Bifurcados - O Apocalipse Zumbi escrita por Cadu


Capítulo 20
O Clássico a Acalma


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora. Foi a primeira e provavelmente a última. Agradecendo todas as recomendações, os comentários e todos os personagens do capítulo do sorteio. Como não consegui escolher apenas um, dois ganharam. Os ganhadores foram atualizados no capítulo do sorteio, que agora já foi excluido. Todos estavam ótimos, mas escolhi me adequando ao enredo da história. O prêmio já está no caminho. Em breve aparecerão em "Bifurcados" os personagens de Caarol e Zoe Nightshade.
Recomendo escutar "Non Je ne Regrette Rien" de Edith Piaf. Pode parecer não adequada para o clima da história, mas perceberão que há um clima envolvendo a cena.
http://www.kboing.com.br/radio-show/playlists/1847828/760373/
Boa leitura =)



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Bifurcados - O Apocalipse Zumbi

Capítulo Dezessete - "O Clássico a Acalma"

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Alguns muitos pingos de sangue de Paulo sugaram toda a estabilidade do abrir dos olhos de Henrique. A faca cai no chão fazendo um barulho ensurdecedor do metal no escritório. Ana chorava mais do que o irmão do próprio morto, que tinha a cabeça amputada agora no chão. Instantaneamente sua – agora – ex-namorada agarra seu crânio pelos cabelos com um tom de nojo em seu rosto. O sangue pinga constantemente no chão até quando os olhos novamente se abrem. A boca de Paulo começa a fechar e abrir melodicamente enquanto tenta morder Ana. Ela abre a porta e joga a mesma do segundo andar do galpão. O barulho do cérebro sendo encontrado com o chão foi distante, mas pode ser ouvido por qualquer um ali no escritório.

Henrique tinha olhos culpados, mas parecia não se arrepender de tê-lo matado. “Não era mais meu irmão”, pensou.

— André — Henrique suga-o do seu devaneio mortífero — Me ajuda com o corpo...

André consentiu com a cabeça e agarrou as pernas de Paulo. Henrique apanha os ombros e em apenas alguns segundos o corpo ainda azulado já estava esticado no chão, embebido por sangue em suas entranhas.

Voltaram para a sala e trancaram a porta. O silêncio agonizou enquanto o cheiro forte apalpava suas narinas impiedosamente.

— E agora? — Clarissa pergunta mordendo o lábio inferior. — Como vamos sair?

— “Como vamos” não — André diz com força em sua voz — Como vão sair. Nós sairemos sozinhos. Vocês não vão juntos.

— Não precisamos da sua ajuda mesmo. Se conseguimos até agora não precisamos mesmo de vocês. — Heitor diz transparecendo a raiva encharcada em suas pupilas. Clarissa contrai os ombros em seu corpo e tenta ficar impassível na terrível decisão.

— Não! — Henrique interrompe a conversa enquanto retira uma mecha de cabelo que incomoda em sua testa — Não podemos deixar sobreviventes sozinhos. Lembram-se? Paulo sempre nos falou isso. Sempre! Não vamos!

— Henrique... — André cita indiferentemente — Paulo está morto. Paulo morreu, não está mais entre nós. Nós não vamos para Minas Ger...

Clarissa interrompe em um momento fúnebre.

— Minas Gerais? Quem vai para Minas?

— Eu — Henrique diz confuso.

— Nós também vamos... É nosso destino final.

— Ótimo! — André ironicamente diz em um tom alto — Agora você tem companhia, Henrique... Continue sua viagem com eles.

— Para André! Chega! — Ana grita com olhos marejados — Você implica com Henrique desde o começo! Qual é teu problema?

André cala-se e finge não se importar, fitando seus pés e as armas das paredes.

— Então o que vamos fazer? Onde está o carro de vocês? — Heitor dirige-se a Ana.

— Está no estacionamento aqui de trás.

— Merda... O nosso está na frente do mercado. E lá está cheio deles...

— E agora? — Clarissa morde um de seus dedos levemente, mostrando uma face compenetrada.

Em um momento fugaz Henrique trás a tona uma ideia.

— Podemos abrir a porta da frente... Deixar todos os infectados invadirem o depósito, daí esperamos aqui em cima. Matamos.

Com uma descarga de raiva André ri ironicamente e perto de Henrique ele fica. Seu dedo indicador aponta para a face do menino raivosamente.

— Ótimo! Quer nos matar, não? Ótimo! Abrir a porta para nos atacarem...

— Nós esperaremos aqui em cima, André. Não tem erro. Matamos e saímos.

André revirou os olhos e continuou em seu irônico devaneio.

— Então vamos... — Henrique citou confuso — Quem vai abrir a porta?

— Eu — Heitor se pronunciou.

— Tudo bem. Então nós vamos. — Henrique agarra uma espingarda e segue a Heitor para fora do escritório — Ana, Clarissa e André: Peguem armas, flechas, o que puderem. Esperem-nos aqui em cima. Já voltamos.

Heitor e Henrique desceram as escadas com um jeito receoso em cada passo que davam. Ao lado a cabeça de Paulo ainda movia-se abrindo e fechando sua boca. Desviaram-na e abriram a grande e pesada porta do depósito toda feita com aço. As luzes estavam completamente apagadas por causa dos geradores desligados, mas a luz franca em que o sol da tarde proporcionava iluminava alguns corredores.

O barulho incessante no vidro causado pelas mãos fétidas dos errantes era agonizante. Esconderam-se atrás de uma das estantes e esperaram alguns segundos. A coragem necessitava ser sugada.

Ultrapassaram alguns alimentos no chão e fitaram os zumbis. Seus olhares vazios e seus lábios constantemente famintos perceberam a presença de humanos. Alguns grunhiram outros apenas batiam no vidro com mais força. A fome os sorvia.

Os dois em silêncio empurraram a placa da entra que impedia a entrada de alguns. Empurraram pouco. Talvez fosse mais fácil de matá-los quando passam-se um por um pela porta já quebrada.

Os errantes começaram a invadir o comércio. Raivosamente em busca dos dois homens sedentos procuravam. Henrique e Heitor correram o mais rápido que puderam ao depósito subindo as escadas rapidamente. Clarissa, André e Ana tinham armas apontadas para a entrada. Clarissa tinha as mãos trêmulas com o arco em seus dedos, Ana um revólver pequeno e André um rifle.

Ao chegar ao lado de Ana, apoiando-se na escada, Heitor conseguiu escutar plenamente uma música suave escapando de seus fones de ouvido.

— Porque Ana está ouvindo música? — Indagou.

— O clássico a acalma. — André confabulou silenciosamente.



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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Posto a continuação hoje ou amanhã. :)