vou-te-forçar-a-ir-na-montanha-russa.

– Senti sua falta menininha – me abraçou.

– Eu também cabeça de pudim – retribui o abraço.

E assim eu fiz as pazes com Andy e vivemos felizes para sempre.

AS ATUALIZAÇÔES DE MENTIRA FORAM ATUALIZADAS

Óbvio que não foi assim, eu e Andy continuamos-nos ‘’ofendendo’’ até a senhorita Chase entrar na sala e nos expulsar de lá, depois disso nos escondemos nas arquibancadas onde estamos agora presos num silencio assustador.

– Você não devia procurar saber de mim pelos outros.

– Eu sei Andy, sinto muito, eu errei – admiti.

– Eu sei que sente- ele sorriu – E eu sei porque somos amigos e é assim que funciona uma amizade.

– Fico feliz em saber disso – sorri de volta

– Você vai à festa da Jessie?

– Não sei e você?

– Eu vou nunca se sabe quando vai ter de novo tantas prostitutas trabalhando de graça – brincou

– Andy que nojo, isso não é jeito de falar das garotas

– Não sou quem fala assim delas, são elas quem me fazem pensar assim

Depois disso ele começou a me explicar como funcionava a sua teoria de garota que deve ou não ser respeitada, mas eu não vou quase nada só conseguia pensar numa coisa

Como seria minha vida com o Andrew Kyle Foster que tratava bem as garotas de dia e curava seus machucados a noite?