Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 109
Eu volto




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O aeroporto estava muito frio. Stuart nos esperava, impaciente. Falou um monte de coisa para Teddy, que parecia não se importar. Dividimos um sundae de chocolate, enquanto ele esperava a hora para o voo. Faltava uma hora e meia. Em meia hora ele já teria que ir. Teddy entrou em uma loja e comprou um pequeno Cristo Redentor, para por na estante de sua casa. Ele comprou um igual para mim.

“Eu volto.” –Disse Teddy, após anunciarem seu voo.

Ele segurou meu rosto com as suas duas mãos e encostou seus lábios na minha testa. Fechei os olhos. Durou alguns segundos e senti o carinho no meu rosto. Stuart o chamava para ir embora. Stu foi gentil enquanto se despedia de mim, mas agora estava apressado para ir. Abracei Teddy o mais apertado que pude.

“Ainda te amo.” –Ele disse, ao se afastar.

Antes que eu pudesse dizer o mesmo, o voz no auto falante dizia ser a última chance para embarcar. Teddy acenou após apresentar sua passagem a mulher no portão e entrou. Ele estava indo embora. Ficaríamos afastados novamente. Lágrimas quentes molhavam o meu rosto e logo gelavam por causa do ar condicionado. Me sentei próximo ao portão e esperei minha crise de choro passar. Doía tanto. O movimento de pessoas pelo aeroporto não parava. Enquanto minhas lágrimas secavam, eu observava cada um que passasse na minha frente. Uns sorriam, outros estavam sérios, outros com mochilas nas costas, apenas uma pequena mala de negócios, crianças com seus brinquedos em mãos, mãos vazias. Cada um tinha seu motivo importante para estar ali. Liguei para Pedro, minha voz já havia voltado ao normal e não dava para perceber os minutos que gastei chorando. Ele queria me buscar, por já estar tarde, mas eu já estava dentro de um taxi. Era uma mulher que dirigia. Ao chegar no prédio, encontrei Sara, saindo do elevador.

“Yolanda!” –Ela disse, me dando dois beijos nas bochechas. –“Olha, achei um lugar ótimo para você comprar um lindo vestido!”

Demorei a entender que ela falava sobre os preparativos do casamento. Faltavam apenas quatro meses. Agosto estava chegando ao fim e Dezembro era a próxima página, praticamente. Camilla e Pedro estavam na sala, assistindo ao final da novela. Ela estava empolgada para saber sobre o meu dia, mas eu não queria contar. No banho, vivi cada momento novamente. A entrevista, a praia, o beijo. A água gelada não levava para o ralo toda a minha lembrança de um dia perfeito.

Fui até o computador e mudei meu nome para Emília. Caso eu quisesse conversar com Teddy por lá, eu não deveria cometer erros.

“Havia me esquecido da importância de um por do sol.” – Era o último tweet de Teddy.

“Então, como foi?.” –Disse Camilla, parando ao meu lado.

O medo de deixar qualquer pequena informação escapar, impedia que eu abrisse a boca, mesmo para pedir que ela se retira-se. Enquanto eu conversar com Kelly-Anne, que passava a madrugada acordada, por culpa da insônia, senti um beijo na parte de trás da minha cabeça. Olhei pra cima e vi o sorriso de Pedro. Esconder o que aconteceu, fazia que meu coração se quebrasse aos poucos. Acho que meu coração, na verdade, não tinha mais onde quebrar, talvez ele nunca tenha sido inteiro o suficiente para suportar tanta dor. Achei que Teddy quem o remendaria, mas logo se parte novamente. Da porta, observei Pedro dormir na cama. Eu aparecia na vida das pessoas para destruir elas. Isso não saia da minha cabeça. Sempre me sentirei culpada pela morte de Mary, pelo o que aconteceu com Camilla, por ter preocupado tanto Ana, todos. Agora, partir o coração de Pedro.

“Camilla, você me acha uma má pessoa?” –Perguntei, me sentando em sua cama.

Ela já estava preparada para dormir. Estava com uma camisola de seda vermelha, para grávida. Muito cedo para usar aquela, mas ela estava ansiosa para comprar uma. Ela abriu os olhos, mas não parecia sonolenta.

“Eu acredito que sim. Penso nisso todo dia.” –Ela disse, se sentando. –“Mas logo passa, porque você se esforça tanto pra cuidar de mim.”

Dei um leve sorriso. Confesso ter ficado decepcionada com a primeira metade de sua resposta, mas como sempre, ela tinha razão. Uma dolorosa razão.

“Olha, Yolanda, você é muito melhor do que minha mãe. Ela eu nem sei onde está, provavelmente bebendo, você está aqui, comigo. Se preocupando comigo. Se preocupando com o bebê. Não tenho o que reclamar, mesmo, as vezes, eu tendo meus motivos, eu gosto de viver contigo.” –Ela disse. –“Agora me deixa dormir.”

A abracei e desejei boa noite. Ela se virou para a parede e se ajeitou na cama. O berço do bebê já estava arrumado. Vários detalhes rosas, Camilla cismou que é Penélope, ignorando o fato de que pode ser um menino também.

Pedro ainda estava dormindo. A claridade era bloqueada pela cortina. Meu celular estava carregando, na tomada próxima a porta. Tinha uma mensagem. Teddy.

Cheguei nos Estados Unidos. Eu tinha me esquecido o que era frio. Espero que tenha chegado em casa bem. Nos vemos em breve. T x

Respondi sua mensagem dizendo que estava bem sim e perguntando o que ele entendia por “breve”. Eu estava ansiosa para vê-lo novamente. Devo admitir que não é mais o mesmo Teddy da escola, mas não quero dizer que tenha mudado para pior ou melhor. Era um novo Teddy, o qual eu ainda estou conhecendo. Soube o quão ele gosta que o chamem de Teddy. Não sei se ele inventou algum novo motivo para isso, mas eu sabia o verdadeiro.

“Breve tipo... esse ano.” –Ele respondeu, apenas isso.

Apaguei as mensagens, para evitar interpretações erradas. Ou talvez certas. Estou confusa. Liguei a TV da sala e estava  começando um programa de culinária. O assisti, por falta de opção.

“Não aguento mais essa criança dentro de mim!” –Reclamou Camilla, indo ao banheiro.

Ela ainda teria muito o que reclamar. Sua barriga ainda estava leve e pequena. Ainda não teve desejos ou desconfortos. Não se sentiu gorda, inchada. Não sentiu mais enjoo de algum cheiro. Ela estava indo muito bem, até agora. No intervalo do programa de culinária, anunciou a entrevista de Teddy, que passará no próximo sábado. Camilla estava sentado ao meu lado e ficou empolgada com a notícia, até perceber que eu aparecia.

“O que você está fazendo ali?”

“Eu estava apenas assistindo e me chamaram pra falar sobre algumas coisas.”

“Tipo?”

“Tipo eu ser namorada do Teddy e ele afirmar já ter namorado comigo... em rede nacional...” –Lamentei.

Não era na verdade um lamento por ter namorado com ele e sim, uma preocupação, porque eu não sabia quem estava assistindo isso conosco. Uma angústia apertava meu peito novamente. Eu não me sentia confortável mais. Parecia que meu coração não merecia tal corpo e do meu peito queria sair. Estava um clima pesado dentro de mim. O medo do futuro não me deixava em paz. O receio do que estar por vir ainda, me deixava em pânico. Mas aprendi a guardar essas coisas para mim, talvez seja por isso que meu coração não me aguente mais.


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Notas finais do capítulo

107 leitores! WOW, muito obrigada vocês *---------* nunca imaginei que parariam para ler meus devaneios haha Obrigada mesmo. ♥
Jenny, mylifeasjenny



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