Por alguns segundos, achei que era um sonho. Essa cena me lembrou ao meu aniversário de dezesseis anos. Não pude evitar, tive que procurá-los no fundo do quarto, mas confesso que o resultado não me alegrou muito, realmente, eles não estavam lá e nunca mais estariam. Eu e Sammy ainda olhávamos para todos com cara de assustados. Eu realmente não sei o que está acontecendo, escutava barulhos estranhos, acho que tem gente no primeiro andar, o que ta acontecendo?

– O que é isso? – Perguntei com medo da resposta

– Todos acharam que você está muito triste, a Sara deu a ideia de fazer uma festa aqui – Disse Catharina toda animada.

– Isso não é uma festa Catharina, é só uma reuniãozinha para a Elena se animarem um pouco, pare com esse fogo – Disse Bonnie, como sempre, sendo a mais sensata do quarto.

– Que seja Bonnie – Catharina fez uma cara de deboche – Se arrume e desça, todos os esperam lá em baixo!

Esperei que todos saíssem. Sammy não estava com uma cara muito feliz, ele nunca foi o menino popular, mas ele sempre estava nas festas, mas algo me dizia que essa não era uma festa na qual ele gostaria de estar

– Vamos Sammy, mude de roupa. Temos que descer

– Não, Elena. Eles estão festejando a morte dos meus pais, eu não vou participar disso, não é certo.

– Não Sammy, eles estão festejando que ainda estamos vivos, eles são nossos amigos. Estamos vivos Sammy, não podemos parar de viver. – Me levantei da cama – Eles não iriam gostar disso, né? – puxei a mão do Sammy para levanta-lo - Troque de roupa.

Vesti um vestido preto e branco, era um dos poucos que tinha trago ontem de noite, não era muito apropriado, mas era o que tinha, fiz questão de por o cordão que Sammy me entregou ontem. Sammy estava com uma blusa azul, eu me lembro dessa blusa, era do meu pai, realmente não tinha como não reconhecer. Descemos juntos, todos estavam nos esperando na sala e algumas pessoas na cozinha, eu sabia que nem todos aqui realmente se importavam, na verdade, acho que nem a metade, todos perguntavam se estamos bem ou se precisamos de alguma coisa, de que adDamontaria eu cair nas lagrimas falando que não, que precisamos dos nossos pais mais do que nunca? Nenhum deles iriam realmente se importar, a única saída era dizer que sim, afinal, uma hora tudo vai melhorar.

Todos estavam conversando e animados, menos Sammy, ele estava sentado na escada, fui em sua direção, ele precisava se animar, iria falar com ele, mas no meio do caminho alguém me puxou pelo braço, eu não conseguia ver quem era, eu esta de costas, mas via que estava me levando para saída dos fundos.

–Não berre. – Disse ele no meu ouvido. Essa voz era do Matt

Ele me levou para o quintal da minha casa, meu braço realmente estava dolorido e vermelho, e então ele me soltou.

– Lhe disse que não iríamos terminar - Disse Matt com raiva

– E eu que você não faria isso comigo novamente, eu vou embora Matt – Ele me puxou, e dessa vez ainda mais forte.

– Não, você não vai Elena! – Ele me apertou ainda mais

– Me solta, Matt, ta doendo! – Ele parecia não ouvir ou realmente não ligar – Me solta

– Não até você aprender, você é minha, Elena – ele me puxou para mais próximo dele – Minha! – Ele deu um risinho

– Eu vou berrar. Me solta, agora!

– Não, você não vai berrar, não seria tão burra.

Eu sei que se eu berrar a coisa vai ficar feia para mim, mas eu realmente não sei do que Matt é capaz. Mas o gritou ficou preso na minha garganta, engasgado com o medo, mas nesse momento berrar não era mais preciso, algo tinha jogado Matt no chão e foi tão rápido que não ver quem era

– Então esse é o famoso Matt? Nem um pouco atraente, minha opinião. – Ele voou em direção ao Matt que ainda estava no chão – Seu babaca – Damon deu um soco na sua cara

Matt não reagia, não falava, não chorava, simplesmente ficava deitado no chão com a mão no nariz, que aparente sangrava. Damon veio em minha direção

– Você está bem? – Disse Damon colocando a mão no meu braço que estava com alguns arranhões

– Sim, eu acho – Os arranhões ardiam um pouco, mas nada demais – O que você está fazendo aqui? Eu digo, obrigado, mas, o que fazia aqui?

– Eu só estava preocupado, queria saber se eles tinham te deixado dormir lá ontem, sei lá, eu estava entediado, só queria saber se você estava bem – Matt se levantou e andava em nossa direção, cambaleando para os lados. Damon se virou e lhe deu mais um soco que fez com que Matt caísse novamente.

– Eu vou te matar! – Berrou Matt, com raiva.

– Tente – Disse Damon virando as costas

– Vai para o Inferno, Matt! – Peguei as mãos de Damon – Vamos para dentro

Entramos pela porta da frente, todos na sala pararam para olhar, as caras de espanto me impressionavam, o que teria de tão estranho nessa cena? Eu não sei. A cena era real demais para dizer que era um pesadelo e que eu estava pelada, todos ali estavam vestidos e espantados, não sabia dizer se a surpresa era por eu não estar na casa esse tempo todo, é claro que ninguém notou ou todos simplesmente pararam tudo o que faziam para notar como o Damon era lindo e se espantaram de uma pessoa só ter tanta beleza assim? Tá, é melhor eu parar de viajar e tomar uma atitude, isso ta começando a ficar constrangedor.

– Entre e fiquei a vontade

– Claro, onde tem um banheiro?

– No final do corredor à direita

– Tudo bem, venha comigo – Disse Damon me puxando pelo braço.

– Você é como um anjo, sempre me salvando

Entramos no banheiro, Damon fechou a porta. Em qualquer situação semelhante eu teria medo, eu conheci o cara em um cemitério, não acho que isso seja um bom sinal, mas esses olhos e, ele me salvou, não me traria para dentro do banheiro da casa da minha tia para me matar, teria feito isso lá fora mesmo.

– Temos que lavar isso aqui, não sabemos onde aquele imbecil coloca mão – Disse Damon abrindo a torneira e lavando meu braço

– Isso arde, muito.

– Temos que passar alguma coisa aqui, onde tem uma caixa de primeiro socorros?

– Acho que dentro desse armário, me deixa ver – Me ajoelhei no chão para abrir o armário, não tinha nada ali dentro, mas me lembrei que tinha no banheiro de cima – Aqui não tem, no de cima tem, vem comigo.

Subimos as escadas, algumas pessoas ainda nos encaravam, mas realmente não ligava, deixei o Damon no quarto em que eu estava dormindo e fui ao banheiro pegar a caixa de primeiros socorros, quando voltei para o quarto, ele estava sentado na cama, com as costas do armário em formato de “L” que termina ao lado da cama, com os olhos vidrados no espelho da parede ao lado.

– Admirando sua beleza?

– Não, algumas culturas dizem que espelhos revelam seu futuro, por isso que quebra-los trás azar.

– E o que você espera ver ai? – Me sentei do lado dele e coloquei a caixa na cama

– Não sei – Com cuidado ele colocou um band-aid no meu braço e respondeu baixinho – Você, talvez.

O silencio tomou conta do quarto, por alguns segundos simplesmente nos olhamos e nada mais e só isso já parecia perfeito o bastante. Poderia contar isso como uma vitória? Depois disso tudo que passei, a luz poderia ser vista no fim do túnel, o brilho dos olhos do Damon também. Alguns segundo se passaram e ainda estávamos nos olhando, Damon ainda estava com a mão no meu braço, cheguei mais próximo dele, ao mesmo tempo ele me puxava, passando seu braço ao meu redor e encaixando a minha cabeça no seu peito de maneira que ouvia seu coração bater. Pensei no Matt, o que ele faria? Ele virá atrás de mim e ele vai se vingar do Damon, por segundos isso tomou conta dos meus pensamentos, mas eu não podia desperdiçar esse momento pensando no Matt, ele não merecia, então eu só fechei meus olhos e deixei o tempo passar.

Damon me abraçava, minha cabeça estava em seu peito, ele passava a mão na minha cabeça e às vezes dava uns beijinhos nela, ficamos assim por alguns minutos sem falar uma palavra e esse silencio realmente me acalmava. Meu braço ainda ardia um pouco, mas no momento, nada disso realmente importaria. Isso é melhor do que qualquer remédio é a cura de tudo e é exatamente do que eu preciso agora.

– Elena, todos estão te procurando – Catharina entrou no quarto já falando – Ah, parece que você esta fazendo algo mais divertido – Ela soltou um riso um pouco safado

– Ah, Catharina, esse é o Damon

– Olá Damon – Catharina não parava de encara-lo

–É .. Oi – Damon balançou a cabeça sem nem disfarçar a timidez – É melhor você descer, não?

– É, claro. Catharina, vai descendo que eu já vou – Catharina saiu do quarto toda saltitante

– Desculpa por isso, ela tem alguns probleminhas. Vamos descer?

– Eu acho que eu devo ir para casa, você sabe, acho que já lhe aluguei muito por hoje, você deve ser uma garota muito disputada, todos te querem lá em baixo. – Ele colocou meu cabelo atrás da orelha – Vou te deixar com os seus amigos, vou te dar meu telefone, qualquer coisa você me liga – Ele me deu um beijo na testa.

– Então também anote o meu, você pode precisar de alguma coisa, ainda não sei para o que eu sirvo, mas vai que você precise – Eu realmente não sei o que estou falando

Ele tirou seu Iphone do bolso da jaqueta e anotou meu telefone e em seguida me passou o dele. Ele levantou e me levantou pela mão, descemos juntos, dessa vez as pessoas quase não olharam, a maioria estava falando e comentando alguma coisa entre si. Como a educação manda, levei Damon até o lado de fora da casa.

– Então tchau, cuidado com esse babaca e qualquer coisa me liga que venho correndo – Ele colocou uma das mãos na minha cintura me puxando para si e me deu outro beijo na testa.

– Tchau, pode deixar que vou manter distancia dele. Obrigado por tudo, de verdade.

– Eu juro que pensei que seu gosto era um pouco melhor, não lhe imaginava com os selvagens – Ele riu – Bom saber

– O meu gosto ta melhorando, eu juro, ou acho. Tchau Damon

Eu esperei ele ir embora e entrei em casa, assim que entrei me puxaram para o canto, era só o pessoal, mas alguém botou a mão no meu arranhão, ele ainda doía muito

–AAI – Eu berrei involuntariamente

– O que foi Elena? – perguntou Bonnie toda preocupada

– Foi o resultado do sexo selvagem que ela estava fazendo com o Damon lá no quarto – Disse Catharina rindo, como sempre.

– SEXO? Com o Damon? Qual é o seu problema, Catharina? - Perguntei irritada

– Ah, Elena, vai falar que vocês não estavam se agarrando?

– Catharina, qual é o seu problema? Estávamos abraçados, só isso. – Realmente, só isso.

– Quem é esse cara, Elena? – perguntou Bonnie

– Eu o conheci no dia do velório, no cemitério, ele me ajudou com algumas coisas e sei lá, ele é legal, é diferente. Misterioso

– Cemitério, ótimos lugar para conhecer as pessoas. – Disse Catharina com seu tom sarcástico – E agora vocês estão se pegando?

– Porra Catharina, não tem ninguém se pegando nessa história

– Então eu posso pegar ele? – perguntou Catharina com um sorriso maldoso no rosto

– Não Catharina, você não pode, então, tire seu cavalinho da chuva e não encha meu saco.

– Mas Elena, você nem o conhece de verdade e já estão íntimos? Você não tem medo? – Perguntou Bonnie toda preocupada

– Não, ele já me salv ... – Eu não podia dizer aquilo, - teria que explicar tudo para elas, não podiam saber que tinha acontecido novamente – Ele é legal, não se preocupe. Agora vamos falar com os meninos – Andamos em direção ao Peter e Matheus que não paravam de nos encarar

– Meninos, algum de vocês vi o Sammy? – Perguntei notando que Sammy não estava na sala

– Ele saiu pela porta dos fundos, já faz um tempo – Respondeu Matheus.

Ele só deve ter ido pegar um ar, era o que eu pensava até lembrar de Matt, ele não faria nada com o Sammy, ele não seria tão baixo e sujo, não pude contar com a sorte, corri direto para a porta dos fundos em direção ao meu quintal, só conseguia ver sombras, me aproximei o mais rápido possível, Sammy estava no chão, sei nariz sangrava e estava todo vermelho, ao seu lado estava Damon.

– O que aconteceu aqui? – Perguntei quase berrando sem saber o que aconteceu ou o que fazer

– Ele me bateu, ele só chegou e me bateu – Disse Sammy com alguma dificuldade para falar.

– Como Sammy? – Perguntei preocupada logo em seguida me joguei no chão para abraça-lo. Não conseguia olhar para Damon, como pode?

– Eu sai para pegar um ar, eu não queria estar ali dentro e ele me pegou por trás, está doendo Elena – Disse Sammy com seus olhos quase fechando – Minha cabeça dói, Elena. Faz isso parar

– Calma Sammy, respira. Quem fez isso com você?

– O .. – Os olhos de Sammy se fecharam, ele estava inconsciente. Levantei-me em direção ao Damon

– Como você pode? Ele é só um garoto - Dei um tapa na cara do Damon – E eu que achei que o meu gosto estava melhorando, o Matt pelo menos não é tão baixo assim.

Entrei correndo na casa, chamando por Peter e Matheus, eles me ajudaram a entrar com o Sammy, fiz todos os curativos necessários, Sammy não estava mais sangrando, mas ainda não tinha acordado. Meu pequeno Sammy, o que ele fez com você? Como ele pode? Ele é um mostro.