Transtorno De Boderline escrita por Liz03


Capítulo 11
Síndrome de Alice no país das maravilhas


Notas iniciais do capítulo

Oi oi,
Vejam só, para compensar o tempo que estive fora aí vai mais um capítulo o// . Não sei como ficou esse capítulo porque eu escrevi muito rápido, me vieram umas ideias, fui lá e pim. Então, pode não ter ficado muito bom, se for o caso me desculpo previamente. Mas espero que esteja legal.
Vejamos enfim:



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Síndrome de Alice no país das maravilhas é uma doença que provoca alucinações, causando distorções ao nível da percepção visual da vítima, fazendo, por exemplo, com que alguns objetos próximos pareçam desproporcionalmente pequenos, as horas parecerem passar muito devagar.


No sábado, eu tentei evitar de várias formas fugir dos convites/intimações da minha irmã, mas Carol era muito despótica – desse modo- cedi. Percorremos sapatarias, boutiques, joalherias, perfumarias, etc, etc , etc. Se Carol já era consumista, com casamento marcado então, a coisa era crítica. Para aquele ser que disse que mulheres adoram shopping, eu queria apenas chamar o cidadão no canto e falar: Não, não, não.

Uma comprinha pontual, ok. Agora, fazer uma verdadeira gincana recreativa com prova que consiste em passar em quinhentas lojas por segundo? Ah não senhor. Mesmo resistindo, Carol comprava alguns produtos e só dizia depois que era para mim.

– Mas Carol....eu não precisava disso...

– Pois agora quando precisar já tem – ela dizia contente.

Minha irmã é uma bitolada alienada. Sim, sim, ela é. E eu a amo? Sim. Ela é uma pessoa boa, só que é uma pessoa boa que supervaloriza um sapato alto e uma bolsa de marca, mesmo assim, nos momentos de desespero, ela vai estar lá (perfeitamente maquiada, mas vai). Quando finalmente paramos para lanchar – leia, eu comi um bauru com milk shake e ela um suquinho de laranja com um lanche ‘verde’- ela quis, delicadamente, perguntar como eu estava passando sem o Gustavo. Respondi com honestidade que estava bem.

– Mas você sente falta dele...quero dizer, tudo bem com você?

– Tudo, sério – tomei um gole de milk shake – No início, foi muito ruim mesmo, mas agora eu estou bem, muito bem aliás

Ela também quis saber com quem eu iria para o casamento dela (detalhe que era só no ano que vem e ela já estava angustiada com meu estado civil). Falei que não via problema em ir sozinha, mas se ela insistisse eu poderia entrar com o Bê numa boa.

– Esse Bernardo....

Esperei o fim da frase, que não veio.

– Sim....- estimulei que ela completasse

– Qual é a dele ein?

– Ein? Ein?- respondi confusa

– Ah Pan...ele gosta de você, e fica pagando de seu amigo a mil anos

– Ele não gosta de mim desse jeito que você pensa, ele é como um irmão

E então me lembrei que era a segunda vez em pouco tempo que eu explicava isso, estava ficando ridículo. Por que homens e mulheres não podem ser bons amigos?

– Ah tá

– É sim

– Tá, tá

Voltei para casa às 17:45 p.m, coloquei o mesmo pijama de ontem, peguei o notebook e liguei a TV.

18:25p.m:

– Alô ?

– Doutora Pan?

– Sim....quem gostaria?

– Um pobre homem, isso eu garanto. Que ainda por cima é esquecido, qual é mesmo o caminho para o palácio de sua majestade?

– Vítor? Vitor! – digo tirando o notebook do colo – O que...? ...Como você conseguiu meu número?

– Ah isso não importa agora, vamos falar de coisas mais urgentes que a vida é uma música e precisamos dançar logo antes que acabe.

– Vi-tor . Vitor, como você conseguiu meu número?

Ele suspira e diz por fim:

– Uma enfermeira entendeu a gravidade do caso

– Uma enfermeira lhe deu meu número? Mas....isso é absolutamente irregular...ela jamais poderia ter feito isso

– Garanto que um dia você vai agradecê-la , palavra de escoteiro

– Escuta aqui Vitor, esse é meu número pessoal, só use se você estiver com um problema de saúde, caso contrário, por favor não me ligue

Desliguei o telefone. No minuto seguinte ele enviou uma maldita mensagem de texto com a frase:

Pedirei perdão, se a tu te interessas, mas não me arrependerei nem por um segundo. Porque o vento não pede perdão por vento ser.


Achei que já tivesse lido aquilo em algum livro, mas não demorei muito tentando lembrar, apaguei a mensagem e decidi, naquele momento, que se a situação perdurasse eu seria obrigada a comunicar o doutor Oscar.

Uma semana inteira se passou e o episódio não se repetiu. Nem ligação nem mensagem.

Mas às 18:25 p.m do sábado o telefone tocou e ele disse sem esperar que eu falasse:

– Boa noite doutora Pan, hoje não vou fazer qualquer brincadeira (não se preocupe), gostaria apenas de lhe mostrar um lugar legal. Apenas, por achar que um lugar especial merece ser compartilhado para ter a chance de ser especial para mais pessoas. Apenas. Mas sei que você ainda não vai aceitar, ainda não. Então, durma bem.

E desligou. Olhei para a tela do celular pensativa. Comecei a duvidar das perfeitas capacidades mentais daquele homem. No domingo, marquei um cinema com a Zoe e o Bernardo e depois prometi almoçar com meus pais. Quando cheguei no restaurante meus pais debatiam algo sobre ir ou não ir a determinado lugar. Meu pai queria ir e minha mãe se opunha. Perguntei do que se tratava.

– As empresas Campani farão um evento de conscientização a respeito da poluição dos solos , recebi o convite e quero muito ir, mas sua mãe acha que vai ser chato....

– E vai – ela acrescenta

–....então temos um impasse.

– E quando é, pai?

– Quarta feira , 19 horas

Olho minha agenda pelo celular, não tenho plantão.

– Se você quiser eu vou com você – digo diplomaticamente

– Seria ótimo! – meu pai sorri satisfeito

– Obrigada querida – minha mãe me abraça também satisfeita

Eu sei que provavelmente meu pai encontraria amigos químicos e que eles debateriam coisas que não despertam tanto meu interesse, mas valia a pena, ele me contaria orgulhoso histórias que já ouvi várias vezes, falaria de coisas que meu conhecimento de química não me permitem compreender, só que eu gostava de passar um tempo com meu velho,conversando, aprendendo, enfim, o que os amigos fazem.

Então na quarta feira às 19 horas coloquei uma calça de tecido, uma blusa branca de botão, e uma sandália de salto prata, e fui para o evento das empresas Campani. A festa era na matriz da empresa, com direito a madames da sociedade e empresários, e também ativistas ambientas, químicos, biólogos e geólogos, uma mistura interessante que podia ser facilmente percebida só de observar o comportamento de cada um. No meio da festa meu pai e seus amigos químicos se reuniram e começaram a trocar informações sobre o tema, pedi licença e fui passear pelo ambiente. O lugar era amplo e a generosa quantidade de espelhos ajudava nessa sensação, o piso era preto e brilhante. Porém, logo o jardim me atraiu, as árvores se encontravam no alto e formavam arcos. Algumas pessoas estavam por ali, segui o caminho iluminado, pétalas caídas davam um efeito surrealista. Então uma escultura me impediu de caminhar, precisei parar e olhar mais um pouco a pedra que, trabalhada retratava uma mulher de feições renascentistas deixando a cesta que carregava para brincar com borboletas. Sei que fiquei alguns minutos admirando os detalhes, até que uma voz familiar se aproximou:

– Nunca saberemos se estamos diante do destino ou de uma mera coincidência

Olhei para o lado e lá esteve ele com as mão nos bolsos da calça jeans escura, ainda encarando a escultura.

– Vitor! Você está me seguindo? Tem ideia da gravidade dos seus atos? Eu vou ter que me afastar do seu caso, é inadmissível! Inadimissível!

– Doutora, eu gostaria muito de seguir seus passos, mas na verdade a poluição dos solos também me interessa

O encarei esperando uma expressão facial que me dissesse que aquilo era mais uma de suas respostas sarcásticas, mas ela não veio. Veio sim um homem com uma camisa de algum movimento ambiental até nós.

– Estou indo companheiro, foi um prazer ver você novamente, melhoras – e apertou a mão dele, seguido de tapinhas nas costas

– O prazer foi meu – ele retribuiu

– Posso esperar você na reunião da semana que vem para debatermos o evento de hoje?

– Estarei lá

E então o homem deu um abraço nele. Fez um aceno de cabeça para mim, enquanto o Vitor me apresentava.

– Essa é a doutora Pan, uma das minhas médicas, a única que me acusa de segui-la

Me senti um tanto constrangida. O homem sorriu, me cumprimentou e despediu-se. Quando ele já estava distante de nós me desculpei pelo equívoco, obtive como resposta um sorriso calculista. Vítor usava uma camisa branca de manga longa,um paletó preto e um gorro vermelho que escondia a careca.

– Tudo bem – ele disse ainda olhando para a escultura – Da pra entender....eu sei que tenho sido o mais chato possível com você

– Obrigada pela sinceridade

Ele sorriu e olhou para mim.

– Disponha

– Então...como conseguiu convites para esse evento?- disse tentando mudar de assunto

Ele olhou para os lados, e disse num tom de voz mais baixo.

– Que convites? – então olhou para os lado de novo – Ah! Não era só entrar? ...Por isso o muro tinha cerca elétrica então...

– Um legitimo penetra

– Penetra não. Facilitador de eventos


Não percebi o quanto tínhamos demorado conversando até que meu pai me chamou. Tinha dado algumas voltas na festa antes de me encontrar. Apresentei os dois , não demorou muito e eles estavam debatendo a poluição dos solos. Pelos argumentos que o Vitor usava percebi que ele era realmente entendido do assunto, o que só fez com que meu constrangimentos aumentasse. Lembrei a meu pai que eu trabalhava pela manhã e que precisávamos ir, mas ai ele resolveu perguntar se o Vitor tinha como voltar e ele respondeu que iria de ônibus. E claro que o meu pai não deixaria um companheiro de luta sem carona.

–Para onde você gostaria de ficar Vitor?

– Olha, companheiro Antônio, eu tenho duas respostas para isso. Onde eu vou e realmente queria ir.- disse do banco de trás

– Ora, você ainda é jovem, me diga onde você quer ir e nós daremos um jeito

– Eu gostaria que o senhor me deixasse no meu lugar favorito da cidade, um lugar que é o meu paraíso particular e o de muitas outras pessoas também

– E como se chama esse paraíso terreno?- meu pai disse sorrindo

– É onde antes funcionava o Lar frei Oliver, na parte antiga da cidade, sabe?

Meu pai não respondeu nos primeiros segundos, olhei para o lado e ele estava boquiaberto, voltou ao normal rapidamente, mas com um grande ânimo na voz.

– Eu sempre ia nesse Lar antigamente, é lindo, é muito especial mesmo

Eu estava num mini estado de choque por meu pai conhecer o tal lugar, e ele prosseguiu:

– Eu já levei sua mãe lá há muitos anos atrás, ela adorou, é um ótimo lugar Vítor, inclusive eu soube que é propriedade dos Campani, mas está abandonado atualmente, não?

– Está sim, só que continua especial

– Imagino – meu pai completou sorridente

Antes de deixarmos o Vitor em frente ao que parecia uma casa abandona que ficava sozinha na parte de cima de uma ladeira muito íngreme, meu pai questionou onde ele dormiria, mas Vitor disse apenas que ali estava ótimo e seguiu como penetra de uma casa abandonada.

Quando acordei no dia seguinte meu celular tinha uma mensagem:

Doutora, não se esqueça de nosso compromisso sábado.

E às 18:20 p.m do sábado devo confessar que eu já estava esperando uma manifestação advinda do lunático mundo de Vitor.



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Notas finais do capítulo

Vamos lá, digam qualquer coisa (se está bom, se não, suas perspectivas da histórias, das personagens, etc). Bj . :)



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