Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 112
Martina




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Joana saia todo dia as sete da manhã, dizendo ir atrás de emprego. Não duvidava dela. Ela voltava com, no mínimo, cinco panfletos diferente. Nunca voltava com uma proposta. Até no último sábado. Joana tinha entrevista marcada, para ser garçonete em um chique restaurante, podemos chamar assim. Camilla estava orgulhosa da mãe, afinal, não a víamos bebendo mais, e um perfume de rosas tomava conta do cheiro de cigarro. Camilla tratou do cabelo da mãe, assim como aprendeu no salão de beleza, o qual era manicure.

“Ela não causou nenhum dano, até agora.” –Disse Pedro.

Camilla e Joana olhavam os classificados em um velho jornal de domingo, enquanto Pedro me sussurrava dizendo o quanto estava feliz naquele dia. Fiquei semana sem telefonar para Teddy, mas conversávamos via twitter. Quantas perguntas eu recebia todos os dias sobre a entrevista transmitida no programa do Luciano. Grande maioria eu apenas ignorava, outras eu era gentil o máximo que eu conseguia ser. Nunca me reconheceram na rua, o que me deixava aliviada.

Joana ficou mais tempo do que o que Pedro . Três meses. Camilla já não conseguia mais esconder a barriga. Descobrimos que era uma menina. O quarto já estava todo enfeitado com o nome “Penny” em rosa. Camilla trocou sua cama por uma de casal, para poder dormir com sua mãe. O quarto perdeu um pouco do espaço, mas ela não se importou, estava animada para morar com sua mãe um dia. Eu tinha medo que isso acontecesse. Camilla era o tipo de pessoa impulsiva e bipolar. Ela quer algo agora e se demorar muito, não a quer mais. Ou pelo menos finge não querer. Assim como fala sem pensar, ela age também.

“Tudo pronto para o casamento!” –Disse Sara, entrando na sala.

Sara quis organizar todo o casamento sozinha, só pedia minha opinião para aprovar o que ela havia escolhido. Eu concordava com tudo, menos com o fato de strippers entreter as pessoas no fim da festa. Pessoas já foram informadas do fechamento da Low Club no dia 22 de Dezembro, para o casamento de um dos sócios. Faltava um pouco mais que um mês.

“Boa tarde. Esta é Martina.” –Disse Pedro, entrando com uma mulher loira no apartamento.

A olhei dos pés a cabeça e ela não me parecia familiar. Ela se vestia bem, mas não aparentava ser mais uma mulher rica daquele bairro ou dos arredores. Ela se apresentou e falava espanhol. Martina Villanueva. Seu cabelo era alisado por químicos. A cor dele também. Era um loiro falso. Era notório. Sua pele parecia suja por barro, mas ela cheirava a baunilha. Apertei sua mão, era macia e sua unha vermelha era enorme. Talvez fosse postiça. Tudo naquela mulher parecia falso. Seu sotaque espanhol já estava se perdendo, ela contou que estava no país há quatro anos. Veio com seu ex marido, Sérgio, se separaram em 2010. Ela se recusou a dizer o motivo. Luciana não quis voltar para a Espanha. Eles são de Santander.

“É um prazer conhecer a mulher que o Pedro tanto fala.” –Ela disse, forçando um sorriso simpático.

Eu não gostei dela. Mesmo não a conhecendo direito, eu poderia dizer com toda a certeza, de que ela não estava ali para me fazer bem. Não que ela quisesse meu mal, mas o faria sem perceber. Servi um suco de manga para ela e Pedro. Nos sentamos no sofá. Pedro sentou ao lado de Martina. Eles riam, gargalhavam, contavam lembranças dos dois. Eles pareciam se conhecer tão bem e ele nunca havia me contado sobre ela. Martina ficou por uma hora e foi embora.

“Por que nunca a conheci?” –Perguntei para Pedro, assim que ele voltou para o apartamento.

“Eu não sei.”

“Como a conheceu?”

“Na boate. O marido dela estava interessado em se tornar um sócio, mas o assunto foi encerrado quando eles se separaram.”

“Tudo bem. Vocês parecem tão amigo.”

“A gente mantêm contato desde então. Ela sempre vai a boate.”

Pedro decidiu mudar o assunto falando sobre Sérgio. Era um senhor de quase setenta anos e Martina afirmou que estava com ele por dinheiro e queria sair de Santanter. Não tinha dinheiro nem mesmo para ir a Barcelona. Eles estavam casados por oito anos e não tiveram filhos. Mas Sérgio tinha três com duas mulheres diferentes. Martina contou que já dormiu com seu enteado mais velho, Matias, de vinte anos. Ela tinha vinte e três na época. Agora tinha vinte e seis. Eu não estava conseguindo digerir o fato de Pedro ter “escondido” tanto ela e agora a trazer em casa. Camilla adorou o fato de ela ser de outro país e pediu vários presentes. Joana também. Todos se deram bem com Martina, menos eu. Decidi ligar para Teddy. Stuart atendeu. Teddy estava dormindo. Pensei em deixar mensagem, mas Stuart leria.

“Você gostou mesmo da Martina.” –Eu disse para Camilla.

“Sim. Ela parece bem legal. Adorei as unhas delas. Ah! Ela amou o nome do bebê.” –Camilla disse, dobrando algumas roupas. –“Você não gostou dela, né?”

Neguei com a cabeça. Camilla começou a rir. Disse que eu estava com inveja das pernas grossas que Martina tinha. Confesso que nem reparei muito nisso. Meus olhos ficaram reparando em cada detalhe da conversa dela e Pedro. Eles pareciam tão íntimos. Tão quanto eu era com Teddy.

Acordei com o som da campainha tocando. Olhei a hora no meu celular e eram dez para as oito da manhã. Pedro parecia que não estava na cama há algum tempo. Ouvi vozes vindo da sala e me levantei. Martina. Ela estava sentada no meu sofá, gargalhando alto. Ela se levantou para falar comigo e me deu dois beijos nas bochechas. Não retribui seu abraço.

“Vou comprar o pão.” –Eu disse.

“Relaxa, queridinha, eu já comprei.” –Martina disse, apontando para a mesa.

Abri o saco sobre a mesa e lá dentro estavam dez pães ainda quentes. O cheiro estava ótimo. Pedro pediu para eu preparar o café da manhã. Camilla saiu do seu quarto e foi correndo para os braços de Martina, que tinha dois presentes para Penny. Eram dois vestidos de recém-nascidos. Um rosa e outro branco. Eram realmente muito bonitos. Arrumei o café sobre a mesa e Pedro conduziu Martina até a mesa. Me sentei entre Camilla e Martina. Deixei meu pão pela metade. Eles estavam muito felizes para a minha realidade naquele momento. Eu não conseguia acompanhá-los e me retirei. Ninguém reclamou por minha ausência.

“Parece triste.” –Disse Joana, entrando na cozinha.

Eu estava lavando algumas louças da noite anterior e neguei com a cabeça. Ela perguntou se meu problema era a Martina e continuei negando. Joana me ajudou secando a louça. Da cozinha era possível ouvi-los. Martina falava muito alto e Camilla, empolgada, também falava.

“Essa Martina parece estar roubando seu noivo.” –Disse Joana, secando um copo.


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando ao final? Talvez.
Leitores novos, muito obrigada por terem coragem de ler mais de 100 capítulos, sei que não são muito grandes, mas sempre deixam FDO de lado quando veem o número de capítulos.
Ah, já estou pensando em uma próxima história, mas talvez não tenha ninguém famoso. Um dia escrevo a sinopse aqui, quero ter, pelo menos, três opções diferentes de temas, talvez vocês possam me ajudar dando sugestões.
OBRIGADA por lerem. ♥
Jenny, eddictedhoran



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