Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 48
Domingo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/267862/chapter/48

Sábado havia sido como nos velhos tempos, mal acordei e já estou eu escrevendo em meu caderno.

“Música, ar fresco e liberdade, a carga para a minha energia. Sua presença é brilhante, talvez eu devesse te chamar de vagalume por isso, mas os vagalumes só tem seu melhor momento a noite, você é especial 24 horas por dias. Um dia as pessoas pagaram para te ter ao lado delas, aproveito enquanto é exclusivo meu.”

Guardei meu caderno dentro da fronha do travesseiro e me levantei. Fui até a janela, o sol invadia o meu quarto e o aquecia em partes. Me abaixei ao lado da cama e o livro não estava mais lá. Me levantei rapidamente e não sabia o que fazer, eu não poderia simplesmente perguntar a Mary onde estava meu livro sobre fantasmas que aterrorizam casas. Duas vezes na semana, uma senhora ajudava Mary com os deveres domiciliar, apesar de eu ajudar, Mary sabe o quanto é importante para ela esse dinheiro que ganha, seu nome é Lola, uma cubana que mora em Framlingham há mais de dez anos. Decidi ir tomar o café da manhã, Mary não estava na cozinha, fui até a sala e também não se encontrava. Subi as escadas novamente, a porta do seu quarto estava entreaberta, Mary ainda estava deitada na sua cama, entrei lentamente, evitando fazer barulhos, fui até sua cama e olhei o rádio-relógio na cabeceira da cama, marcando 08:30 am, Mary já era para estar na sala assistindo seus programas. Fiquei a observando dormir por dez minutos, estava na dúvida se acordá-la era o certo a se fazer. Mary estava deitada na beira esquerda da cama, de costas para mim, estava coberta até os ombros, com seu edredon branco, dava para ver uma parte de seu pijama de regata rosa. Me inclinei para tocar seu ombro, mas ela se virou, para mudar de posição e ultimamente eu me assustava por qualquer coisa, e me assustei. Mary permaneceu dormindo e sua feição não era a das melhores, parecia incomodada com alguma coisa, poderia ser um pesadelo ou até mesmo uma dor física. A campainha tocou e olhei rapidamente para porta, quando me voltei para Mary, seus olhos estavam arregalados.

“Mary?” –Perguntei.

A campainha voltara a tocar.

“Vá atender a porta!” –Ela disse com uma voz rouca.

Sai correndo do quarto e cheguei até a porta, fiquei na ponta dos pés para olha no olho mágico e ninguém aparecera em frente a porta. Abri a porta desconfiada, quando pensei em sair de casa para ver se havia alguém na rua, Ethan aparece na minha frente.

“Surpresa!” –Ele disse.

O susto foi tão grande que andei para trás.

“Você ta maluco? Não são nem 9 am e já é o quarto susto que eu levo hoje!” –Eu disse colocando a mão em meu peito.

“Me desculpa, não era a minha intenção e...” –Ethan parou de falar e me olhou dos pés a cabeça. –“Belo pijama.” –Ele disse rindo.

“É que eu acordei quase agora e... eu não lhe devo satisfações, Ethan!” –Eu disse rindo. –“Mas, o que fazes aqui, a essa hora?” –Perguntei.

“Decidi caminhar com a minha mãe.” –Ele disse apontando para uma senhora próxima a rua.

A senhora acenou para mim e retribui com um sorriso e um discreto aceno, estava envergonhada por ainda estar de pijamas. Ethan e sua mãe estavam com roupas de malhar, Ele estava com uma regata azul com detalhes em preto na lateral e uma calça preta, já sua mãe estava com uma regata laranja e uma bermuda de Lycra preta.

“Minha mãe decidiu vir por aqui hoje, claro que não influenciei...” –Ele disse.

Apenas sorri.

“Volta mais tarde?” –Perguntei.

“Claro, trarei o violino até você.” –Ele disse.

“Que cavalheiro, muito obrigada.” –Eu disse rindo.

Eu estava apoiada na porta.

“Bom, não faça sua mãe ficar esperando.” –Eu disse.

“Verdade! As 3 p.m eu passo aqui!” –Disse Ethan.

“03:01 será considerado um atraso desrespeitoso!” –Eu disse.

Ethan fez um sinal como um soldado cumprimenta seu companheiro ou impositor. Sorri e esperei Ethan chegar até a sua mãe e fechei a porta. Me virei para voltar para o quarto de Mary, mas ela já estava na metade das escadas.

“Você está bem?” –Perguntei.

“Não sei, me sinto indisposta e pronta para vomitar a qualquer momento.” –Ela disse.

“Se estivesse namorando, juraria que está grávida.” –Eu disse.

Mary permaneceu calada, como se não quisesse falar sobre o assunto. Talvez quisesse estar namorando ou tem medo. Ela foi andando lentamente para a sala e se sentou no sofá próximo a janela.

“Não vai lanchar?” –Perguntei.

“Estou sem fome.” –Ela disse.

“Como assim ‘sem fome’? Você é a toda certinha que diz que ficar sem comer é errado, ainda mais de manhã! Vou te trazer uma vitamina, um suco, ou sei lá.” –Eu disse.

“Um suco eu aceito.” –Ela disse.

Sua voz estava fraca e eu realmente estava começando a ficar preocupada com isso. Fui até a cozinha e abri a geladeira. Por sorte, ainda havia suco de laranja na jarra, servi o suco para nós duas e coloquei a jarra vazia na pia. Levei os dois copos para a sala, parei em frente a Mary e a entreguei o copo.

“Muito obrigada, filha.” –Ela disse.

Me sentei ao seu lado e liguei a tv. Era domingo, nada de interessante costuma passar na tv aos domingos.

“Você gosta do Ethan?” –Mary perguntou.

Eu estava tomando um gole do suco e me engasguei com a pergunta. Tossi quatro vezes e me virei para ela.

“O que? Não.” –Eu disse, ainda tossindo.

“Vi como o tratou ainda agora.” –Ela disse.

“Mary!”- Eu disse espantada. –“Como pode pensar algo assim? Eu namoro com o Teddy!” –Eu disse.

“É, mas assim como o Ed está de olho em outra garota, você está afim do Ethan.” –Ela disse, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Fiquei admirada olhando para ela e me levantei.

“Não acredito que está dizendo uma coisa dessas...” –Sai em direção a cozinha.

Parei em frente a pia, terminei de tomar o meu copo de suco, que estava na metade e o lavei, junto com a jarra. Após terminar a louça, permaneci em frente a pia, sem acreditar no que a Mary havia dito, aliás, não queria acreditar mesmo naquilo. Claro que eu não estava gostando de Ethan, minhas dúvidas estavam sobre Ed e April. Quando entrei na escola, soube que Teddy e Ethan eram grandes amigos e talvez agora eu entenda o ódio repentino por Ethan. Ele conseguiu April, Teddy não, agora ele deve estar com o mesmo medo, ficar sozinho enquanto Ethan fica com a garota. Posso até entender o Teddy, mas queria que ele conversasse isso comigo.

Sai da cozinha e Mary estava em pé na porta a sala, ela aparentava realmente estar muito mal. Ainda de pijama, seu cabelo estava todo bagunçado e suas olheiras gritavam.

“Você deveria ir ao médico.” –Eu sugeria a Mary.

“Não, eu estou acostumada a me sentir assim as vezes, tomarei meu remédio e voltarei para a cama.” –Ela disse indo em direção ao banheiro.

“E o que é isso exatamente?” –Perguntei.

“Nada, estou bem.” –Ela disse entrando no banheiro e fechando a porta.

Decidi procurar o livro que havia sumido, subi as escadas e fui até o meu quarto. Me abaixei ao lado da cama e olhei debaixo dela e nada do livro, apenas poeiras. Não conseguia imaginar onde ele estava.

Passaram-se duas horas após o almoço, Mary havia acordado melhor e almoçamos macarrão instantâneo. Ela retornou para seu quarto e fui para sala, estava esperando o Ethan. Cochilei no sofá, acordei com o barulho da campainha, mas demorei para associar o barulho a ter alguém na porta. Me levantei rápido e corri até a porta, a abri sem olhar pelo olho mágico e me deparei com Ethan.

“Esperando há muito tempo?” –Perguntei ofegante.

“Não, toquei três vezes só.” –Ele disse.

“Entra!” –Eu disse abrindo mais a porta. –“Eu estava dormindo no sofá.” –Completei.

“Ah, desculpe, se quiser, pode voltar a dormir.” –Disse Ethan parando de andar.

“Claro que não!” –Eu disse o puxando pelo braço esquerdo.

Ethan me acompanhou até a sala e colocou seu violino sobre a mesa de centro.

“Ainda se lembra como toca?” –Ele perguntou.

“Ainda lembra o meu nome?” –Perguntei a ele.

“Se um dia eu esquecer, o tatue em meu pulso e sempre lembrarei.” –Ele disse.

Sorri e não conseguia tirar o assunto “April” da minha cabeça, eu tinha que conversar com ele sobre isso.

“Você já namorou com a April?” –Perguntei.

“Sim, por seis meses.” –Ele respondeu.

Ethan não pareceu incomodado com a pergunta e me motivou a fazer outras.

“E como ela é?” –Perguntei.

“Como assim?” –Ethan me perguntou.

“Ah...não sei, como ela tratou você?” –Perguntei novamente.

“Bem.” –Ele respondeu.

“Só isso?” –Perguntei outra vez.

“Sim.” –Ethan respondeu.

“Tudo bem.” –Eu disse.

“Terminamos porque ela começou a gostar do Ed.” –Ele disse.

Olhei para o Ethan e não sabia o que pensar.

“Quando vocês começaram a namorar, confesso que ela veio até a mim perguntando se eu não impediria e pediu minha ajuda para terminar com vocês.” –Ele disse.

Continuei olhando para Ethan e cada vez mais me sentia surpresa.

“Mas claro que não aceitei.” –Ele completou.

“Ela me parecia uma boa pessoa...” –Eu disse.

“E ela é! Só esquece disso quando quer muito alguma coisa ou alguém. Até a Lori não gosta dela.” –Ele disse.

“Bom, vamos começar a aula, é melhor.” –Eu disse.

A aula durou duas horas e meia e em nenhum momento Mary havia descido para oferecer um lanche para a gente, como sempre estava acostumada a fazer. Eu estava começando a me preocupar de verdade com ela. Ao término da aula, me dirigi até a cozinha e preparei dois sanduíches naturais para comermos, Ethan não me ajudou no preparo do lanche e apenas ficou sentado na mesa, me olhando, sem nada dizer. Sabe, Ethan era um menino tão bom que não deveria gostar de mim, queria que alguém retribuísse todo o amor que ele era capaz de dar. Não o acho muito diferente do Teddy, mas de alguma forma, o Teddy ganha muito o meu coração. O domingo estava acabando e eu ainda não havia falado com Teddy, nem por mensagem.

“Não se preocupe, você não vai perder o Ed para a April.” –Ele disse.

Olhei para ele e pensei em agradecer, mas preferi ignorar. Já eram 7:30 p.m e a mãe de Ethan já o esperava na porta da minha casa. O acompanhei até ela.

“Obrigada pela aula.” –Eu disse o abraçando.

“Posso vir quando quiser.” –Ele disse.

“Me lembrarei disso.” –Eu disse. –“Até amanhã.” –Completei.

Ethan entrou no carro de sua mãe, acenei para ela.

“Tenha uma boa noite, querida.” –Ela disse.

“A senhor também. Tchau!” –Eu disse ainda acenando.

Esperei o carro fazer a curva na esquina e entrei. Subi para o meu quarto e fechei a porta. Peguei o meu celular que estava sobre a mesa de estudos, nenhuma mensagem ou ligação perdida. Me sentei na cama e liguei para Teddy. Ele esperou tocar quatro vezes e enfim atendeu.

“Teddy?” –Eu perguntei.

“Ele não está.” –Uma voz de mulher havia me respondido.

“E onde ele está?” –Perguntei.

“Deve estar na casa dele, ele esqueceu o celular aqui na minha casa.” –Ela repondeu.

Fiquei em silêncio e enfim decidi perguntar.

“E... quem é você?” –Perguntei, com medo da resposta.

“April!” –Ela disse.

Fiquei em silêncio e tirei o celular de perto do meu ouvido, eu conseguia ouvir “Alô? Alô?” vindo do celular e desliguei a ligação. Sai do meu quarto e desci até a sala, me sentei no sofá e peguei o telefone que ficava na mesa ao lado. Decidi ligar para a casa do Teddy.

“Alô?” –Um menino me atendeu?

“Matt? O Teddy está?” –Perguntei.

“Está sim, espera que vou chamar ele.” –Ele respondeu.

“Está bem.” –Eu disse.

Teddy demorou mais de cinco minutos para atender.

“Alô?” –Atendeu Teddy. –“Desculpa a demora, estava no quarto.” –Ele completou.

“O que você estava fazendo na casa da April?” –Perguntei.

Teddy permaneceu em silêncio e nada respondeu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

MIL DESCULPAS PELA DEMORA. Se ainda tiver alguém acompanhando, eu estava ocupada com inúmeros trabalhos da faculdade, por ser final de período e tal, talvez, semana que vem eu já volte a postar normalmente, ok?
-- OBRIGADA A QUEM AINDA ACOMPANHA! --
espero que tenham gostado. ♥
Sheeranator Mafia | Facebook



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Folhas De Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.