PVO Jake

É difícil ver onde você passou os momentos mais legais da sua vida queimar, mas as vezes dor é necessário certo? Eu olhava a minha casinha, a casinha em que eu e meu pai passamos tantas coisas, tantos treinamentos, tantos sorrisos, eu a via queimar. Mas aquela pequena casa não me remetia a apenas lembranças boas, me lembrava também as brigas que tivemos, as discussões, aquilo me machucava e meu lema é: “Afaste-se de tudo o que lhe faz mal”, é isso que eu estou fazendo. Uma mão em meus ombros me fez voltar a realidade.

- Sábia decisão essa Jake, colocar fogo na casa, eu gostei.

- Cale a boca, você não sabe como é fazer isso. Podemos ir embora agora? – eu disse tirando sua mão de meu ombro.

Ele riu com gosto e coçou o queixo.

- Você acha que eu não sei? Sei coisas que te fariam arrepiar garoto. Vamos logo então, ninguém irá perceber essa fumaça que emana da casinha. Temos assuntos a tratar.

Eu me virei, indo atrás do homem, antes de perde-la de vista, me virei mais uma vez, dando adeus ao meu passado.

PVO Annie

Sally abriu a porta esfregando os olhos, mas ainda com um sorriso, ela me abraçou dizendo:

- Annie, como vai? O que está fazendo aqui? Missão? Quem é esse? – ela apontou para o João – Ah, que falta de educação minha, entrem.

Sorri de volta e adentrei a casa, ela era grande com uma sala enorme a aconchegante, tinha várias fotos espalhadas, muitas continham um bebê fofinho de olhos verdes, em outras, Percy e Annabeth, e mais algumas com Paul e Sally abraçados. Ela nos indicou um sofá mais próximo e sentamos:

- Oi Sally, não é uma missão não, eu e o João acabamos de fugir de lá – comentei olhando as fotos ao redor.

- Fugiram? Meus deuses, como foi que fugiram? – ela perguntou espantada.

- Sally querida, quem está aí? – Paul ia descendo a escada, também esfregando os olhos e quando me viu, abriu um sorriso – Annie! Como está querida?

- Oi Paul! Eu estava aqui contando pra Sally que fugi do acampamento – respondi.

- Fugiu? – ele me olhou intrigado – fugiu como? Percy veio também?

- Simplesmente fugimos, Percy não veio.

- Simplesmente nada – João disse – Jake fez você fugir, ele foi um idiota ignorante e agora estamos aqui, sem ter casa nem comida.

Isso foi como um tapa na cara, eu o olhei abismada:

- Desculpe – ele sussurrou – mas você sabe que é verdade.

Sally havia levantado para nos fazer um chocolate quente, mas deve ter ouvido a última parte porque fez uma careta e perguntou:

- Quem é Jake? – eu lhe contei os últimos acontecimentos e ela pareceu compreender – Esculápio ajudou vocês? Ele não é muito de ajudar, mas vocês estão sem casa então? Podem ficar aqui por um tempo, Percy só vem aqui de vez em quando, aqui em casa tem o meu quarto e o do Paul, o do Percy e o de visitas, que acabou virando o da Annabeth. Annie pode dormir nesse último e João no do Percy.

 Sorri, mas João disse:

- Dormir no do Percy? É muito incomodo, o quarto é dele, vou ser um intruso, eu posso dormir aqui na sala mesmo sra. Jackson.

Sally fez uma careta mas João fez outra maior ainda e ela se calou, ela assentiu com a cabeça e disse:

- Amanhã resolveremos isso, vocês precisam dormir. Venha Annie, vou te mostrar o quarto.

A acompanhei ao andar de cima enquanto João conversava com Paul. Subi em silêncio e entrei no quarto, era do tamanho do chalé de Afrodite, cheio de livros, fotos, uma cama de casal estava encostada na parede. Era aconchegante e bagunçado, do jeito que eu imagino a casa de uma família.

Sally me trouxe alguns utensílios de banho, como um sabonete e uma toalha e encostou na porta:

- Você gosta do Jake? Ou desse João? – ela perguntou com um sorriso no rosto.

- Sally! – ela riu baixinho – Eu... Eu não sei, mas e você? Está escrevendo outro livro?

- Estou, é um romance aventureiro, onde tem uma garota que... epa, você está fugindo do assunto!

Eu ri e ela suspirou:

- Conversaremos mais tarde dona Annie, agora vou deixar você descansar, vou levar roupas de cama pro João – ela deu ênfase no João e encostou a porta.

Troquei de roupa e escovei os dentes, fiquei na cama pensando no que eu faria no dia de amanhã.

PVO João

A mãe de Percy era muito legal, o padrasto então? Ele era ótimo, ficamos conversando por mais um tempo, descobri que ele era professor de história e dava aulas em uma escola aqui perto. A Sra. Jackson me trouxe alguns cobertores e subiu junto com Paul.

Desliguei o abajur que ficava do lado do sofá, peguei no sono quase imediatamente, em meus sonhos eu estava no mesmo lugar de antes, num lugar de estrema ventania:

- João, João, você mal sabe o que te aguarda, pena que só poderemos agir daqui a alguns meses, fique esperto João, fique esperto, em breve verá isso... – uma voz estridente e metálica falava.

Eu vi Annie morrendo de várias formas, enforcada, afogada, queimada, decaptada, multilada. Eu gritei no sonho e a voz ria:

- Adeus João, aguarde minhas visitas.

Acordei ainda no sofá da Sra. Jackson, o sonho parecia tão real, Annie! Deuses, eu precisava ver se ela estava bem, sentei-me desnorteado, tudo estava escuro, subi as escadas silenciosamente e vi 4 portas, qual delas escolher? Fui até a primeira: Banheiro, a segunda: Um quarto azul bagunçado, devia ser do Percy, agora restava duas portas, uma era o quarto de Sally e a outra devia ser a de Annie, apostei na porta da direita e abri:

- Annie? – chamei.

- João? – ela respondeu.

Suspirei aliviado e adentrei o quarto escuro, chegando até sua cama:

- O que está fazendo aqui João? – ela perguntou.

- Tive um sonho – contei-lhe o sonho e ela ficou horrorizada, seu rosto era metade iluminado pela luz da lua que adentrava a janela, vi espanto em seus olhos e a abracei. – Eu não vou deixar que nada te machuque entendeu? Nada. Eu te dou minha palavra.

Ela assentiu e disse:

- Obrigado João - eu ia me levantando para voltar ao sofá quando ela me puxou – não vai, essa cama é muito grande para uma pessoa só.

Deitei-me ao seu lado, olhei para o rosto dela:

- Você é linda sabia?

- Você é cego sabia?

Eu ri e ela parou para pensar:

- O que você queria me falar hoje mais cedo?

- Não era nada.

- Era sim.

Ela sorriu e eu bufei:

- É que... Annie, eu gosto de você.

Ela pareceu surpresa e eu senti minhas bochechas corarem, eu achei que ela ia dizer que sou louco ou outra coisa, mas ela fez uma coisa mais estranha: Ela me beijou, selando nossos lábios. Ela se soltou de mim e virou para o outro lado, adormecendo, me abracei nela e comecei a fazer carinho em sua cabeça. Esperando que esse momento nunca acabasse.