Uma Canção de Amor escrita por Kamiragem


Capítulo 4
O que diz essa canção


Notas iniciais do capítulo

Finalmente terminei de escrever. Espero que tenham gostado de acompanhar!!



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Capítulo 4. O diz essa canção.

A segunda-feira geralmente chegava sonolenta para os membros do Host Club. Entretanto, a saudade era o despertador perfeito para esses casos.

Haruhi entrou cedo na classe. Havia poucos alunos, alguns deles interessados em saber como ela estava. A jovem respondeu educadamente a todos, avistando então os irmãos Hitachiin entrarem na sala.

- Ah! Haruhi! – Os dois disseram em coro. Chegaram até ela rapidamente e a abraçaram, mesmo com meia sala olhando boquiaberta a olhar o trio.

Haruhi fez um careta e eles se afastaram.

- Algo errado? – Hikaru perguntou. Kaoru a olhou como se tivesse pronunciado as mesmas palavras do irmão.

- Os pontos ainda me incomodam, devo tirar essa semana. – Os dois ainda pareciam preocupados. – O que foi?

- Nada não. – Hikaru disse.

- Estamos contentes que você esteja bem! – Kaoru respondeu, bem mais animado e espontâneo que o gêmeo. A garota deu um sorriso discreto e eles foram para seu lugares. A aula passou sem imprevistos.

Durante o intervalo, a garota levou o trabalho de literatura até o professor em sua sala. Ele recebeu satisfeito pela aluna (ou aluno, que seja) aplicada que tinha. Não deixaria qualquer outro atrasar a entrega de trabalho, e também tinha uma justificativa para esse atraso em particular.

A menina tinha passado o domingo fazendo uma pesquisa estranha, baseada em três fontes:

 As cartas que os pais trocaram no passado. Eram bonitas, intensas e emocionantes. Ela ficou agradecida pelo pai não tê-la visto derramar algumas lágrimas ao ler.

 O CD-trabalho que Tamaki havia lhe enviado como presente. Havia pelo menos dez faixas com canções melosas que ele havia incluído em sua própria pesquisa há um ano. Certas letras eram bonitas e poéticas, outras eram absurdamente tolas, mas todas estavam de acordo com a descrição de canção de amor e mereciam a nota máxima recebida.

 A terceira fonte, Haruhi encontrara dentro de si. Ou baseada nas sensações e nos sentimentos que tivera nos últimos dias. Instintivamente sabia que havia algo diferente acontecendo, mas só agora havia ponderado que podia estar se apaixonando. E por uma pessoa bem “insolente”.

Usar esse sentimento para escrever a própria canção de amor era arriscado. A garota temia que colocar aquilo em palavras poderia ser um limite que, uma vez ultrapassado, não teria volta.

Ela não queria se transformar em uma daquelas garotas que idolatravam Tamaki. Sem saber diferenciar bem o sentimento da encenação que havia no clube do sentimento que havia dentro dela, pediu aos céus que as coisas não mudassem.

Enquanto escrevia, sentia as transformações que ocorreram dentro do coração durante o período que entrava para o Clube de Anfitriões até o momento atual. Como sua opinião sobre Príncipe mudara. Inicialmente ele parecia arrogante e fútil, mas apesar da superficialidade, a sua gana de ajudar os outros a surpreendia. Aprendeu com as histórias dos outros anfitriões como ele se envolvia com as pessoas, sua índole e sua má sorte com situações embaraçosas.

E aprendeu a confiar nele, a querer cuidar dele. A história da família do rapaz a surpreendeu tristemente, pois ela sabia bem que ninguém deveria ser separado da sua mãe daquele modo.

Ela o achava engraçado, às vezes, mas tentava não sorrir muito, para não deixá-lo convencido ou para não magoá-lo. E se antes não se importava em se vestir de garoto para ficar no clube, agora parecia quase fazer questão de fazê-lo para estar ao lado de todos, ao lado dele.

Refletindo sobre isso, lendo as cartas dos pais, ouvindo as músicas do CD que Tamaki lhe dera, ela escreveu. Quando terminou era tarde da noite, o pai já havia implorado para que fosse dormir umas dez vezes.

Na pasta para o professor estava a versão final. Voltando à classe, os gêmeos a ionterrogaram.

- Então, você terminou a redação? – Hikaru perguntou curioso. Ao aceno positivo da menina, o outro irmão continuou.

- E onde está? – Kaoru parecia impaciente.

- Entreguei para o professor. – Ela falou no tom mais neutro que conseguiu, fingindo não saber a intenção dos dois. Quando os gêmeos começaram a protestar o professor de Física chegou e os fez ficarem quietos.

As aulas voaram e logo chegou a hora do almoço, Haruhi despistou os irmãos Hitachiin, que queriam levá-la ao refeitório, e ficou na sala de aula, pensativa. Dentro da valise, uma cópia da tarefa de literatura, uma cópia que ela ainda não decidira o destino.

***

Após o intervalo do almoço, Haruhi se dirigiu à terceira sala de música. Ainda era cedo e ela duvidava que houvesse alguém na sala. Ao abrir a porta, o som que ouviu denunciou a presença do presidente do clube.

Tamaki tocava o piano, os dedos dançando sobre as teclas com agilidade e doçura, a música invadia o ambiente e envolvia sua platéia singular.

A jovem parou ao lado do instrumento imponente, admirando a cena. “A mãe dele deve sentir muita falta disso.” O pensamento passou, sem censura, pela mente dela. Ele parecia não se importar com a presença dela, na verdade, ele nem havia percebido. Tocou ainda por mais cinco minutos, a melodia doce preenchendo espaços nos corações dos dois.

Quando o silêncio se fez, Tamaki abaixou a cabeça e olhou para as mãos (que agora estavam sobre os próprios joelhos) e murmurou algo.

- Sempai? – Haruhi perguntou preocupada.

- Gomen, ne. Haruhi. – Ele falou ainda sem olhar para ela.

- Sempai, não tem porque se desculpar. – Ela retrucou. – eu é quem tenho que agradecer, se o sempai não estivesse lá...

- Se eu não tivesse tentado te beijar, nada disso teria sequer acontecido a você. – Ele a interrompeu, a coragem que juntara para dizer aquilo se somava ao medo de ouvir as próximas palavras da garota. – Eu me deixei levar pelo momento, desculpe...

A jovem estudante silenciou e sentiu um pouco de tristeza pelas palavras ouvidas. Ela sabia que a dúvida não a levaria a lugar nenhum, respirou lenta e profundamente o máximo que pôde, mesmo com o incômodo dos pontos.

- Hei, você está bem? – Agora ele é quem parecia preocupado.

- Hai. Estou bem, sempai. – Agora era ela quem não o olhava. – Desculpe tê-lo deixado preocupado. – Ela virou as costas e começou a andar em direção à mesa mais distante que avistou. Mesmo sabendo que não deveria estava começando a sofrer por um casa sem solução. E pela primeira vez admitiu que estava apaixonada. E estava apaixonada pela primeira vez...*

Tamaki a viu saindo e não se conteve, segurou-a pela mão e ela parou, ainda sem olhá-lo.

- Eu senti a sua falta. Fiquei todo o tempo me julgando e condenando pelo que fiz, e pelo que sinto. – Ela tornou a olhar para ele, esperando que continuasse. – Durante muito tempo eu me imaginei com um pai protetor. Comprei essa imagem e fantasiei para manter esse mundo sempre igual, sob controle. Mas eu estava mentindo para mim mesmo. Mas mesmo que o meu mundo desabe, eu tenho que dizer que te amo, não como um pai, nem como um irmão ou amigo, mas como um homem ama uma mulher. Espero que acredite em mim.

Haruhi mordeu o lábio inferior, a surpresa da declaração tinha lhe provocado um arrepio. Ela ficara paralisada.

- Haruhi? – Ele percebeu a reação estranha dela. Mesmo assim se aproximou, encorajado pelos grandes olhos escuros, pois sabia que se ela não sentisse nada, já teria dito algo. Ele a segurou pelos ombros e esclareceu. – Aqui não existem clientes ou anfitriões, somos só nós dois, pessoas reais...

Ela conseguiu se mover e libertou-se do toque dele, decepcionando-o. A garota pegou o livro de literatura e tirou de dentro dele um envelope com a sua própria canção de amor.

- Passei bastante tempo escrevendo. – Ela disse, entregando o envelope para o rapaz. – Pode ser que você queira ler.

Tamaki pegou o conteúdo, incrédulo. Aquela carta parecia irremediavelmente endereçada a ele. Leu as palavras saboreando cada uma, anestesiado por elas.

- Então, ficou boa? – A jovem perguntou, meio que querendo provocar alguma reação no rapaz. – Eu acho que não vou tirar uma nota muito boa, já que não se encaixou muito bem nos parâmetros pedidos, mas eu tinha que terminar...

O rapaz estava pálido, as palavras faltavam para se expressar, mas ele não precisava delas, não depois das que estavam escritas no papel:

“Eu sempre achei que entendi de todas as coisas, então você apareceu, isso é um sonho...
Eu achava que me conhecia bem, mas descubro tanto de mim, da minha história e do meu coração a cada segundo agora, isso só pode ser um sonho...
Você invadiu e transformou a minha vida, é surreal...
Vejo além dos seu pequenos defeitos, vejo além da sua atraente aparência, mesmo tudo parecendo tão improvável...
Além de qualquer coincidência, além dos golpes do destino, num mundo de infinitas probabilidades nossos caminhos se cruzaram, a mim isso parece um milagre...
Mesmo com as minhas fraquezas, você me fez forte. E mesmo com a minha solidão, você preencheu meu coração. Isso é estranho...
E diante de tantos desafios e transformações, diante de obstáculos e provas de fogo, você me divertiu. Eu sei, eu não deixei que você visse isso, isso é tão incomum...
A afeição, a amizade, o carinho e a gentileza. Tudo veio lutar contra a distância que eu tentei impor, e eu perdi. E me sinto feliz por isso, é tão paradoxal...
Então para que tudo fique claro, talvez você nem se importe com isso, pode ser que para você não faça diferença, mas eu devo dizer: Eu posso estar apaixonada por você. Talvez você seja o meu amor. E talvez tudo isso seja real.

Haruhi.”



Quando desviou os olhos do papel, ele parecia perdido, a palidez foi substituída pelo rubor. Abriu a boca para falar algo, fechou, determinado a agir.

Segurou as mãos de Haruhi e depois de olhar no fundo dos olhos escuros, beijou-a e foi beijado, num momento que lembraria para o resta da sua vida.

***

- Ne, Kyo-chan, quando poderemos entrar na sala do clube? – Honey perguntou curioso.

Kyoya estava de pé na frente da porta do Clube de Anfitriões. Não deixava ninguém entrar desde que ele mesmo tinha presenciado Tamaki lendo alguma coisa em frente a Haruhi. Fechara a porta e agora segurava os outros membros no corredor da terceira sala de música.

- Em breve, mas saibam que as coisas vão mudar um pouco. – Ele abriu a porta, revelando a cena do beijo que ficaria para a história do Clube de Anfitriões e de todo Ouran.

Fim da História.

*Eu gosto de repetir frases quase iguais, mas com significados diferentes, ou seja, foi proposital.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, negligenciei todos os personagens para me focalizar no casal que escolhi, desculpem-me todos os fãs! Desculpe-me Hikaru, um dia chagará a sua vez! A proposta inicial dessa fanfic era ter apenas dois capítulos, mas eu me empolguei um pouco e ela duplicou de tamanho. Pensando bem, ela pode se tornar eterna, só de imaginar as possibilidades que podem ocorrer a partir daqui! *viaja* Agradeço a todos os leitores que comentaram, eu adoro vocês!!! Obrigada!!!