Eu encarei Annabeth por alguns segundos, sem conseguir falar qualquer coisa, antes de ela soltar um soluço e voltar a chorar em meu ombro.

-Eu preciso encontra-lo – ela disse entre soluços.

-Eu sei. – falei.

-Você sabe que... – ela parou para soltar um soluço. – a sua missão está começando, não sabe?

-Eu sei. – repeti de modo robótico.

Tudo o que aconteceu havia sido no mínimo estranho... Eu e Ele nos beijamos, e logo depois minha mãe me avisa que ele assinou minha sentença de morte... Céus.

Depois de um tempo chorando, Annabeth se acalmou, apesar de estar com uma aparência horrível, e falou:

-É o seguinte, Cams. – ela disse baixo. – Quíron e o Senhor D. vão provavelmente querer fazer você esperar no mínimo um dia. Para terem certeza de que isso é o certo á se fazer. – assenti, concordando (apesar de não concordar com isso ser o certo á se fazer) – mas não é o certo. – assenti, agora concordando totalmente. – hoje a noite, se eles não te deixarem ir hoje durante o dia... Eu vou te ajudar á ir até o olimpo, mas não vou poder ir junto, ok? – assenti, até que com coragem, afinal, Percy havia sido um ótimo amigo, e eu jamais deixaria ele sumir de vista, principalmente vendo o estado em que Annabeth se encontrava. – Agora nós temos que ir á casa grande, e lá Quíron e o Senhor D. irão conversar e debater sobre tudo, provavelmente chamando todos os lideres dos chalés... – assenti. – mas não importa o que eles decidam, você vai partir ainda hoje, ok?

Assenti, concordando.

Logo nós já nos encontrávamos caminhando para a casa branca, com todos os semideuses preocupados com o que estava acontecendo, afinal, todo o acampamento estava em estado de alerta com possíveis ataques – e também, o herói mais importante até hoje encontrado desapareceu no meio da noite!

Entramos na casa branca e Rachel nos cumprimentou, com os olhos arregalados e vermelhos, e logo depois já nos puxava para um canto da sala.

-Hoje a noite eu dou cobertura, vou levar Cams até a cidade, ok? De lá ela pode ir sozinha, mas ninguém mais pode saber! – ela disse e saiu andando rapidamente, com Annabeth concordando.

Os chefes dos chalés começaram a chegar e se reunirem no Hall de entrada, quando Quíron apareceu, sério, e não olhando para ninguém.

-Todos na sala de reuniões, imediatamente. – ele disse sério e rápido, como se precisasse daquilo.

Logo todos nós já nos encontrávamos sentados na mesa que eu havia estado duas noites atrás.

-Como vocês sabem, Percy Jackson desapareceu. – todos concordamos e vi que Annabeth olhava séria para a mesa, e eu percebi que Clarisse á olhava preocupada. – o que significa que a profecia iniciou. – continuou Quíron. – para quem não lembra...

Então ele falou a profecia novamente, e tudo se encaixou perfeitamente.

Uma semideusa não determinada

no olimpo é esperada

Após o desaparecimento de um herói

Apenas ela poderá salvar o acampamento

Se quiser sobreviver, ou padecer

Estará sendo aguardada no centro de poder.

E o padecer parecia bem mais provável que o sobreviver, agora. Principalmente depois do aviso de minha mãe.

-Eu e Dionísio entramos em um acordo. – disse Quíron. – e esperamos que nos apoiem. – todos assentimos. – nós vamos esperar até amanhã, para ver o que acontece, e caso nada seja feito, Cams partirá imediatamente para o Olimpo, com uma pessoa de sua escolha. – todos concordaram feito cachorrinhos, e Quíron sorriu.

-Ahn... Quíron... – Annabeth chamou e todos olhamos para ela. – eu gostaria de passar a noite no chalé de Poseidon, se me permitir. – ele suspirou.

-Annabeth... – ela olhou pedindo para ele. – eu não sei se eu posso permitir isso, ainda mais você ficar lá sozinha...

-Então eu não vou sozinha. – ela disse. – mas... eu só não queria...

Ele assentiu, concordando.

-Tudo bem... escolha alguém para levar e me avise.

-É... Cams. – ela disse simplesmente. Quíron assentiu.

-Tudo bem, dou essa seção por encerrada, nos reuniremos aqui amanhã nesse mesmo horário, antes do café da manhã.

Ele saiu com sua cadeira de rodas e logo depois fomos nos dispersando.

Eu e Annabeth nos encontrávamos no chalé de Poseidon, sentadas no beliche de Percy, enquanto conferíamos minha mochila.

Comida humana normal, comida dos deuses, água, uma muda de roupa, dracmas de ouro, coisas para higiene pessoal...

-Tudo bem... – disse Annabeth e me deu um abraço, então me encarou, sem tirar os olhos dos meus. – Eu confio em você Cams, e eu sei que você vai pedir a ajuda dos deuses, e também sei que eles não podem fazer nada sem antes te ouvir, ok? – concordei, apesar de não ter muita certeza quanto á ultima parte. – daqui a pouco, nós vamos até a colina e de lá, você e Rachel vão até a cidade. Onde você vai pegar um taxi e vai ir até o olimpo.

Assenti, concordando e a puxei para outro abraço.

-Eu vou dar um jeito de encontra-lo, Annabeth. – falei olhando em seus olhos. – eu posso não ter ficado próxima á ele, posso não ser nem mesmo uma amiga para ele, mas eu me importo com ele, por que eu te considero uma amiga, e você é a namorada dele. – ela sorriu para mim.

-Ele gostou de você, apesar de te considerar estranha. – ela deu de ombros. – palavras dele. – rimos.

-Viu? Ele gosta de você, você gosta dele... – ela deu um sorriso sem jeito.

-Eu o amo, Cams. – ela disse num sussurro. – eu jamais gostaria de perder ele, e eu sei que ele não gostaria de me perder. – Concordei. – eu vou até o fim do mundo, mas que eu vou encontrar ele...

-Nós vamos encontrar ele, Annabeth. – falei. – você não está sozinha nessa.

Ela me olhou um tanto quanto diferente, mas assentiu, me deu um ultimo abraço e pulou do beliche, já com minha mochila nas costas.

Amarrei meu tênis e refiz meu rabo de cavalo, e arrumei minha blusa do acampamento meio-sangue, então pulei do beliche.

Ela abriu a porta de trás do chalé e me chamou, então saiu e eu logo depois saí, ela fechou a porta e então saímos correndo rapidamente pelo acampamento.

Eu seguia ela por todos os lugares que ela ia, já que foram essas as ordens dela, e então logo já nos encontrávamos no topo da colina meio-sangue, onde Rachel nos esperava sentada no tronco de uma arvore caída, olhando o dragão dormir.

Ela levantou os olhos quando ouviu passos e sorriu, e se levantou.

O dragão abriu um olho, mas o fechou novamente, vendo que éramos meio-sangues.

-Eu vou cuidar dela – disse Rachel para Annabeth, e Annabeth assentiu. – vamos encontra-lo. – Foi uma afirmação. – ele é meu amigo também, e eu jamais gostaria que isso acontecesse com ele, ou com qualquer outro campista. – acrescentou apressadamente e olhou para o acampamento. – Precisamos ir, antes que as harpias nos ouçam.

Dou um abraço apertado em Annabeth, e então pela primeira vez me toco que eu estou indo para minha primeira missão, e não sei por onde começar.

O Caminho até Manhattan foi silencioso, nós duas andamos a pé, por pelo menos algumas horas, e logo começou a amanhecer, assim que chegamos.

Rachel me olha e paramos, então me encara.

-É o seguinte, Cams. – ela diz. – você não vai pegar um taxi, e muito menos vai ir sozinha. – olho surpresa para ela. – eu tenho tido sonhos estranhos, da profecia, e sei que você não vai ficar desacompanhada, mas você não pode pegar um taxi de maneira alguma, pois isso muda o curso das coisas e no final... – engulo em seco. – você acaba morta. – assenti, simplesmente. – por favor... – ela respira fundo. – apenas... tome cuidado, eu não quero perder mais ninguém, por mais que eu não te conheça muito bem.

Assenti mais uma vez e então ela vira as costas e volta caminhando de onde viemos.

Respiro fundo e olho para a frente, Manhattan começa a despertar, os taxis já passam loucamente na minha frente, e eu realmente desejo não precisar andar no mínimo 20 quarteirões – isso se minhas contas estiverem certas.

Respiro fundo, arrumo a mochila em minhas costas e arrumo o cabelo, deixando-o amarrado. E então começo a caminhar.

Os minutos seguintes foram os minutos mais preocupantes de minha vida.

Eu estava preocupada com Ele. Ele disse que ele apareceria e me acompanharia até o Olimpo caso eu confiasse nele, e eu confio, principalmente depois dos acontecimentos, mas eu ainda tenho medo de que algo de errado e ele só apareça em.. um momento não muito legal, o momento em que eu morro.

E então a espera acabou, e ele estava ao meu lado.

-Graças aos deuses. – o puxei para um abraço, e foi aí que eu percebi que estava tremendo, ele riu fraco.

-Calma aí, garota. – ele riu. – está tudo bem, Cams... – ele respirou fundo. – em parte, é claro.

Olho imediatamente para ele, confusa, e ele está um tanto quanto... diferente.

-Eu explico tudo enquanto caminhamos, não temos tempo. – ele fala tudo rápido, e olha para o céu. Sigo seu olhar e imediatamente um choque percorre meu corpo.

Há alguma coisa nos seguindo pelo céu, mas eles estão á uma distancia considerável, acho que á mantendo devido ao meu acompanhante.

Ele passa a mão pelos meus ombros, num gesto que deveria ser de proteção, mas sei o que ele está fazendo.

-Eles querem lhe matar, Cams. – ele fala tão baixo que eu me aproximo dele. – seus pais estão enlouquecendo, está começando uma verdadeira guerra entre os deuses olimpianos. – engulo em seco. – mas o pior não é isso... – ele respirou fundo. – não podemos ficar juntos. – não passa de um sussurro.

-Por que? – minha boca está seca, eu não tinha pensado em ficar junto á ele, mas... Parecia certo, eu e ele.

-Por que eles não permitem. – ele tira a mão de meu ombro e segura minha mão, caminhando mais rápido, tanto que eu tenho quase que correr para encontra-lo. – por favor, Cams. – ele me olha sinceramente, mas continuando a andar rapidamente. – por favor. Mantenha distancia de mim, eu te imploro, os deuses não podem aceitar isso, é como uma traição. Uma semideusa e um... – ele para com tudo a frase, me fazendo arregalar os olhos, e então ele me olha preocupado.

Eu arregalo os olhos.

-Deus. – eu acrescento baixinho e tiro sua mão da minha.

-Cams... – ele fala. – por favor... – ele tenta se aproximar.

-Por que você escondeu isso de mim?! – eu explodo e passo na sua frente, caminhando mais rápido na direção do olimpo. – você não tinha escolhas! Tinha que me contar isso! – ele está com a boca reta, num gesto que significa que ele não está muito... alegre. Talvez triste, não sei descrever. – pera aí, qual deus você é? – ele balança a cabeça num gesto negativo. – nem isso você vai me contar?

-Já falei de mais. – ele respira fundo. – podemos ir até o olimpo sem conversar, ao menos? Eu não posso sair de perto de você, eu estou confundindo as benevolentes, caso eu vá embora, elas irão poder lhe ver.

Bufo, mas deixo ele me acompanhar.