Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 16
"Amar é isso, não?"


Notas iniciais do capítulo

Muito choro com BD2! Quase que eu nem posto, essa semana... Espero que não tenham me abandonado... Agradeço a todas as lindas que estão favoritando a história e recomendando! Isso é muito importante pra mim, pois sem vcs não sou nada! Beijos e espero que gostem do Último Capítulo do Primeiro Livro de Sun Of Earth! ^.^



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*****

Conhecer Bella, foi à experiência mais incrível de toda a minha existência. Maravilhosa e assustadora ao mesmo tempo. - Edward começou com sua voz linda e aveludada. Ele olhou para mim um momento. - Eu sei que já conhece algumas destas historias, mas eu as contarei novamente para que você veja os fatos como um todo.

Balancei lentamente a cabeça, concordando.

– O apelo do seu sangue era muito forte para mim. - continuou ele, seus olhos dourados se perdendo no passado. - Eu mal conseguia ficar no mesmo ambiente que ela, sem ser consumido pelo intenso desejo de prova-lo. Eu nunca havia me odiado tanto e odiado o que nós somos como naqueles dias. Amaldiçoei minha existência por diversas vezes. Amaldiçoei o monstro dentro de mim que queria tomar uma vida tão inocente. - sua voz macia, era só um sussurro enquanto ele revivia aqueles momentos angustiantes.

“Mas não era só o monstro que a queria. Sua bondade e inocência, despertaram em mim o homem que eu acreditava estar morto há muito tempo. Eu me apaixonei por ela de uma forma que nunca imaginei experimentar. Sua vida, seu cheiro, sua respiração se tornaram algo vital para mim.”

Edward deu um sorriso torto, sem me olhar. Eu estava encantada. Eu já conhecia a historia, mas a paixão com que meu pai a contava agora, fazia tudo parecer mágica.

– Ela também se interessou por mim. As características da minha natureza a deixavam intrigada e começou a procurar saber o que nós éramos. E foi dessa forma que ela conheceu Jacob. - ele completou num sussurro e por incrível que pareça, não havia rancor em sua expressão. Meu coração deu um solavanco ao ouvir o nome dele.

“ Na verdade, eles já se conheciam desde crianças, mas lembravam muito pouco um do outro. Jacob era apenas um garoto na época. Simples e ingênuo. Ele contou as lendas de sua tribo a Bella, sem acreditar que eram verdadeiras.”

“Eu a amei ainda mais, quando ela soube a verdade e mesmo assim me aceitou. Ela me amou, mesmo eu sendo um monstro, que ansiava por seu sangue.”

O olhar de Edward refletiam nostalgia e admiração. Mas logo essas emoções foram substituídas, por tristeza.

– Mas meu mundo era perigoso demais para ela, para uma humana frágil. Em menos de 08 meses, ela enfrentou a morte certa por diversas ocasiões. Um rastreador que a queria tirar de mim. - ele travou o queixo ao lembrar. Eu já ouvira falar de James. - Mas com isso conseguimos lidar. Nos o destruímos. Nossa família era forte e apesar e todo sofrimento, superamos isto. O difícil foi quando eu mesmo e a minha família representamos perigo a ela. Como Bella poderia viver no meio disto? A qualquer momento, nos poderíamos machuca-la. Bastava apenas um movimento errado, para que tudo se tornasse um desastre. Então, eu tive que tomar a decisão mais difícil da minha vida e também a que teve mais consequências.

“Eu fui embora. Eu abandonei a razão da minha existência, tentando protegê-la de mim mesmo, protegê-la do meu mundo. Menti para que ela ficasse, pois de outra forma, ela não me deixaria ir e tampouco eu conseguiria. Bella ficou sozinha e desiludida. Hoje sei que estava enganado, mas eu tinha convicção que ela encontraria a cura para minha passagem em sua vida.”

Ele suspirou fundo e seus olhos retornaram para o presente. Eu nem respirava, esperando.

Seus olhos dourados eram cheios de preocupação, quando me fitou.

– Eu não estava lá. Mas Jacob estava. Ele foi seu amigo e protetor, enquanto eu vagava pelo norte a procura da parceira de James. E enquanto fugia de minha própria dor.

Minha respiração se prendeu, quando eu percebi que a parte que eu mais temia estava por vir.

Edward balançou a cabeça para mim em negativa.

– Minha partida deixou um espaço vago e doloroso na vida de sua mãe. E ele estava lá para preenchê-la. Jacob a amou muito. Ele a divertiu e a distraiu. Ele a protegeu de Victoria. Ele trouxe uma centelha de vida a ela, quando eu a roubei. Ele sofreu quando eu voltei.

“Mas Jacob sempre foi muito persistente e minha volta não abalou sua convicção de que Bella poderia escolhê-lo. E ela esteve bem perto disto. Seus sentimentos ficaram muito confusos, por tudo que ela passou com ele. Ela estava lá, quando ele sofreu sua primeira transformação. Um cuidou das cicatrizes do outro.”

Edward fez um pausa, com a cabeça baixa. Sua expressão era quase de culpa. Meu coração queria sair pela boca.

– Isto afetou os sentimentos de ambos. Jacob sempre foi muito nobre, isto eu tenho que admitir. A parceira de James montou um exercito de recém-criados da nossa raça, para destruir nosso clã e assassinar Bella. E ele não cogitou em nenhum momento recuar e nos deixar só, apesar de não ser o alfa da matilha que liderava na época.

“Lutou por Bella de todas as formas que podia, até jogou sujo algumas vezes, mas por amor a ela e por sua vida humana. Só que por alguma razão desconhecida, ela sempre me amou tanto quanto eu a amo. E me escolheu.”

Meu coração estava leve e pesado ao mesmo tempo. Não conseguia distinguir qual a sensação que predominava. Forcei meus lábios a se mover e a minha garganta trancada soltar a voz.

– O que quer dizer com “ele até jogou sujo às vezes”?

Meu pai me encarou, seus olhos tristes e duvidosos. Pude ver que ele estava hesitando e por longos segundos ele apenas me fitou. Quando abriu os lábios, sua voz saiu baixa e incrivelmente suave.

– No dia em que os recém-criados vieram, eu manipulei uma situação, para que Jacob ouvisse que eu Bella nos casaríamos. Sim, eu também joguei sujo. Aquilo o devastou, mas também lhe deu uma ideia. Ele ameaçou se deixar morrer na batalha para saber qual seria a reação dela. Bella ficou arrasada, não sabia o que fazer para provar a Jacob que o amava e que não queria que ele se ferisse. Então, ela pediu que ele a beijasse. E ele o fez. - ele terminou em um sussurro baixo e esperou.

Meu estômago gelou. Eu não sabia o que dizer ou fazer. Eu imaginava que as coisas entre eles havia sido forte, mas isso era muito mais. Não consegui evitar a náusea que me deu ao pensar nos dois juntos e na atitude dele. Como ele pode manipula-la desta forma? O meu Jake não faria algo assim. Fechei os olhos com força tentando afastar as imagens que invadiram minha cabeça. Achei que não poderia ficar mais magoada com Jacob. Mas eu estava errada.

– Não o culpe, Renesmee. Ele estava apenas usando as armas que tinha. Creio que o maior culpado em toda esta historia, sou eu. Talvez se eu nunca a tivesse deixado, eles nunca tivessem se machucado dessa forma... - Edward declarou pensativo.

Abri os olhos e o fitei, angustiada.

– Como pode dizer isto? - murmurei interrompendo-o - Você não tem culpa de nada. Estava protegendo a mulher que amava.

Edward sorriu para mim, mas o sorriso não alcançava seus olhos de ouro.

– Ele também estava protegendo a mulher que amava. Estava protegendo-a de mim, do que nós somos. - ele parou, enquanto um arquejo de compreensão saia dos meus lábios.

– Mas as coisas não são mais assim. - ele disse com seu sorriso torto e um brilho diferente nos olhos. - Passamos por tantas coisas juntos e por mais que pareça estranho, Jacob se encaixava em nossa vida, mesmo depois de estarmos casados e Bella esperando você.

A dor rondava meu coração, pois eu sabia qual parte da historia viria agora. Era a parte que eu era o monstro. Ele não cansava de jogar vinagre em minhas feridas abertas.

– Ela estava cada vez mais fraca e ele cada vez mais próximo. – Edward continuou, ignorando meus pensamentos. - Eu não conseguia entender o porquê dele ficar, com Bella do jeito que estava, mesmo vendo em seus pensamentos que racionalmente ele queria estar perto dela em seus últimos momentos. Havia algo mais. Bella também não conseguia entender o porquê de sua necessidade de tê-lo aqui.

Meu coração batia cada vez mas pesado, enquanto eu sentia que ele afundava. Jacob realmente havia amado Bella.

– Aquilo me magoava. Saber que mesmo me amando, ela também o amava o bastante para querê-lo por perto. Mas não a questionei em nenhum instante. Eu faria tudo que a deixasse feliz naquele momento. Jacob estava sofrendo. Ele era incrédulo. Não acreditava que conseguiríamos salvá-la, mesmo com as grandes chances de dar certo.

“Ele estava lá, quando você nasceu. Ajudou das formas que pode. Mas quando Bella estava desfalecendo, ele quis sair. Não queria mais ficar ali vendo-a morrer. Seu ímpeto era ir embora, sumir, nunca ter existido. Mas quando chegou ao andar de baixo e viu você Renesmee, finalmente o mundo fez sentido para ele. Tudo que nós passamos todas as dores, todas as cicatrizes dele se curaram. A alma dele finalmente estava liberta, embora estivesse, ao mesmo tempo, se prendendo de forma definitiva. Era você o tempo todo Renesmee. Sua alma chamava a dele mesmo estando no ventre de Bella. Talvez até antes.”

Edward concluiu em um sussurro.

Eu não sentia meu rosto, para saber descrever minha expressão neste momento. Quantas vezes Jake não havia me dito isto de forma indireta? Dezenas de vezes? Centenas?

Quantas vezes eu havia visto isto em seu rosto, em sua voz quando ele falava comigo?

O calor encheu meu peito, junto com a culpa, enquanto eu finalmente compreendia tudo.

– Então o imprinting é real? - perguntei num fio de voz, mas eu já sabia a resposta.

Edward balançou a cabeça.

– É o sentimento mais real que já presenciei em cem anos.

Fechei os olhos com força. Como pude ser tão burra e duvidar por um segundo sequer do amor dele por mim?

Isso mudava muitas coisas.

Minha cabeça girava. Eu não conseguia assimilar todas estas informações. Ele me amava, mas também já havia amado Bella. Tínhamos uma ligação eterna, mas ele havia mentido para mim.

Eu conseguiria superar tudo isso? Conseguiria olhar em seus olhos e não ver Bella neles? Conseguiria confiar nele novamente? Conseguiria algum dia viver sem ele?

– Agora você sabe tudo que aconteceu Nessie e sabe que ninguém jamais vai te amar como ele ama. – meu pai declarou tocando minha mão que estava comprimida nos meus joelhos. - Eu vejo isto todos os dias em seus pensamentos. Não existe e nunca vai existir mais ninguém para ele. É por isso que ele esta sofrendo. É por isso que você não consegue ficar longe dele. Vocês se completam. Eu sei que isto não muda o fato de termos mentido. Eu sei que também não muda o amor que ele sentiu por Bella. Isso foi verdadeiro. Mas não desista! - Edward me disse com um brilho quase feroz no olhar. - Pode parecer impossível agora, mas você ira perdoa-los. Peça um tempo a ele se for preciso, mas não cometa o mesmo erro que eu. Poderá se arrepender um dia e a eternidade é um tempo muito longo para sentir culpa. E para viver sem a outra metade da nossa alma.

*****

A sala estava vazia. Meus olhos ficaram doloridos com a claridade das luzes fluorescentes, depois que passei tanto tempo em meu quarto escuro. Tive que piscar diversas vezes para que eles se adaptassem.

Eu desci as escadas entorpecida, cansada. Meu corpo e minha mente estavam exaustos de lutar contra o abismo. De lutar contra meu sofrimento. De absorver toda esta historia incrível e assustadora para mim.

Eu tinha decisões a tomar. Mas não tinha forças. Elas me abandonaram. Tão pouco eu conseguiria dormir, com estes milhões de pensamentos rodando em minha cabeça, como um enxame barulhento de abelhas.

Quando meus pés tocaram o ultimo degrau, Bella apareceu ao lado da poltrona como se estivesse lá o tempo todo.

Eu arfei ao vê-la. Seu rosto estava mais pálido do que neve e seus olhos estavam tristes e negros como ônix, rodeados por olheiras arroxeadas. Sua testa estava franzida de tristeza e dúvida e seus braços estavam cruzados no peito, abraçando a si mesma como se ela sentisse frio.

Minha garganta se fechou, enquanto todo ódio e rancor que senti dela nestes dias, se transformavam em culpa. Doía em minha alma ver a mulher que me deu sua vida, sofrendo desta forma.

Eu não pensei mais. Corri para ela e Bella me abriu seus braços frios e me abraçou com desespero.

Ela soluçava em seu choro sem lágrimas, enquanto eu molhava sua blusa verde com as minhas.

– Me desculpe, me desculpe... - Bella murmurava, com a voz entrecortada.

Minha voz não saia. Mas meu coração se inchou neste momento e eu soube que a tinha perdoado. Independente de ter me enganado, ela era minha mãe, a primeira que me amou, quando todos me odiavam. A pessoa que preferia a morte a me ver ferida. Que morreria por amor mesmo sem conhecer meu rosto.

Apertei-a mais junto a mim, enquanto a acalentava neste choro de alívio.

Ficamos abraçadas por muito tempo, como se este abraço pudesse apagar todas as mágoas em nossos corações. E talvez pudesse.

*****

Fui para a cozinha junto com Bella abraçando meus ombros, Alice estava lá com Jasper, Edward, Carlisle e Esme. Eles estavam conversando muito baixo. Não pude entender o que era. Ouvi os passos rápidos de Rosalie e Emmett vindo do quintal. Deviam ter ido caçar.

Quando surgi em seu campo de visão, eles abriram um sorriso para mim, mas não falaram nada sobre eu finalmente ter descido ou sobre a reconciliação com minha mãe. Eles deviam ter ouvido tudo que Edward me contou. Meu pai estava tentando esconder um sorriso de orgulho e satisfação enquanto nos olhava.

Me sentei a mesa e eles retomaram ao assunto em que estavam antes e percebi que falavam de uma tempestade que acontecia ao sul do país. Eles estavam me dando espaço, sem perguntas ou cobranças.

Esme sem dizer nada colocou um prato em minha frente. Era algum tipo de massa, mas o cheiro de orégano era repugnante. Mesmo assim forcei um sorriso para ela.

Não tinha nenhum pingo de fome ou sede. Mesmo passando todo esse tempo sem me alimentar direito, ou quase nada.

Minha cabeça parecia uma turbina de avião. Os pensamentos altos e desorientadores. Como eu resolveria tudo isto? Toda a bagunça que fiz? Agora que conhecia toda historia, reconhecia que minha reação fora exagerada. Mas não tanto assim.

Ainda era difícil olhar para os rostos de minha família, e não me sentir traída. Como seria olhar nos olhos de Jacob?

Não seria pior do que ficar sem ele, era a única certeza que eu tinha. A sua ausência estava me matando. Precisava vê-lo e sentir seu calor, mas não sabia o que dizer ou como ia me sentir.

Quando olhei no rosto de minha mãe e ela me abriu um sorriso, percebi que a magoa não estava mais ali. Talvez com Jacob acontecesse o mesmo...

Edward que ouvia todas as minhas especulações em silencio, colocou sua mão sobre a minha que estava em cima da mesa e me fitou.

– Faça o que seu coração mandar e não irá se arrepender. - ele murmurou com um sorriso, atraindo os olhares para nós.

Sorri timidamente para ele. A única ordem do meu coração, era que eu corresse para La Push.

De repente, Alice arfou e todos se viraram para ela. Seus olhos ficaram frios e opacos, enquanto ela fitava o espaço em sua frente sem nada ver. Sua mente estava perdida no futuro. Esperamos enquanto ela tinha sua visão. Como ela demorou a voltar, Jasper tocou sua mão sobre a mesa, sempre ansioso.

– Alice, tudo bem? - ele perguntou com preocupação.

Ela arfou novamente, enquanto seus olhos recuperavam o foco e retornavam para o presente.

Ela ficou em silencio. Ouvi Edward trincar os dentes.

– O que você viu Alice? - Bella perguntou.

Ela suspirou e nos fitou antes de responder:

– Eu vi Johan novamente. Eu tenho monitorado as decisões dele, e sempre vejo a mesma coisa. Ele vindo para cá. Mas dessa vez eu vi algo mais. Demétri e Félix estão com ele. - declarou com sua voz fina.

Nós paralisamos.

–Demétri e Félix? Da guarda Volturi? - Jasper perguntou.

Ela apenas balançou a cabeça concordando.

Os olhos de meu pai ficaram febris enquanto ele analisava o significado daquilo. Após um momento Carlisle murmurou:

– Eu não compreendo...

Edward inspirou:

– Parece que a visita de Johan não é apenas uma cortesia afinal. - ele disse, sarcástico.

– Mas porque Alice não podia os ver antes? - Rosalie perguntou franzindo a testa.

– Decisão de ultima hora? - Emmett, sugeriu.

Jasper balançou a cabeça negando em sincronia com Edward. Eu já sabia a resposta.

– Não. É outra coisa. - foi meu pai quem disse.

Ouvi Esme soltar um arquejo atrás de mim.

Isto não era novidade para mim. De alguma forma eu sabia o tempo todo que os Volturi estavam envolvidos com esta vinda de Johan. Minha dúvida, era porque estavam demorando tanto.

Eu tinha uma teoria para isto também.

Eles sabiam que Alice não podia ver híbridos como eu e como Jacob. E que o futuro de quem estava com eles também ficava praticamente em branco. O que me levava a crer que Johan estava vindo com toda a sua “família”. E quanto mais Volturi ela pudesse esconder.

Meu pai ouvia meus pensamentos com olhos pensativos e queixo tenso.

– É isso, não é? - perguntei a ele num fio de voz.

Edward me olhou por um momento. E depois olhou para Bella soltando um suspiro.

– Sim. - ele murmurou e os outros olharam para ele confusos. – Renesmee tem uma teoria. Ela acha que há mais membros da Guarda vindo além de Demétri e Félix. E que a prole de Johan esta maior do que imaginamos. Sendo assim, mais membros se escondendo nas brechas das visões de Alice.

Minha família prendeu a respiração e eu senti a pergunta deles no ar. Por quê?

E a resposta era a mesma de sempre. Eu era o motivo. Eles viriam novamente, para ver como eu estava, para ver como eu me desenvolvi. Claro que seria uma desculpa. Eles na verdade queria ver como a família de Carlisle havia crescido.

Mesmo assim, mais uma vez eu era o motivo que eles dariam. Mais uma vez eu atraía a desgraça para todos que eu amava.

– Não pense desta forma Nessie. - meu pai sussurrou. - Vai dar tudo certo. Eu não queria... nenhum de nós queria que Johan visse você. Mas se os Volturi estão com ele, não nos resta muitas opções. Teremos apenas que esperar e deixar as matilhas em alerta. Não importa o que eles estão tramando, vai dar tudo certo.

Meu peito se apertou. Mais uma vez? Novamente eu atraia uma possível morte para os Quileutes também?

Eu não podia suportar. Não podia aguentar ver novamente tanta dor e destruição naquela família. Sim, eles eram uma família enorme e unida como a minha. Talvez até mais. O que um sentia, todos sentiam.

Quando os Filhos da Lua atacaram e Embry se feriu, foi como se todos estivessem feridos.

E se um deles morresse? - pensei em desespero - O que isso faria a toda a tribo?

E se a culpa fosse minha? Novamente?

Eu não poderia suportar isso. Não queria ver nem sentir isso de novo.

– Não acham que os Quileutes já sofreram o bastante? - perguntei em uma voz baixa e fraca.

Todos os rostos belos e pálidos da sala me encararam.

Edward prendeu a respiração.

– Nos só atraímos a desgraça a eles. - minha voz era sombria e vazia. - Desde que os vampiros voltaram a esta região, que a tribo apenas sofre. Eles viram seus filhos se transformando em animais apenas pela presença do nosso clã. Eles enfrentaram a morte por diversas vezes. - Bella abaixou os olhos, com expressão triste. - Com as investidas de Victória e o exercito de recém-criados de Seattle, com a vinda quase que desastrosa dos Volturi. E com o ataque dos Filhos da Lua. - minha voz foi sumindo até quase desparecer, enquanto eu relembrava a dor que senti ao ver Embry e os outros, feridos naquele dia. Mesmo assim, encontrei forças para continuar. - E agora, Johan está vindo com alguns membros da guarda Volturi e possivelmente trazendo híbridos também. Não é justo com eles, enfrentar um perigo como este, mais uma vez.

O silencio predominou, enquanto todos absorviam minhas palavras.

Suas expressões eram tristes.

Eu não podia permitir que eles passassem por isso novamente. Por toda esta dor. Eu tinha que dar um jeito. E eu sabia que só havia um.

Lembrei-me de seus rostos queridos. Sam, Quil, Embry, Leah, Rachel, Paul, Kim, Jared.

Jacob.

Apenas o nome dele em minha mente, fez todo meu corpo tremer. Como poderia fazer isto, sem magoa-lo? E sem morrer lentamente?

Mas eu tinha que conseguir. Por ele. Por sua família. Pela matilha e por tudo que eles já haviam sofrido por mim e pelos meus entes. Eu levaria este mal para longe deles.

Se Demétri estava com Johan, eles iriam onde nos estivéssemos. E com sorte deixariam os Quileutes em paz.

Edward arfou enquanto ouvia em meus pensamentos qual era minha decisão.

– Você tem certeza? - ele perguntou, com a voz presa na garganta.

– Sim. - eu respondi tirando forças Deus sabe de onde e segundos após tomar minha decisão, me senti vazia. - Vamos embora de Forks.

*****

Meu coração disparou quando eu ouvi a moto dele. Estava entrando em alta velocidade, na estrada que trazia até a grande casa branca.

Minha mãos formigaram, enquanto eu tentava recuperar o fôlego. Eu tinha que ser forte. Por ele.

Amar era isso não? Dar tudo por quem ama. Abrir mão da própria felicidade, pela do amado.

Ele ficaria a salvo e com sorte eu também voltaria para ele. Voltaria para nossa vida, nossos planos. Mas se eu não tivesse essa sorte, morreria feliz sabendo que ele estava seguro. Que sua família estava segura.

Meu coração ainda doía ao me lembrar da mentira, mas era apenas uma fraca lembrança comparada à dor de perdê-lo.

E ao que eu iria fazer agora.

Eu mentiria para ele também. Ele não podia saber o verdadeiro motivo de estarmos indo. Jacob nunca me deixaria ir. Então eu teria que engana-lo, para protegê-lo.

Isto não me tornava mais nobre que qualquer um deles, que haviam me escondido tantos segredos por tanto tempo.

Mas eu precisava.

Edward e Bella foram efetivamente contra. Eles acreditavam que eu estava cometendo o mesmo erro que Edward cometeu há tantos anos e que eu poderia sofrer com as consequências depois.

Não me importava.

A dor dilacerava meu peito com se fosse uma faca enferrujada me cortando, ao imaginar que Jacob poderia querer seguir sua vida com outra pessoa. Que outra poderia construir uma vida com ele, a vida que ele me prometera. Mas eu não iria desistir de protegê-lo e não o condenaria se escolhesse alguém melhor para ele. Afinal, eu só atraia a morte, desde que fui concebida.

Minha cabeça desabou em minhas mãos, enquanto eu tentava desesperadamente conter minhas lagrimas. Não podia permitir que Jake visse o quanto isto estava me ferindo. Eu estragaria tudo desse jeito.

Seu cheiro nublou os meus sentidos, antes mesmo dele entrar em meu campo de visão.

Minhas pernas tremeram e minha decisão vacilou assim que eu o vi, através das portas de vidro.

Jacob parou a moto, com a freada brusca espalhando as pedras do trilho para o gramado. Ele subiu correndo as escadas, com seu cabelo negro escorrendo água da chuva, sua jaqueta preta e suas roupas ensopadas. Irrompeu na sala e paralisou ao me ver...

E meu coração também parou.

O rosto lindo e forte do homem que eu amava, estava retorcido de tristeza. Seus olhos castanhos estavam sobre olheiras escuras e fundas. Sua pele estava pálida, de uma forma que eu nunca tinha visto. Mesmo estando molhado, o calor dele me atingia em ondas junto com seu cheiro, fazendo meu coração bater acelerado.

Sua boca se abriu, mas ele não disse nada.

Abracei meu próprio corpo tentando conter os tremores. Eu tremia de dor por vê-lo assim. Tremia por saber que só lhe causaria mais dor. E tremia de desejo de abraça-lo, de ter seu corpo junto ao meu e beija-lo ate apagar toda e qualquer sombra de tristeza em seu lindo rosto.

Mas apesar de trêmula, batalhei para meu rosto ficar impassível. Acho que não estava sendo muito convincente pelo modo que ele me olhou.

Após longos segundos, Jacob avançou para mim, mas se deteve quando eu dei um passo para trás. Não poderia permitir que ele me tocasse. Seria meu fim e o dele se sentisse seu toque quente em minha pele.

Jacob entendeu meu gesto como rejeição e seus olhos se entristeceram ainda mais.

– Renesmee. - murmurou com voz fraca. Meu corpo todo se reagiu a voz dele. Aqueceu todas as minhas células frias.

Mas meu rosto continuou impassível.

– Vim o mais rápido que pude, assim que desliguei o telefone. - ele me disse. - Quer conversar comigo? Quer que eu te leve a algum outro lugar? - ele perguntou olhando em volta e provavelmente apurando seus sentidos tentando encontrar os membros da minha família.

– Não. Esta tudo bem. - eu suspirei e pigarreei. Minha garganta parecia fechada. -Todos saíram, para nos deixar conversar.

Ele também tremeu ao ouvir minha voz. Fechou os olhos por um segundo e quando os abriu, pude ver através deles a sua alma pura, cheia de uma ternura imensa.

Como pude duvidar de seu amor? Como pude achar que ele havia me usado?

Aquele era o meu Jacob e sempre seria.

Neste momento, olhando em seus olhos e prestes a mentir para ele, eu o perdoei. Meu coração se viu liberto de toda a mágoa pela mentira deles.

Eu podia entender agora. Mentiram pra me proteger, para impedir que eu sofresse. Não era certo, mas eles fizeram o que puderam para me manter segura, longe do passado que trazia mais angústias, do que alegrias.

Continuava sendo errado, mas eu compreendi o porquê. E isso era o que bastava.

Precisei de todas as forças do meu ser e de minha alma, para não terminar o espaço entre nós, me jogar em seus braços quentes e beija-lo com todo o amor que sentia.

Em silêncio, fitei a metade de minha alma, me olhando com sofrimento.

Eu levaria isto dele. Nunca mais Jake iria sofrer desta forma.

– Então, o que queria comigo? - ele perguntou, fechando as mãos em punho com tanta força, que os nós de seus dedos ficaram brancos. Mas seu olhar era assustado como de um menino, e ao mesmo tempo cheio de esperança.

Meu coração se acelerou enquanto eu me preparava para apunhalar o dele.

– Jake, eu vou me mudar com minha família. - disse quase inaudivelmente, mas eu sabia que ele tinha ouvido.

Suas mãos começaram a tremer e seus dentes trincaram.

Mesmo assim ele perguntou:

– O que disse? - sua voz baixa era uma mistura de raiva e desespero.

– Eu preciso de um tempo longe, depois de tudo que aconteceu, depois de tudo que eu descobri. Eu não estou suportando. - a mentira queimou em minha língua como veneno. Apesar de estar destruída por dentro, minha voz saiu calma e firme.

Jacob paralisou. Apesar disso, sentia o calor de sua ira preenchendo o ambiente.

Ele fechou os olhos enquanto apertava ainda mais os punhos.

Meu peito doía ao vê-lo desta forma. Queria abraça-lo. Dizer que era tudo mentira e que eu precisava dele ao meu lado para sempre, que nunca queria me afastar dele.

Mas meu egoísmo já havia sido o bastante. Era o momento de deixar de pensar em mim, para proteger o homem que eu amava.

– Renesmee, me desculpe. - ele pediu ainda de olhos fechados. - Por favor me perdoe!

Minha garganta se fechou, enquanto lutava contra as lágrimas.

– Eu já o perdoei... - minha voz saiu em um murmúrio.

Jake ergueu a cabeça depressa, a expressão torturada.

– Então porque esta indo? - ele perguntou de forma acusadora.

Minha alma não conseguia encontrar mais mentiras.

‘Mas eu preciso!’ - gritei em minha cabeça.

– Eu já lhe disse. Preciso de um tempo, para esquecer. Por favor tente entender ...

Me calei quando ele balançou a cabeça lentamente em negativa.

– Eu não vou suportar, Nessie! Não posso ficar longe de você!

Minhas mãos tremeram, enquanto meu coração se alegrava de forma egoísta com suas palavras.

– Eu reconheço que errei muito. - ele continuou. - Devia ter-lhe dito tudo que aconteceu! Me desculpe! Mas por favor não faça isso comigo. - ele pediu com a voz engasgada, quase gritando para mim.. - Não faça isso com a gente. Me peça para me afastar. Me peça para ser apenas seu amigo e eu esquecerei tudo que nós vivemos, para ser o que você precisar. Mas não vá embora. Por favor!

Fitei os olhos escuros e úmidos de Jacob. Eu o amava demais. E isso me dilacerava.

– Nunca seria capaz de lhe pedir isso. - respondi num fio de voz, a garganta se fechando. - Você é o homem da minha vida e sempre vai ser. Eu só preciso de um tempo...

– Não, por favor! - ele pediu de novo, fechando os olhos.

Ele estava tremendo e percebi que o calor não preenchia mais a sala. Jacob estava tremendo de frio.

Avancei um passo e cheguei a erguer a mão para tocar-lhe o rosto. Mas desisti na metade do caminho. Eu precisava me afastar. Precisava mantê-lo longe do sofrimento. E isso seria impossível se eu tocasse sua pele e sentisse seu calor novamente.

Então em vez de tocá-lo, levei a mão ao meu peito.

– Sinto muito, Jake... - pedi num sussurro e ele me olhou com seus olhos escuros e tristes.

Eu não conseguia mais suportar. As lágrimas já não pude mais conter. Se ele permanecesse ali, eu provavelmente desistiria de tudo. O que mais eu poderia dizer, para que ele fosse embora?

Mas seus olhos endureceram, enquanto ele passava a mão em seu cabelo. Jake me lançou um último olhar repleto de emoções conflitantes. Então, virou as costas para mim e saiu a passos largos pela porta, levando com ele o meu coração.

|FIM DO PRIMEIRO LIVRO|


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Saibam que estou me espelhando nos comentários de vcs para dar sequência a história! Não fiquem com medo! O próximo livro começa a semana que vem e é do ponto de vista do Jake! BEIJOCAS! ♥