Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 3
Folhas de outono


Notas iniciais do capítulo

História triste.



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Nunca achei que fosse dizer isso, mas achei meu primeiro dia de aula bom. Pela primeira vez, não fui tratada mal por ninguém, e ainda tinha feito duas novas amizades. Infelizmente, ainda não descobri ninguém que morasse perto de mim, Beth foi para o caminho oposto, e sua mãe quem a buscou. Ed entrou no ônibus escolar.

Ao chegar em casa, me deparei com Mary sentada no sofá vendo algum tipo de novela, beijei a cabeça dela e ela deu um largo sorriso. Corri para o meu quarto, no segundo andar e me deitei na cama, olhando para o teto. Depois de uns longos minutos, me sentei e comecei a observar cada detalhe do quarto, todo projetado para uma linda criança, todo rosa claro com adesivos de flores, já desgastados, porém ainda mantinham o charme do quarto. Na parede de frente para a minha cama, haviam marcas, dando a entender que por muito tempo, lindos porta-retratos estavam pendurados ali. Como eu já havia dito, Mary não tem marido e filhos, mas um dia já teve tudo isso.

Assim que Mary me levou para mostrar o quarto, no domingo em que cheguei, ela me contou toda a história do mesmo, ele pertencia a sua filha Amy, que faleceu aos oito anos por vítima de câncer. Nos sentamos na cama e ela me mostrou os vários álbuns que tinha com fotos de Amy, desde seu nascimento até seu último dia no hospital. Sem derramar uma gota de lágrima, Mary apenas sorria ao ver as fotos, dizendo que foram os melhores anos de sua vida, porque um pequeno anjinho havia lhe ensinado como ser feliz, e depois que ela aprendeu, o anjinho teve que ir embora, para ensinar outra pessoa.

Amy era uma menina linda, mas nada parecia com a mãe, ela era morena com os olhos castanhos claros, igual ao seu pai, que aparecera em inúmeras fotos dos álbuns, mas sumiu da vida de Mary dois meses após a morte de Amy, dando uma desculpa que não conseguiria viver com a mulher que foi mãe da Little Angel, como eles a chamavam. Eu quis chorar com toda a história, mas no fundo fiquei feliz em saber que Mary teve confiança em mim, e quis compartilhar comigo toda a angústia que levava em seu peito. Mas olha como o mundo é, eu ainda não me sentia bem em contar sobre minha vida, porém ela sabia que eu era emancipada, e mesmo sem assim, meu pai era obrigado a me pagar 300 reais por mês, e um terço disso, ia para o aluguel do quarto, o resto eu ia guardando no meu cofrinho.

Me levantei para escolher logo a minha roupa para amanhã, nada me agradava, de tanto passar as roupas de um lado para o outro, pude notar rabiscos ao fundo do guarda-roupa, afastei as roupas para o canto e comecei a observar. Não eram rabiscos com canetas, eram coisas fundas, talvez arranhados com chaves ou algo cortante, tinha uma frase “Amy quer ser feliz”, sem fazer esforço algum, uma lagrima correu pelo meu rosto, e logo parou ao chegar no meu queixo, procurei algo em meus bolsos e encontrei a chave da porta, que Mary havia feito para mim, escrevi abaixo da frase “Eu também”. Fiquei observando o que eu havia feito, e pensado que, Amy era amada por seus pais, porém sofria muito com sua doença, eu sou saudável, e odiada pelos meus pais...

Fechei o guarda-roupa, peguei um casaco que estava pendurado atrás da porta e desci até a sala, Mary ainda estava no mesmo lugar, assistindo a mesma novela. Disse a ela que eu ia sair para andar um pouco de bicicleta, Mary me disse onde ela guardava a dela e fui buscar, lá nos fundos. Há quanto tempo eu não andava de bicicleta por puro lazer, para passar meu tempo, a rua em que eu morava, era tão linda, poderia passar horas a observando. Toda arborizada, e as árvores estavam laranjas, com folhas de outono caindo por todo o caminho, realmente algo lindo. Andei até o final da rua e segui para a minha direita, eu realmente não sabia onde ia dar, uma folha caiu no meu rosto, e acabou acertando o meu olho, como eu não sou nada desastrada, cai. Minha sorte é que cai para a calçada, o chão não chegava nunca! Ralei todo o meu anti-braço e perna direita, nada muito sério, porém estava ardendo muito.

“Yolanda!” – ouvi alguém gritar meu nome.

Procurei a pessoa porém não a encontrei, olhei para todos os lados possíveis e nada. Eu permaneci sentada no chão, com a bicicleta caída ao meu lado.

“Yolanda, você está bem?” – A voz vinha atrás de mim.

Me virei e era Ed, saindo de uma casa, IMPOSSÍVEL que eu tenha caído bem em frente a casa dele. Ele se agachou ao meu lado e encostou sua mão direita em meu ombro esquerdo.

"Eu vi quando você caiu! Eu moro aqui!" - Ele disse apontando para a casa azul, a qual eu o vi sair.

"Eu to bem..." - Eu disse evitando olhar em seus olhos.

"Deixa eu ver isso ai." - Ele disse segurando meu braço direito.

Ele o puxou cuidadosamente e viu o ferimento. Soltou meu braço e com sua mão esquerda tocou meu joelho e o puxou, para ver o machucado e observou que minha calça estava rasgada.

"Vem, vamos cuidar disso." - Ele disse se levantando.

"Não, Não! Tenho remédio em casa!" - Eu disse ainda sentada.

"Onde você mora?" - Ele perguntou me olhando.

"Há uns seis quarteirões daqui!" - Eu disse.

"Minha casa é mais perto. Vem comigo!" - Ele disse esticando sua mão esquerda para mim.

Olhei para a mão dele e em seguida o olhei, com a minha mão esquerda segurei sua mão e ele me ajudou a se levantar.

"Consegue andar?" - Ele me perguntou.

Dei uns passos como teste e afirmei com a cabeça. Ele pegou a minha bicicleta e a levou até a porta de sua casa. Eu andando devagar, demorou para chegar até ele, e Ed me esperou pacientemente. Ele abriu a porta, deixou eu passar primeiro e logo em seguida também entrou. Pude notar uma decoração antiga e bonita, tudo tão bem arrumado. Ed me levou até a sela de estar, me sentei no sofá e o esperei ir buscar os remédios no banheiro. Não demorou muito, ele voltou com uma maletinha. Se agachou na minha frente e colocou a maleta no sofá, abriu e pegou remédio e algodão. Olhou para a minha calça rasgada e olhou para mim, jogou um pouco de remédio no algodão e passou no buraco que fez em minha calça. Como era um remédio para limpar, ardeu muito.

"Desculpa!" - Ele disse ao notar que eu puxei a perna.

Após passar o remédio em todos os ferimentos, ele se sentou ao meu lado.

"Quando secar, te acompanho até sua casa." - Ele disse guardando os remédios na maleta. - "Está com fome?"

"Estou sim, mas não quero comer, quero ir pra casa!" - Eu disse olhando para o ferimento do braço.

"Tem medo de mim? Posso ser um ruivo estranho, mas não tenha medo." - Ele disse sorrindo.

"A última coisa que sinto ao seu lado, é medo..." - Eu disse olhando para ele e abaixando o tom de voz no final da frase.

Eu não sei como consegui dizer isso, porém senti algo muito bom. Ele ficou me olhando com um leve sorriso em seu rosto.

"Tudo bem, te levo em casa e você come a comida da sua mãe!" - Ele disse se levantando.

"Não é minha mãe..." - Eu disse abaixando a cabeça.

Ele ficou em se silencio e se levantou, esticou novamente sua mão para me ajudar a levantar.

"Vamos, eu te carrego!" - Ele disse.

Ergui a cabeça e o olhei, dei um leve sorriso e segurei sua mão, que estava gelada. Me levantei e fomos até a bicicleta. Me sentei atrás dele e o abracei por trás. Não demorou muito e chegamos em casa.

"Muito obrigada mesmo, Ed!" - Eu disse segurando a bicicleta.

"Tenho que ajudar meus amigos!" - Ele sorriu.

Não sabia o que dizer, apenas sorri e fui andando para a porta, larguei a bicicleta no chão, acenei para ele e entrei. O observei partir, o olhando pela janela. E assim terminava o melhor dia da minha vida...



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Notas finais do capítulo

Deixem review, por favor.
Me emocionei muito com o início desse capítulo,
espero que tenha tocado em vocês de alguma forma.
Sexta tem outro capítulo.