Cartas de Fogo e Água escrita por José Vinícius


Capítulo 17
Carta 12 - Fogo


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo sendo embalado por "Save Me - The Pierces", consegui achar algo delas que me inspirou a escrever este capítulo. "Luisa - The Pierces", é o nome da música que vai acompanhar este fim. Está na reta final, temo dizer.
Perdoem-me por tudo.



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Katara,

Nossos corações ardem intensamente todas as vezes que nos pomos a escrever uma carta um ao outro. Especialmente por que nós dois conhecemos a lenha que alimenta este fogo tão intenso. Sei que dentro de mim ele é muito grande, visto que o fogo é minha natureza. Mas não duvido que o seu coração já esteja flambado pelas labaredas.

Eu tenho esperado durante muito tempo uma brecha em meus compromissos. Aliás, eu tenho lidado com as coisas de uma forma muito mais natural e segura após ler sua última carta. Dentro de mim, as coisas também se iluminaram, mas de um jeito diferente. É como se eu tivesse feito uma aposta, e estava preso na ansiedade de saber se tinha ganhado ou perdido. Felizmente, apostei certo. E apostei tudo.

Eu ainda olho para a Lua todas as noites. Acho que até já me apeguei a ela, Katara. Quando olho para ela, me lembro de quando lutamos na fonte de água espiritual da Tribo da Água do Norte. Vou te confessar uma coisa: eu nunca tinha lutado tão intensamente com alguém como eu lutei com você. Quer dizer, lutado com um dominador de água. Você tinha sido fantástica, eu admito, e eu poderia ter perdido minha vida se aquela noite fosse eterna. Perto do espírito da Lua e da Maré, no lugar mais sagrado para os dobradores de água... Eu estava aterrorizado com aquela garota linda, corajosa e poderosa lutando contra mim. E eu sabia que ia perder. Mas sabia também que só precisava aguardar o sol nascer.

Você me deu medo, acredite. E passei muitos dias somente pensando naquela luta. Parte dos pensamentos era apenas: eu quero uma revanche. Eu vou acabar com aquela garota. Eu vou fazer ela se ajoelhar diante de mim pedindo clemência.

Sei que são pensamentos muito egoístas e negativos. Mas você bem sabe que eu pensava assim naquela época. Eu fiquei planejando muitas coisas, tudo o que eu faria se eu encontrasse o Avatar e logo em seguida se encontrasse você. Eu pensava estas coisas, mas, quando eu parei para pensar em você, eu comecei a descobrir que você era muito interessante como rival.

E foi aí que as coisas começaram.

Por que eu pensava em você bastante, mesmo que não pareça. Grande parte do meu tempo eu pensava em muitas coisas sobre mim, sobre minhas atitudes e sobre o que eu realmente estava fazendo, se aquilo era necessário. E em grande parte das vezes, eu chegava a conclusões erradas, e admitia-as como corretas. Sei que não sou o melhor exemplo moral que existe, mas eu sou humano. E sou capaz de admitir que errei muito em minha jornada.

Depois nos encontramos mais vezes... E uma parte de mim ficou obcecada por você. E quando nós dividimos nossas dores, eu praticamente queria encontrá-la. Mesmo que eu tenha sofrido muito quando eu traí você, quando dei falsas esperanças a você... E isto ainda dói, Katara.

Acho que meu maior erro, ou melhor, o erro que mais temo cometer é ferir você novamente. É achar que estou sentindo alguma coisa, sendo que não estou sentindo nada, ou pior, achar que uma coisa é outra... Não sou bom com meus sentimentos. Não sei lidar muito bem com eles. Você está me ajudando muito, por que eu já estou fazendo alguns avanços no que diz respeito a ser franco com mim mesmo. Você sabe, eu sou assim: escondo a verdade de mim mesmo, e prefiro acreditar na mentira.

Você é a Lua que ilumina a noite eterna de meu coração, Katara.

Nem sei como expressar toda a felicidade que está transbordando dentro de mim. Sei que posso parecer inseguro, mas ainda assim, eu tenho um desejo forte para assumir este sentimento. Talvez seja o primeiro de muitos. O primeiro de muitos que assumirei e aceitarei como são.

Katara, eu nunca senti tamanha ansiedade por alguém. Nunca me senti tão incompleto, obsoleto, isolado... Tão precisando de alguém.

Tenho uma vontade imensa de proteger as coisas ao meu redor. Não se de que forma, mas é como se eu quisesse observá-las e em seguida, gozar felicidade com elas. Estou chegando ao ponto de desejar a felicidade do outro acima da minha, desejar o bem seu acma do meu. Desejar para você a minha vida.

Katara, sou incapaz de escrever aquelas palavras aqui, mas sei que nas entrelinhas, elas estão muito bem escondidas. Entenda que eu estou dizendo elas, e estou querendo... Bom, reafirmar isso.

Uma parte de mim ainda acha que é cedo, que quando tudo isto for concreto, que isto vai se acabar como água corrente. Como água corrente que cai e escapa das nossas mãos. Eu sinto... Que sou fraco até para admitir uma coisa dessas.

Acho que eu estou à beira de um paradoxo.

A cada momento, meus sentimentos mudam. Não sei como lidar ou como aceitar, mesmo dizendo que eu ou lidar e vou aceitar tudo isto. Nunca conheci – e se conheci, não lembro – algo tão avassalador. Tudo isto fundido com medo.

Por favor, Katara, não escape de mim. Eu sinto que, à medida que avanço em meus pensamentos, você vai se esvaindo. Como se não me pertencesse. Como se não fosse parte de mim. Como se me odiasse. Como se quisesse se manter longe, por que ainda está ferida.

Sou incapaz de curar feridas, você bem sabe. Mas ainda assim, eu tento mantê-las vivas, ou, tento ajudar na cicatrização.

Estou ficando sem palavras para continuar escrevendo. Não sei como transmitir essas coisas são complicadas. As coisas estão indo bem em várias partes da minha vida, mas, até um tempo atrás, eu estava ficando abatido.

Então eu li a sua carta. Não consegui segurar a emoção. Alguma coisa despontou em mim, e me obrigou a escrever aquelas coisas. Se era a hora, não sei, mas se não fosse naquela hora, não seria nunca. Eu estava segurando aquilo para mim faz tempo. Como você disse, algo novo, mas com cara de velho. É como se eu já soubesse daquilo – e eu sempre soube – mas fui incapaz de admitir e desejar que fosse ardente e real.

Agora eu quero.

Agora eu enfrento meus dias com um ânimo diferente. Sei que estamos muito distantes um do outro, mas isto não quer dizer que realmente estejamos distantes. Só pensar em você já me acalma. Só de imagina seus olhos, consigo sonhar com o paraíso. Só de lembrar sua voz, sinto minha alma entrar em apoteose.

Katara, eu espero muito, muito mesmo que eu possa vê-la logo. Por que eu anseio você com uma força e com uma vontade que me assustam. É como se eu quisesse coloca-la numa redoma de vidro, de tão delicada, mas também, não quisesse – por que pássaros nasceram para serem livres,

E o que eu sinto por você, é um belo pássaro que voa pelos ares. Uma fênix sem chamas nem ódio, mas sujeita à vida-morte que lhe é inerente.

Sempre esperando você chegar,

Zuko.


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Notas finais do capítulo

Aguardando o fim, apenas isto.



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