Cartas de Fogo e Água escrita por José Vinícius


Capítulo 2
Prólogo: Fogo.


Notas iniciais do capítulo

Definitivamente, eu estou motivado a escrever!
Segundo capítulo - um recode pra mim, dois caps na mesma noite ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/270974/chapter/2

Ela já deve ter dito, mas já faz um ano que tudo se passou.

Um longo ano.

Eu e Aang fizemos o possível para manter a paz e o equilíbrio no mundo. Criamos a República, uma quinta nação, fusão das outras que já existiam. Ele passou a morar lá, mantendo a paz e cumprindo a sua função.

Mas, como Senhor do Fogo, eu preciso permanecer na Nação do Fogo, consertando os erros que meus antepassados cometeram, mostrando para a minha nação o tanto que eu mudei, o tanto que precisamos mudar, garantir o equilíbrio, administrar financeiramente meu país, enfim, tudo isso que os líderes e chefes de governo fazem.

Mas eu não cumpriria meus deveres sem uma pequena, mas grande, motivação. Ou melhor, sem ela do meu lado.

Sim, ela.

Não vou ser chato nem dramático como ela. Sou realista e sincero comigo mesmo – mas ela é meu fraco, e aposto que ela já deve ter lhes falado que ambos estávamos enganados sobre a nossa situação.

Para ela, no começo, é que foi difícil, acho. Ela estava numa relação séria com o Avatar. Mesmo se eu sentisse algo por ela, eu ficaria firme nas decisões dela, e apenas apoiaria. Eu tinha muito mais o que fazer, um passado para consertar, erros a corrigir, e um novo modo de vida.

Mas ela confiou em mim, disso tenho certeza. Mesmo que no começo eu a tenha tratado mal, eu tentei ser justo comigo mesmo na medida do possível. Se agi de uma forma ruim, a culpa é minha: eu tentava recuperar a minha honra que perdi há muito tempo, mas que agora não é muita coisa pra mim.

A honra é importante sim, mas, quando eu olho para meu passado, foi a minha perda de honra que me levou até ela. Me guiou na direção da noite e me mostrou o teu brilho.

Ela era um enigma para mim. Porém, eu confesso que havia algo nela que me fazia ficar diferente.

Eu sempre fui egoísta, frio e arrogante. Ignorante também, mas quando eu a devolvi o colar a mãe dela, no fundo de mim, senti uma pontada de algo. Como se fosse um despertar de um sol adormecido. O que era aquilo? Eu não sabia.

Continuei, e segui um caminho errante e tortuoso. Como eu pude agir assim? Eu traí a mim, a meu tio que tanto se importa comigo e me vê como um filho e traí a ela. A traí quando encontramos um ponto em comum. Algo que estava dentro de nossos corações frágeis, emaranhou-se como vinhas.

Ela confiou em mim, por um momento.

Eu senti um fulgor novo. Um calor estranho. Estávamos ali sozinhos, eu tinha dado a ela uma lembrança muito profunda de mim, e ela fez o mesmo. Então, Azula veio, me mostrou uma honra que nunca obtive.

Eu decididamente estava cego.

Mas vê-la me odiando foi como uma facada. Dolorida.

Eu não sentia a dor por que minha ambição era muito grande na época. Mas, quando notei que eu estava diferente a respeito da fúria dela, percebi que estava doendo, e tentei disfarçar com o mal. Remendar uma costura mal feita com um pano desfiado.

Eu queria ser alguém para meu pai. Eu queria ter dele o respeito, como se fosse a coisa mais importante do mundo - quem sabe a única. E o que ganhei? O ódio profundo dela, a recusa de meu tio, a busca da verdade, a negação de minhas esperanças sem sentido. Nunca na vida me senti tão humilhado e tão sem vida. A ira me dominava, e eu mal sabia como controlá-la ou como lidar como ela.

Mas eu tentei consertar. Eu vi a luz, vi que podia mudar meu destino, tudo que me prejudicava.

Eu era capaz. Só precisava tentar, e tentei. Aos poucos, dei a eles minha confiança, mas ela anida dava sinais de que não se dobrava.

Como chorei e lamentei secretamente.

Por dentro, eu estava inconsolado, sem saber por que. Até o momento em que eu não sabia o que fazer, por que perdera as únicas pessoas que um dia me dera algum valor - meu tio e ela – era como se não houvesse mais mundo. E, quando parei para pensar nela, eu começava a delirar de loucura. O fogo ardia com uma dor dilacerante, e eu não era capaz de dobrá-lo.

Por que tomei esse caminho? Por que eu fui assim? Por que magoei a quem mais queria o bem?

Fui tomado por uma vontade incontrolável de protegê-la e toma-la próxima de mim. Como se a simples presença dela me inspirasse. Deixasse-me mais forte.

Não sei se funcionava, mas eu me saía bem no que eu fazia. Quando todos voltaram a confiar em mim – em parte, claro – ela me fazia seguir em frente.

Tivemos, numa ocasião, uma rala conversa que me deixou com o coração aos pulos. Mesmo que ela não estivesse de acordo com minha presença, sabia que não havia escolha. Teria que aceitar meu auxílio para com Aang e eu estava pronto a ajudar.

Ah, sim, Aang. Eu não poderia deixar ele de lado. Tornou-se meu amigo, e quando tive de admitir a mim mesmo o que estava acontecendo, eu hesitei, por medo de deixa-lo desolado.

Estivemos unidos na missão de trazer paz, e quando finalmente decretei que eu tinha conseguido completa-la, me senti em paz por um tempo.

Passei a receber a presença dela, com certa irregularidade, mas logo havia tempos regulares. Tornamo-nos amigos de alma, como ela costuma dizer, até que passamos a sentir algo muito forte e profundo.

Como ela fez, eu analisei meu passado. Percebi que esse sentimento era muito antigo, e que houve momentos que ele desabrochou sem eu notar.

Como a vontade de protegê-la, e tê-la comigo.

Sim, eu faria qualquer coisa por ela. Eu tinha que salvá-la de apuros. Eu tinha que ajudá-la a realizar seus desejos, seus anseios – como quando procuramos o dobrador de fogo que matara sua mãe. Vi naquela hora o quão sábia ela era. O quanto aprendi com as atitudes dela. O quando eu e ela éramos bons de coração, cada um ao seu modo.

E senti uma tremenda vontade de tê-la em meus braços, confesso.

Quando eu lutei contra ela, quando estava do lado de Azula, uma parte de mim estava morta. Como se aquilo fosse errado. Eu a vi em luta e apreciei seus movimentos, de uma forma que eu mesmo estranhei. Acreditei nela, no que ela dizia. Mas algo em mim sussurrava.

– Ela chora. Você a magoou. Você a traiu, mentiu pra ela.

Essa voz era a tortura mais perfeita que já senti. Eu lutava pra encobrir a dor, mas que coisa infeliz! A dor aumentava. Só pude senti-la quando estava sozinho, pensando.

Mas eu mostrei a mim mesmo e a ela o quanto me importava e o quanto sentia por ela. Eu me levataria com o sol, e eu a salvaria. Quando lutei com Azula, disse que havia algo diferente com a minha rival, que a luta seria diferente. Mas ela foi diferente por que meu coração estava decidido em vencê-la, pelo fato de que ela estava ali perto, me desejando sorte e querendo a minha vitória!

Isso valia mais que qualquer ajuda ou apoio. Eu lutei contra a minha irmã de uma forma eu nunca imaginei. Eu sabia redirecionar raios, e sabia também que se ela o fizesse, a luta ainda estaria empatada. Mas Azula mandou o raio direto nela, e eu não poderia deixar isso acontecer.

Ela já deve ter lhes dito, não é? Sim, eu recebi o dano, e ela derrotou Azula por mim.

Quando ela me curou, eu me senti totalmente revigorado. Mais, senti algo que eu não sabia que estava em mim, mas vocês sabem.

E só agora, eu posso dizer que eu realmente a amo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para o próximo cap!