Moving On escrita por Eileen Vongola


Capítulo 1
O segredo é não olhar para trás


Notas iniciais do capítulo

Se houver algum erro, por favor, avisem para que eu possa arrumar. Obrigada e boa leitura ^^



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Foi um beijo calmo e "estranho", ela pensou. Abriu os olhos lentamente, mas quem ela enxergou a sua frente não era exatamente quem desejava que estivesse ali. Encarou aqueles olhos novamente, eles eram bonitos, admitiu. Aliás, o rapaz que estava ali não era nada mal. Cabelos escuros, olhos claros, alto e uma pele levemente morena. Ela até sentia uma pequena atração. Mas era apenas algo físico, e nada mais.

Aproximaram os rostos e mais uma vez se beijaram, e mais uma vez foi um beijo calmo e estranho. Mas por que estranho? Porque era como um banho frio num dia de inverno. Era um beijo sem calor algum. Pelo menos da parte dela era assim.

Ela passava a mão delicadamente pela nuca do rapaz, enquanto ele acariciava seus cabelos. E ficaram assim até um bom tempo, até ambos perceberem que também precisavam de ar. Ela passou a fitar o chão, enquanto uma avalanche de pensamentos se seguiam. Ele volta e meia encarava-a, e depois olhava para os lados, mas ninguém dizia uma palavra.

— E então? — O garoto riu. Seus dentes eram perfeitamente alinhados e brancos. Ela amava aquele sorriso, e amava o modo como os seus olhos brilhavam, tão intensos. — Que tal apostar uma corrida até a sorveteria? Quem chegar por último paga a conta!

– Idiota. — Ela respondeu, embora a ideia não fosse ruim. Sorriu de canto, sarcástica. — Você sabe que sempre perde para mim.

Os dois começaram a corrida, mas não sabiam exatamente o que fazer direito: correr ou dar gargalhadas.

— Então — Ele quebrou o silêncio. — Quer dar uma volta?

Ela saiu do transe e voltou seus olhos para ele, sem responder. Pensou "por que não?"afinal, dar um breve passeio não poderia ser assim tão ruim.

— Tudo bem. — Ela disse. Não poderia haver problema nisso, poderia? Ela o conhecia há bastante tempo, chegaram a estudar juntos. E mesmo após terem concluído os estudos há um ano e meio, ainda mantinham contato. A companhia era agradável. Ele era um rapaz simpático e inteligente. Tratava-a bem e nunca lhe faltou com respeito. Mas ela não entendia por que se sentia daquele jeito. Tão vazia. Tão sei lá.

— Você foi incrível. — A garota dizia, enquanto entrelaçava sua mão na dele. Eles caminhavam juntos após saírem do colégio.O garoto fazia parte do time de baseball, era o capitão, e graças a ele o colégio deles havia ganhado a partida.

— Obrigado! — Ele respondeu, abrindo um largo sorriso. — Mas tudo isso foi graças a você!

— A mim? — Ela indagou. A única coisa que fez foi sentar-se na arquibancada, enquanto roía as unhas por nervosismo, vibrava a cada minuto da partida e às vezes, até soltava alguns palavrões. — Mas eu não fiz nada, quem jogou foi você.

— Sim, eu sei. — Ele continuou sorrindo. — Mas você estava lá torcendo por mim. Graças a isso eu pude dar o meu melhor naquele jogo.

Ela não respondeu, apenas parou de caminhar e o garoto fez uma expressão interrogativa. No minuto seguinte, ela entrelaçou seus braços ao redor do pescoço dele, e o beijou.

Caminhavam lado a lado em um parque, conversando sobre o tempo e coisas aleatórias. Havia uma grande fonte no centro, e ao redor inúmeras árvores floridas, cujas folhas e pétalas enfeitavam o chão e cobriam os pequenos bancos de madeira escura. Até que resolveram sentar-se, e ficaram encarando a paisagem. O dia estava bastante quente, embora ainda fosse primavera. Uma gostosa brisa passou, bagunçando seus cabelos. Ela ajeitou a franja para o lado, e foi naquele momento que viu algo inesperado.

— Eu estou indo embora. — As palavras foram pronunciadas de forma clara para que ela pudesse ouvir perfeitamente. Ela não parecia acreditar, pensava que era sua mente lhe pregando peças. - Mas não se preocupe, provavelmente voltarei dentro de três anos ou menos, se puder.

— Você...o que? — Foi o que ela conseguiu responder naquele momento. Um sentimento incômodo surgia em seu peito.

— Estou indo embora. — Ele repetiu, estava nervoso. — Você sabe, meu pai quer que eu estude fora, diz que é o melhor para mim. Mas vou ficar por pouco tempo, só para saber como é lá e fazer um curso breve e logo depois estou de volta. Eu queria que você fosse junto, mas você teria que abrir mão de muitas coisas, então... — Ele parou de falar. Encarava-a com aqueles olhos claros e ansiosos por alguma resposta.

— Então você vai me deixar. — Ela disse, e desviou os olhos enquanto tentava teimosamente "desatar" o nó que se formava em sua garganta.

— Você ouviu o que eu disse? Eu vou voltar, é só questão de..

— Três anos. — Ela o cortou. — Como você acha que vou ficar durante esse tempo? Você vai para outro lugar, obviamente conhecerá novas pessoas, novas garotas... — Essa última frase ela disse um pouco mais baixo, embora não o suficiente para que ele não pudesse ouvir.

— Você acha que eu vou trocar você? — Ele estava sério, era raro ele ficar daquela forma. Normalmente ele sempre mantinha um bom humor, sorriso nos lábios e expressão sonhadora no rosto.

— Tudo pode acontecer. — Ela ainda evitava olhá-lo diretamente.— Três anos é muita coisa.

— Achei que você confiasse em mim. — Havia um tom de ofensa na voz dele. — Depois de tudo o que passamos, eu pelo menos merecia um pouco mais de confiança da sua parte.

— Você sempre encara as coisas como se fossem simples demais, esse é o seu problema. — Ela respondeu, e passou a fitá-lo dessa vez. — O tempo que você ficará fora é muito longo, sem falar na distância. Não podemos nos contentar apenas com telefonemas ou troca de e-mails, você sabe que não. Uma hora ou outra você sentirá vontade de conhecer alguém, e isso é algo que não posso impedir. O melhor a se fazer é... — Ela não conseguiu terminar a frase. Aliás, não poderia. Sabia que devia fazê-lo, mas não tinha coragem para tal.

— Você quer terminar, é isso? — Ele estava surpreso.

— Sim. — Ela disse, quase vacilou naquele momento.

Ele estava com os punhos cerrados, como se tentasse disfarçar que estava tremendo, mas era impossível. Seus olhos, sempre tão brilhantes e alegres, olhos que ela tanto amava e passava horas encarando e admirando, agora encontravam-se opacos, embora estivessem levemente marejados.

— Desculpe. — Ela falou, enquanto abaixava a cabeça para não ter que encará-lo. — Mas é tempo demais, não é como se eu pudesse esperar.

E dito isso, ela virou-se e prosseguiu com seu caminho.

"Droga, o que estou fazendo?" Ela pensou, mas o orgulho a impedia de voltar. "Por favor, venha atrás mim! Eu juro que se você vier atrás de mim nesse instante, eu espero até uma eternidade por você."

No entanto, ele não a seguiu. E ela não olhou para trás.

Era definitivamente um belo rapaz, assim como o que estava ali, sentado ao seu lado naquele instante. Cabelos igualmente escuros e rebeldes, porém os olhos e a pele uma tonalidade mais clara. Os olhos mais lindos que ela já vira na vida. Ele sorria, e tinha uma expressão boba no rosto, parecia muito feliz. Olhou rapidamente o rapaz a seu lado, para depois voltar sua atenção para o outro, eles eram parecidos. Deu um sorriso amargo. Eu sou mesmo patética,pensou. Instintivamente seu coração acelerou. Doía, ela não podia negar, mas um calor começava a aquecê-la por dentro. Calor este jamais obtido enquanto trocava carícias com o rapaz que ainda estava ali ao lado. Mas era a única coisa que tinha. Era frieza de sua parte. Sabia dos sentimentos do rapaz, e não deveria brincar com eles do modo como estava fazendo.

— Você ainda gosta dele, não é? — O rapaz falou. Tomou um leve susto. Não esperava ter que voltar a tocar naquele assunto.

— Não seja idiota, é claro que não. — Respondeu. Sempre respondia daquela maneira. Mentira, óbvio. E ele percebeu, e suspirou logo em seguida.

— Olha, sabe que não precisa mentir para mim, não é? — Ele sorriu. — Além do mais, dá para perceber isso só de olhar para você. - Ele riu, e a garota fechou a cara.

— Se sabe disso, então por que me perguntou? — Ela não queria parecer rude. Fora assim sua vida inteira, então o rapaz já entendia seu modo de falar e não se importava mais.

— Queria ver se você já era capaz de admitir para si mesma o que você deseja realmente.

Ela voltou a encarar o rapaz que estava ali a poucos metros. Ele estava com alguns amigos, e havia uma garota no grupo, de mãos dadas a ele. Eles riam enquanto andavam pelo parque.

Ela encarou o chão.

— Não é questão de admitir o que eu realmente desejo, é apenas... — Sua voz falhou. Era doloroso. — Estou apenas me pondo em meu lugar. Sei que o que quero não está mais ao meu alcance, e grande parte disso é minha culpa. — Suspirou. — Fui impaciente, deixei escapar por meus dedos a coisa mais preciosa que tinha. Mas estou tentando seguir em frente, você sabe disso.

— Sim, eu sei. — Ele respondeu. — Você está me usando para ver se consegue esquecer outra pessoa, você é mesmo muito má.

— Idiota! — Ela deu um tapa no braço do rapaz, que riu. — Você disse que poderia... me ajudar a esquecer. — Ela desviou o olhar.

— Eu sei que disse, sua boba, estava apenas brincando. — Ele puxou o rosto dela, fazendo-a encará-lo. — Sei que posso te fazer feliz. Pode levar algum tempo até seus sentimentos mudarem, mas saiba que eu esperarei.

Ela fitou aqueles olhos claros, sem saber o que fazer. Não havia muito o que dizer naquele momento, apesar de já terem tido aquele diálogo inúmeras vezes. Apenas um nó formou-se em sua garganta, mas ela se segurou para não fazer nada que considerasse vergonhoso, como chorar.

— Você merece coisa melhor, sabe disso. — Foi o que conseguiu dizer, e era verdade. Nunca fora merecedora dos sentimentos que estava recebendo. Beijar uma pessoa enquanto pensa em outra não é algo que pessoas boas fariam. Ela era mesmo desprezível.

— Mas eu gosto de você. — Ele respondeu, simples e claro como sempre fora. — Nada vai me fazer mudar de ideia. Eu a conheço muito bem e sei que é uma garota incrível e por isso eu gosto tanto de você. Não pense que se livrará de mim tão fácil. — Ele riu, e beijou-a, como sempre fazia. Ela correspondeu, e uma pequena chama começava a se formar, bem no fundo de seu coração. Pequena, mas que a aquecia e fazia a dor cessar, mesmo que pouco.

Então, o outro rapaz passou em frente ao local que ela e seu amigo estavam, juntamente de seus próprios amigos e a garota segurando seu braço. Ele encarou-a, levemente surpreso, sorriu e acenou enquanto prosseguia a caminhada. Seu coração falhou uma batida, não podia negar, mas dessa vez ela tentaria esquecê-lo de verdade. Poderia levar uma semana, mês ou ano, mas ela o esqueceria. O outro já havia prosseguido com sua vida. Como ela havia previsto, conhecera outra garota e agora já até andavam de mãos dadas em público. Aquela cena fazia-a sentir-se extremamente deprimida, mas teria que aprender a não se importar com aquilo. Ela também tinha que seguir em frente.

— Venha comigo. — Ele levantou e estendeu a mão para ela. Ela encarou-o surpresa, mas logo estavam de mãos dadas e caminhavam calmamente sem rumo. Ela havia entendido aquela atitude dele e sorriu. Amá-lo não seria difícil como ela pensava, afinal.

Ela segurou a mão dele mais firme, arrancando um pequeno sorriso dos lábios rosados do rapaz. Ele encarou-a, aqueles olhos que tanto lembravam um outro alguém, fitavam-na de maneira carinhosa e divertida.

Ela sorriu mais abertamente, e eles foram embora do parque. Ela não olhou para trás.


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Notas finais do capítulo

Fim õ/. Ok, ok, sei que a história ficou um tanto confusa e nem ficou tão boa assim. Aliás, não sei o que me deu de uma hora pra outra escrever isso, hahaha xD Tentei até adaptar para algum anime ou livro, mas no final achei melhor deixar assim. Espero que quem leu tenha gostado e deixe um humilde review para uma humilde autora :D

E um agradecimento especial para minha linda irmãzinha Ohana, que me deu algumas ideias. Sem ela eu não teria conseguido concluir essa história (Por favor, não batam nela shauidhsf)

Beijos e obrigada.