O filme do Zorro terminou e decidimos dar uma pausa considerável entre um filme e outro. Mary já estava em seu quarto e não descera desde então.

“Acho que desde sempre, eu quis esse momento.” – Disse Ed me olhando.

“Tenho medo de isso ser um sonho.” – Eu disse.

“Vejamos...” – Ele disse me dando um leve beliscão no braço esquerdo.

“Você ta maluco?” – Eu disse batendo nele.

“Acho que estou inspirado para criar uma música.” –Ele disse.

“Nossa, você é um poço de inspiração, toda hora cria uma música.” – Eu disse rindo.

“Claro, a cada minuto novo contigo, tenho uma inspiração diferente.” – Ele disse.

“Você é um poeta.” –Eu disse rindo e em seguida dei um selinho nele. – “Mas então, cadê a música?”

“Posso inventar músicas toda hora, mas eu não simplesmente as vomito, espera, mulher.” – Ele disse.

Quando ele disse “Mulher”, eu não conseguia parar de rir, não sei, foi fofo e engraçado ao mesmo tempo, eu me sinto tão feliz ao lado dele, que qualquer coisa me fazia rir. Teddy ficara me olhando, prendendo o riso, talvez querendo rir de mim, sem entender ao certo o por quê de eu estar rindo. Ri tanto, que senti uma lágrima escorrer do meu olho direito. Fui parando de rir aos poucos e Teddy continuara me olhando sem entender nada.

“O que tinha na sua pipoca?” – Ele perguntou.

“Espera, Teddy, não fala nada, se não volto a rir, ai...” – Eu disse quase rindo.

Quando finalmente parei de rir, fui até a cozinha beber água. Teddy permaneceu no sofá. Tomei a água do filtro mesmo, estava um pouco quente. Logo voltei para a sala e Ed estava trocando o filme.

“Estou aguardando a música.” – Eu disse me sentando no sofá.

Ed estava em pé na frente da tv, guardando o dvd do filme do Zorro. Ele olhou para mim e sorriu. Ele pegou “A chave mestra” que estava em cima da mesinha de centro e o colocou no dvd. Teddy se sentou do meu lado esquerdo, dessa vez.

“Não vai querer comer nada?” – Perguntei.

“Que horas são?” – Ele perguntou.

“6:10 PM” – Respondi.

“Vamos jantar logo.” – Ele disse se levantando.

Fomos até a cozinha e esquentamos nossa comida. Mary aparecera na porta, ao ouvir o barulho dos pratos.

“Já vão comer?” – Ela perguntou.

“Sim, para podermos ver o outro filme.” – Eu disse.

“Deixa que eu coloco a comida de vocês.” –Ela disse.

“Não, Sra. Lane, está tudo bem, nós já estamos esquentando a comida.” –Disse Ed.

“Tudo bem então. Precisam de mais alguma coisa?” –Ela perguntou.

“Não, obrigada, mãe.” –Eu disse.

Como sempre, Mary sorriu ao ouvir eu dizer “Mãe”, era um sorriso diferente de todos que já vi em seu rosto. Ela voltara para seu quarto e Teddy montara nossos pratos. Não demorou muito e começamos a comer. A comida estava deliciosa, tirando a cebola, que eu odeio.

“Meu dia não poderia ficar melhor.” –Ele disse.

“Ah poderia sim! Você poderia estar...”-Fui interrompida.

“Meu Deus, deixa eu parecer romântico!” – Ele disse.

“Parecer? Por favor, Teddy, você já é.” – Eu disse, após tomar o suco.

Ele sorriu, talvez um pouco sem graça, e nada respondeu. Teddy terminou primeiro sua janta e lavou sua louça. Terminei a minha e ele quem lavou a louça. O fiquei observando lavar o prato e não sabia o que dizer, apenas admirava. Teddy sussurrara algumas palavras, que com o tempo, notei que tinham um ritmo.

“Que música está cantando?” – Perguntei.

“Não sei, acabei de inventar.” – Ele disse, lavando o prato.

Depois de lavar, Teddy me deu o prato para eu secar, e continuou sussurrando a tal música.

“Poderia cantar mais alto? Quero entender.” – Eu disse.

“Não está pronta e nem sei se daria uma música.” –Ele disse.

  Fomos para a sala e me sentei no sofá, enquanto Ed pegara o controle que estava em cima do dvd. Ele se sentou do meu lado direto e procurou o “play” no controle e o apertou. O filme “A chave mestra” começou. O filme era realmente como eu esperava, gostava de levar alguns sustos.

  O filme terminara e Ed teve que ir para casa. Mary o levou e eu fui junto.

“Vou escrever a música sobre hoje.” – Ele disse depois de sair do carro.

“Estou ansiosa para ouvi-la.” – Eu disse.

Teddy me deu um selinho demorado e caminhou até a porta de sua casa. Ele acenou e eu entrei no carro e Mary saiu com o carro, em direção a nossa casa.

“Vejo que se deram muito bem hoje.” – Disse Mary, dirigindo o carro.

“É, foi um dia incrível.” –Eu disse.

“E agora, vão namorar?” –Mary perguntou.

“Eu não sei, Mary, não quero pressionar o Teddy a me pedir e eu não quero pedir a ele, sabe? Estamos bem assim, sem um compromisso, não sei.” – Eu disse.

“Não sei bem o que você disse, mas eu acho que entendi e se está bem assim, apoiarei sempre.” – Ela disse.

Mary era tão legal comigo, me pergunto o que fiz para merecer isso. Ela era uma mulher incrível e Amy seria também. Estranho, eu penso na Amy todos os dias, mesmo nunca a tendo conhecido, e lamento muito. Não demoramos muito e já estávamos em casa.

“Você tem vídeos da Amy?”- Perguntei entrando em casa.

“Tenho sim, gravava todo mês.” –Ela disse com um sorriso em seu rosto.

“Eu...eu poderia ver?” – Perguntei.

Mary me olhou surpresa e em seguida sorriu.

“Mas é claro! Fico feliz com o pedido.” –Ela disse. –“Vou buscar algumas fitas.” –Ela completou.

Fui para a sala e esperei. Mary subira, talvez para o seu quarto. Em menos de vinte minutos, ela voltou com uma pequena caixa e a colocou sobre a mesinha de centro. Na caixa tinham dez fitas. Ele foi lendo o rótulo de cada uma e colocou a fita escrita “Amy 6 anos”. A fita começara e Amy estava vestida de princesa, um vestido rosa e uma peruca também rosa.

“Mamãe, sou a cinderela.” – Disse Amy rodando.

“A cinderela mais linda.” – Disse Mary.

O pai que filmava o vídeo, enquanto Mary e Amy giravam. Podia notar o quão felizes eram, a maior parte do vídeo eram elas gargalhando e Amy dando tchau para a câmera. Olhei para Mary, que olhava para a tv, sorrindo.

“Queria ter conhecido ela.” – Comentei.

“Ela iria te amar, certeza.” –Disse Mary passando sua mão direita em meu rosto.

Continuamos a assistir o vídeo, Mary não derramara uma lágrima, apenas sorria, com um lindo brilho em seus olhos. Pedi para ver todas as dez fitas, e vimos. A última, Amy já estava no hospital, com um lindo lenço do Mickey na cabeça. Ela realmente era um anjo, acho que ela nunca demonstrara o que era tristeza, pelo menos, não em seus vídeos. Ela sempre sorria e fazia os outros rirem, queria ser assim, aprenderei com Amy.