XLVII — Scissorhands.

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O ginásio da Forks High School havia sido completamente decorado para o baile à fantasia com a colaboração do grêmio estudantil — liderado por Alice Brandon —, para oferecer entretenimento aos jovens estudantes. Como era um espaço fechado, todas as luzes foram deixadas apagadas, para deixar o ambiente com um clima sombrio. A claridade do espaço era advinda de várias velas espalhadas em todos os quatro cantos. Na parede enfrente à entrada do ginásio, havia um painel coberto por bolas na cor laranja a preto, figuras de abóboras horripilantes e uma mesa com variados tipos de doces com formas de caveira, abóbora, esqueletos e aranhas.

Em todo o centro do espaço foram espalhados puffs pretos, branco e laranja para que os alunos pudessem se sentar, e em um canto mais afastado, uma pista de dança. No teto haviam sido presos vários esqueletos. Logicamente estes não eram de verdade.

— Seja sincera, eu arrasei! — Comentou Alice da entrada do ginásio, encarando pela primeira vez a sua “obra de arte”.

— Ficou realmente espetacular — elogiou Bella, ao lado da amiga.

— Espetacular? Esse é o único adjetivo que você pode classificar essa lindeza? — fingiu um falso ultraje.

— Ok, Alice, está tudo perfeito! — rolou os olhos.

Como se não se importasse, Alice deu de ombros.

— Claro que está. Eu sou Alice Brandon! — vangloriou-se. — Venha, você ainda não viu o mais interessante!

Arrastou Isabella pelas mãos, levando a adolescente para um canto mais afastado do salão. Ali se encontrava uma espécie de “escritório”, mas que foi completamente evacuado para se tornar um local privado, separado por cabines.

— E o que seria isso?

— O propósito seria arrumar um espaço onde pudéssemos instalar uma cabine da tortura, mas, enquanto fazíamos a arrumação, Angela comentou que esse lugar teria outros fins.

— Encontros de casais — completou Bella.

— Correto! — bateu palmas. — São apenas nove cabines, ou seja, apenas nove casais.

— O diretor sabe que você aprontou... isso? — apontou para dentro do cômodo.

— Para todos os efeitos, isso é a câmera da tortura. Ele saberá apenas se alguém denunciar.

— Isso vai dar merda! — gemeu Bella, coçando o couro cabeludo.

Qualquer pessoa que adentrasse ali saberia que de longe aquilo era uma cabine da tortura. A sala antes completamente branca foi substituída por um papel de parede na cor vermelha. As cabines eram semelhantes às cabines telefônicas, com uma única diferença que aquelas não eram transparentes. O espaço era bem apertado, e quem ousasse ficar preso ali dentro, com certeza teria que ficar literalmente “atracado” ao parceiro. Grudados, seria uma palavra adequada.

— Pare de ser pessimista, Isabella! — Alice assumiu uma postura séria. Em conjunto com a fantasia gótica que usava, Bella sentiu medo da amiga. Encolheu-se ao ter o dedo indicador da “Morticia” apontado em sua direção. Pensou em curvar-se e pedir clemência para não ser transformada em um rato desprezível.

— Ok. Eu vou tentar — ela se afastou alguns centímetros de Alice. — Merda! — praguejou levando os dedos aos lábios.

— O que aconteceu?

— Mordi meus lábios. Maldito canino de vampiro!

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— Com máscara, ou sem máscara? — questionou Edward a Jasper esparramado no banco do motorista.

— Cara, arruma logo essa merda e vamos entrar, ok? — o loiro estava impaciente.

— Ok! Mas primeiro responda a minha pergunta! Com ou sem máscara?

— Tanto faz. Você continuará sendo uma “menininha” com ou sem essa merda.

Edward controlou-se para não disparar algo do tipo “menininha é o meu pau”, mas sabia de antemão que esse tipo de comportamento não correspondia com o seu. Todavia, lidar com as provocações de Jasper estava sendo cada vez mais complicado.

Tinha dezesseis anos, e como qualquer adolescente hormonal, ele pensava em “coisas” e, como não podia sequer cogitar praticar esses tipos de “coisas”, era de costume aliviar-se de modo solitário. O que era constrangedor para o garoto. Principalmente ao ser descoberto por Esme, que sem querer encontrou alguns vidrinhos de lubrificante em sua cômoda. Descoberta esta que fez com que recebesse mais uma vez uma palestra sobre sexo, instruída por Carlisle.

— Você deveria ter escolhido a fantasia do Lobo Mau — caçoou Edward, ao finalmente decidir que não usaria máscara.

— E eu sairia comendo todas as donzelas indefesas — forçou uma gargalhada sem humor.

— Tirando uma, é claro — entortou os lábios. — Por falar em garotas, Alice contou sobre a fantasia de Bella?

— Você sabe que não, — grunhiu. — Ela disse algo como “pacto das garotas”, mas eu não sei que diabos é isso.

— Seja o que for isso, Bella disse a mesma coisa.

— Caramba! — gemeu. — Só consigo imaginar a Alice chegando com um vestido lilás, duas asas, uma tiara de anteninha, uma varinha com uma estrela na ponta e toda pintada anunciando que é uma fada. Tinker Bell é uma fada?

— Eu deveria saber que diabo é Tinker Bell? — içou as sobrancelhas.

— Você namora uma menina desde que ainda eram pirralhos, deve saber que diabo é Tinker Bell! Na verdade, é a sua obrigação saber!

— Mas eu não sei — deu de ombros. — Voltando à fada Alice, vocês não combinam.

— Qual é, Edward! — socou o ombro do amigo.

— Uma fada é delicada demais para se envolver com um bruto como o Batman.

— Eu. Não. Sou. O. Cacete. Do. Batman! — pontuou, irritado.

— Certo, certo. Esqueci que seu rosto está completamente pintado — franziu as sobrancelhas. — Prevejo que um certo alguém ficará na seca de beijos — cantou.

— Filho de uma...!

—... E além do mais, sempre soube desse seu desejo reprimido por usar uma peruca.

— O Chapeleiro Maluco é legal — inclinou a cabeça, fitando o chão.

— E combina totalmente com você.

— Não pensei que levaria o Scissorhands a sério — mudou de assunto.

— Achei que combinava. Ele é Edward. Eu sou Edward. Por que não? Além do mais, sempre tive curiosidade em usar essas roupas de couro.

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