Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 20
A Terra Volta À Seu Eixo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente! Espero que não tenham me abandonado ... =/Gente, mil desculpas pela demora! Muita correria MESMO!! Não tinha tempo e quando tinha, a inspiração para escrever não vinha... estou pensando em começar a postar capítulos mais curtos... assim vocês não teriam que esperar tanto! O que acham?? =DEstá ai mais um capitulo e eu espero mesmo que gostem! Agradecimentos e muitos beijos a Bianca, Amanda, Elizete e a Babi que recomendaram a história! ♥



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*****

A chuva batia sem piedade contra a pele do meu rosto, como se milhões de agulhas me perfurassem, enquanto eu cruzava a fronteira do Canadá a cento e cinquenta por hora, em minha velha Harley Sprint. Tinha muita pressa e a moto não era nada conveniente, muito menos estar na forma humana, mas era incontestavelmente mais discreto que um lobo gigante. E mais barato que um voo sem escala. Poderia ter assaltado minhas economias, mas isto estragaria todos os meus planos. Se tivesse sorte, precisaria deste dinheiro para abastecer de moveis a casa que construiria para minha Nessie.

Os quilômetros aumentavam entre mim e minha terra, minha família, mas não me sentia melancólico. Desta vez, não estava abandonando minha vida, meu eu. Estava indo encontra-los.

As lembranças que eu tinha do sorriso dela, eram combustível para que eu forçasse cada vez mais motor da velha motocicleta. Mal podia esperar para ver o brilho dos seus olhos novamente. Aquele olhar escuro como um céu sem estrelas, onde eu podia enxergar a beleza e pureza de sua alma.

Já estava na estrada ha dias e ainda havia um longo caminho a percorrer. A cada parada que eu dava para abastecer, comer ou usar o banheiro, as tarefas eram realizadas em tempo recorde. Se antes não via o tempo passar, agora os segundos eram preciosos para mim, pois cada movimento no ponteiro do relógio minha respiração se tornava mais leve, mais compassada. Estava recuperando meu fôlego, quase respirando novamente. Só faltava agora, encontrar meu coração.

*****

Minhas pálpebras pesavam, mas eu não queria parar. Restavam apenas duzentos quilômetros do meu destino final, a cidadezinha petrolífera de Barrow, no norte do Alasca. Minhas roupas estavam encharcadas, o que era engraçado, pois não estava chovendo e sim começando a nevar. Os flocos de neve derretiam antes de atingir meu corpo, devido minha alta temperatura, fazendo chover ao meu redor.

Estava escuro e o asfalto escorregadio. Não conseguiria mais seguir. Durante todos estes dias na estrada, havia parado para dormir apenas uma vez depois de quase entrar embaixo de um caminhão por ter cochilado em cima da moto. Não iria me matar, mas por experiência própria, sabia que ossos quebrados demoravam dias a se curar, o que me atrasaria mais do que 3 horas de sono.

Avistei as luzes de uma pequena pousada de pedra, quase encoberta pela neve. Contei mentalmente o restante do meu dinheiro, que carregava no bolso da jaqueta. Acho que daria para cochilar um pouco.

Estacionei com dificuldade devido à calçada estar congelada. Teria que conseguir pneus para neve, ou me livrar da moto. Olhei com pesar para ela, minha velha companheira de anos. Não estava pronto para dizer adeus.

Empurrei a pequena porta de madeira, que rangeu ao se abrir. Uma velha senhora lia um livro no balcão próximo a lareira. Havia algumas mesas e alguns homens barbudos bebendo rum, para se aquecer. Eles viraram a cabeça pra me encarar quando entrei e arregalaram os olhos para minhas roupas encharcadas.

Droga! Deveria ter trocado de roupas antes de entrar. Dei de ombros, enquanto me dirigia à velhinha no balcão. Ela me entregou uma chave e toalhas limpas.

Caminhei em direção ao corredor, passando por uma mesa ocupada por três jovens mulheres, todas muito brancas de cabelos claros. Elas soltaram risinhos e suspiros me olhando timidamente. Acenei educadamente com a cabeça. Uma delas sustentou o meu olhar. Notei que suas unhas estavam pintadas de vermelho. Na verdade, todas estavam.

Bufei olhando em volta novamente. Não era uma simples pousada. Era um prostíbulo.

Subi as escadas arrastando os pés, enquanto fazia a nota mental de trancar a porta, para evitar que alguma delas tentasse a gracinha de entrar em meu quarto quando estivesse dormindo, assaltar o pouco dinheiro que me restava.

O cômodo era pequeno e mal cheiroso, mas não me importei. Estava cansado demais. Apenas arranquei as roupas molhadas, as coloquei para secar perto do aquecedor e desabei sobre a cama, esboçando um sorriso ao me lembrar que faltava pouco para ter de volta em meus braços a única mulher que queria em minha cama e em minha vida.

*****

Acordei sobressaltado com um vulto em minha janela. Reconheci o cheiro fraco da intrusa antes mesmo de seu riso debochado ressoar no quarto e ela saltar os dois andares abaixo. Corri para o parapeito e consegui ter um vislumbre de seus cabelos dourados, soltos voando para trás com sua velocidade.

Segurei firme no batente para tentar conter os tremores do meu corpo, com a raiva que subiu por minha espinha. A velha estrutura da pousada estremeceu junto comigo e eu respirei fundo duas vezes para conseguir me acalmar. Se me transformasse agora, o teto se resumiria a escombros de madeira.

Droga! Ela havia me seguido até aqui?

Parecia que sim. Mas o que ela queria comigo? Ou eu estava levando-a diretamente até os Cullens?

Arremedo de sanguessuga! Era só o que me faltava!

E agora, o que eu faria?

Não podia ser um elo para que a estranha atingisse seus objetivos fossem eles quais fossem. Mas não podia passar mais nenhum minuto longe de Nessie...

O que poderia fazer? Tomei minha decisão, ao mesmo tempo em que a pergunta se formou em minha mente.

*****

Estava escuro de novo quando finalmente estacionei em frente à casa de madeira envernizada, a única próxima ao lago congelado. Retirei o papel amassado e úmido do bolso da minha jaqueta, a tinta borrada tornava as letras e números quase ilegíveis. Conferi novamente o endereço.

Tinha que ser essa. Meu coração queria moer minhas costelas e rasgar o meu peito, tamanha era a fúria com que ele martelava. Sabia que era errado e egoísta, expô-los a estranha loira que estava me seguindo mas não pude evitar.

Ver Nessie não era mais uma opção. Era uma necessidade.

Subi as escadas da varanda, de dois em dois degraus e bati com força o punho contra a madeira entalhada, estranhando o fato de nenhum deles ter percebido minha aproximação antes e me perguntando se não havia errado de casa.

Meus dedos tremiam.

Quão grande não foi meu alívio quando Carlisle abriu a porta com um sorriso genuíno e seus olhos repletos de expectativa.

– Jacob! – me saudou com entusiasmo, sem nenhum pingo de surpresa em seu rosto pálido. Me peguei sorrindo para o sanguessuga médico e constatando o quanto senti a falta dele. – Estávamos a sua espera. – declarou.

Olhei para o teto. Bella realmente era uma péssima atriz. Não conseguia guardar um segredo por alguns dias.

– Bella contou que eu estava a caminho?

Carlisle riu e balançou a cabeça.

– Não. Na verdade, sua vinda era meio obvia quando se pensa no assunto.

Suspirei, mais uma vez constatando o quanto era um idiota e o quanto Leah estava certa.

Bella surgiu no hall de entrada, vinda do corredor.

– Que bom que confia tanto em mim Jacob Black. – ela ironizou franzindo a testa, tentado parecer chateada, mas seus olhos não escondiam o alivio em me ver.

Sorri de felicidade ao fitar seu rosto de cera.

– Desculpe, Bells! – respondi entrando na brincadeira, fazendo cara de culpado. – Achei que não estava escutando!

Ela riu e percorreu o espaço entre nós, jogando os braços frios em volta do meu pescoço. Abracei-a tentando ignorar os tremores causados por sua pele gélida.

– Senti sua falta, Jake! – ela declarou e me soltou para que pudesse olhar em meu rosto, sua expressão um pouco triste com o que for que encontrou nele.

Edward também apareceu no hall, sorridente, seguido pelo restante dos membros de sua família.

Nessie não estava entre eles.

Meu coração voltou a bater descompassado.

– Onde ela está? – murmurei, estremecendo ao pensar que ela poderia ter ido embora ou algo tipo.

Esme sorriu e me deu seu costumeiro olhar materno, que carregava um pouco de tristeza.

– Ela está a beira lago congelado, ao norte. – ela me disse.

– Nunca sai desse lugar, a não ser para ir para ao colégio. – Rosalie murmurou, pela primeira vez em anos se dirigindo a mim sem sarcasmo.

Emmett balançou a cabeça, concordando com a loira e parecia que ele não tinha nada engraçado pra dizer a respeito.

Alice enlaçou o braço no de Jasper e me encarou com seus traços miúdos, pesarosos.

– Nessie gosta de ficar lá, por que o lugar a lembra de casa. Ha muitas árvores. Só que agora a água está congelada e ... – ela suspirou, parando no meio da frase, como se tentasse encontrar as palavras. – Bem, já não se parece tanto com Forks.

Comprimi os lábios enquanto acenava com a cabeça, mostrando a Alice que entendi o que ela queria dizer. Nessie gostava do lago por que lembrava a praia de La Push.

Tentei ficar feliz com isso, com o fato de que ela tentava tanto quanto eu se prender as lembranças e revive-las. Mas tudo que senti foi dor, ao visualiza-a dia após dia, sentada a beira de um rio sem vida, parado no tempo.

Quantas noites ela não teria me amaldiçoado por engana-la, por fazê-la perder sua vontade de viver, por ter roubado sua tão constante alegria?

Quantas vezes ela não havia chorado, por estarmos longe um do outro, mas se obrigava a não volta atrás em sua decisão, numa vã tentativa de manter a salvo?

– Não importa o que ela diga, Jacob. – Edward me disse, chamando minha atenção, se dirigindo a mim pela primeira vez. – Prometa que não vai desistir dela. – me pediu com a voz baixa.

O encarei por um minuto.

Devia ser muito difícil para ele me fazer este pedido, considerando tudo que já passamos. E mesmo assim, ele o fez, me provando o quanto Nessie estava sofrendo com nossa separação. Pela sua expressão diria que até estava feliz em me ver.

Fitei os rostos pálidos que aguardavam minha resposta e percebi, surpreso, o quanto também senti falta de todos eles.

– Nunca. – respondi, enquanto girava nos meus calcanhares e corria para o norte.

Meu estômago estava gelado, com aquela sensação de montanha russa. Eu estava em queda livre, apostando todas as minhas fichas.

A conquistaria de novo, nem que isso fosse a última coisa que eu fizesse em minha vida.

Pois saber que ela me amava e que havia me perdoado, não apagava tudo que aconteceu no passado, nem a mentira e nem curava suas marcas. Mas eu consertaria isto da mesma maneira que estraguei. Amando-a de todas as formas possíveis e impossíveis.

Meus olhos percorriam as margens da água sólida, tentando ver o brilho de ouro derretido dos seus cabelos.

Senti seu cheiro antes de vê-la. O mesmo perfume doce e suave de minhas lembranças, penetrou meu sistema respiratório e todo meu corpo estremeceu de saudades.

Reconheci sua silhueta esguia sob a luz da lua prateada, a uns trezentos metros e parei ofegante. Ela estava com roupas leves considerando o clima, mas como tudo estava deserto, supus que ela não tinha que enganar ninguém usando agasalho.

Tudo a minha volta desapareceu neste momento. Tudo que via era mulher em minha frente. Seus longos cabelos ruivos estavam soltos em suas costas, enquanto ela encarava a lua crescente.

– Nessie! – chamei sem fôlego. Minha respiração estava entrecortada e meu coração queria saltar do meu peito e sair pela boca.

Ela se virou quando o som a atingiu.

Meu coração afundou, quando olhei em seu rosto. Estava pálida e abatida, os olhos com que tanto sonhei possuíam olheiras escuras. Seu corpo estava mais magro, revelando quanto tempo ela devia estar sem se alimentar.

Me senti um lixo. Era minha culpa ela estar daquela forma. Não ter contado a ela sobre o imprinting, sobre Bella, foi a pior decisão que já tomei em toda minha vida. Ela nunca teria conseguido me esconder a vinda dos sanguessugas italianos, se eu não estivesse me sentindo tão culpado por ter mentido para ela.

Mas os gritos e acusações que eu esperava não vieram.

Como em meus sonhos, Nessie sorriu para mim. Os olhos castanhos, espelho da sua alma e da minha também, brilharam superando qualquer lembrança. A beleza deles sobrepunha à lua, que sumiu diante de mim.

– Jacob? – ela perguntou confusa, me olhando como se eu fosse uma miragem.

Ouvir sua voz e ver seu sorriso depois de tanto tempo, curou todas as minhas feridas, fechou todos os buracos em minha alma. Eu estava inteiro de novo.

– Sou eu... – respondi ofegante, as mãos tremendo.

Vi seus olhos castanhos se arregalarem quando compreendeu que eu realmente estava ali. Por um segundo tive medo que ela fugisse de mim, como fez tantas vezes. Será que o tempo havia realmente curado as suas feridas? Será que o amor que eu sabia que ela sentia, iria superar toda a mágoa, todos os medos?

Quando fitei pela segunda vez aquele olhar, tive certeza que sim.

Ela correu para mim e abri meus braços. Seu corpo macio e quente se chocou contra o meu. O perfume suave de sua pele, era tudo que eu precisava para espantar as sombras em minha mente. Afundei meu rosto em seus cabelos e a apertei em meus braços. A saudade fazia meu peito doer enquanto o vazio que ela havia deixado era preenchido novamente.

Quando meus lábios tocaram os dela, tudo voltou ao seu lugar, ao seu eixo. A terra girava de novo em torno do sol.

I Won’t Give Up Jason Mraz

https://www.youtube.com/watch?v=TdN5GyTl8K0

Quando olho em seus olhos

É como assistir o céu noturno

Ou um belo amanhecer

Eles carregam tanta coisa.

E como as estrelas antigas

Vejo que chegou tão longe

Para chegar aonde está

Qual a idade da sua alma?

Eu não vou desistir de nós

Mesmo que os céus fiquem severos

Estou te dando todo meu amor

Permaneço olhando para cima.

E quando precisar de seu espaço

Para navegar um pouco

Eu estarei aqui pacientemente esperando

Para ver o que vai encontrar.

Porque até as estrelas queimam

Algumas até mesmo caem sobre a Terra

Temos muito a aprender

Deus sabe que somos dignos..

Não, não desistirei.

Eu não quero ser alguém que vai embora tão facilmente

Estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu posso fazer.

Nossas diferenças fazem muito para nos ensinar como usar

As ferramentas, as habilidades que temos,

sim que temos muita coisa em jogo.

E no fim, você ainda é minha amiga,

pelo menos não fomos tendenciosos

Para funcionarmos, não quebramos, não queimamos.

Tivemos de aprender a ceder, sem ceder à pressão do mundo.

Tive que aprender o que tenho e o que não sou,

E quem eu sou!

Eu não vou desistir de nós

Mesmo que os céus fiquem severos.

Estou te dando todo meu amor

Permaneço olhando para cima.

Permaneço olhando para cima!

Eu não vou desistir de nós

Deus sabe, sou difícil, ele sabe

Temos muito a aprender

Deus sabe que merecemos.

Eu não vou desistir de nós

Mesmo se os céus fiquem severos

Estou te dando todo meu amor

Permaneço olhando para cima...


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